Espaço Cultural dr. Além
Espaços culturais podem ser: pontos
de cultura; escolas de música, de capoeira e de artes e estúdios, companhias e
escolas de dança; cineclubes; centros culturais, casas de cultura e centros de
tradição regionais; museus comunitários, centros de memória e patrimônio;
bibliotecas comunitárias; espaços de povos e comunidades tradicionais; festas
populares, inclusive o carnaval e o São João, e outras de caráter regional;
teatro de rua e demais expressões artísticas e culturais realizadas em espaços
públicos; livrarias, editoras e sebos; empresas de diversão e produção de
espetáculos; estúdios de fotografia; produtoras de cinema e audiovisual;
ateliês de pintura, moda, design e artesanato; galerias de arte e de fotografias; feiras de arte e de
artesanato; espaços de apresentação musical; espaços de literatura, poesia e
literatura de cordel; espaços e centros de cultura alimentar de base
comunitária, agroecológica e de culturas originárias, tradicionais e populares.
Há outras opções ligadas à cultura
alimentar, folclore, hábitos e tradições:
Conservatório de música/artes, sociedades musicais; cutelaria; fiação artesanal; clube de tiro; sociedade de tiro; produção de gaiolas artesanais; espaços de benzedeiras; associações culturais afro-brasileiras e entidades do movimento negro; clubes sociais negros; sociedades e agremiações carnavalescas; atelier de artesanato; produção de artesanato em madeira; associação de educação em cultura popular; feiras comunitárias/culturais; associação cultural; centro de cultura e arte popular; espaços de trovadores, contadores de história; produção de culinária tradicional; grupos de dança e encenações folclóricas; medicina popular; costura tradicional ou fabricação vestuário tradicional; produção de instrumentos musicais/sonoros tradicionais e populares; cantinas de vinhos artesanais.
HISTÓRIA DO CINEMA JORDANENSE
O cinema em Campos do Jordão possui uma trajetória histórica em ressonância com a vida do município. A cidade completou 143 anos em 2017. As histórias de Campos do Jordão e do cinema (que já soma 97 anos desde a sua construção e inauguração) se confundem, tendo o prédio histórico sido construído com o objetivo de oferecer um espaço para os amantes da Sétima Arte. Ali, nas décadas de 1920 a 1980, funcionou o Cine Jandira e Cine Glória, respectivamente, como o “cinema oficial da cidade”.
Em 28 de agosto de 1942,
iniciaram-se as obras da construção do “Campos do Jordão Cine Ltda.”[1],
administradas pela Sociedade Construtora de Campos do Jordão. A empresa, para a
construção do prédio do novo cinema, valeu-se de empréstimos do Banco de
Itajubá e do Dr. Lincoln Ferreira Faria.[2]
Trabalhou como empreiteiro de obras no novo cinema, Francisco Bento Filho[3]. O novo cinema de Campos do Jordão foi posteriormente, inaugurado com o nome de “Cine Glória”.
A História do Cinema Jordanense não
foi objeto do interesse de historiadores. Considerada um divertimento, sua
história ficava a cargo de pessoas do meio cinematográfico.
Com a Nova História e seus novos objetos, o cinema, sobretudo os filmes, são apropriados pelos historiadores como fonte. A partir dessa aproximação e por conta de mudanças nos estudos históricos e nos estudos cinematográficos, a partir dos anos 1970/80, estudiosos de cinema buscam métodos históricos de análise, e historiadores voltam-se para a atividade cinematográfica como objeto de interesse.
O objetivo deste artigo é observar como se plasmou essa história no município, desde sua fundação até aos dias de hoje. Temos, portanto, um saldo significativo de história, de caminhos percorridos e outros mais a percorrer.
Os artigos aqui reunidos, que compõem o dossiê Cinema-História, expressam com muita riqueza, diversidade e confluência o que são hoje os estudos em torno da História do cinema em Campos do Jordão. A coletânea de textos que o compõe está estruturada a partir da relação temática entre cinema, memória e história.
A formação de uma sociedade está ligada à história, onde relata com o passar do tempo, períodos que vão se somando e formando a identidade de uma região. Em Campos do Jordão o destino reservou particularidades desde a sua formação, passando pelo ciclo da saúde e chegando à condição de estância turística, conhecida em todo o Brasil e internacionalmente pelas propriedades naturais do clima, da água, da arquitetura e do relevo montanhoso que faz da cidade uma das mais belas do país. A reflexão sobre a História do cinema em Campos do Jordão deve ser tomada como um objeto de interesse em si mesmo, portador de uma história particular que é pensada no âmbito da historiografia, assim como objeto de ampla reflexão da História Social e da História Cultural Local. Esse texto tem por objetivo refletir sobre as transformações que se manifestaram no cinema Jordanense.
História do Cine Jandira:
Relata Condelac Chaves de Andrade[4]
que, quando em 15 de agosto de 1910, foi inaugurado o serviço de iluminação
pública, em Vila Abernéssia, João Carlquist[5],
mais conhecido por "João Sueco", instalou uma máquina "Pathé
Baby"[6]
na carpintaria dos irmãos Fonseca, sediada à altura do atual edifício do Fórum,
onde, por 30 centavos o ingresso, fazia a delícia dos antigos moradores.
O empreendimento de João Sueco,
levou Desiré Pasquier[7]
a construir o Chynema Jandyra, continuando a carpintaria, como posto eleitoral
e sede do reinado de Momo, no qual o "Clube Tira Prosa" brilhava em
toda a linha.
Aliás, em 1924, Desiré Pasquier foi
obrigada a hipotecar metade do Chynema Jandyra ao dr. José Carlos de Macedo
Soares, de quem emprestara soma de dinheiro.
O Khynematógrafo Jandyra foi
construído em terreno doado pelo dr. Robert John Reid, que condicionou a doação
à exigência de se dar à casa de espetáculos a denominação de Chynema Jandyra,
nome de sua filha mais velha.
Pronto o cinema, o Dr. Robert John Reid recebeu um camarote exclusivo, que sempre utilizava com seus familiares. A empresa cinematográfica foi explorada por Germano Pattou[8], desde 1928, que se intitulava procurador das viúvas Vieira e Pasquier, fazendo-o até meados da década dos anos de 1930.
A primeira manifestação teatral
jordanense cristalizou-se na constituição do Grêmio Dramático e recreativo
"Alunos de Talma[9]".
Na residência de Floriano Pinheiro, em 06 de junho de 1937, em Vila Abernéssia,
reuniram-se vários cidadãos para fundar a sociedade: Silvino Braga, Octávio
Bittencourt, Arlindo Poli, Augusto Barsalini, Arthur Pereira Pinto, José Julião
Machado, Avelino Gomes de Oliveira e o professor José Garcia Simões Rocha.
Logo, Augusto Barsalini sugeriu que
a entidade contactasse com o proprietário do Chynema Jandyra para a realização
das reuniões, projetando-se 06 espetáculos anuais e um baile mensal.
Constituiu-se uma diretoria
provisória: José Garcia Simões Rocha[10]
(presidente); - Octávio Bittencourt[11]
(secretário) e Floriano Pinheiro (tesoureiro).
Foi firmado um contrato de
arrendamento com Waldemar J. Deus em 1937, então proprietário do Chynema
Jandyra. Nessa época, João Rodrigues Pinheiro assumia o cargo de
vice-presidente; Hipólito Turco o de segundo tesoureiro e José Brochado Rocha o
de Superintendente.
O Grêmio recebia novos associados:
Jamil Pedro Zaiter[12];
Benedito Vaz Dias[13]
e Badih Salim. No último mês de 1937, ao Grêmio era anexada a Associação de
Cultura Física, cujo presidente também era Floriano Pinheiro.
Floriano propôs, com total aprovação, que se concedesse a Próspero Olivetti[14], o diploma de sócio honorário. Para o Departamento Esportivo de cestobol foi indicado Antonio Giffoni, como Diretor, e Jaime Garcia da Luz, como Secretário. Carlos Barreto se prontificou a fazer o emblema do Grêmio, que, em face da anexação, passou a denominar Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, com o subtítulo: "Alunos de Talma Incorporada".
Ainda em dezembro de 1937, no Chynema Jandyra eram aclamados membros do Conselho Fiscal e sócios fundadores, Francisco Clementino de Oliveira, Antonio Augusto Conceição, Jamil Pedro Zaiter, Nabi Narche, Edgar Jardim Bastos e Pedro João Abitante. Luiz Pires Magalhães passou a pertencer ao Departamento Esportivo e Carlos Barreto ao Departamento Artístico.
A diretoria do Grêmio passou a receber propostas para a instalação de novos aparelhos de projeção, além de poltronas, ao mesmo tempo em que solicitava a Gastão Mesquita Filho, da Cia. de Eletricidade de Campos do Jordão, uma taxa mensal fixa para o Grêmio.
Alexandre Rodrigues Pinheiro foi indicado Diretor Musical do Grêmio em 1937. A esse tempo, residiam no prédio do Chynema Jandyra o dentista Gastão Barroso e Carlos Barreto, como locatários. O Grêmio teve outros inquilinos, como "Sanatorinhos" e a Rádio Clube.
Em janeiro de 1938, Horácio Padovan[15] era nomeado Suplente de Operador para ajudar na montagem técnica dos novos aparelhos do cinema: o Grêmio havia adquirido um aparelho projetor "Pathé", de propriedade de Waldemar J. Deus.
Abriu-se uma concorrência para a exploração do bar do Chynema Jandyra, tendo concorrido Fadur Banduk, Mariano e Pires e Bernardo Santa Clara, que venceu com a melhor proposta. O primeiro porteiro do cinema foi Emiliano Barsaline. Em janeiro de 1938, ingressavam 30 novos sócios proprietários do Grêmio. Em fevereiro de 1938, Arthur Pereira Pinto foi nomeado gerente de cinema, constituindo-se o quadro de operadores: Benedito Maiolino(chefe), José Berti e Pompilio Pedroza(ajudantes).
Benedito Afonso Pereira confeccionava os cartazes, enquanto Fernando Guarinon Zen, assessorado por Américo Antonio Nasser, encarregava-se do Departamento de Diversões. Emidio Pereira dos Santos, ajudado por Sebastião Sampaio Camargo, cuidava do Departamento de Esportes.
Firmado o contrato de arrendamento
por 5 anos, a partir de 1º de janeiro de 1938, com o proprietário do Chynema
Jandyra, procede-se a inúmeras reformas e benfeitorias. Logo a 02 de janeiro o
Grêmio exibia o primeiro filme para a plateia jordanense. Das reformas cuidaram
Floriano Rodrigues Pinheiro e Augusto Barsalini.
A 23 de janeiro de 1936, o Grêmio
levava ao palco o drama "Um erro judiciário", com artistas
jordanenses. Em 1938, foi encenado "O louco da aldeia".
O Grêmio, para o início de suas atividades, foi obrigado a contrair empréstimos em dinheiro de Fabiano Pasquarelli e de João Rodrigues da Silva, o "Maquinista".
Era Benedito Faria quem distribuía em Vila Capivari os programas do Chynema Jandyra, e Arthur Ramozzi, em 1939, assumiu os serviços contábeis. Nesse ano a diretoria da entidade foi reformulada.
O carnaval de 1939, realizado no
Chynema Jandyra, foi realizado com grande sucesso, e em maio, Joaquim Corrêa
Cintra era nomeado gerente e o encarregado da bilheteria.
A partir de 1940, o Grêmio passou a pagar aluguel a Bady Salim, que adquirira o imóvel de Waldemar J. Deus, e em 1941, Américo Richieri assumia a presidência do Grêmio. O último espetáculo teatral foi levado à cena em 25 de dezembro de 1939.
O Cyne Jandyra foi palco de grandiosos espetáculos cinematográficos, teatrais e dos mais animados bailes carnavalescos nas décadas de 1920 a 1940. Seu salão foi, durante muitos anos, habilmente decorado com motivos carnavalescos, feitos com arte por Joaquim Corrêa Cintra[16] que, algumas vezes, para viabilizar a decoração do Salão, era auxiliado pelo artista plástico, Carlos Barreto[17].
Normalmente, essa decoração era dedicada a homenagear Pierrot e Colombina. Esse cinema estava situado no mesmo local do prédio onde há alguns anos estiveram sediados o Posto Fiscal do Estado, a coletoria Estadual, a Caixa Econômica Federal e a Agência do I.N.S.S. Ao lado desse prédio, estava sediada a antiga Agência do Banco Mercantil de São Paulo[18].
Em setembro de 1941 ocorreu um grave incidente: a Chefia de Polícia do Estado e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) passaram a exigir, para a concessão de alvará de funcionamento, o registro do contrato social do Grêmio na Junta Comercial do Estado. Foi impossível atender-se à exigência, dado que a maioria dos sócios do Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, residiam, à época, em cidades distantes de Campos do Jordão. Américo Richieri propôs, então, que as instalações do Grêmio fossem arrendadas a um sócio proprietário, o que, porém, não foi aprovado.
Não restou ao presidente outra solução senão a de propor a extinção do Grêmio em Assembleia Geral, realizada em 13 de setembro de 1941.
Era o fim de uma época de recreação, arte e entretenimento, que encantou centenas de jordanenses, desenvolvendo o espírito de comunidade e cooperação. Foram empresários do Chynema Jandyra: Waldemar J. Deus (1931); Nestor B. Brito (1932); Souza carvalho e Cia (1933) e Pedro Paulo e Cia (1935).
História do Cine Glória:
O Cine Glória surgiu para substituir o antigo Cine Jandira. Extinto o Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, um punhado de cidadãos, em 13 de setembro de 1941, reuniu-se no Chynema Jandyra, para fundar uma sociedade comercial visando a exploração de um cinema e outros divertimentos. Eram os sócios remanescentes do Grêmio, aos quais se juntou Joaquim Corrêa Cintra.
De fato, em 28 de setembro de 1941 era fundada a Empresa "Campos do Jordão Cine Ltda.", à qual se associaram também outros membros.
O contrato social foi redigido por
Enzo Júlio Trípoli, então Delegado de Polícia. Com o capital de 25 contos de
réis, a empresa absorveu o ativo e o passivo do Grêmio extinto.
A primeira diretoria do Campos do Jordão Cine Ltda, ficou assim constituída: Américo Richieri (presidente); Floriano Rodrigues Pinheiro(vice) Lourival Sabino de Carvalho e Souza (1º secretário); João Rodrigues Pinheiro (2º secretário); Arthur Ramozzi (1º tesoureiro) e Alaor de Souza Ablas (2º tesoureiro).
Em 08 março de 1942, reuniu-se a
sociedade para deliberar sobre a compra de um terreno a fim de edificar um novo
cinema. Uma comissão constituída por Lourival Francisco dos Santos, Aristides
de Souza Mello, Luiz de Mello Mattos, Paschoal Olivetti e Pedro João Abitante,
foi nomeada para a escolha e avaliação de um terreno. Bady Salim propôs à
sociedade a venda do prédio do Cinema Jandyra, do qual era proprietário,
juntamente com madame Desiré Pasquier. Opôs-se à ideia, Nelson Gonçalves
Barbosa, e a sociedade acabou optando pela compra de um terreno de 2.470m2, ao
lado da Prefeitura.
Em abril de 1942, subscreviam quotas da sociedade, Lourival Francisco dos Santos, Joaquim Pinto Seabra, Pedro Paulo, Horácio Padovan, José Carvalho Jr., Luiz José de Carvalho e Mello Mattos, Rubens R. Pinheiro, Antonio Jorge Marques, Délio Rangel Pestana e Olavo Martins Parreira.
Outra comissão fora nomeada para a elaboração do projeto de construção do novo cinema: Alexandre Mac Kerrow, Luiz Villares, Luiz de Mello Matos, Américo Richieri e Floriano Pinheiro, tendo o prefeito, Lourival Francisco dos Santos, se comprometido a abrir uma estrada em frente ao terreno.
No dia 22 de agosto de 1942, o engenheiro civil Luiz José de Carvalho e Mello Mattos pede autorização para a construção de um prédio para cinema em Vila Abernéssia, em terreno de propriedade do Cine Campos do Jordão Ltda.
Em 28 de agosto de 1942, era autorizado o início das obras, que, foram administradas pela Sociedade Construtora de Campos do Jordão, empresa de construção civil, montada em 25 de março de 1942, e constituída por Alexandre Mac Kerrow, Floriano Pinheiro, Alfredo Barros do Amaral, Alberto Veiga Filho e Luiz José de Carvalho e Mello Mattos. A empresa, para a construção do prédio do novo cinema, valeu-se de empréstimos do Banco de Itajubá e do Dr. Lincoln Ferreira Faria[19].
No dia 30 de outubro de 1942, a Secretaria dos Negócios e Saúde Pública – Departamento de Saúde do Estado, encaminha ao Senhor Prefeito Sanitário de Campos do Jordão, Dr. Lourival Francisco dos Santos, as referidas plantas aprovadas em São Paulo, pela engenharia sanitária do Departamento de Saúde, assinada pelo Dr. Lincoln F. Faria.
No dia 01 de dezembro de 1942, atendendo ao pedido do engenheiro Luiz José de Carvalho e Mello Mattos, a Prefeitura Sanitária de Campos do Jordão concede o alvará de licença para a construção do cinema. A construção foi erguida em 1942, pelo Sr. Floriano Rodrigues Pinheiro. Trabalhou como empreiteiro de obras no novo cinema, Francisco Bento Filho[20].
Em 1943, Campos do Jordão Cine Ltda. era transformada em Sociedade Anônima com base em um estudo encomendado ao dr. Luiz Nazareno de Assumpção.
Devidamente instalado, o prédio passou a chamar-se “Cine Glória”, local de apresentação de filmes, peças teatrais, festivais de músicas, e frequentado pelas famílias jordanenses e cidades vizinhas.
Concluído o prédio, Joaquim Correa
Cintra continuou a desempenhar as funções de gerente.
Conta-se que houve uma eleição para a escolha do nome da nova casa de espetáculos. Arthur Ramozzi apresentou a sua sugestão, Cine Glória e Joaquim Corrêa Cintra, Cine Vitória. Posta em votação, ganhou a primeira proposta.
Anos mais tarde, o acervo da empresa “Campos do Jordão Cine Ltda.” foi transferido à Cia. de Cinemas do Vale do Paraíba que manteve o Cine Glória aberto até agosto de 1981, tendo sido seus últimos gerentes Romeu Godoy, Sebastião Cintra, J. Pinheiro Silva e Roberto Felix da Silva.
A Companhia de Cinemas do Vale do Paraíba vem instalar, no Cine Glória local, o Cinemascope, uma das mais recentes e revolucionárias conquistas técnicas da Sétima Arte. Foi inaugurado em agosto de 1955, com o filme “O Príncipe Valente”. Um magnífico espetáculo até possível somente nas grandes casas da capital ou em outra cidade adiantada. O aparelhamento que a Cia. empregou foi o mais moderno possível, a começar da magnífica tela de nylon de 11 X 4 mts. Também passou por completa reforma todo o sistema de cortinas e a projeção foi consideravelmente melhorada com a instalação do mais moderno tipo de lanternas e um poderoso dínamo para corrente contínua.
O prédio foi pintado totalmente, bem como substituído o modo obsoleto de fazer propaganda; modernos letreiros desmontáveis substituíram os antigos cartazes feitos à tinta-cola.
Em 1983, o sr. Prefeito de Campos do Jordão, João Paulo Ismael, com o Decreto nº 1.145/83 de 17 de março de 1983, dispõe sobre Declaração de Utilidade Pública o imóvel denominado “Cine Glória”, situado na av. Januário Miráglia, 1582, que destinaria a abrigar o Centro Cultural, Artístico e Recreativo de Campos do Jordão.
O edifício do Cine Glória foi desapropriado em 1984 pelo prefeito João Paulo Ismael e transformado em 27 de novembro de 1985 no Espaço Cultural “Dr. Além”[21]. O valor indenizatório pago à Companhia de Cinema do Vale do Paraíba, foi de CR$ 156 milhões de cruzeiros (parcelados).
Toda a ação de desapropriação teve
encerramento no dia 21 de agosto de 1987, passando definitivo à prefeitura de
Campos do Jordão, o imóvel, com a área de 2470 m2 e com uma área construída de
620 m2.
História do Cineclube Araucária
Espaço Cultural Dr. Além é um patrimônio histórico de Campos do Jordão. O prédio construído e inaugurado em meados da década de 1940, hoje abriga oficinas artísticas de teatro, danças populares, entre outros eventos culturais de pequeno porte.
Em 1983, o então prefeito da cidade, João Paulo Ismael, entrou com processo de desapropriação que, somente em 1987 o prédio passou a ser patrimônio da Prefeitura de Campos do Jordão.
Em 26 de março de 2011 foi fundado o Cineclube Araucária, idealizado por Cervantes Sobrinho[22] e Paulo Gomes, com apoio das proprietárias do Sabor da Província, Flávia Helena Junqueira de Andrade e Márcia Santos.
O Cineclube Araucária é obra de um grupo de amigos que se reuniu em 2011 e começou a promover exibições de filmes premiados e cultuados pela crítica. Em 11 de outubro de 2013 foi inaugurada a Sala “Dynéas Aguiar”[23] no Espaço Cultural “Dr. Além”.
Construído em 1942 para abrigar
o Cine Glória, o Espaço Cultural Dr Além, tombado em 2013 como Patrimônio
Arquitetônico, Histórico e Cultural a Cidade pelo Instituto do Patrimônio
Histórico (IPHAC) recebeu no ano passado um público de quase dezoito mil
pessoas, transformando-se no principal palco de apresentações culturais e
artísticas do Município.
Além das apresentações artísticas, no local são realizadas também Mostras e Oficinas de Cinema (em parceria com o Cineclube Araucária), Teatro e Dança (Grupo Olharte), além do Memorial do Cine Glória e da Biblioteca de Cinema, instalada no Centro Cultural Edmundo Ferreira da Rocha, no piso superior.
No ano de 2017, a criação do Fundo Municipal de Manutenção e Restauro do
Espaço Cultural recebeu recursos provenientes da locação do Espaço que
permitiram a obtenção de receita para as reformas em andamento.
Em 2021, quando o Festival de
Inverno completa 52 anos, a ideia é que o Espaço Cultural receba apresentações
e torne-se, em definitivo, mais um palco do Festival de Música Erudita,
aproximando o Festival da Abernéssia.
O Espaço Cultural Dr. Além, abriga
o Memorial do Cine Glória, Biblioteca de Cinema, Oficinas de Dança, Teatro e
Cinema, Mostra Mensal de Cinema, parceria Cineclube Araucária, Encontro de
Idosos, Exposições e Feira de Livros.
Devido a sua importância histórica, cultural e arquitetônica, a Secretaria Municipal de Cultura entrou com o pedido de tombamento junto ao Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), em março de 2021, e desde então aguarda a finalização do processo para que possa iniciar as obras de preservação das características originais do prédio, conhecido hoje como Espaço Cultural Dr. Além.
Em 16 de abril de 2015, foi inaugurada a Biblioteca de Cinema de Campos do Jordão. Junto aos projetores do antigo Cine Glória, uma sala acolhedora abrigou um bem guardado tesouro de Campos do Jordão, a Biblioteca de Cinema. O acervo, disponível, são filmes de todos os gêneros e épocas, para todos os perfis de cinéfilos. Cervantes Souto Sobrinho, foi idealizador do projeto e o empreendedor por excelência de atividades ligadas ao cinema em Campos do Jordão. O acervo de base da Biblioteca de Cinema foi formado a partir da biblioteca pessoal do produtor.
A esta coleção inicial foi
acrescentada inúmeras obras e títulos com doações pessoais e de instituições.
Hoje são mais de 500 publicações, 80% delas sobre cinema. Os demais livros são
basicamente romances que viraram filmes. Há também uma videoteca à disposição
do público.
E, ainda, o público pode ser estimulado o tempo todo por cartazes de filmes e fotos de astros e estrelas do cinema, banhados pela luminosidade suave da montanha.
O antigo Cine Glória ganhou poltronas novas. Pode-se acomodar para ler os preciosos e curiosos livros da coleção, sentados em emblemáticas e confortáveis poltronas que evocam o estilo art-deco[24], que estava em voga entre os anos 20 e 40 do século XX, época de ouro do cinema.
O antigo mezanino, uma área Vip conhecida como “Pulmann” nos tempos áureos do cinema, foi decorada com pôsteres de filmes clássicos e cults e que disponibiliza centenas de obras sobre a Sétima Arte, bem como romances que inspiraram filmes célebres.
No segundo andar do cinema foi inaugurado o Memorial Cine Glória, que recebeu uma nova tela de projeção, com tecnologias, como o dvd e o blu-ray, e projetores modernos, bem mais baratos que os tradicionais projetores de rolo.
Também compõe o Memorial Cine Glória, o museu com projetores antigos, bombonieres restauradas, ou seja, o balcão onde eram vendidos balas e doces para quem ia assistir aos filmes; máquinas registradoras dos caixas, que emitiam o borderô – o movimento de público da sessão, - máquinas de cortar filmes, entre outros equipamentos que contam a história do cinema de Campos do Jordão.
O nome “Complexo Cultural Edmundo Ferreira da Rocha”[25] foi uma iniciativa do Cineclube Araucária, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, e faz uma homenagem justa a um dos mais atuantes pesquisadores e estudiosos da história e do registro fotográfico de Campos do Jordão.
No Memorial é possível conhecer os
projetores originais do antigo cinema que foi inaugurado em 1943, e ver ao seu
lado os grandes carretéis que emendavam um filme inteiro e permitiam sua
projeção sem interrupções ou falhas.
A iniciativa do Cineclube também deu
origem à Oficina de Cinema, um projeto de formação audiovisual.
Assim o cinema retornou ao cotidiano de Campos do Jordão. E o antigo Cine Glória voltou a fazer jus ao seu nome original.
Desde 2011 a obra de mestres como Orson Welles, Glauber Rocha, Eduardo Coutinho, Alfred Hitchcock, Pedro Almodóvar, Tim Burton, Quentin Tarantino, Stanley Kubrick, e de dezenas de outros grandes diretores, voltaram a brilhar no escurinho do Cine Glória, que também passou a receber a itinerância da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A partir desses inúmeros enfoques e sem explorar a relação cinema e história, hoje já bastante conhecida e utilizada pelos especialistas, procuro deixar aqui uma reflexão preliminar sobre a história do cinema jordanense. É apenas um esboço e um chamado à reflexão. É também a constatação de que a história do cinema é, hoje, não só fonte de conhecimento da disciplina histórica, mas também, felizmente, seu alvo.
Portanto, com o intuito de entender essa biografia histórico-cultural do edifício dos antigos cinemas, Cine Jandira e Cine Glória, questiona-se sobre o que ocorre quando seu uso chega ao fim. O que acontece quando algo que representava o novo e o moderno se esfacela e se torna antiquado e representativo de outra era?
A biografia desse patrimônio, legitimamente tombado, exposta até aqui, permite entender os sistemas de construção de valores que o qualifica e que são imprescindíveis para seu entendimento.
Tais valores foram ressignificados e criaram caminhos permeados por fases que se adicionaram à biografia deste bem cultural patrimonializado.
Referências bibliográficas:
GONÇALVES, Ricardo M. S. Biblioteca de Cinema e Memorial Cine Glória em Campos do Jordão. 2015. Disponível em: <http://www.guiacampos.com/arquivo-de-noticias/inaugurada-biblioteca-de-cinema-e-memorial-cine-gloria-em-campos-do-jordao/778>. Acesso em: 16 fev. 2018. O cinema em Campos do Jordão. 2015. Disponível em: <http://www.guiacampos.com/arquivo-de-noticias/cineclube-araucaria-fez-brilhar-o-cinema-em-campos-do-jordao-no-ano-de-2015/3609>. Acesso em: 16 fev. 2018.
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão: Editora Santuário, 1986. 492 p.
LINO, Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos Campos do Jordão. Campos do Jordão: Clube de Autores, 2017. 414 p.
Jornal “A Cidade de Campos do Jordão”, Ano I e II, nº 26/102/103 de 11/18 de fevereiro de 1951
ROCHA,
Edmundo Ferreira da. Campos do Jordão
Cultura. 2018. Disponível em:
<http://www.camposdojordaocultura.com.br/>. Acesso em: 02 mar. 2018.
http://camposdojordao.sp.gov.br/Noticia/?i=476&c=7
https://www.netcampos.com/noticias-campos-do-jordao/2009/11/espaco-cultural-dr-alem-e-um-patrimonio-historico-de-campos-do-jordao.html
Crédito das fotos:
Edmundo Ferreira da Rocha (http://www.camposdojordaocultura.com.br/);
Acervo do IPHAC - Instituto do Patrimônio Histórico,
Ambiental, Artístico, Arquitetônico e Cultural de Campos do Jordão e Secretaria
Municipal de Cultura.
[1] Antigo nome do Cine Glória
[2] Médico e um dos fundadores do Campos do
Jordão Tênis Clube
[3] Também político e vereador
[4]
Um dos primeiros historiadores de Campos
do Jordão
[5] Trabalhou na instalação da Usina
hidrelétrica “Evangelina Jordão”, em Campos do Jordão.
[6] Um sistema de cinema amador destinado ao
público em geral criado por Charles Pathé e lançado em 1922. O sistema usava um
filme 9.5 mm de largura com perfurações centrais e era o mais pequeno formato
que existia naquela época
[7]
Viúva construtora do primeiro cinema em Campos do Jordão
[8]
Advogado procurador em Campos do Jordão
[9]
Grêmio Dramático e Recreativo fundado em 1937, em Campos do Jordão
[10]
Diretor e professor da Escola Dr. Domingos Jaguaribe em 1935.
[11]
Redator Responsável do “Campos do Jordão Jornal”
[12]
Proprietário da tradicional “Casa oriental”
[13]
Vereador em Campos do Jordão
[14] Um
dos primeiros comerciantes de Vila Abernéssia. Foi subprefeito de Campos do
Jordão no período de 1924 a 1926, posteriormente à criação da Subprefeitura de
Campos do Jordão, em 1º de janeiro de 1918.
[15] Um
dos pioneiros de Campos do Jordão, chegando por volta da década de 1920, em
busca da cura. Já curado passou a residir vem Campos do Jordão com toda
família.
[16] Político, jornalista
[17] Mestre da Pintura, viveu em Campos do Jordão
por muitos anos.
[18] Atualmente, no local, está sediada a loja das Casas Bahia, o Pet Shop –
Recanto dos Bichos, a Papelaria Aquarela
e o Zé Bia decorações.
[19] Atualmente, no local, está sediada a loja das Casas Bahia, o Pet Shop –
Recanto dos Bichos, a Papelaria Aquarela
e o Zé Bia decorações.
[20] Foi também político e vereador
[21] Grande médico de Campos do Jordão
[22] Produtor Cultural, Diretor e Curador do
Cineclube Araucária
[23] Vice-prefeito de Campos do Jordão
A Comunidade Rainha da
paz começou a funcionar no dia 14 de junho de 1999 e foi fundada
juridicamente no dia 21 de janeiro de 2000, já atendeu mais de 30.000 famílias
e 5.000 pessoas internadas com um índice de recuperação em torno de 32% dos
casos, ficando acima da média no Brasil que é de 17%.
Em fevereiro de 2013 a
Comunidade Nossa Senhora Achiropita adquire um terreno em Campos do Jordão, em
meio ao verde da montanha, local onde já havia sido um clube de férias de uma
associação bancária, o local estava desativado há alguns anos. O propósito para
esse novo local era de criar um espaço de acolhida para homens em situação de
dependência química.
Em um terreno de 12 mil
metros quadrados, com 20 apartamentos distribuídos em 13 casas, salão social,
refeitório, área de serviço e capela, espaço de artesanato, horta comunitária e
muito verde. Nascia a Casa de Acolhida Rainha da Paz.
É um espaço que abriga e
auxilia homens livres da situação de dependência química, por vontade própria e
buscam apoio para um retorno digno às suas famílias e sociedade.
A Comunidade Rainha da Paz
procura acolher e enxergar em cada um o próprio Cristo e deseja continuar sendo
o porto seguro de Jesus transfigurado em dependente químico, portador de HIV,
morador de rua, gritando por socorro nas ruas, esquinas, favelas, bocas de fumo,
cadeias ou quem sabe dentro da própria casa, aquele que espera ansioso por
socorro imediato, ser luz para eles, assumi-los e nos deixar assumir por eles.
Por isso, em seu ministério
precisa sempre optar por valores que ajudem o ser humano no seu processo de
transformação e restauração.
A comunidade Rainha da
Paz é um Centro de Restauração e Desenvolvimento Humano para dependentes
químicos que tenham o desejo de buscar sua dignidade perdida.
Diante de tantos desafios,
as drogas vêm fazendo parte da dura realidade, não só de nossa cidade, mas
também de todo o país. Assim, a casa acolhe ex-dependentes químicos desejosos
de uma nova oportunidade.
O objetivo é integrá-los
junto aos seus familiares em um novo contexto social, educacional e familiar,
visando sua reintegração através de acompanhamento e aconselhamento, prática de
atividades de lazer e esporte, participação em oficinas com diversos temas,
reflexão e espiritualidade. A adesão ao acolhimento se dá de forma voluntária,
pois a conscientização dele é parte fundamental em sua recuperação.
O projeto nasce e ganha
forma graças à generosidade e trabalho de muitos benfeitores e amigos. Uma
verdadeira corrente de esperança e fé. Um presente que Deus confia.
Projeto de lei que concede à
Casa de Recuperação Rainha da Paz, o título de Utilidade Pública Municipal, foi
aprovado por unanimidade dos vereadores. Autoria do projeto é da vereadora
Maria Joaquina dos Santos. Com o título de Utilidade Pública Municipal em mãos,
a organização pode requerer o título de utilidade pública estadual e firmar
convênios públicos que ofereçam recursos para financiamento das suas
atividades.
Esta obra nasce e ganha
forma graças à generosidade e trabalho de muitos benfeitores e amigos.
No site
www.achiropita.org.br/projetos-sociais/casa-rainha-da-paz estão disponíveis as
informações para as pessoas que desejarem ajudar a instituição.
A Lei Municipal que atesta
esta utilidade pública é a número 3966 de 13 de março de 2019.
Fonte de Pesquisa:
https://www.camaracamposdojordao.sp.gov.br/camara-aprova-utilidade-publica-para-casa-rainha-da-paz/
https://www.achiropita.org.br/projetos-sociais/casa-rainha-da-paz
https://emfavordavida.webnode.com.br/sobre-nos/
Imagens:
Moro nesta cidade há 64 anos. Morei em Vila Jaguaribe,
depois Alto da Boa Vista, e agora, Vila Imbiri, a 1,5 km distante do Vale
Encantado. Alguns dos meus amigos de infância mudaram ou foram para outros
bairros e cidades.
Sempre quando saio pelo bairro, encontro alguém que conheço,
principalmente quando está acontecendo um evento na cidade, ou no próprio
bairro (raríssimo).
A Vila Imbiri,
desde 1917, ano de sua criação, continua quase do mesmo jeito. Dificilmente
vejo alguma criança brincando na rua que a corta. Há muito tempo, de pouco em
pouco, as crianças pararam de brincar, pois, hoje, é mais movimentada. Acredito
que foi culpa da tecnologia, do aumento de sua população, dos veículos, do
asfalto... O único lugar que vejo alguém brincando com seus pais é no Parque do
Vale Encantado, no final da rua onde moro.
Quero retratar o meu bairro, Vila Imbiri e Vale Encantado,
que apesar daqueles que “frequentam” o único bar, dos cães abandonados, há
beleza nele, há beleza na minha cidade. Posso não conhecer 100% do bairro onde
moro, mas nasci e cresci em Campos do Jordão.
Historicamente, a Vila Imbiri e o Vale Encantado nasceram
ao mesmo tempo. Recebendo em pagamento, em 1908, o seu quinhão, na divisão
judicial da Fazenda Natal, o dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe, constitui em
13 de abril de 1917 e 27 de fevereiro de 1918, a Companhia Brasileira de
Colonização, integrada por ele próprio; Joaquim Lacerda Abreu; Rodrigo Martins
de Camargo; João Martins e Miguel Arrojado Lisboa; Henrique de Villeneuve e
Eduardo Pires Barros.
Essa empresa imobiliária, a mais antiga de Campos do Jordão,
implantou o loteamento Imbiri, Vale Encantado, Alto da Boa Vista
e muitos outros, tendo intensa atividade.
A área onde está construído o Palácio Boa Vista foi cedida
ao Estado, em 1938, pela Companhia Brasileira de Colonização e por Antonio
Jaguaribe Lacerda Abreu. Um dos moradores pioneiros do Vale Encantado,
Eduardo Moreira da Cruz, foi administrador, por muitos anos, da Companhia
Brasileira de Colonização.
Gosto daqui, e se um dia for embora, carregarei este lugar
no coração. Passarinhos no ninho, maritacas, tucanos que aqui voam e lá cantam;
árvores que alguns querem derrubar; pereiras que florescem todo ano; araucárias
jovens e velhas; vegetação encanta os olhos de todos, este é o lugar que vivo.
Gosto muito daqui, principalmente da mata atrás de minha
casa, ouvir os sons dos pássaros; o “bar do João” com sua clientela, e
principalmente minha princesa do Vale Encantado, tudo está em minhas
lembranças.
A casa onde moro, já foi comparada como “Casa de Bonecas”, de
tão bonita e simples que foi. Essa “Casa de Bonecas”, comumente chamada, é meu
querido lar, local onde sempre estou, lugar de calma e conforto, onde eu e
minha princesa vivemos nossa felicidade! É lugar de família, amar... sossegado, para relaxar, sem reclamar. É um
local de amor, onde a vida nos compensa das lutas do dia-a-dia.
Na Vila Imbiri e no Vale Encantado, tem gente
trabalhadora, valente, corajosa e também estudiosa. No lugar onde moro tenho
vizinhos bons, diferentes, e também felizes. (o lugar onde moro também tem
pobreza e pessoas desesperadas com olhares de tristeza). Tem cães na rua, gatos
nos telhados; tem brigas, tem barracos, e até mansões. Tem pessoas com
dificuldades, pessoas com maldades, mas também com bom coração.
O Vale Encantado tem seus problemas. Poderia citar
seus pontos fracos, como velocidade exagerada dos veículos na estrada; sem passeios;
casas mal estruturadas; animais abandonados; mas infelizmente, isso não se
encontra apenas em Campos do Jordão, e sim em grande parte das cidades do
Brasil e apesar da situação não ser agradável, é melhor do que tempos antigos.
Mas, como qualquer outro bairro, não devemos nos limitar a
enxergar apenas o que é ruim, afinal são cerca de 105 anos de vida e daqui há alguns
anos, tudo que vivemos hoje, será história. Vamos registrar sua memória!
Na Vila Imbiri e no Vale Encantado tem casas grandes
e pequenas, casas com rachaduras, casas velhas e casas novas. O lugar onde moro
fica na Avenida Eduardo Moreira da Cruz. Enfim, meu bairro é bonito, tem muito
verde, árvores, pássaros e campos.
Na Vila Imbiri e no Vale Encantado tudo é diferente,
tudo é encantado! As pessoas acordam sorridentes, cada um com um sorriso
diferente.
Isso é o que acontece todo dia; um sorriso é o que faz o dia
ficar mais lindo, um abraço é o que faz o dia ficar mais animado. Quando saio
do “bar do João”, ouço efusivamente: “Um bom dia para você!”
Vila Imbiri e Vale Encantado, apesar de serem bairros
muito bons, por outro lado, não há estradas ideais, todas são de terra, exceto
a avenida principal. São mais afastados, e também depende da cidade para elevar
seu padrão de vida e de seus habitantes.
Vila Imbiri, por exemplo, é histórica.
Aqui nasceu a bela Campos do Jordão, na fazenda do Humaitá, de
outras fazendas que o português, Matheus da Costa Pinto havia adquirido do
Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, homem ligado ao poder, amigo de dom Pedro
I, que fazia parte da lista dos dez maiores proprietários de terras da então
Província de São Paulo.
O Brigadeiro Jordão mudou o nome da nova propriedade para
Fazenda Natal, mas não teve jeito: todo mundo chamava o lugar de “Os campos do
Jordão”.
Atrás das casas da Vila Imbiri, há o famoso e
histórico “Rio Imbiri”, que deságua no Rio Capivari, corta o município
de Campos do Jordão, que vai recebendo em seu curso o rio Abernéssia, o ribeirão
das Perdizes, os córregos do Guarani e do Homem Morto, depois do qual passa a
denominar-se rio Sapucaí-Guaçu, e que, lá longe do município, unindo-se ao rio
das Mortes, vai formar o rio Grande. Antes da construção da represa de Furnas,
o rio se unia ao rio Grande nas proximidades de Alpinópolis; agora o rio
Sapucaí deságua no lago formado pelas suas águas e as de dois grandes rios: o
rio Grande e o rio Verde. Depois, passa a denominar-se rio Paraná até
desembocar no rio da Prata, percorrendo os territórios brasileiro, paraguaio,
argentino e uruguaio.
Às margens do Rio Imbiri, existia uma antiga gruta construída
em pedras, dedicada à Nossa Senhora de Fátima, fins da década de 1950, onde
antigos moradores, religiosos, padres e freiras, realizavam suas devoções e
celebravam as missas uma vez ao mês. Sr. "Satilho" era o responsável
para organizar romarias ao santuário de Aparecida. Ali existiu uma fonte d'água, denominada
"Águas Ótimas" que passava dentro da gruta, e sustentava a pequena
comunidade. À frente e à direita da gruta, havia três tanques para criação de
trutas.
Hoje, tanto nossos filhos, como a geração futura, sequer
terão a oportunidade de brincar, nadar, pescar, se divertir e principalmente
beber água no Rio Imbiri, uma vez que o homem, destruiu a natureza e poluiu o
meio ambiente.
Com relação ao nome IMBIRI, planta de nome indígena,
tupi-guarani sugere, Mbiri, significa “folha larga”, o que não combina com esta
planta. É originária do Himalaia Oriental da Índia, sul da China e Madagascar,
uma erva perene distribuída na Índia, países do sudeste asiático, Nepal e
Butão, como Japão e Taiwan e aclimatada nas Américas, e foi trazida para o
Brasil durante o período colonial, onde é encontrada em todo o território,
sendo mais frequente nas regiões Sul e Sudeste. Hoje, está amplamente
disponível em regiões tropicais e subtropicais.
Por estar localizado nas proximidades do Pico do Imbiri e
Ribeirão do Imbiri (lugares que também levam o nome da planta), Matheus da
Costa Pinto, o fundador da cidade, soube muito bem disso, e não é à toa que
criou raízes junto ao rio que leva o nome, IMBIRI, pela extensa quantidade
dessa planta, e o inspirou a dar o primeiro nome à cidade (Vila São Matheus do
Imbiri). Com isso, deduz-se que estas plantas se adaptaram muito bem ao solo
montanhoso de Campos do Jordão.
A planta é encontrada nas margens de lagos, à beira das
matas, dos rios e serve de abrigo para a fauna silvestre em lugares úmidos ou
brejos e floresce nos meses da primavera. O rio Imbiri que passa nos fundos do quintal
de minha casa, tem em suas margens, muito dessa planta.
O Pico do Imbiri
é o lugar mais alto de Campos do Jordão. (Pico do Itapeva fica no território de
Pindamonhangaba). No alto dos seus 1.862 metros de altitude, é possível
identificar várias regiões da cidade, principalmente os locais mais altos, como
a Pedra do Baú; e ainda, perdem-se de vista as montanhas que fazem divisa com o
Sul de Minas Gerais. Muito frio, muito vento,
muito verde, muito imbiri. A vista é encantadora
com um mar de araucárias.
No Pico do Imbiri,
um local calmo para quem busca paz, muitos de seus visitantes não respeitam a
natureza e descartam lixo por onde passam, é uma vergonha. Outras áreas por
perto já sofrem com os desmatamentos, dando lugar a novos empreendimentos
imobiliários.
Não querendo dizer que uma cidade deva ser cem por cento perfeita,
até porque acredito que isso não seja possível, sempre há algo para melhorar,
aliás muita coisa. Apesar de alguns problemas como falta de iluminação, falta
de ponto de ônibus mais próximos, etc, o bairro tem uma única área de lazer,
próxima no Vale Encantado: um parque carregado de verde. Em baixo dessas
árvores faziam bailes e festas, promovidas pelo Sr. Eduardo Moreira da Cruz,
antigo morador do local.
As árvores são sempre verdes com lindas folhas a dançar com
o vento, fazendo grande festa. Às vezes, do meu quintal, ouço assovio dos
ventos que vêm do longe e se vão para mais longe ainda.
No Vale Encantado existiu o Futsal - Vale Encantado F. C.
Dentre alguns desportistas, Paulo de Oliveira, Luiz Carlos, Chacrinha, Nelson
Ladeira, Zezinho, Pininha, Marinho, Faria, Reginaldo, Ré, Vicentinho...
Contudo, minha impressão desse bairro, hoje, não é muito
boa. Para falar a verdade aqui é um pouco diferente de onde vim. Sei que
praticamente o Brasil inteiro está assim: muito violento, drogas e desemprego,
mas em minha opinião aqui tem muito mais.
Mas, antigo bairro, novas drogas...
Claro que há muita coisa boa no meio de tudo isso, nem tudo
são flores, mas nem tudo são trevas. Com certeza comecei a gostar desse bairro
pelo respeito que as pessoas têm uns com os outros, a alegria estampada no
rosto de cada morador, mesmo com problemas e situações difíceis.
Ver que a alegria e a felicidade sobressaem em cima da
violência, brigas e tantas outras situações, é lindo. Afinal, acredito que todo
bairro do Brasil é lindo por natureza, tem problemas sim, mas tem também seu
lado de ser que nos fascina.
Parte dos jovens faz uso de drogas para se sentir integrado
a um grupo. O uso de drogas está cada dia mais frequente e banalizado. Agravante
nesse consumo, pois há os que pensam: “Quem fuma maconha fica menos tímido e
mais atraente.” Jovens pensam que a droga é só para “relaxar”. Uma forma
enganosa de fugir dos problemas. As drogas em geral, sem esquecer a maconha,
fazem mal sim, não só à saúde, mas à sociedade também, pois pessoas que não tem
dinheiro para manter o vício, acabam furtando e roubando. Assim, fazendo com
que cresça o tráfico.
O que me deixa triste é que os “caras” que ficam vendendo e
usando entorpecentes só arruínam o lugar. O bairro, que já é distante do
centro, fica mal falado e, agora, todo dia, não dá para ficar na rua, conversando
com amigos, ou até mesmo brincando, como se fazia antigamente. Saber talvez que
ao sair de casa por um minuto podemos ser roubados, violentados ou até mesmo
sequestrados. Uma solução para o problema seria uma reforma em sua estrutura e
rondas para a segurança dos moradores. Essas são medidas simples e que podem
fazer a diferença na vida dos jordanenses e assim melhorar o lugar onde
vivemos. Denunciar e principalmente pedir a Deus, independentemente de sua
religião que ele proteja nosso bairro, nosso lar, nosso país....
Nas madrugadas de feriados e de alguns finais de semana,
pode-se observar outra situação problemática. Há um grande fluxo de pessoas que
se encontram em determinados lugares e colocam músicas em um volume muito
elevado. Isso incomoda muito as pessoas que moram em torno do local onde
ocorrem as movimentações.
Enquanto as noites são imperfeitas e os dias perfeitos não
chegam, a medida mais cabível a ser tomada é o mínimo de condições de
segurança. Andar na rua sem temer pela vida é o que toda pessoa de bem quer, e
como morador desse bairro, que para tantos é tido como o abandonado pelas
autoridades, seria confortante poder ser livre. Já sem os pés sujo de terra e
os olhos turvos de injustiças.
Há falta de segurança no meu bairro. Não podemos ter uma
vida social comum, uma rotina normal como antes, as crianças não podem brincar
na rua, os adolescentes e jovens não podem andar com celular no bolso, na mão,
ou em qualquer lugar, pois vira um alvo fácil para os bandidos, que na maioria
das vezes são de outros lugares.
Os adultos não podem deixar o carro estacionado fora da
garagem por muito tempo e até mesmo dentro da garagem. Essa rotina se
estabeleceu quando ladrões vieram para cá e levaram do bairro, antes calmo e
silencioso, veículos de seus moradores. O policiamento é precário, na verdade,
raro. Com a falta de policiamento só piora a situação, recentemente foram
registrados casos de estupros, assassinatos e assaltos.
A base da Polícia Militar nos arredores do bairro é muito
distante, fica na Vila Capivari. Reduzir a maioridade penal para 16 anos, que é
outra polêmica, que não deixa de ser uma solução justa e favorável, com certeza
iria melhorar as condições de vida dos moradores.
A falta de segurança é realmente um problema sério e grave,
pois atrapalha o desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes, e são
situações consideradas de risco atualmente.
O tempo passa e a falta de segurança só aumenta, mas se as
devidas soluções forem tomadas, com certeza nossos bairros voltarão a serem
aqueles bairros calmos, com pais despreocupados e crianças e jovens livres,
vivendo sem medo.
Recordo que minha princesa, quando criança e adolescente,
brincava na rua de bolinha– de –gude, de bola, peteca, esconde-esconde,
pega-pega, etc. Hoje não podemos fazer mais nada, uma vez que corremos o risco
de ser atropelados por um veículo automotor em alta velocidade.
O lugar onde moro, além de segurança policial, precisa de mais
amor, atenção, carinho e evangelização, para cessar também a dor. Evangelização
e serviço social no bairro é uma das oportunidades para falar do amor de Deus e
oferecer suporte espiritual às famílias que aqui residem.
Diante do medo e da insegurança, mudanças são necessárias!
Fonte de Pesquisa:
LINO, Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos
Campos do Jordão. Campos do Jordão. 2017. Ed. Clube de Autores. 613
páginas.
Imagens: autor e internet.
Dessa forma, o principal nome vulgar, “buraqueira” foi dado à espécie por conta do seu costume de viver em buracos cavados no solo. E apesar de ser capaz de cavar o próprio buraco, o animal aproveita aqueles que foram abandonados por tatus, por exemplo. Também chamada de coruja-mineira, coruja-do-campo ou capotinha. É muito presente em ambientes urbanizados como nos novos loteamentos.
Como seu próprio nome diz, é uma espécie terrícola, em tocas subterrâneas, buracos abertos por ela mesma, seja abandonado por tatus, e readaptados pela coruja. Vale ressaltar também que é uma das poucas que são ativas durante o dia, sendo que seu período de maior atividade é o período crepuscular; e sendo frequentemente visualizada no solo de áreas de cerrado, campos e planícies, embora seja encontrada também em áreas urbanas.
Por ser uma típica ave de rapina, a coruja-buraqueira é um animal carnívoro, que se alimenta preferencialmente de roedores, morcegos, escorpiões, marsupiais e insetos, como besouros, gafanhotos, mariposas, aranhas e abelhas, e até pequenas cobras. São ótimas predadoras de insetos, mantendo um controle biológico do meio. É muito útil ao homem, beneficiando-o na agricultura. É uma voraz predadora de invertebrados. Vale lembrar que se trata de uma espécie generalista, capaz de se alimentar de diferentes animais conforme a disponibilidade da estação em questão.
Simpática e sempre alerta, vive no chão ou em poleiros baixos, perto do buraco que faz de toca. Por isso, é comumente observada empoleira em mourões de cerca, fios e postes, montes de terra ou no solo próximo do ninho.
A coruja-buraqueira possui um comportamento peculiar, além dos próprios feitos pelas corujas, por ser vista durante o dia e ficar pousada, ereta, em locais expostos ou no solo, em postes, troncos, muros, em cimas de cactos etc. Tem o hábito de ficar sobre uma perna, o que não é copiado por outras corujas. Utiliza um buraco não somente para assentamento, mas para descansar, esconder-se, como um refúgio durante o dia e construir ninhos, normalmente ocupados por um casal. É uma coruja tímida, mas é ligeiramente tolerante à presença humana. Cava seus próprios buracos com a ajuda dos pés e do bico, ficando até mesmo toda suja na construção da toca,
Na época da primavera o macho busca por regiões de capim baixo, local em que poderá prender os pequenos roedores e insetos com facilidade.
Assim, o casal cava um buraco com a ajuda do bico e dos pés, sendo que macho e fêmea se revezam para alargar o buraco. Logo em seguida, a cavidade é coberta por capim seco.
É completamente possível ter uma coruja-buraqueira, desde que seja de forma legal. Para isso, é importante se dirigir a um criatório legalizado por um órgão ambiental. Há vendas de maneira legal também pela internet. Para se tornar um criador certificado é preciso realizar um cadastro no SISPASS no site do IBAMA. O SISPASS é Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Pássaros.
Há criatórios de aves de rapina no Brasil que permitem o envio do animal através de transporte aéreo desde que o interessado tenha licença para adquirir a ave. Diferente de outros animais domesticáveis, a coruja não pode ser comprada para outra pessoa.
O documento registrado deve constar os dados do proprietário. Caso encontre o animal na natureza, não é permitido levá-lo para casa.
Uma coruja adquirida de forma legal pode custar a partir de R$ 1.200. (2001). Considera-se a espécie, a raridade, o tamanho dentre outros fatores no momento da precificação. Há espécies em que o valor pode ultrapassar R$10.000. É necessário lembrar que o custo para se ter uma coruja legalizada inclui taxas, documentação, vistoria médica, etc.
Fontes de Pesquisa:
Blog “Aves de Rapina do Brasil”
Blog “Coisas da Roça”
Blog “Saúde Animal
Guia Animal
Links:
https://praiadaluz.webnode.com/animais%20da%20regi%c3%a3o/coruja/
Quer comprar
coruja de estimação? Veja como, onde e o qual é o preço! | Guia Animal
Coruja-buraqueira
- Saúde Animal | Saúde Animal (saudeanimal.com.br)
O que é uma
coruja-buraqueira? - Spiegato
Coruja-buraqueira:
o que come, habitat e quanto tempo vive (pescagerais.com.br)
Coruja-buraqueira, curiosa e bela coruja de hábitos diurnos (coisasdaroca.com)
Monumento "Marco das Quatro Nações"
No dia 29 de abril de 1959, data em que se comemorou o 85º de aniversário de Campos do Jordão, foi lançada a pedra fundamental do monumento “Marco das 4 Nações” no bairro Umuarama, em homenagem aos desbravadores das mais altas nascentes de águas brasileiras que desembocam no Rio da Prata.
Nessa oportunidade, o governador do Estado de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto, impossibilitado de comparecer, foi representado pelo secretário de Governo, Dr. Márcio Porto. Também presentes, entre outras personalidades representativas, o prefeito municipal de Campos do Jordão, Dr. José Antônio Padovan; o Sr. Benjamim Hunicut; o engenheiro Acácio Vilalba; e o vereador, Joaquim Corrêa Cintra.
O monumento “Marco das 4 Nações” foi projetado pelo engenheiro Acácio Vilalba, membro do Conselho Estadual de Turismo e da Sociedade Geográfica Brasileira, para ser erigido em terras de propriedade da Associação Umuarama.
Esse monumento era encimado por um bandeirante segurando uma bandeira enrolada no pedestal, sob o qual havia estampado o brasão de Campos do Jordão. Embaixo, em forma retangular, os dizeres escritos em fundo branco:
“Marco das 4 Nações: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Erigido em homenagem aos países onde caminham as mais altas águas brasileiras rumo ao rio da Prata. Inaugurado em 29 de abril de 1959, sendo Governador do Estado de São Paulo o Exmo. Sr. Prof. Carvalho Pinto e Prefeito de Campos do Jordão o Dr. José Antônio Padovan”.
Um esboço foi elaborado pelo vereador, Joaquim Correa Cintra, que na época, era Diretor Executivo do DMtur.
Concluído o portentoso monumento, infelizmente não foi implantado no local escolhido; pois, com o decorrer dos anos e o crescimento da mata, tornou-se difícil, talvez impossível, a localização física da pedra fundamental no Bairro Umuarama, onde deveria ser erigido o Monumento “Marco das 4 Nações”. E, com a obra inviabilizada, veio o seu cancelamento.
Foi instalado ao lado do Departamento Municipal de Turismo – DMTUR, cujo Diretor Executivo era também Joaquim Correa Cintra, em Vila Abernéssia, na Praça da Bandeira (lembrando que na época não havia ainda a divisão entre as 2 praças).
Nesse local, ficou instalado por algum tempo, até ser retirado para possibilitar a construção do prédio da telefônica. Foi transferido para o almoxarifado da prefeitura, quebrou-se, restando apenas a figura do Bandeirante, que foi afixada na Praça da Bandeira, em Vila Abernéssia, em Campos do Jordão.
Na véspera da comemoração do dia da Cidade, 29 de abril de 1999, quando estaria completando 125 anos de fundação, um motorista em velocidade considerável perdeu a direção do veículo que dirigia e bateu de frente no pedestal em que a estátua do Bandeirante estava afixada, derrubando-a ao chão e reduzindo-a a inúmeros pedaços. Reunidos os pedaços da estátua, foram guardados junto ao local onde estava sediada a Defesa Civil de Campos do Jordão, proximidades do Portal de Entrada da Cidade. Lá ficaram por vários meses, talvez até mais de um ano. Algum tempo depois, a estátua estava totalmente recuperada.
O local onde a estátua estava anteriormente instalada, foi transformada na praça Júlio Domingues Pereira, (Júlio Bandeirante), mais conhecida como Praça da telefônica, construído novo pedestal, maior e mais reforçado, nela, a estátua do bandeirante foi reintroduzida, em 1961.
A estátua é hoje uma testemunha discreta da história moderna de Campos do Jordão, porque muitas vezes o marco passa despercebido por moradores e turistas, há 62 anos.
Fontes de Pesquisa:
Jornal “Correio Paulistano”, de 29 de
abril de 1959;
Historiadores: Pedro Paulo Filho, Edmundo Ferreira da Rocha e Maurício de Souza Lino.
O Cemiterio de Campos do Jordao

Uma voz parece se ouvir no cemitério como a do Senhor a Moisés: “È sagrado o lugar onde estás, esta terra que pisas”.
Lá dormem os cristãos. Como é doloroso ver-se desrespeitado e profanado o lugar dos mortos com tantas leviandades e até com o escândalo e o pecado. No cemitério conservemo-nos respeitosos como num templo. Oremos e meditemos ali. É lugar sagrado. O cemitério fala-nos que somos todos irmãos. Todos nivelados numa tumba! A diferença dos mausoléus e das sepulturas rasas não tira ao cemitério a ideia do nivelamento, do nada que somos, e da podridão de uma sepultura. Que lição para os orgulhosos! E como devemos nos amar em Cristo, nós que seremos nivelados após a morte até a ressurreição da carne! Debaixo de uma sepultura, todos iguais! Ali não há pobres nem ricos, nem grandes ou pequenos. Já o dissemos, o cemitério cristão prega-nos a imortalidade de nossa alma. Ali não se acaba tudo. Ali começa tudo. É a porta da eternidade, o pórtico da outra vida. Então, pensamos na imortalidade de nossa alma. Olhar para um cemitério com a indiferença deste grosseiro materialismo que hoje aí impera, é muito triste e horrível porque desespera. Cada sepultura é uma porta do céu para o verdadeiro cristão. Uma sementeira onde descansa um corpo que depois de apodrecido como a semente na terra, surgirá ressuscitado para unir-se à alma na eternidade, quando vier a ressurreição da carne. Ressuscitarei um dia! Que doce esperança do cristão!
Tudo isto aprende e medita o cristão num cemitério quando o visita com fé e vive o espírito da Igreja que santifica e abençoa o Campo Santo (Monsenhor Ascânio Brandão).
Conforme a obra “Sentido oculto dos ritos mortuários”, de Jean-Pierre Bayard, os primeiros cemitérios surgem em 10.000 anos a.C. Cerâmicas são encontradas juntos aos corpos e sepulturas agrupadas em torno de 8.000 anos a.C.271 Por volta de 6.000 mil anos a.C. os mortos começam a ser depositados na terra na posição fetal e voltados na direção do sol nascente.272 Em torno do ano 5.000 a.C. surgem os tumulus, monte de terra ou pedras sobre a sepultura, formando pequenas colinas (Vanderlei Mengue Bock).
No começo do século XX, foram importantes os chamados carregadores de cadáveres, que atuavam no itinerário Campos do Jordão-Pindamonhangaba, quando não havia ainda meios de comunicação civilizados.
Profissão brava, que exigia abnegação, além de uma saúde de ferro. Como Campos do Jordão, na época, já despontava como estação de cura de tuberculose, uma moléstia terminal naquela ocasião, o índice de mortes era elevadíssimo, de sorte que o Cemitério da Bazin, não comportava tantos sepultamentos. Por isto, as famílias de alguma posse transportavam seus mortos para Pindamonhangaba, com posterior embarque para São Paulo e Rio de Janeiro, ora para Pirangussú, em Minas Gerais.
O traslado dos corpos para o Vale do Paraíba ou para o território mineiro era uma verdadeira odisseia: o corpo era colocado dentro de uma rede esticada entre dois longos varais, como se fosse uma maca. Os varais eram postos sobre os ombros musculosos dos carregadores de cadáveres, que se revezavam na descida das escarpadas e tortuosas veredas da Serra da Mantiqueira.
Onde se acha, atualmente, o pátio da Estrada de Ferro Campos do Jordão, nas proximidades do armazém de abastecimento em Pindamonhangaba, havia a Capela de Santa Cruz, à margem da linha férrea da Estrada de Ferro Central do Brasil, que abrigava os corpos vindos de Campos do Jordão, os quais, depois, eram transportados, por trem, para São Paulo e Rio de Janeiro.
Eram 25 carregadores de cadáveres, que cobravam, cada um, 25 mil réis. Saíam de madrugada de Campos do Jordão, descendo pelo Alto do Toriba e logo, às cinco da tarde, estavam chegando em Pindamonhangaba. Era necessário o revezamento porque toda a viagem era feita a pé.
Dentre os carregadores de cadáveres conhecidos, registra-se os nomes dos irmãos Bravo: Benedito Frozino, José da Matta Oliveira e Matheus de Lima.
No meio do caminho ocorriam cenas dramáticas, pois, os carregadores, descendo a serra, frequentemente, cruzavam com enfermos, que subiam em liteiras e banguês as escarpas da Mantiqueira. Alguns sucumbiam no meio do caminho, em razão da tuberculose em adiantado estado e também das asperezas do caminho. Neste caso, era preciso regressar, pois de nada valeria a ação terapêutica do clima de Campos do Jordão.
O labor desses homens corajosos e destemidos, que carregavam cadáveres pela força de seus músculos e ombros, pode parecer, à primeira vista, lúgubre e desprezível, mas era uma exigência imposta pelas necessidades e agruras do tempo em que viveram. Se, atualmente, não são admirados, foram indispensáveis na época.
O primeiro cemitério existente no povoado de Campos do Jordão, fora construído em 1898, às expensas de Matheus da Costa Pinto, em decorrência das repetidas aflições dos moradores, que se viam obrigados a transladar os seus mortos a Santo Antonio do Pinhal e Pindamonhangaba, para sepultamento. Eram transportados em redes, em forma de banguês.
O dr. Domingos Jaguaribe, com as terras que adquiriu na região, (incluindo o cemitério), em 1889, transmitiu a Casemir Etienne Bazin, por ocasião da alienação das ditas terras. O velho Bazin passou a ser proprietário de uma grande área de terras localizada na Vila Velha, atual Vila Jaguaribe.
Por ordem do novo proprietário, o campo santo foi cercado e à sua volta plantados eucaliptos pelo empregado, Benedito Frozino. Situava-se à margem direita da atual avenida Januário Miráglia, no sentido Abernéssia-Jaguaribe, ao alto, entre a estrada que demanda o atual cemitério e Vila Jaguaribe.
O cemitério foi inaugurado em 29 de dezembro de 1899. Ali foram sepultados vários pioneiros, dentre eles, o engenheiro agrimensor, José de Magalhães, assassinado por João Rodrigues da Silva, o João Maquinista. Seu cadáver foi o primeiro a ser sepultado nesse cemitério, sendo numeroso o féretro. Situado no Recanto Dubieux, existia uma inscrição em um dos túmulos: “Aqui jaz o Dr. José de Magalhães, barbaramente assassinado”.
Quanto a João Rodrigues da Silva, apresentou-se à polícia em São Bento do Sapucaí, onde foi julgado por três vezes no Tribunal do Júri e por três vezes foi absolvido.
Conta-se que depois que foi sepultado Leon Casemir Felix Marie Bazin, sua esposa dona Bertha, não mais permitiu que ali fosse enterrado mais ninguém. Aí, o povo começou a chamá-lo de “Cemitério da Bazin”. Atualmente, é o recanto Dubieux. Bertha Augusta Guilhermina Bazin faz parte da história de Campos do Jordão. Era casada com o Sr. Leon Casemir Felix Marie Bazin, filho do francês, o velho Casemir Etienne Basile Bazin.
Esse cemitério situava-se à direita de quem sobe a rua Sebastião de Oliveira Damas, no início de Vila Nadir, em local, atualmente, completamente povoado, cujas terras foram doadas em 04 de maio de 1917 por Leon Casemir Felix Marie Bazin e sua esposa, dona Bertha à Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí, sob a condição de ser interditado pela Câmara, logo que o novo estivesse cercado e trasladados, no prazo legal, os ossos ali existentes, que seriam arrasados.
O cemitério era praticamente particular e não atendia às necessidades da população, advindo daí o movimento da comunidade para a criação de uma nova necrópole.
O que de fato, surgiu, oficialmente, com o Cemitério nº 1, construído por Simão Cirineu Saraiva, às expensas do embaixador, dr. José Carlos de Macedo Soares, que foi entregue à população em 29 de outubro de 1923, pelo sub-prefeito, Guilherme Lebarrow. Simão Cirineu Saraiva, irmão de criação do dr. José Carlos de Macedo Soares, o mesmo que deu nome à Fonte Simão, foi administrador do Cemitério nº 1. Era todo cercado com muro de cimento armado e loteado em sepulturas. O seu portão de ferro, de entrada, foi doado pelo dr. Roberto Simonsen.
Já, em 1928, o Cemitério da Bazin tinha os seus muros em ruínas, vivia maltratado e devido à falta de lugar, chegou-se mesmo a enterrar na mesma cova um cadáver em cima do outro.
Esgotada a capacidade dessa necrópole, mais tarde, foi edificado o Cemitério nº 2 (atual), na Vila Nossa Senhora de Fátima (Vila Sodipe), inaugurado pelo segundo prefeito sanitário, Bento Cerqueira Cezar (Bentinho), em 01 de junho de 1930.
O necrotério foi abençoado em 06 de junho de 1930 pelo Pe. Ernesto Almírio de Arantes, vigário da paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus por provisão de Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo de Taubaté.
Em 1933, era instalado o Serviço Funerário, administrado até hoje pela Prefeitura Municipal por força do Decreto estadual nº 5.944, de 13 de junho de 1933. Esse serviço era feito anteriormente pela iniciativa particular; Floriano Rodrigues Pinheiro, em sua Construtora Pinheiro, era um dos que fabricavam caixões para sepultamento e Próspero Olivetti, mantinha uma funerária.
Nesse Cemitério nº 2, foi sepultado no dia 26 de novembro de 1937, o cadáver do dr. Robert John Reid. Uma das pessoas que assistiram o seu sepultamento, disse que na hora de descer o caixão à sepultura, não descia, porque a cova aberta era menor que o caixão. Foi preciso serrar um pedaço dele para que o caixão descesse os sete palmos da sepultura. E, comovido, disse entre lágrimas: “Um homem que doou tantas terras para o povo de Campos do Jordão, na hora de ser sepultado, faltou-lhe um pedacinho de terra!” (Dr. Pedro Paulo Filho, advogado e historiador).
O prefeito Orestes de Almeida Guimarães, pela Lei Municipal nº 14, de 08 de julho de 1948, autorizou a empreender a construção de um mausoléu no atual cemitério, numa homenagem póstuma ao ex-prefeito Januário Miráglia.
Em 1º de maio de 1963, sob a administração do prefeito, Dr. José Antonio Padovan, foi lançada a pedra fundamental da Capela do Cemitério nº 2, cuja inauguração ocorreu em 02 de novembro de 1964.
Quando da abertura de loteamento do Cemitério nº 1, na década de 1970, em Vila Nadir, nos serviços de terraplanagem, foram ali encontradas, pelos operários, ossadas humanas.
Durante uma epidemia de varíola no alvorecer do século XX, utilizou-se o estranho costume de sepultar os corpos, cobrindo-se o leito das covas com garrafas fincadas com o fundo para cima, fazendo uma superfície de vidro antes de depositar o caixão. Dizia-se que, assim, o vírus da moléstia não contaminava a terra. Sobre esse cemitério, ergueu-se em 1982, a Escola Municipal Irene Lopes Sodré.
Um fato trágico aconteceu em 1972. Nesse tempo, o Cemitério nº 2 ainda estava sem energia elétrica:
“Já era noite alta quando o
corpo do soldado Manoel de Souza Lino Filho chegou do IML de Pindamonhangaba.
Ele havia morrido afogado nas águas do Rio Paraíba em Pindamonhangaba SP,
quando servia o Exército. O Batalhão do Exército responsável pelo translado
atrasou a chegada, o que gerou um clima de mal-estar a todos, familiares e
amigos, pois o sepultamento deveria então, ser feito à noite, sem iluminação
natural. O sepultamento foi assistido por muitas pessoas, que acompanharam todo
o nosso sofrimento. Eram 22h20min. Era o retrato da dor e da tristeza...
... Papai sofreu muito com a morte de Manezinho, os 12 dias sem encontrar seu corpo nas águas do Paraíba, e agora, teve que se submeter a essa cena constrangedora, sob a iluminação apenas de faroletes de algumas pessoas que estavam acompanhando o féretro. Esse sepultamento no escuro, gerou constrangimento a toda a família. Alguns meses depois, recebemos em nossa casa, a visita do nobre Vereador da Câmara Municipal, Tarcísio Coutinho, com a cópia de um ofício dirigido ao senhor prefeito municipal, solicitando que providenciasse luminárias e padrão de energia para o cemitério Municipal. A Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, atendendo ao ofício, instalou as luminárias no Cemitério, que passara décadas, desde suas construções às escuras” (Maurício de Souza Lino, autor).
O prefeito sanitário de Campos do Jordão, Dr. José Arthur da Motta Bicudo, foi quem abriu a estrada do atual Cemitério nº 2, localizado na Vila Nossa Senhora de Fátima (Vila Sodipe).Em 15 de setembro de 1997, o prefeito municipal, Oswaldo Gomes da Silva Filho, pela Lei Municipal nº 2.381, denomina o Cemitério nº 2, “Cemitério Santa Terezinha do Menino Jesus”, em homenagem ao centésimo aniversário da morte da padroeira de Campos do Jordão.
O Cemitério Municipal de Santa Therezinha do Menino Jesus em Campos do Jordão, guarda pedaços da História.
Muito mais do que um lugar de descanso para nossos entes queridos, o cemitério ultrapassa suas funções ritualísticas e religiosas para se tornar, também, um patrimônio arqueológico, histórico e cultural.
Andar por ele pode proporcionar muito mais do que o sentimento de tristeza. Ele oferece uma viagem no tempo.
É também um espaço de manifestações artísticas: sua arte tumular, desperta os sentidos, traz prazer ao observador. Muitas vezes, em algum tempo e espaço, observa-se canteiros de flores tão perfeitos, que mais parecem frutos de projetos paisagísticos.
Com suas coleções de túmulos, únicas, que contam e registram histórias, pode ser considerado como um museu ao ar livre.
Não sou excêntrico nem mórbido, mas, como historiador, tenho um interesse especial pelo cemitério, algo natural e instigante. Por ser de uma cidade pequena, muito me encanta sua simplicidade.
Quando passo por ali, fico a maior parte de tempo imaginando histórias que passam pela escravidão, pela religiosidade e pelo apego aos ritos, pessoas ilustres que ali estão sepultadas sob uma análise crítica de sua importância na história e na formação da nossa cidade.
Há diferentes expressões ali existentes: culturais, econômicas, políticas e religiosas, compreendendo-o, assim, como resultado de construção histórica.
Por esse foco, acredito o Cemitério Santa Teresinha possui um potencial didático, que pode ser utilizado tanto para se estudar a história local quanto para se desenvolver projetos de educação patrimonial. É um patrimônio histórico, um espaço de memórias.
Um fato triste aconteceu na madrugada do dia 05 de agosto de 2004: ladrões arrombaram e invadiram a sala de administração do cemitério, e levaram 12 livros onde estavam registrados os enterros realizados no local, desde 1930. Além dos livros, furtaram títulos de concessão perpétua de jazigos e um computador.
O registro dos nomes das pessoas enterradas a partir de 1970 estão registrados em disquetes, e não foram levados pelos ladrões. Os enterros realizados entre 1930 e 1969 foram perdidos.
A obra do velório municipal foi inaugurada ao lado do portão do cemitério. A construção é dotada de salas que permitem a realização de até 03 velórios simultâneos. Constata-se um capricho nos banheiros, amplos e bem acabados, no fraldário e na pequena cozinha.
As salas destinadas aos velórios são bem iluminadas e podem abrigar até 50 pessoas com folga, 25 das quais, sentadas. O banco de cimento é revestido de azulejo. As paredes são pintadas com tinta acrílica; isso facilita a lavagem. A estrutura de apoio inclui um espaçoso banheiro feminino, com amplos espelhos e pia de mármore com 2 mts. de comprimento. O banheiro masculino é igualmente espaçoso. Há ainda um terceiro banheiro reservado aos deficientes físicos. A cozinha é equipada com pia, prateleiras e fogão. A facilidade de se estacionar é outra vantagem, uma vez que o terreno em volta acomoda 50 carros com tranquilidade.
Em 27 de novembro de 2010, a prefeita, dra. Ana Cristina Machado Cezar, pelo decreto nº 6561, denomina o Velório Municipal, “Antonio Augusto Leitão Padovan” (Guto Padovan).
Algumas Memórias ali Registradas:
1-Dr. Arakaki Masakazu – 1925 – 2008 (advogado, escritor,
vereador, prefeito).
2-Dr. Januário Miráglia – 1907 – 1947 (médico e prefeito).
3-Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo – 1909 - 1994 (médico,
vereador, prefeito).
4-Dr. José Antonio Padovan – 1927– 2006 (médico e prefeito por 2
mandatos).
5-Miguel Lopes de Pina – 1917 – 2016
(prefeito).
6-Expedito Camargo Freire – 1908 – 1991 (professor e
artista plástico).
7-Frei Orestes Girardi – 1921 – 1988 (sacerdote e
fundador da SEA).
8-Fausi Paulo – 1931 – 2018 (engenheiro e prefeito por 2
mandatos).
9-Dr. Pedro Paulo Filho – 1937 – 2014 (advogado,
escritor, historiador, vereador).
10-Joaquim Correa Cintra – 1916 – 1972 (jornalista,
gravurista, comunicador, vereador).
11-Iracema Gonçalves Abrantes – 1924–2009 (Servidora
pública, poetisa).
12-Octávio da Matta – 1900 – 1983 (pioneiro e
memorialista).
13-Simão Cirineu Saraiva (Chefe de correio, servidor e
homem público).
14-Gustavo Biagioni – (empreiteiro, servidor e homem
público).
15-Celso Marcondes Ferreira – 1932 – 2016 (escritor,
historiador e homem público).
16-Dr. Horácio Padovan – 1905 – 1993 (Vereador,
comerciante).
17-Hertz Bohme – 1935 – 2008 - (Empresário e contador).
18-Pedro Paulo – 1906 – 1981 (comerciante e homem público).
19-Agripino Lopes de Moraes – 1918 – 1982 (vereador,
benemérito da APAE).
20-Amadeu Carletti Junior – 1977 (Empresário, vereador).
21- Sebastião Gomes Leitão –1901 – 1986 (ferroviário).
21-Dora Lygia Cersósimo Richieri – 1940 – 1970
(educadora).
23-Floriano Rodrigues Pinheiro – 1896 – 1981 (construtor
e homem público).
24-Dr. Silvestre Ribeiro – 1915 – 1965 (médico).
25-Dr. João Pedro Além – 2015 – 2009 (médico).
26-Olegário Frozino – 1917 - (Vereador, empreiteiro).
27-Luiz Cesário Richieri – 1932 – 2008 (engenheiro e
homem público).
28-Dr. Franklin Alkmin Bueno Maia – 1934 – 2010 (médico e
vice-prefeito).
29-José Correa Cintra – 2001
30-Noboro Oya –1929 –2011 (vereador, comerciante).
31-Mathilde Klabunde Dubieux – 1902 –1938 –(benemérita).
32-Antonio Simões dos Reis – 14/01/1974
33-Harry Mauritz
Lewin –1909 –1971 (professor, educador).
34-Robert John Reid –1868 –1937 (fundador de Vila
Abernéssia).
35-Monsenhor José Vita –1895 – 1972 (sacerdote e homem
público).
36-João de Sá –1965 (poeta, autor do hino de Campos do
Jordão).
37- Laurinda da Matta (professora).
38-Mary Bueno de Arruda Camargo 1914 – 2007 (Professora).
39-Irmã Maristela Alves Cintra – 1922 – 1988
(Religiosa).
40-Elza Mansur dos Santos – 1926 – 2002 (Funcionária
pública, florista).
Fontes de Pesquisa:
Folha de São Paulo, 11 de agosto de 2004;
Guia Castelfranchi - Jornal “Todo Dia”, nº 11, de 16 de novembro de 2010;
Vanderlei Mengue Bock “O Culto aos Mortos Como Lugar
Teológico a Partir do Tratado: O Cuidado Devido aos Mortos em Santo Agostinho.
BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
1948, p. 202-208;
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão.
Campos do Jordão: Editora Santuário, 1986;
LINO, Maurício de Souza. Memórias do Soldado Lino. Diário
de um Recruta. Campos do Jordão: Clube de Autores, 2016. Pp. 326.
LINO, Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos Campos
do Jordão. Campos do Jordão: Clube de Autores, 2017. Pp. 616
Imagens: Amauri Dolomiti/Google
"Circo de Tório", o Primeiro Circo em Campos do Jordão e o Circo Las Vegas
Sou de uma geração que ainda teve o privilégio de conviver com o apogeu do circo. Naquela época, a chegada de algum circo na cidade era um momento glorioso. Palhaços, mágicos, trapezistas e feras amestradas eram algumas das atrações que faziam questão em divulgar onde desfilavam pelas principais ruas das cidades, convidando a população em geral.
Las Vegas é um circo diferente o qual não tem animais engaiolados ou adestrados. É uma apresentação com acrobatas, contorcionistas, globo da morte, mágicos, malabaristas, trapézios, palhaços, shows e outras peripécias circenses.
Precipitações de Neve em Campos do Jordão
Links para consulta:
http://www.sciencedirect.com/science/...
https://www.researchgate.net/profile/...
http://www.mdpi.com/1422-0067/14/7/13...
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10...
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https://www.jstage.jst.go.jp/article/...
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http://site.mast.br/multimidias/botanica/frontend_html/artigos/index-id=172.html
http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v42n3/a07v42n3.pdf
https://archive.org/stream/phytographiaoubo00mell/phytographiaoubo00mell_djvu.txt
http://rodriguesia.jbrj.gov.br/FASCICULOS/Rodrig36-n59-1984/06-historicos.pdf
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp057448.pdf
http://cassiopea.ipt.br/teses/2013_TA_Ana_Carolina_Cunha.pdf
https://www.picuki.com/tag/gengibrebranco
https://siambiental.ucs.br/congresso/getArtigo.php?id=147&ano=_terceiro
https://archive.org/stream/repositoriodeno00unkngoog/repositoriodeno00unkngoog_djvu.txt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Recanto_Maestro
https://www.saintvinsaint.com.br/2016/03/cha-de-lirio-geleia-de-lirio-risotto-de/
Imagens:
Imbiri - Canna angustifolia, Canna glauca... Canguçu RS, Campos do Jordão SP, Brasil; Loila Teresinha Cunha de Matos.
Lembretes:
"Nada é veneno; tudo é veneno. A diferença está na dose." (Paracelso);
Não usar plantas medicinais sem orientação de um especialista.

As Bromélias de Campos do Jordão

A Saga do Baú
Raízes Culturais do Povo Jordanense

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Estação de Vila Abernéssia, 1925 |
![]() |
Vila Velha, 1927 |
E o mundo não se acabou...





Por esse motivo, não passa despercebido pelos seus moradores a destruição da casa de seus antepassados, do antigo cinema, bares, clubes, imóveis sanatoriais e outros prédios históricos, como por exemplo o Palacete Olivetti.

Nossa História nas Estrelas
Cantando Nossos Valores...






Campos do Jordão, Mamãe e as Dálias da Saudade



A Morte do Lago Itatinga

Álamo - A Árvore do Outono Colorido
O Lago de Nenúfares do Vale Encantado
A Beleza Invernal dos Rubros Rododendros em Flor.
Fonte:
Alpes de Campos do Jordão

O Portal de Campos do Jordão
Dr. Domingos Jaguaribe e o Velódromo Paulista
Poucos sabem que em 1895, foi inaugurado o Velódromo Paulista, com uma pista original de saibro.
A iniciativa de construção coube ao conselheiro Antonio da Silva Prado, um dos responsáveis, ao lado do cunhado Elias Pacheco Chaves, pelo loteamento de chácaras que deram origem aos bairros de Campos Elíseos e Barra Funda. O Velódromo foi construído dentro dos limites da antiga chácara de dona Veridiana Prado. Provavelmente, Prado autorizou a construção do equipamento esportivo para atender a um desejo dos filhos. A elite paulistana provavelmente tomou contato com bicicletas, à época caríssimas, em Paris.
Naquele tempo não havia entidade para dirigir o ciclismo. Apenas um clube existia: "Veloce Clube Olympico Paulista", grêmio fundado por Dr. Domingos Jaguaribe, presidente, Dr. Borba e outros distintos esportistas daquele tempo.
A diretoria do Veloce Clube Olympico foi composta não só por jovens ciclistas. Ela incluía figuras conhecidas na cidade, escolhidas pelo prestígio. O primeiro presidente, Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho, em nada se parecia com os velocemen do clube. Era um médico positivista, cearense, filho do ex-ministro da guerra, o visconde Jaguaribe, e genro de um cafeicultor paulista, o barão de porto Feliz. Estava radicado na cidade de São Paulo há muitos anos e clinicava na Santa Casa de Misericórdia.
Foi em setembro de 1895 que se efetuou a primeira prova, na inauguração do Velódromo, com pista de terra, situada nos terrenos da Rua dona Viridiana, hoje Rua Florisbela. Nesta ocasião participava mais de 30 ciclistas, no programa geral de várias provas. O público foi numeroso e o entusiasmo ultrapassou todas as expectativas. Esse Velódromo foi reformado, em janeiro de l896 com pista de cimento armado, mandado construir pelo conselheiro Antonio Prado, ficando uma obra de alto valor.
Nesta ocasião antes da inauguração foi estabelecido um Record de 50 km em 1 hora e 11 minutos, tempo que até hoje não alcançado no Brasil, até 1949. Na inauguração oficial do novo Velódromo foram realizadas oito provas, cada qual melhor organizada e bonita. O público foi numeroso e aplaudiu todos os ciclistas (perto de 60) que constituía um Record, na ocasião. Se hoje ainda tivéssemos esse Velódromo, o ciclismo seria um esporte principal em São Paulo, com o elemento organizado, e com os jovens que praticam o ciclismo atualmente.
Naquele tempo havia dificuldade em se uniformizarem e aparecerem assim em público. Depois de 06 meses de magnífico funcionamento do Velódromo, onde se realizou provas das mais interessantes e disputadíssimas, competiu entre os ciclistas estrangeiros, Tonglet, Busson, Prefort, Bayard e outros, que foram batidos várias vezes pelos nossos ciclistas nas provas de que participaram, marcando nossos campeões resultados técnicos dignos de nota e que por esse motivo, merecem aplausos dos próprios adversários.
No mesmo Velódromo, em 1897, em fevereiro, foi realizada a grande prova de 300 km, na pista, entre Oliviere e Otto Hufembasch, um grande campeão ciclista da época.
O
resultado dessa prova, realizada com enorme interesse e entusiasmo e assistida
por grande público, foi favorável a Otto que venceu com 10 horas e 35 minutos
de percurso para 309 quilômetros! Oliviere marcou para os 300 quilômetros e 200
metros, 10 horas e 32 minutos. A prova levou o dia todo das 06 às 18 horas.
GAMBETA, Wilson. A bola rolou. São Paulo: Sesi-sp Editora, 2015. 432 p.
ROCHA,
Wilba. Primeiro Clube de Ciclismo de São Paulo. 2018. Disponível em:
<http://wrpbjb-ciclocompcombr.blogspot.com.br/2009/09/o-primeiro-clube-de-ciclismo-de-sao.html>.
Acesso em: 01 abr. 2018.
HISTÓRIA DO CINEMA JORDANENSE
O cinema em Campos do Jordão possui uma trajetória histórica em ressonância com a vida do município. A cidade completou 143 anos em 2017. As histórias de Campos do Jordão e do cinema (que já soma 97 anos desde a sua construção e inauguração) se confundem, tendo o prédio histórico sido construído com o objetivo de oferecer um espaço para os amantes da Sétima Arte. Ali, nas décadas de 1920 a 1980, funcionou o Cine Jandira e Cine Glória, respectivamente, como o “cinema oficial da cidade”.
Em 28 de agosto de 1942, iniciaram-se as obras da construção do “Campos do Jordão Cine Ltda.”, administradas pela Sociedade Construtora de Campos do Jordão. A empresa, para a construção do prédio do novo cinema, valeu-se de empréstimos do Banco de Itajubá e do Dr. Lincoln Ferreira Faria. Trabalhou como empreiteiro de obras no novo cinema, Francisco Bento Filho. O novo cinema de Campos do Jordão foi posteriormente, inaugurado com o nome de “Cine Glória”
A História do Cinema Jordanense não foi objeto do interesse de historiadores. Considerada um divertimento, sua história ficava a cargo de pessoas do meio cinematográfico.
Com a Nova História e seus novos objetos, o cinema, sobretudo os filmes, são apropriados pelos historiadores como fonte.
A partir dessa aproximação e por conta de mudanças nos estudos históricos e nos estudos cinematográficos, a partir dos anos 1970/80, estudiosos de cinema buscam métodos históricos de análise, e historiadores voltam-se para a atividade cinematográfica como objeto de interesse
O objetivo deste artigo é observar como se plasmou essa história no município, desde sua fundação até aos dias de hoje. Temos, portanto, um saldo significativo de história, de caminhos percorridos e outros mais a percorrer.
Introdução:
Os artigos aqui reunidos, que compõem o dossiê Cinema-História, expressam com muita riqueza, diversidade e confluência o que são hoje os estudos em torno da História do cinema em Campos do Jordão. A coletânea de textos que o compõe está estruturada a partir da relação temática entre cinema, memória e história.
A formação de uma sociedade está ligada à história, onde relata com o passar do tempo, períodos que vão se somando e formando a identidade de uma região. Em Campos do Jordão o destino reservou particularidades desde a sua formação, passando pelo ciclo da saúde e chegando à condição de estância turística, conhecida em todo o Brasil e internacionalmente pelas propriedades naturais do clima, da água, da arquitetura e do relevo montanhoso que faz da cidade uma das mais belas do país.
A reflexão sobre a História do cinema em Campos do Jordão deve ser tomada como um objeto de interesse em si mesmo, portador de uma história particular que é pensada no âmbito da historiografia, assim como objeto de ampla reflexão da História Social e da História Cultural Local. Esse texto tem por objetivo refletir sobre as transformações que se manifestaram no cinema Jordanense. Procurarei observar como se plasmou essa história ao longo do tempo e que mudanças ocorreram e em que sentido têm apontado. Isso permitirá observar as oscilações na forma de abordagem e na definição do objeto da história do cinema Jordanense.
História do Cine Jandira
O
antigo Chynema Jandyra, o primeiro de Campos do Jordão, foi construído por
Desiré Pasquier, em terreno doado pelo benemérito Dr. Robert John Reid. A
doação do terreno para a construção do Cinema foi condicionada à exigência de
que o mesmo fosse denominado "Chynema Jandyra", nome da filha mais
velha do Dr. Robert John Reid. “Kinema Jandira” com ‘k’, pois, entendia-se que
a palavra cinema que se origina do grego Kinematos (movimento), deveria guardar
a letra ‘k’ em sua grafia; e por muitos anos, ficou escrito: “kinema Jandira”.
Relata Condelac Chaves de Andrade que, quando em 15 de agosto de 1910, foi inaugurado o serviço de iluminação pública, em Vila Abernéssia, João Carlquist, mais conhecido por "João Sueco", instalou uma máquina "Pathé Baby" na carpintaria dos irmãos Fonseca, sediada à altura do atual edifício do Forum, onde, por 30 centavos o ingresso, fazia a delícia dos antigos moradores.
O empreendimento de João Sueco, levou Desiré Pasquier a construir o Chynema Jandyra, continuando a carpintaria, como posto eleitoral e sede do reinado de Momo, no qual o "Clube Tira Prosa" brilhava em toda a linha. Aliás, em 1924, Desiré Pasquier foi obrigada a hipotecar metade do Chynema Jandyra ao dr. José Carlos de macedo Soares, de quem emprestara soma de dinheiro.
O Khynematógrafo Jandyra foi construído em terreno doado pelo dr. Robert John Reid, que condicionou a doação à exigência de se dar à casa de espetáculos a denominação de Chynema jandyra, nome de sua filha mais velha. Pronto o cinema, o dr. Robert John reid recebeu um camarote exclusivo, que sempre utilizava com seus familiares. A empresa cinematográfica foi explorada por Germano Pattou, desde 1928, que se intitulava procurador das viúvas Vieira e Pasquier, fazendo-o até meados da década dos anos de 1930.
A
primeira manifestação teatral jordanense cristalizou-se na constituição do
Grêmio Dramático e recreativo "Alunos de Talma". Na residência de
Floriano Pinheiro, em 06 de junho de 1937,
em Vila Abernéssia, reuniram-se vários cidadãos para fundar a sociedade:
Silvino Braga, Octávio Bittencourt,
Arlindo Poli, Augusto Barsalini, Arthur pereira Pinto, José Julião Machado,
Avelino Gomes de Oliveira e o professor José Garcia Simões Rocha.
Logo,
Augusto Barsalini sugeriu que a entidade contactasse com o proprietário do
Chynema jandira para a realização das reuniões, projetando-se 06 espetáculos
anuais e um baile mensal.
Constitui-se
uma diretoria provisória: José Garcia Simões Rocha (presidente); - Octávio
Bittencourt(secretário) e Floriano Pinheiro(tesoureiro).
Foi
firmado jm contrato de arrendamento com Waldemar J. Deus, em 1937, então proprietário do Chynema
Jandyra. Nessa época, João Rodrigues Pinheiro assumia o cargo de
vice-presidente; Hipólito Turco o de segundo tesoureiro e José brochado Rocha o
de superintendente.
O
Grêmio recebia novos associados: Jamil Pedro Zaiter; Benedito Vaz Dias e Badih
Salim. No último mês de 1937, ao Grêmio era anexada a Associação de Cultura
Física, cujo presidente também era Floriano Pinheiro.
Floriano
propôs, com total aprovação, que se concedesse a próspero Olivetti, o
diploma de sócio honorário. Para o departamento esportivo de cestobol foi
indicado Antonio Giffoni, como diretor, e Jaime Garcia da Luz, como secretário.
Carlos Barreto se prontificou a fazer o emblema do Grêmio, que, em face da anexação, passou a denominar Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, com o sub-título: "Alunos de Talma Incorporada".
Ainda em dezembro de 1937, no Chynema Jandyra eram aclamados membros do Conselho Fiscal e sócios fundadores, Francisco Clementino de Oliveira, Antonio Augusto Conceição, Jamil Pedro Zaiter, Nabi Narche, Edgar Jardim Bastos e Pedro João Abitante. Luiz Pires Magalhães passou a pertencer ao departamento esportivo e Carlos Barreto ao departamento artístico.
A diretoria do Grêmio passou a receber propostas para a instalação de novos aparelhos de projeção, além de poltronas, ao mesmo tempo em que solicitava a Gastão Mesquita Filho, da Cia. de Eletricidade de Campos do Jordão, uma taxa mensal fixa para o Grêmio.
Alexandre Rodrigues Pinheiro foi indicado diretor musical do grêmio em 1937. A esse tempo, residiam no prédio do Chynema Jandyra o dentista Gastão Barroso e Carlos Barreto, como locatários. O Grêmio teve outros inquilinos, como "Sanatorinhos" e a Rádio Clube.
Em janeiro de 1938, Horácio Padovan era nomeado suplente de operador para ajudar na montagem técnica dos novos aparelhos do cinema: o Grêmio havia adquirido um aparelho projetor "Pathé", de propriedade de Waldemar J. Deus.
Abriu-se uma concorrência para a exploração do bar do Chynema Jandyra, tendo concorrido Fadur Banduk, Mariano e Pires e Bernardo santa Clara, que venceu com a melhor proposta. O primeiro porteiro do cinema foi Emiliano Barsaline.
Em janeiro de 1938, ingressavam 30 novos sócios proprietários do Grêmio.
Em fevereiro de 1938, Arthur Pereira Pinto foi nomeado gerente de cinema, constituindo-se o quadro de operadores: Benedito Maiolino(chefe), José Berti e Pompilio Pedroza(ajudantes).
Benedito
Afonso Pereira confeccionava os cartazes, enquanto Fernando Guarinon Zen,
assessorado por Américo Antonio Nasser, encarregava-se do departamento de
diversões.
Emidio Pereira dos santos, ajudado por Sebastião Sampaio camargo, cuidava do departamento de esportes.
Firmado o contrato de arrendamento por 5 anos, a partir de 1º de janeiro de 1938, com o proprietário do Chynema Jandira, procede-se a inúmeras reformas e benfeitorias.
Logo a 02 de janeiro o Grêmio exibia o primeiro filme para a plateia jordanense.
Das reformas cuidaram Floriano Rodrigues Pinheiro e Augusto Barsalini.
A 23 de janeiro de 1936, o Grêmio levava ao palco o drama "Um êrro juduciário", com artistas jordanenses. Em 1938, foi encenado "O louco da aldeia".
O Grêmio, para o início de suas atividades, foi obrigado a contrair empréstimos em dinheiro de Fabiano Pasquarelli e de João Rodrigues da Silva, o "Maquinista".
Era Benedito faria quem distribuía em Vila capivari os programas do Chynema Jandyra, e Arthur Ramozzi, em 1939, assumiu os serviços contábeis. Nesse ano a diretoria da entidade foi reformulada.
O carnaval de 1939, realizado no Chynema Jandyra, foi realizado com grande sucesso, e em maio, Joaquim Corrêa Cintra era nomeado gerente e o encarregado da bilheteria.
A partir de 1940, o Grêmio passou a pagar aluguel a Bady Salim, que adquirira o imóvel de Waldemar J. Deus, e em 1941, Américo Richieri assumia a presidência do Grêmio. O último espetáculo teatral foi levado à cena em 25 de dezembro de 1939.
O Cine Jandyra foi palco de grandiosos espetáculos cinematográficos, teatrais e dos mais animados bailes carnavalescos nas décadas de 1920 a 1940. Seu salão foi, durante muitos anos, habilmente decorado com motivos carnavalescos, feitos com arte por Joaquim Corrêa Cintra que, algumas vezes, para viabilizar a decoração do Salão, era auxiliado pelo artista plástico, Carlos Barreto . Normalmente, essa decoração era dedicada a homenagear Pierrot e Colombina. Esse cinema estava situado no mesmo local do prédio onde há alguns anos estiveram sediados o Posto Fiscal do Estado, a coletoria Estadual, a Caixa Econômica Federal e a Agência do I.N.S.S. Ao lado desse prédio, estava sediada a antiga Agência do Banco Mercantil de São Paulo.
Em setembro de 1941 ocorreu um grave incidente: a Chefia de polícia do estado e o Departamento de Imprensa e propaganda (DIP) passaram a exigir, para a concessão de alvará de funcionamento, o registro do contrato social do Grêmio na Junta Comercial do Estado. Foi impossível atender-se à exigência, dado que a maioria dos sócios do Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, residiam, à época, em cidades distantes de Campos do Jordão; Américo Richieri propôs, então, que as instalações do Grêmio fossem arrendadas a um sócio proprietário, o que, porém, não foi aprovado.
Não restou ao presidente outra solução senão a de propor a extinção do Grêmio em Assembleia Geral, realizada em 13 de setembro de 1941.
Era o fim de uma época de recreação, arte e entretenimento, que encantou centenas de jordanenses, desenvolvendo o espírito de comunidade e cooperação.
Foram empresários do Chynema Jandyra: Waldemar J. Deus(1931); Nestor B. Brito(1932); Souza carvalho e Cia(1933) e Pedro Paulo e Cia(1935).
História do Cine Glória:
O
Cine Glória surgiu para substituir o antigo Cine Jandira.
Extinto o Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense, um punhado de cidadãos, em 13 de setembro de 1941, reuniu-se no Chynema Jandyra, para fundar uma sociedade comercial visando a exploração de um cinema e outros divertimentos. Eram os sócios remanescentes do Grêmio, aos quais se juntou Joaquim Corrêa Cintra.
De fato, em em 28 de setembro de 1941 era fundada a Empresa "Campos do Jordão Cine Ltda.", à qual se associaram também outros membros.
O contrato social foi redigido por Enzo Júlio trípoli, então delegado de polícia. Com o capital de 25 contos de réis, a empresa absorveu o ativo e o passivo do Grêmio extinto.
A primeira diretoria do Campos do Jordão Cine Ltda, ficou assim constituída: Américo Richieri(presidente);Floriano Rodrigues Pinheiro(vice);Lourival Sabino de Carvalho e Souza(1º secretário);João Rodrigues Pinheiro(2º secretário); Arthur Ramozzi(1º tesoureiro) e Alaor de Souza Ablas(2º tesoureiro).
Em 08 março de 1942, reuniu-se a sociedade para deliberar sobre a compra de um terreno a fim de edificar um novo cinema. Uma comissão constituída por Lourival francisco dos santos, Aristides de Souza Mello, Luiz de Mello Mattos, Paschoal Olivetti e pedro joão Abitante, foi nomeada para a escolha e avaliação de jm terreno. Bady Salim propôs à sociedade a venda do prédio do Cinema Jandyra, do qual era proprietário, juntamente com madame Desiré Pasquier. Opôs-se à ideia, Nelson Gonçalves Barbosa, e a sociedade acabou optando pela compra de um terreno de 2.470m2, ao lado da Prefeitura.
Em abril de 1942, subscreviam quotas da sociedade, Lourival Francisco dos Santos, Joaquim Pinto Seabra, Pedro Paulo, Horácio Padovan, José Carvalho Jr., Luiz José de Carvalho e Mello Mattos, Rubens R. Pinheiro, Antonio Jorge Marques, Délio Rangel Pestana e Olavo Martins Parreira. Outra comissão fora nomeada para a elaboração do projeto de construção do novo cinema: Alexandre Mac Kerrow, Luiz Villares, Luiz de Mello Matos, Américo Richieri e Floriano Pinheiro, tendo o prefeito Lourival Francisco dos santos se comprometido a abrir uma estrada em frente ao terreno.
No dia 22 de agosto de 1942, o engenheiro civil Luiz José de Carvalho e Mello Mattos pede autorização para a construção de um prédio para cinema em Vila Abernéssia, em terreno de propriedade do Cine Campos do Jordão Ltda.
Em 28 de agosto de 1942, era autorizado o início das obras, que, foram administradas pela Sociedade Construtora de Campos do Jordão, empresa de construção civil, montada em 25 de março de 1942, e constituída por Alexandre Mac Kerrow, Floriano Pinheiro, Alfredo Barros do Amaral, Alberto Veiga Filho e Luiz José de Carvalho e Mello Mattos. A empresa, para a construção do prédio do novo cinema, valeu-se de empréstimos do Banco de Itajubá e do Dr. Lincoln Ferreira Faria . No dia 30 de outubro de 1942, a Secretaria dos Negócios e Saúde Pública – Departamento de Saúde do Estado, encaminha ao Senhor Prefeito Sanitário de Campos do Jordão, Dr. Lourival Francisco dos Santos, as referidas plantas aprovadas em São Paulo, pela engenharia sanitária do Departamento de Saúde, assinada pelo Dr. Lincoln F. Faria
No dia 01 de dezembro de 1942, atendendo ao pedido do engenheiro Luiz José de Carvalho e Mello Mattos, a prefeitura sanitária de Campos do Jordão concede o Alvará de Licença para a construção do cinema. A construção foi erguida em 1942, pelo Sr. Floriano Rodrigues Pinheiro. Trabalhou como empreiteiro de obras no novo cinema, Francisco Bento Filho.
Em 1943, Campos do Jordão Cine Ltda. era transformada em sociedade anônima com base em um estudo encomendado ao dr. Luiz Nazareno de Assumpção. Devidamente instalado, o prédio passou a chamar-se “Cine Glória”, local de apresentação de filmes, peças teatrais, festivais de músicas, e frequentado pelas famílias jordanenses e cidades vizinhas. Concluído o prédio, Joaquim Correa Cintra continuou a desempenhar as funções de gerente.
Conta-se que houve uma eleição para a escolha do nome da nova casa de espetáculos. Arthur Ramozzi apresentou a sua sugestão, Cine Glória e Joaquim Corrêa Cintra, Cine Vitória. Posta em votação, ganhou a primeira proposta
Anos mais tarde, o acervo da empresa “Campos do Jordão Cine Ltda.” foi transferido à Cia. de Cinemas do Vale do Paraíba que manteve o Cine Glória aberto até agosto de 1981, tendo sido seus últimos gerentes Romeu Godoy, Sebastião Cintra, J. Pinheiro Silva e Roberto Felix da Silva.
A Companhia de Cinemas do Vale do Paraíba vem instalar, no Cine Glória local, o Cinemascope, uma das mais recentes e revolucionárias conquistas técnicas da Sétima Arte. Foi inaugurado em agosto de 1955, com o filme “O Príncipe Valente”. Um magnífico espetáculo até possível somente nas grandes casas da capital ou em outra cidade adiantada. O aparelhamento que a Cia. empregou foi o mais moderno possível, a começar da magnífica tela de nylon de 11 X 4 mts.
Também passou por completa reforma todo o sistema de cortinas e a projeção foi consideravelmente melhorada com a instalação do mais moderno tipo de lanternas e um poderoso dínamo para corrente contínua.
O prédio foi pintado totalmente, bem como substituído o modo obsoleto de fazer propaganda; modernos letreiros desmontáveis substituíram os antigos cartazes feitos à tinta-cola.
Em 1983, o sr. Prefeito de Campos do Jordão, João Paulo Ismael, com o Decreto nº 1.145/83 de 17 de março de 1983, dispõe sobre declaração de utilidade Pública o imóvel denominado “Cine Glória”, situado na av. Januário Miráglia, 1582, que destinará a abrigar o Centro Cultural, Artístico e Recreativo de Campos do Jordão
O edifício do Cine Glória foi desapropriado em 1984 pelo prefeito João Paulo Ismael e transformado em 27 de novembro de 1985 no Espaço Cultural “Dr. Além ”. O valor indenizatório pago à Companhia de Cinema do Vale do Paraíba, foi de CR$ 156 milhões de cruzeiros (parcelados).
Toda a ação de desapropriação teve encerramento no dia 21 de agosto de 1987, passando definitivo à prefeitura de Campos do Jordão, o imóvel, com a área de 2470 m2 e com uma área construída de 620 m2.
História do Cineclube Araucária
Em 26 de março de 2011 foi fundado o Cineclube Araucária, idealizado por Cervantes Sobrinho e Paulo Gomes, com apoio das proprietárias do Sabor da Província, Flávia Helena Junqueira de Andrade e Márcia Santos. O Cineclube Araucária é obra de um grupo de amigos que se reuniu em 2011 e começou a promover exibições de filmes premiados e cultuados pela crítica.
Em 11 de outubro de 2013 foi inaugurada a sala “Dynéas Aguiar” no espaço Cultural Dr. Além.
A esta coleção inicial foi acrescentada inúmeras obras e títulos com doações pessoais e de instituições. Hoje são mais de 500 publicações, 80% delas sobre cinema. Os demais livros são basicamente romances que viraram filmes. Há também uma videoteca à disposição do público. E, ainda, o público pode ser estimulado o tempo todo por cartazes de filmes e fotos de astros e estrelas do cinema, banhados pela luminosidade suave da montanha
O antigo Cine Glória ganhou poltronas novas. Pode-se acomodar para ler os preciosos e curiosos livros da coleção, sentados em emblemáticas e confortáveis poltronas que evocam o estilo art-deco , que estava em voga entre os anos 20 e 40 do século XX, época de ouro do cinema.
O antigo mezanino, uma área Vip conhecida como “Pulmann” nos tempos áureos do cinema, foi decorada com pôsteres de filmes clássicos e cults e que disponibiliza centenas de obras sobre a Sétima Arte, bem como romances que inspiraram filmes célebres.
No segundo andar do cinema foi inaugurado o Memorial Cine Glória, que recebeu uma nova tela de projeção, com tecnologias, como o dvd e o blu-ray, e projetores modernos, bem mais baratos que os tradicionais projetores de rolo.
Também compõe o Memorial Cine Glória, o museu com projetores antigos, bombonieres restauradas, ou seja, o balcão onde eram vendidos balas e doces para quem ia assistir aos filmes; máquinas registradoras dos caixas, que emitiam o borderô – o movimento de público da sessão, - máquinas de cortar filmes, entre outros equipamentos que contam a história do cinema de Campos do Jordão.
O nome “Complexo Cultural Edmundo Ferreira da Rocha ” foi uma iniciativa do Cineclube Araucária, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, e faz uma homenagem justa a um dos mais atuantes pesquisadores e estudiosos da história e do registro fotográfico de Campos do Jordão
No Memorial é possível conhecer os projetores originais do antigo cinema que foi inaugurado em 1943, e ver ao seu lado os grandes carretéis que emendavam um filme inteiro e permitiam sua projeção sem interrupções ou falhas. A iniciativa do Cineclube também deu origem à Oficina de Cinema, um projeto de formação audiovisual. Assim o cinema retornou ao cotidiano de Campos do Jordão. E o antigo Cine Glória voltou a fazer jus ao seu nome original.
Desde 2011 a obra de mestres como Orson Welles, Glauber Rocha, Eduardo Coutinho, Alfred Hitchcock, Pedro Almodóvar, Tim Burton, Quentin Tarantino, Stanley Kubrick, e de dezenas de outros grandes diretores, voltaram a brilhar no escurinho do Cine Glória, que também passou a receber a itinerância da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
No dia 16 de abril, com o apoio do ProAC e em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, a Associação dos Amigos de Campos do Jordão -AMECampos, a Oficina de Artes Rosina Pagan, a Escola Estadual de Vila Albertina e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Campus Campos do Jordão, o Cineclube Araucária inaugurou, no primeiro andar o Espaço Cultural Dr. Além a primeira Biblioteca especializada em Cinema de Campos do Jordão. Na ocasião, no mesmo local, foi aberto ao público o Memorial Cine Glória.
A partir desses inúmeros enfoques e sem explorar a relação cinema e história, hoje já bastante conhecida e utilizada pelos especialistas, procuro deixar aqui uma reflexão preliminar sobre a história do cinema jordanense. É apenas um esboço e um chamado à reflexão. É também a constatação de que a história do cinema é, hoje, não só fonte de conhecimento da disciplina histórica, mas também, felizmente, seu alvo.
Portanto, com o intuito de entender essa biografia histórico-cultural do edifício dos antigos cinemas, Cine Jandira e Cine Glória, questiono-me sobre o que ocorre quando seu uso chega ao fim. O que acontece quando algo que representava o novo e o moderno se esfacela e se torna antiquado e representativo de outra era?
A biografia desse patrimônio, legitimamente tombado, exposta até aqui, permite entender os sistemas de construção de valores que o qualifica e que são imprescindíveis para seu entendimento.
Tais valores foram ressignificados e criaram caminhos permeados por fases que se adicionaram à biografia deste bem cultural patrimonializado.
Fontes:
GONÇALVES, Ricardo M. S. Biblioteca de Cinema e Memorial Cine Glória em Campos do Jordão. 2015. Disponível em: <http://www.guiacampos.com/arquivo-de-noticias/inaugurada-biblioteca-de-cinema-e-memorial-cine-gloria-em-campos-do-jordao/778>. Acesso em: 16 fev. 2018.
GONÇALVES, Ricardo M. S. O cinema em Campos do Jordão. 2015. Disponível em: <http://www.guiacampos.com/arquivo-de-noticias/cineclube-araucaria-fez-brilhar-o-cinema-em-campos-do-jordao-no-ano-de-2015/3609>. Acesso em: 16 fev. 2018.
Jornal “A Cidade de Campos do Jordão, Ano I e II, nº 26/102/103 de 11/18 de fevereiro de 1951
Edmundo Ferreira da Rocha (http://www.camposdojordaocultura.com.br/)
LINO,
Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos Campos do Jordão. Campos do
Jordão: Clube de Autores, 2017. 414 p.
Colônia de Férias da Força Pública
A Capela da Saúde
Fontes:
ANDRADE, Condelac Chaves de. A Capela da Saúde: Esboço histórico. A Cidade de Campos do Jordão. Campos do Jordão, 31 jul. 1949. p. 3-5.
O Palácio dos Ventos Uivantes
Assinaturas...
Fontes:
Protocolo nº 165, de 03/04/1961 da Câmara Municipal de Campos do Jordão.
Associação Comercial de Campos do Jordão
O Presidente da entidade, Luiz Alves de Souza, presidiu o ato solene, discorrendo sobre a alta finalidade da associação, que tinha como missão agregar os empresários locais para o fortalecimento e o desenvolvimento do comércio. Fez referência aos serviços por ela já prestados aos seus associados na sua curta gestão, entre eles a redução conseguida para o Imposto de Indústrias e Profissões. Salientou os trabalhos que estavam sendo desenvolvidos para se conseguir a instalação nesta cidade de uma filial do Banco do Estado de São Paulo e ainda, que o Imposto de Renda poderia ser pago ali mesmo, para o que já havia entendimentos com o Coletor Federal de São Bento do Sapucaí.
O Diretor do jornal “A Cidade de Campos do Jordão”, Joaquim Corrêa Cintra, congratulou-se pelos brilhantes trabalhos já apresentados pela Diretoria, hipotecando o inteiro apoio da “A Cidade”, para acompanhar de perto o desenvolvimento da agremiação em prol da coletividade. A sua primeira Diretoria ficou assim constituída:
Presidente: Luiz Alves de Souza;
1º Vice-Presidente: Sebastião Gomes Leitão;
2º Vice-Presidente: Pedro Paulo
1º Secretário: Orlando Lauretti;
2º Secretário: Alaor de Souza Ablas;
1º Tesoureiro: Salathiel de Oliveira;
2º Tesoureiro: Victor Gonçalves.
No decorrer de sua existência, a ACE contou com a colaboração de doze presidentes.
Conselho Consultivo:
Júlio Domingues Pereira, Joaquim Corrêa Cintra, Américo Richieri, João Alves Teixeira, Paulo Cury, André Vicente Cazzariga, Nabi Narche, João Barbosa de Carvalho, Aziz Maluf, Bráulio Almeida Ramos Filho, Dr. Osório P. de Oliveira e Domingos Pelegrino.
Hoje, a ACE participa de decisões importantes em defesa do empresário local, promove ações de fomento e de capacitação empresarial e é atuante em diversos Conselhos Municipais entre eles COMTUR – Conselho Municipal de Turismo. Além disso, promove ações de interesse do comércio e está sempre atenta a situações que possam causar prejuízos ao comércio local associado. Entre seus serviços e produtos estão as consultas de crédito, treinamentos cursos e palestras, consultoria jurídica e de comunicação, convênio médico e odontológico e parcerias com empresas associadas que oferecem vantagens aos demais associados, informativo impresso mensal com informações de interesse do comércio, entre outros serviços.
Fontes:
CINTRA,
Joaquim Corrêa. Associação Comercial de Campos do Jordão: Inauguração. A Cidade
de Campos do Jordão. Campos do Jordão, 13 mar. 1949. p.
1 4.
Estrada de Ferro Campos do Jordão
A obra foi iniciada em 1912 e, em tempo recorde para a época, foi inaugurada em 15 de novembro de 1914. Nesse mesmo ano, a sociedade concessionária da EFCJ passou a apresentar dificuldades financeiras, em grande parte devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial, que dificultou acesso a linhas de crédito para empréstimos e financiamentos. Os acionistas da ferrovia, por essa razão, autorizaram que o Governo do Estado de São Paulo tomasse posse da EFCJ, o que foi efetivado em 1916. 1915 Houve greve dos trabalhadores da EFCJ. Em dezembro, lei autoriza a encampação da estrada pelo governo do estado e esta passa a se chamar Estrada de Ferro Campos do Jordão.
Em 2011, a gestão da Estrada de Ferro Campos do Jordão passa para a Secretaria de Transportes Metropolitanos.
HISTÓRICO DA LINHA:
A EFCJ foi aberta a partir da estação ferroviária de Pindamonhangaba, na E. F. Central do Brasil, pelos médicos sanitaristas Emílio Ribas e Victor Godinho em 1914, para o transporte de doentes respiratórios para o hospital na então vila de Campos do Jordão. Um ano depois a ferrovia, com problemas financeiros, foi encampada pelo Governo do Estado. Os primeiros trens eram a vapor, substituídos por trens a gasolina em 1916 e pelos elétricos em 1924. A partir de 1972 passou a ser gerida pela Secretaria de Turismo do Estado. Os trens passaram a ser turísticos, embora praticamente diários. O trecho da baixada, até Piracuama, continua a ter trens de subúrbio da cidade de Pindamonhangaba. No trecho da ferrovia que fica na área urbana de Campos do Jordão, bondes elétricos fazem também o percurso.
A ESTAÇÃO:
Quando doou um terreno para a construção de uma Estação da Estrada de Ferro Campos do Jordão, Robert John Reid sugeriu que fosse denominada Abernéssia, mesmo nome de sua Chácara (antigo Conventinho da atual Vila Britânia).
Esta estação foi construída no que foi a primitiva área urbana da cidade de Campos do Jordão, em 1919. A estação ferroviária de Vila Abernéssia era o ponto terminal da EFCJ e constituía uma tosca estaçãozinha de madeira. Ali também funcionava o posto telefônico da ferrovia, com telefones a magneto. Era um prédio simples de madeira, que, nos anos 1920, provavelmente com a eletrificação da ferrovia, em 1924, foi ampliado.
A linha original da EFCJ chegava apenas até os Sanatórios e neste ano foi prolongada até Vila Abernéssia, que deu o nome à estação.
Nos anos 1940, a estação teve o nome alterado para Campos do Jordão, mas o nome Abernéssia permaneceu nomeando a vila. Mais tarde, com o desenvolvimento do turismo na cidade, a ponta da linha se desenvolveu mais (Vila Capivari) e Abernéssia perdeu em importância.
Atualmente, a estação parece ser conhecida de novo pelo nome do bairro, mas o prédio já é outro, construído em 1975, com estilo alpino.
Ficou sem ser parada por mais de 20 anos até que em junho de 2014 voltou a ser parada dos trens vindos de Pindamonhangaba, funcionando como local de venda de passagens de seus trens e como ponto de embarque e desembarque de passageiros de seus bondes turísticos. Para isso seu interior foi reformado, instalado sistema de venda informatizada de passagens, bem como isolada a plataforma, que se transformou em área paga, sendo liberado o acesso após o final do horário operacional.
Além de estimular a vinda de turistas de Capivari para Abernéssia, a bilheteria dessa estação ajuda a descongestionar a venda de passagens na estação de Emilio Ribas, em Capivari, a mais movimentada da rede.
Pedido de encampação
A Tribuna do Norte, edição de 31/1/1915 (a EFCJ havia sido inaugurada em 15 de novembro 1914), em matéria de capa, informava seus leitores que estava em poder do Estado, para estudos, uma proposta do empreiteiro da construção da estrada, o português Sebastião de Oliveira Damas, na qualidade de maior credor da empresa, para a encampação da ferrovia pelo governo, em conformidade com pedido da diretoria.
Como motivo para pedir a encampação é relembrado no referido artigo a construção da estrada. “No princípio, com relativa facilidade que havia em obter dinheiro, correram as obras sem maiores embaraços; veio depois a crise, a cessação dos recursos, e então o empreiteiro, para não deixar paralisada a construção, empregou nela uma parte avultada de capitais particulares, e que, ainda assim, não lhe foi possível concluir a empreitada, pelo que teve que recorrer ao governo, pedindo a encampação em condições vantajosíssimas (para o Estado)”.
No ponto que havia atingido sua construção a ferrovia não poderia mais ser abandonada sem grandes prejuízos para particulares e para a região de seu traçado. “Seria um erro gravíssimo sacrificá-la, como tem acontecido a tantas outras”, ressaltava a TN, recordando o caso da não concluída estrada de ferro que ligaria Taubaté a Ubatuba. “Na qual se perderam capitais, material, estudos e o estabelecimento de um excelente porto no estado”.
Avaliação para a encampação
Já em sua edição de 14/2/1915, a TN divulga a visita do diretor da repartição da viação da Secretaria da Agricultura, Dr. Theofilo Monteiro de Souza, que viera acompanhado do engenheiro fiscal da EFCJ, Dr. Benedicto Azevedo Marques e do empreiteiro Sebastião Damas. Em Pinda eles se juntaram aos engenheiros da ferrovia, Guilherme Winter e José Antonio Salgado, ao repórter da Tribuna e ao correspondente do jornal O Estado de São Paulo, seguindo em direção aos Campos do Jordão. A locomotiva que os conduziu foi a “Dr. Prudente de Moraes”, cujo vagão fora fabricado nas oficinas da EFCJ.
Na viagem, o representante do Estado pôde conferir tudo que havia sido construído: a ponte sobre o rio Paraíba e as estações de Bom Sucesso, Raiz da Serra e Alto da Serra. Durante o trajeto os engenheiros iam fornecendo informações sobre os trabalhos que estavam sendo realizados.
No alto da serra, na residência de Sebastião Damas, uma parada para um lanche e, em seguida, a continuação da viagem. Segundo o representante da TN que fazia a cobertura da viagem, às 15 horas haviam chegado na vila Jaguaribe “e dali até o fim da linha, onde se pretendia fundar o sanatório”.
Ainda na residência de Sebastião Damas, a comitiva desfrutou de “jantar regado com vinho vindo da fábrica do anfitrião, estabelecida em Portugal”. Após o jantar iniciou-se a viagem de retorno. Na descida, o representante do governo teve a oportunidade de continuar contemplando “os trabalhos que o construtor Sebastião Damas executara em tão pouco tempo” (dois anos).
Foi a partir desse passeio que o Dr. Theofilo Monteiro de Souza elaborou o relatório que seria apresentado ao governador (era o guaratinguetaense Francisco de Paula Rodrigues Alves). Documento este que naturalmente foi favorável à encampação.
Em artigo publicado no O Estado de São Paulo (11/2/1915), o escritor Adolpho Pinto descreve os Campos do Jordão, a construção da estrada de ferro ligando Pinda àquela localidade, elogia o empreiteiro da construção, Sebastião Damas, a iniciativa dos doutores Emílio Ribas e Victor Godinho, e se coloca favorável à encampação da ferrovia pelo governo. “Apesar da difícil situação financeira que o Estado atravessa, parece-me que o negócio, pelo menos em princípio, não pode deixar de merecer do governo a mais carinhosa e simpática acolhida”, justificava o escritor.
A encampação foi oficializada pela lei 1486, de 15/12/1915, lei promulgada pelo governador Rodrigues Alves.
Parte da existência da EFCJ foi dedicada a proporcionar o acesso aos sanatórios de Campos do Jordão, razão de sua criação, e do escoamento da produção agrícola serrana. Em 1970, com o fortalecimento das atividades turísticas, que vinham de encontro às suas características, começou a ser utilizada, quase que unicamente para passeios turísticos reveladores da beleza natural do Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira. Foi quando passou a ser subordinada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.
Fontes:
__________________. Cem anos unindo o Vale à Mantiqueira. 2015. Disponível em: <http://jornaltribunadonorte.com.br/cem-anos-unindo-o-vale-a-mantiqueira/>. Acesso em: 17 jan. 2017.
Campos do Jordão tem as fontes de água mineral mais altas do Brasil!
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade, encravada na serra da Mantiqueira, uma das mais expressivas cadeias de montanhas do Brasil, tem a sede administrativa mais elevada do país, atingindo 1628 metros, o que colabora para que ela também seja a mais fria, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET): média de 8,1 ºC, calculada ao longo dos últimos 30 anos.
As
altitudes nos arredores do município atingem mais de 2 mil metros em alguns
picos. Nessa região também se localizam algumas das cidades mais altas do
Brasil como Senador Amaral-MG 1.500, Maria da Fé-MG 1.370, Munhoz- MG 1.260.
Dentro da Serra da Mantiqueira, numa das suas regiões mais preservadas do Município de Campos do Jordao, surgem das profundezas das rochas, várias nascentes de água mineral com características que as colocam entre as mais puras e leves águas minerais do mundo. Pela altitude das fontes, entre as mais altas do Brasil, a mais de 1.800 metros, já se nota que não existe nada acima delas que possa poluí-las. Estão localizadas no meio da Mata Atlântica, na parte mais alta da Serra, com um grande cinturão verde a sua volta.
O relevo regional teve sua origem através de processos de epirogênese (movimento vertical da crosta que provoca soerguimento ou rebaixamento) em torno de 70 milhões de anos atrás. O clima da cidade já foi objeto de estudo, em que o congresso de climatologia realizado em Paris, em 1957, o classificou como sendo o melhor do mundo. Superando cidades como Davos, na Suíça e Chamonix, na França. Segundo Regnard, podemos classificar o clima de uma localidade, atenta à sua altitude, em uma das três zonas seguintes:
Estações
intermediárias - entre a montanha e a planície, abaixo de 1.200m.
Estações
de altitude - entre 1.200 a 1.800m.
Estações
altas - entre 1.800 a 2.000m.
Assim sendo, fica o clima de Campos do Jordão na classe das Estações de Altitude e em condições superiores a Les Avante (1.000m), Caux (1.100m), Leisin (1.450m), Davos (1.558m), Zermat (1.620m) e St. Moritz (1.769 m), com exceção desta última.
O clima de altitude reúne um conjunto de condições particularmente favoráveis, representadas pela secura e pureza do ar, rarefação da atmosfera, favorecendo a ventilação pulmonar, intensidade de irradiação solar, mesmo no inverno, temperatura moderada no verão, condições essas que ativam as combustões internas, acoroçoam a hematopoise e aguçam as funções orgânicas:
É um clima essencialmente, tônico, vivificante, qualidade esta apreciável, sobre tudo, nas estações invernosas, o que faz indicado na maior parte dos estados de enfraquecimento ou debilidade orgânica. O clima de Campos do Jordão, comparado à região alpina de Davos Platz na Suíça, acusou supremacia nos graus de nebulosidade, nas taxas de insolação, oscilações térmicas e nos índices de precipitação pluviométrica. A nebulosidade média em Davos Platz era de cerca de 6% mais elevada. No que tange aos dias claros, as pesquisas deram 52% de dias claros para Campos do Jordão, enquanto que em Davos Platz verificou-se apenas 41%. As diferenças de temperaturas médias do mês mais quente para o mês mais frio, não foram além de 8°C em Campos do Jordão, ao contrário daquela cidade Suíça, em que as diferenças chegaram a 20°C. O teor de oxigenação e ozônio de Campos do Jordão foi considerado superior ao de Chamonix, famosa estância francesa, pela pureza de seu ar, a 2.800 m de altitude.
As fontes mais altas da Bacia do Prata
As fontes Céu Azul da Prana Fazenda estão entre as mais altas da Bacia do Prata. As análises laboratoriais das águas das fontes, foram feitas pelo LAMIN, que é o laboratório oficial do Governo do Brasil e também pelo IPEN, Instituto de Pesquisas Energéticas da USP. Os equipamentos mais sofisticados do IPEN permitiram uma análise muito mais precisa e detalhada. Suas águas nascem a mais de 1.800 metros e alimentam o Ribeirão do Fojo que deságua no Rio Sapucaí Guaçu e, este, no Rio Sapucaí, que segue em direção a Minas Gerais desaguando no Lago de Furnas (antigamente, diretamente no Rio Grande) num percurso de 343 km. As águas prosseguem por mais 1.300 km até encontrar o Rio Paranaíba e formar o Rio Paraná. O Rio Paraná demarca a fronteira entre Brasil e Paraguai numa extensão de 190 km até à foz do rio Iguaçu, onde o rio muda para direção oeste e passa a ser o limite natural entre Argentina e Paraguai. Na confluência do rio Paraguai o rio entra inteiramente em terras argentinas e passa a percorrer a direção sul, desaguando no delta do Paraná e, consequentemente, no Rio da Prata.
Histórico
O rio Sapucaí foi descoberto em 1596 pelo sertanista João Pereira Botafogo entres os municípios de Paraguaçu e Carmo do Rio Claro. Serviu de rota, durante os séculos XVII e XVIII, para as Bandeiras, que partiam das Capitanias do Rio de Janeiro e São Paulo em busca de ouro para a Corte portuguesa.
Em 1737, o ouvidor de São João Del Rei, Cypriano José da Rocha, organizou uma expedição para desbravar o rio Sapucaí. Iniciou-se então a exploração aurífera nas cabeceiras do rio e de sua intensificação nasceram, os primeiros núcleos de povoamento no vale, como São Gonçalo do Sapucaí, Santana do Sapucaí (Silvianópolis) e Itajubá. Outros lugarejos foram despontando às margens do rio Sapucaí e seus afluentes, como Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre e Careaçu. O rio Sapucaí recebeu o nome pela abundância de sapucaias existentes em suas margens. São árvores da família das lecticidáceas e produzem frutos oleosos e comestíveis, semelhantes à castanha-do-pará. Sua madeira é pesada, dura e resistente, muito utilizada na produção de dormentes e na construção civil e naval. Em tupi, significa "fruto que faz saltar os olhos" que "grita", que "canta".
A BACIA DO RIO SAPUCAÍ
Compõem a bacia do rio Sapucaí os seguintes municípios no Estado de São Paulo: Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento do Sapucaí. No território mineiro, o rio percorre os seguintes municípios: Borda da Mata, Brasópolis, Cachoeira de Minas, Cambuí, Careaçu, Carvalhópolis, Conceição das Pedras, Conceição dos Ouros, Congonhal, Consolação, Cordilandia, Córrego do Bom Jesus, Delfim Moreira, Elói Mendes, Espírito Santo do Dourado, Estiva, Gonçalves, Heliodora, Itajubá, Lambari, Machado, Marmelópolis, Maria da Fé, Monsenhor Paulo, Natércia, Pedralva, Paraisópolis, Paraguaçu, Piranguçu, Piranguinho, Poço Fundo, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Gonçalo do Sapucaí, São João da Mata, São José do Alegre, São Sebastião da Bela Vista, Sapucaí-Mirim, Senador José Bento, Silvianópolis, Turvolandia, Virgínia e Wenceslau Brás.
Antes da construção da represa de Furnas, o rio se unia ao Rio Grande nas proximidades de Alpinópolis; agora o rio Sapucaí deságua no lago formado pelas suas águas e as de dois grandes rios: o Rio Grande e o Rio Verde. Depois, passa a denominar-se rio Paraná até desembocar no rio da Prata, percorrendo os territórios brasileiro, paraguaio, argentino e uruguaio.
O rio da Prata constitui-se em estuário de cerca de 270 km de extensão entre o Uruguai e a Argentina, no sudeste da América do Sul, formando um vale alagado por rios e fazem parte da plataforma continental. Tem cerca de 30 km de largura na cabeceira, onde recebe os rios Paraná e Uruguai e se alarga até 190 km na sua embocadura no Oceano Atlântico. Seus rios drenam coletivamente uma bacia de aproximadamente 4 milhões de km² e transportam enormes quantidades de sedimentos que formam barrancos e longo banco de areia, especialmente no sul.
O doutor Domingos José Nogueira Jaguaribe em conferência pronunciada em 16 de janeiro de 1.917 no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, sob o tema "Combate ao Alcoolismo", proclamou:
"Poderemos mandar vir dos Campos do Jordão, para os que fizerem encomendas, as águas das nascentes mais altas do rio da Prata, que formam o rio Sapucaí, que nasce em nossa propriedade, a 1.800 metros de altitude, a fim de fornecer essa ideia, que nasceu da leitura de uma carta do meu amigo, Dr. Alberto Torres. Parece-nos que algumas casas ou agências deveriam tomar a si essa ideia, ou mesmo a repartição de águas do Estado."
_____________________. Campos do Jordão tem as fontes de água mineral mais altas do Brasil! 2017. Disponível em: <http://www.flow-water.com/nascentes.php>. Acesso em: 20 ago. 2017.
PAULO FILHO, Pedro. As nascentes jordanenses. 2009. Disponível em: <http://www.pedropaulofilho.com.br/cronica_02_nascente.php>. Acesso em: 20 ago. 2017.
Biblioteca “Prof. Harry Mauritz Lewin”
Em 03 de maio de 1953, sob a presidência do governador Garcez, instalou-se na capital paulista, o Centro Brasileiro de Estudos, que teve por finalidade, incentivar o desenvolvimento cultural no interior do Estado e como objetivo principal assegurar, por doações particulares, a instalação de uma biblioteca em cada cidade paulista. Campos do Jordão alegrou-se por isso.
O projeto de lei de 02 de setembro de 1957, visando a criação da Biblioteca Municipal de Campos do Jordão foi da autoria do vereador Miguel Lopes Pina, e aprovada pelo parecer nº 51/59 de 21 de dezembro de 1959 da Câmara Municipal.
No documento constava que “a Biblioteca Municipal deveria exigir obrigatoriamente que todos os seus frequentadores apresentassem atestado de que não sofriam de moléstia infecto-contagiosa, passado por médico especialista”, parecer este manuscrito e sem assinatura, e que foi aprovado pela Câmara Municipal de Campos do Jordão em sua 3ª Legislatura (01.01.1956 a 31.12.1959), em 23 de dezembro de 1959, em parecer assinado pelo então presidente da Câmara Municipal, Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo e pelo primeiro secretário Arakaki Masakasu.
Ela foi criada através da Lei nº 301 de 28 de dezembro de 1959, promulgada pelo Prefeito Municipal, Dr. José Antonio Padovan (01/01/1959 a 31/12/1962).
Quando da sua inauguração em 1960, a Biblioteca Municipal de Campos do Jordão, foi instalada em salas do mesmo prédio onde estava instalada a Rádio Emissora de Campos do Jordão, pertencente ao Sr. Aziz Elias, situado na Av. Dr. Januário Miráglia, 1337, localizado em frente à Estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão. Estiveram presentes o prefeito Municipal, Dr. José Antonio Padovan; o vereador e Diretor do Departamento Municipal de Turismo – D.M.TUR, Joaquim Corrêa Cintra; o professor Harry Mauritz Lewin, responsável pela Biblioteca; Milton Valim da Coletoria Federal de Campos do Jordão; o Sr. Waldomiro Buozzi e outros convidados. Ao longo dos anos, a Biblioteca ocupou vários endereços e passou por inúmeras transformações.
Em 1969, o Jornal “A Cidade de Campos do Jordão” noticia a presença na Cidade do escritor Jorge Amado, de sua filha Zélia e de sua filha Paloma, hóspedes do Grande Hotel. Na ocasião, o escritor esteve na Biblioteca Municipal, sendo recebido pelo professor Harry Mauritz Lewin e pelo Diretor de Turismo, Cultura e Esportes do Município, Joaquim Correa Cintra, e mais um grupo de estudantes locais.
O professor Harry Mauritz Lewin, juntamente com um grupo de amigos, prestou atividades na Biblioteca Municipal de Campos do Jordão por muitos anos, desde a época do prefeito Dr. José Antonio Padovan, até a sua morte em 07 de março de 1971. Na Biblioteca, além de orientar e participar efetivamente de toda a sua organização e montagem, organizou diversos cursos dos quais era o professor: admissão ao Ginásio e principalmente a matemática e o inglês.
O professor Theodoro Corrêa Cintra, Educador por vocação, aportou em Campos do Jordão em 1948, quando a semente do Ginásio Municipal havia sido lançada. Nessa época, instalou-se com seus 11 filhos em casa residencial na Rua Altino Arantes, onde hoje está instalada a Biblioteca Municipal “Prof. Harry Mauritz Lewin”.
Em 02 de abril de 1972, o prefeito Dr. José Antonio Padovan, determinou estudos à Diretoria de Turismo, Cultura e Esportes, então responsável pelo setor da Biblioteca Municipal, no sentido de instalar esse serviço público no prédio que até ao fim do ano passado serviu para o curso primário, anexo ao Colégio Estadual que, no corrente ano, já se achava em pleno funcionamento no novo colégio integrado da vila paulista.
Pelo Decreto nº 1348 de 03 de maio de 1985, o prefeito municipal de Campos do Jordão, João Paulo Ismael, considerando que Harry Mauritz Lewin foi professor de inglês nesta cidade, contribuindo de forma efetiva na formação cultural dos jovens jordanenses, e pelo muito que fez pela divulgação cultural, dá o seu nome ao prédio da Biblioteca Pública Municipal em reconhecimento a sua dedicação à causa pública.
Aos 24 de abril de 2002, na administração do prefeito Lélio Gomes, a Biblioteca “Prof. Harry Mauritz Lewin”, passou por uma reforma e ampliação. Contou com a presença de autoridades, educadores, alunos, membros da Academia Jordanense de letras e familiares do prof. Harry. Foi também inaugurada a sala profª Maria José Ávila, dedicada aos professores da estância.
Em 15 de outubro de 2013, pela portaria nº 06/SME/13, a Biblioteca Infantil Guilherme Monteiro Lobato é transferida para o prédio da Biblioteca Municipal “Prof. Harry Mauritz Lewin”, com todo o seu acervo bibliográfico, mobiliários e demais pertences necessários, que até então situava-se em uma casa alugada na Av. Brigadeiro Jordão. Esta mudança trouxe para o local um público diferente: os alunos das escolas próximas, que passaram a encontrar na Biblioteca uma extensão da sala de aula, com atividades lúdicas, contações de histórias, entre outros.
A Biblioteca existe há 70 anos e é a principal Biblioteca de Campos do Jordão. São 26.000 livros, audiolivros, livros em Braille, revistas, CDs de música popular e erudita brasileira, internacional, cartazes de cinema, DVDs técnicos, documentários, filmes, TV, uma biblioteca Infantil, folhetos de cordel, computadores e revistas em ambiente Wi-Fi. Um impressionante acervo de livros de arte, que com sua riqueza e beleza desvenda a criação de artistas consagrados e explora os movimentos artísticos de diferentes épocas e as mais espetaculares coleções de museus do Brasil e do mundo. Um prazer visual único, capaz de transformar conceitos, opiniões e ampliar enormemente o repertório estético de cada leitor. Todo um mundo de cultura e lazer aberto ao público.
É enorme a gama de títulos nas mais variadas áreas do conhecimento humano. Uma abrangente coleção de literatura brasileira e estrangeira, bem como de poesia, pronta para ter suas páginas abertas e iluminar a imaginação de cada leitor. São inúmeros os livros de autores jordanenses presentes no acervo. Os livros de não-ficção podem despertar a curiosidade e informar sobre os mais diferentes assuntos.
Além disso, a Biblioteca realiza oficinas culturais, saraus, clubes de leituras, palestras de escritores e poetas, exposições de arte, aulas de pintura do grupo Prohane de Artes, a cargo do artista Luiz Pereira Moisés, o Tubarão, atendendo de 2013 a 2017, aproximadamente 930 alunos; aulas de língua e cultura italiana, com a professora Adriana Harger; curso de “Mangá; todas as atividades gratuitas, e para que sua inserção nesse espaço público não seja apenas física, mas também cultural.
Até esta data, atendeu aproximadamente 61.000 consultas. Atualmente, a Biblioteca Prof. Harry Mauritz Lewin esforça-se no sentido de servir à população em relação ao atendimento, objetivando aumentar o número de visitantes e consulentes presenciais (hoje, este número está em torno de 6.000 consultas por ano). Com uma tecnologia informatizada, do ano 2003 até 2017, recebeu aproximadamente 22.400 usuários.
Fontes:
PAULO FILHO, Pedro. TCC, A Luta e a Vitória. 2017. Disponível em: <http://www.pedropaulofilho.com.br/cronica_61_tcc.php>. Acesso em: 31 mar. 2017.
ROCHA, Edmundo Ferreira da. Prof. Harry, Mestre Maravilhoso e seu Clubinho de Inglês. 1990. Disponível em: <http://www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronica=56>. Acesso em: 31 mar. 2017.
Jornal “A Cidade de Campos do Jordão", de 03/05/1953 e 02/04/1972
Jornal “Impacto Vale News” de 20 a 30 de abril de 2002
Tiro ao Pombo no Clube de Tiro
Fontes:
http://tiroaoprato.com/tiroaoprato/oesporte
Eletrificação da Estrada de Ferro Campos do Jordão
Fontes:
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ANON. A
Electrificação da E. de Ferro de Campos do Jordão - Usina Hydro-Electrica.
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em: <http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/electro/efcj.html>. Acesso
em: 08 jun. 2017.
A Conquista da Pedra do Baú
Entretanto, Antonio Cortez, aos 51 anos de idade, venceu as culminâncias do basalto e, no seu cume, proclamou a vitória do espírito sobre a matéria, conquistando-a para os homens, em nome do seu município, o tradicional São Bento do Sapucaí. Muitos ignoraram a importância desse feito que proporcionava a turistas – embora com a respiração em suspenso - facilidade para galgar os seus seiscentos degraus e, lá em cima, encontrar um confortável rancho onde, durante horas, e mesmo em um agradável pernoite, podiam gozar das belezas do panorama.
Esses importantes serviços foram ali executados pelas mãos hábeis de Cortez, mercê do financiamento que lhe permitiu a clarividência e não menor amor às coisas da natureza do Dr. Luiz Dumont Villares, o dinâmico empreendedor da Colônia de Férias do Paiol Grande, situada nas proximidades da pedra.
Fontes:
Jornal "A Cidade de Campos do Jordão", de 15 de agosto de 1954.
Entre os anos de 1703 e 1713, talvez por 1709, Gaspar Vaz, por antonomásia, O Jaguará, foi o primeiro sertanista conhecido que viu a paisagem alpestre e sentiu o frio dos Campos do Jordão, quando a “auri sacra fames” o compeliu a abrir o caminho de Pindamonhangaba ao rio Sapucaí pela Mantiqueira, então chamada Amantiqueira, passando pelos campos ou campanhas do Capivari, afluente daquele rio. Em certos documentos esta serra tem o nome local de Serra do Paraíba, Serra do Rio Paraíba, Serrote do Rio Paraíba e até serra Preta, parecendo os dois últimos topônimos, creio que hoje, esquecidos, balizas do caminho. Em todo caso, a denominação Mantiqueira teria sido extensão de um nome local, creio que aí pela garganta do Embaú, aberto pela natureza para os caminhos indígenas e civilizados. Campos além e sobre Serra do Paraíba. (1).
A seguir o bandeirante Miguel Garcia descobriu nesse rumo as minas do Itajubá e o caminho se prolongou até São João Del rei. Trata-se do Itajubá velho, donde se mudou o povoado para o atual. Grafa-se também Itagiba e algumas testemunhas confundem Itajubá com Caxambú. O requerente da justificação dá mesmo o nome intermediário de Caxabá. Digam os sábios da escritura se é possível semelhante transmutação. E assim os africanos teriam mesmo influído no étimo indígena do conhecido morro, que Antonil celebrou em 1711, com uma agradável perspectiva que se tem desde a Boa Vista(2).
As minas de Itajubá foram novamente povoadas, de 1741 a 1742, pelo capitão-mor Francisco Ramos da Silva e até do século davam ouro de baixo quilate, tanto assim que, enquanto no Registro o Rei comprava o ouro em pó por 12 tostões a oitava, os comerciantes de Pinda o não aceitavam senão por 10 tostões(Era o tempo da balancinha de ouro).(3). O caminho era frequentado, não havia registro, porque logo as raias de São Paulo e Minas foram estabelecidas pelo acidente mais apropriado, o Sapucaí.
Autoridades de São João Del rei e Pindamonhangaba, atravessando esses despenhadeiros, encontraram-se festivamente numa pedra no meio do rio... A paz acabou em 1764 com a ocupação de Itajubá pelo governador Dom Luiz Diogo Lobo da Silva. Muita tinta se derramou, muito prelo gemeu, houve escaramuças, põe marco, tira marco, e a questão dos limites que chegavam até Franca se eternizou só se resolvendo na década de 80. A documentação desses entreveros fornece achegas à história dos municípios lindeiros. Muitos mineiros da região da Mantiqueira pagavam dízimos ao poder civil e conhecenças ao eclesiástico de Pindamonhangaba. O Bispo de São Paulo continuava a ter jurisdição em Minas até o Sapucaí em plena república, quando foi criado o Bispado de Pouso Alegre.
Porém, antes de 1764, já em 1742 ou 1743 (as testemunhas fazem as contas por tradição oral e mesmos algumas assistiram aos fatos, mas anão assentaram exatamente a data) nesses anos, pois, um freguês ou paroquiano da Piedade (Lorena) abriu caminho de sua terra para Itajubá e o qual, por ser melhor, eclipsou o outro, que continuou menos frequentado, mas basta que tenha existido a picada, para o nosso intento. O herói desse novo caminho chamava-se Lauro Fernandes.
Mas o trecho correspondente a Pinda-Campos do Jordão continuou frequentado pelos que “iam à caça e ao pinhão”.
Depoimento valioso para a história do povoamento pelos caçadores pindenses e pelos paulistas comedores de pinhão, segundo o costume dos índios e dos bandeirantes. Ainda se vê a araucária na região, mas as onças foram exterminadas, principalmente pelos proprietários da fazenda.
Nos campos de Capivari e Rocinha o capitão-mor de Pinda, Manoel Antonio Francisco Pimentel, estabeleceu juma fazenda de criar gado vacum e cavalar bem antes de 1773. Há uma referência certa possível, porque nesse ano era falecido, nas ilhas, para onde se retirava com toda a família, seguindo a frase feita “Papagaio real para Portugal...”
Não pôde vender a fazenda com o gado em pé. Transportou-o à vila, vendendo-o parceladamente e deixou devolutas, prontas para uma sesmaria em regra, os campos do Capivari.
Em 1771 entrou Inácio Caetano Vieira de Carvalho naqueles campos, fazendo a posse preliminar à petição de sesmaria em 1773. Só se arquivou a que parece uma confirmação em 1790(5). Mas esta, segunda e nova carta de sesmaria, se estende a dois outros condôminos, João de brito Marinho e Manoel José Botelho Mosqueira, era de 3 léguas de extensão e sem limites localizáveis pormenorizadamente.
Em 1772 ou 1773, João da Costa manso, de Taubaté, situou-se além do Capivari, limitando com o pindense que o precedera, mas prestou obediência a Minas, derrubando os marcos. Associou-se-lhe o depois juiz ordinário de Taubaté, Domingos Ferreira da Silva, que em 1794, com o Costa Manso, um camarada e um soldado mineiro prendeu o fazendeiro(6) de Inácio Caetano por uma questão levantada pelo dizimeiro de Baependi ou Aiuruoca, Henrique Dias de Vasconcellos(7). Aliás, o Capivari nasce nos campos que antes de 1796 pertenceram a Manoel Galvão de França, outro povoador da região.
O Pimentel e parece que mais alguns que tentaram a posse das terras antes de Inácio Caetano foram desiludidos pelo estrago das onças nas criações e pelo frio(8). Porém, Inácio Caetano devia ser filho de pai teimoso, porque na realidade transladou-se para o Capivari, com os filhos e escravos, e ele pessoalmente e os filhos “tem extinguido” os felinos(9).
Continuaram as questões de divisas. Os herdeiros de Inácio Caetano venderam parte das terras, em 1825, ao rico paulistano Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão. Essa é outra história.
Fontes:
1. Depoimento de testemunhas na Vila real de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pindamonhangaba a 19 de outubro de 1773, apud Documentos Interessantes, publicação do Arquivo de São Paulo, Vol. XI, 1896, pág. 489
2. Idem, ibidem
3. Ibidem, pág. 490
4. Ibidem
5. Ibidem (516). Declaração do próprio Inácio
6. fazendeiro era o preposto do verdadeiro fazendeiro com o sentido atual, nas fazendas de gado. Tem o mesmo significado de curraleiro, na Bahia. O historiador Pedro Taques tinha um fazendeiro em São Pedro do Itararé.
7. Doc. Interessantes, cit. Pág. 516
8. Idem (510)
9Ib idem (519)
Aluísio de Almeida, “Suplemento Literário” de 17 de outubro de 1971.
Pedra do Baú
...Mas
o panorama por excelência é o quadro soberbo e majestoso da Pedra do Baú. Entre
os bairros do Baú e do Paiol Grande, no cimo da Serra dos Soares, alteia-se a
famosa pedra, dominando as culminâncias, com a invejável estrutura gigantesca
de 1810 metros sobre o nível do mar. Com a forma de uma grande canastra,
sulcada de profundas rugas escuras, ela surge nas grimpas da montanha, calcando
um terreno fértil que a circunda, na base, de um maciço tapete de verdura.
Ladeiam-na duas outras pedras de enormes dimensões: uma, a uns mil e tantos
metros de altitude, inacessível como a pedra principal, rugosa, áspera,
arredondada; a outra é um fim bizarro de espigão, a mil e tantos metros de
altura, denominada com acerto “Bico de Papagaio”, espécie de muralha antiga que
o tempo decepou dando a aparência de uma afiada faca de mato.
Seguindo
pela cumieira do espigão, galgando os alcantis, intrometendo-se por debaixo de
emaranhadas folhagens, o curioso encontra, depois de algumas horas, o pinto
culminante do Bico.
Então a
vista se espraia pelas terras mineiras, espraia-se pelas terras paulistas,
perde-se pela amplidão e o espírito se embriaga e se extasia, elevado ao máximo
dos deslumbramentos.
Entretanto
o conjunto das três pedras observado de vários pontos do município de São bento
do Sapucaí e mesmo de outros municípios, também tem uma beleza deslumbrante.
Mesmo da cidade, do Monte da Glória, da Várzea, ou da rua denominada do
Aterrado, em dias claros, o espetáculo é deveras majestoso.
Em noites
luarentas, ao despontar das madrugadas, ao descair suave dos crepúsculos
vespertinos, a Pedra do Baú tem belíssimos aspectos.
A forma
do gigante varia, conforme o ponto tomado pelo observador.
Vista
das proximidades de Santana do Sapucaí Mirim, ela tem o formato de uma
pirâmide; dos Campos do Jordão, é mais chata, mais larga, mais baú; de Pouso
Alegre é muito chata e muito larga.
O místico roceiro da região circundou-a de legenda na consagração das fábulas. Por lá desliza, dentro da noite e do silêncio, o Encantado, bom gênio das alturas, senhor do ouro e do diamante. No cimo da pedra, dorme espelhando os céus, a grande lagoa onde a mãe de ouro toma o seu banho, rejuvenescendo o ígneo fulgor esverdeado.
(Pedra
do Baú é uma das candidatas a Maravilha do Vale do Paraíba). Atração turística
fica a quase dois mil metros acima do nível do mar. Para subir até o topo da
pedra, são necessárias três horas de caminhada.
Segundo o governo do Estado, nos três anos do processo para a criação do monumento foram realizados discussões públicas, estudos e análises e consistiu em um suporte especializado, com justificativa técnica, elaboração de mapas e consultoria, com aprovação do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) no dia 14 de outubro de 2010.
Histórico
O
monumento está situado em duas Áreas de Proteção Ambiental: a da Serra da
Mantiqueira, federal, e a de São Bento do Sapucaí, estadual. Localizada a cerca
de 12 quilômetros da sede do município de São Bento do Sapucaí, a Pedra do Baú,
chamada pelos primeiros habitantes de Embahú ("ponto de vigia" em
tupi-guarani), recebeu ainda o nome de Canastra (baú grande de guardar
pertences), nome dado pelos tropeiros e caboclos da região.
A Pedra do Baú atinge 1.950 metros de altitude e foi escalada pela primeira vez pelos irmãos Antônio e João Cortez. Com equipamentos rudimentares para a escalada, os aventureiros atingiram o topo em 12 de agosto de 1940.
Atualmente, o acesso ao Complexo do Baú, conjunto de montanhas rochosas constituídas pelo Bauzinho, Pedra do Baú e Ana Chata, é acessível desde as cidades de São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão por estrada asfaltada que interliga os dois municípios.
Fontes:
Picaria de Bestas Novas (1857)
O Brasil do século 19 moveu-se no lombo de bestas. Os muares tornaram-se o meio de transporte por excelência das regiões não-litorâneas do Brasil imperial. As culturas do café e da cana-de-açúcar, centros dinâmicos da economia brasileira no período, dependeram funcionalmente dos serviços das tropas de bestas, tanto para o escoamento de sua produção quanto para o abastecimento regional com gêneros de outras localidades. Sem as bestas de carga o Brasil teria andado ainda mais lentamente do que de fato andou.
Estas unidades fiscais, encarregada de recolher os tributos que incidiam sobre a entrada de animais soltos (i.e., sem carga) na província de São Paulo e Minas gerais, além de arrecadar vultosas quantias para os cofres provinciais, deram origem a uma extensa e rica herança documental. A Recebedoria, ou Estações Fiscais existiam, dentre outros objetivos, para arrecadar impostos e taxas itinerárias fixas e proporcionais nas barreiras, sobre o uso de estradas de comunicação da província com a capital do Império, direitos de passagens de rios, produto das barreiras que se achavam estabelecidas, e o de fiscalizar nos respectivos municípios a exportação de gado e importação de bestas novas.
Na região da Serra da Mantiqueira, havia 4 recebedorias: Picú, Mantiqueira, Itajubá e Sapucahy-Mirim. Foram criados os pontos de vigias nos lugares denominados – Santa Bárbara e Campos do Jordão – os quais ficariam sujeitos à recebedoria do Sapucahy-Mirim, e bem assim arbitrados em 35$000 mensais os vencimentos de cada um dos respectivos empregados. Eram funcionários, administradores, encarregados de fiscalizar a Estação, a exportação de gado e a entrada e o direito sobre bestas novas, coletores e escrivães. Os objetos sujeitos ao pagamento dos direitos eram: cada pessoa a pé; cada pessoa a cavalo; cada ovelha, cabra ou porco; cada animal cavalar vacum, ou muar, sem sela, freio ou cangalha; cada dito com sela, freio, ou cangalha, sem cavaleiro, ou carga; cada carro; cada carga de um animal; cada dita de um carro.
No ano de 1857, do comandante do destacamento da Recebedoria do Sapucahy-mirim, consta haver sido assassinado o soldado do corpo policial Damaso da Matta, que em companhia do Cabo Silvério Quirino Alves voltava dos Campos do Jordão (SP), onde se achava em diligência de vedar o extravio de bestas novas dali importadas. O cabo foi recolhido à prisão como indiciado de tal crime.
Em 11
de janeiro de 1868, ficou o governo autorizado a reformar o regulamento número
55, aumentando o número de vigias nos pontos intermédios à recebedoria do Picú,
e da Ponte Alta, elevados os respectivos vencimentos, e os dos recebedores em
ordem a granjear um pessoal apto, expedindo ordens aos coletores para
fiscalizar nos respectivos municípios a importação de bestas novas, gratificando
os referidos coletores com 20% sobre os valores dos extravios arrecadados; e
para melhor fiscalização da arrecadação deste imposto, o presidente desta
província entender-se-á com o de S. Paulo, afim de consentir que se coloquem
vigias em Lorena, Pindamonhangaba, Campos do Jordão e Taubaté.
Os burros e as bestas - Cruzamento da égua com o jumento, são muares. A geração do cruzamento é um animal híbrido, estéril. São resistentes e considerados animais de carga, usados pelos homens como meio de transporte de materiais carregados sobre o dorso do animal. Eram bestas novas, mansas, superiores, arreadas com cangalhas, próprias para todo e qualquer serviço e transporte. Muito bem amestradas, prontas para trabalhar em cordões, prontas para carro. Bestas próprias para sela, carro e carroça. Próprias para viagem. Também eram ensinadas, para Tilburi, carro de duas rodas e dois assentos (tilbureiro e passageiro), sem boleia, com capota, e tirado por um só animal.
Havia nessa região pastagem muito boa para as bestas; pastagens nativas e sem nenhuma presença de agrotóxicos. As vacas pastoreavam diversas espécies de gramíneas e leguminosas nativas, e outras espécies vegetais.
Fontes:
Diário
de Minas, 11 de janeiro de 1868
Novo e
Completo Índice Cronológico da História do Brasil - 1842 a 1889
A
Província de Minas, 18 de novembro de 1886
Livro
da lei Mineira - Ouro Preto - 1846
Palácio Boa Vista
Fontes:
Jornal "O Radical" 01/06/1946
Petição para a Divisão da Fazenda Natal em 1892
Fontes:
Diário Oficial
Minas Geraes – Órgão Oficial dos Poderes do Estado
Ano I Quinta-feira, 11 de agosto de 1892
IMBIRI
Originária do Himalaia, China e Madagascar, e aclimatada nas Américas, principalmente no Brasil, onde é encontrada em todo o território, sendo mais frequente nas regiões Sul e Sudeste. Com isso, estas floridas plantas se adaptaram bem ao solo montanhoso de Campos do Jordão. Matheus da Costa Pinto soube muito bem disso, e não é à toa que formou vila junto ao rio que leva o nome da planta: IMBIRI.
É uma planta canácea, também conhecida pelos nomes comuns de bastão de São José; maracá; coquilho; albará; bananeira-do-campo; lágrima-de-vênus, lírio-branco, lírio-borboleta, jasmim-do-brejo, gengibre-branco, Albara. Bananeirinha, Beri; Biri; Bananeirinha-da-india; Bananeirinha-do-mato; Caite; Caite-conta-de-rosario; Caite-conta-de-rosario-compacto; Caite-conta-de-rosario-da-india; Caite-conta-de-rosario-de-blumenau; Caite-conta-de-rosario-de-otto; Caite-conta-de-rosario-denudado; caite-conta-de-rosario-flacido; Caite-conta-de-rosario-geral; Caite-conta-de-rosario-glauco; Caite-conta-de-rosario-glauco-angusto; Caite-dos-jardins; Caite-imbiri; Cana ottonis; Cana-da-india; Canna compacta; Canna confusa; Canna denudata; Canna flaccida; Canna glauca; Canna indica; Canna x generalis; Coquilho; Embiri; Imbiri; Muru.lírio de maio, (nome da espécie, recorre ao mês de maio, época em que a planta floresce); lírio convallaria (O nome de gênero, Convallaria, em latim significa “dos vales”); lágrima-de-moça; jasmim-borboleta, Mariazinha.
O IMBIRI é encontrada nas margens de lagos, à beira das matas, ribeirões e serve de abrigo para a fauna silvestre em lugares úmidos ou brejos e floresce nos meses da primavera. Como o nome indígena tupi-guarani sugere, Mbiri, significa “folha larga”, o que não combina com esta planta. É frequentemente encontrada em regiões de brejo, pantanosos, onde o solo é úmido e rico em matéria orgânica, o que facilita seu desenvolvimento, infestando margens de lagoas, canais de drenagem e pastagem em baixadas úmidas. Muito vigorosa, forma densas infestações que obstruem pequenos riachos e canais. A flor é branca ou de coloração amarelada, muito perfumada e lembra o jasmim.
Possui uma natureza exuberante, água abundante e solo rico em material orgânico o que propicia o desenvolvimento e propagação desta espécie vegetal. Possui uma folhagem verde brilhante muito ornamental. Esta planta palustre é muito vistosa. Seu crescimento é muito rápido e pode ser cultivada em grupos para melhor valorização de seu efeito paisagístico. Trata-se de uma herbácea ereta, florífera e aromática. Vale dizer: suas flores também fornecem néctar para abelhas. Suas folhas e caules são simples e as sementes de forma ovalada e coloração avermelhada. Aprecia solos ricos em matéria orgânica e brejosos, isto é, permanentemente molhados, sem, no entanto, ficar abaixo da água. Seu porte varia entre 1,5-2,5 metros de altura. Deve ser cultivada à sombra. Multiplica-se por divisão das touceiras, tomando o cuidado de deixar uma boa parte de rizoma e folhas em cada muda. Sua flor é perfumada com cheiro parecido com outras espécies de jasmim.
Foi verificado que o lírio-do-brejo, como tantas outras espécies exóticas, tem um enorme potencial de modificar sistemas naturais, o que torna as plantas exóticas invasoras a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade. É uma macrófita aquática considerada exótica e invasora fora da região do Himalaia, seu centro dispersor. Devido ao rápido crescimento e dispersão, apresenta potencial invasivo, expulsando espécies nativas ao seu redor, o que, em muitos casos, pode resultar em perda da biodiversidade local. É considerada planta daninha por agricultores e pesquisadores, substituindo a vegetação original. É usada também na produção de papel, já que a haste contém de 43 a 48% de celulose, e as folhas da flor possuem uma grande quantidade de lignina, substância também utilizada na fabricação de papel. Sua raiz costuma ser usada na indústria cosmética, na fabricação de perfumes, óleos essenciais e cremes, mas é muito caro e frequentemente é substituído por substâncias sintéticas. Seu perfume é de frescor e delicadeza.
O interesse pelo estudo da flor lírio do brejo se deve ao fato de que ainda não havia sido estudada para obtenção de ativos naturais destinados à produção de cosméticos ou outras finalidades. Um estudo se desenvolveu no contexto do MBA Business Intuition: O Empreendedor e a Cultura Humanista, da Faculdade Antônio Meneghetti e contou com a colaboração do Laboratório de Farmacognosia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Laboratório Herbarium, de Curitiba para a identificação dos ativos da flor. A elaboração dos produtos é da Farmácia Essencial com sede em Porto Alegre. As premissas do desenvolvimento sustentável permearam o trabalho que se apresenta e os resultados alcançados até a presente data são a elaboração e comercialização de mais de trinta produtos da marca Lilium Recanto. Apesar de comestível, é pouco utilizada na gastronomia. De seus rizomas (caules), é possível obter uma fécula comestível.
O amido presente no rizoma da planta é usado na alimentação de animais de criação, e deste também se extrai a fécula que é utilizada para a confecção de doces e biscoitos. Na medicina popular, é usada como béquica (acalma a tosse e as irritações da faringe), diurética, excitante, tônica, antirreumática, problemas na garganta, gases e também para reduzir a pressão alta.
O chá das folhas é empregado, em uso externo, contra coceiras e micoses. O rizoma é diurético. Possui folha tão macia que serve para curar feridas, suas folhas frescas aplicam-se, socadas, sobre as feridas, úlceras, queimaduras e lugares vesicados. O extrato do lírio-do-brejo é usado no tratamento de dores, ferimentos, infecções em geral. Na Índia, o rizoma seco ou moído, mexido com leite de vaca, é potente no tratamento da diabetes; isso devido ao comprovado óleo hipoglicêmico, encontrado na espécie de mesmo gênero; mas, ainda não há estudos que mostrem o efeito da flor sobre diabéticos. De acordo com a medicina tradicional chinesa, os rizomas servem contra dores de cabeça, dores intensas, contusões e reumatismo. Experimentos comprovaram eficiência do extrato do rizoma, tanto seco quanto fresco, em atividade antimicrobiana contra Bacillus subtilis, Pseudômonas aeruginosa, Cândida albicans e Trichoderma sp., sendo as duas últimas causadoras de dermatites; o óleo volátil tem ação anti-helmíntica. Extrato do caule obtido por decocção e infusão mostrou-se ativo para Bacillus subtilis e pseudômonas aeruginosa. As folhas apresentaram potente efeito diurético e anti-hipertensivo. Possui a propriedade de inibir o aumento da permeabilidade vascular e produção de óxido nítrico em ratos.
Já as
flores, sob forma de infusão, também possuem efeito diurético e redutor da
pressão arterial.
O suco da planta, emprega-se, exteriormente, nas otites. Para uso externo, duas colheres de sopa da raiz picada de imbiri; coar e pingar duas gotas em cada ouvido três vezes ao dia, tapar o ouvido com algodão para o suco não escoar. Estudos na área de ciências agronômicas, salientam as maneiras de se empregar o lírio-do-brejo no tratamento de esgotos. A planta apresentou muita eficiência na remoção de poluentes, redução de DBO (demanda bioquímica de oxigênio), na oxigenação do substrato amoniacal e na remoção de coliformes, demonstrando que o tratamento é bastante eficiente na remoção de sólidos, matéria orgânica e micro-organismos; um potencial em tratamento de efluentes, pois esta mostrou 99,58% de redução de coliformes totais da água contaminada com microrganismos.
Também é uma planta vigorosa, utilizada para contenção de encostas, mas que dificulta que outras nativas brotem. A lenda diz que que o lírio-de-maio foi um presente de Apolo para Esculápio, deus da cura. O lírio por ser uma linda flor, é frequentemente usada em buquês nupciais.
Plantas Medicinais - Irmão Cirilo
Tudo Verde - Francesco Bianchini e Azzura Carrara Pantano
A Flora Nacional na Medicina Doméstica - A. Balbach
Plantas para Jardim no Brasil - herbáceas, arbustivas e trepadeiras - Harri Lorenzi
Lembretes:
Há muitas variedades de imbiris. Nome científico: Canna Glauca. (Glauco= esverdeado). Família: Canáceas. Canna X generallis L. H. Bailey
Não usar plantas medicinais sem orientação de um especialista.
Os rizomas das canáceas são ricos em amido.
"Nada é veneno; tudo é veneno. A diferença está na dose." (Paracelso)
Imagens: Imbiri - Canna angustifolia, Canna glauca... Canguçu RS, Campos do Jordão SP, Brasil
Calvila, o Primeiro Calvados Brasileiro em Campos do Jordão
Além da fabricação de excelentes sucos e geleias de frutas, doces e bebidas, a Sociedade Belfruta Ltda., destacou-se a nível nacional, com a fabricação da famosa “Calvila”, aguardente de maçã, maravilhosa, finíssima e deliciosa.
Um destilado feito da sidra, suco fermentado de maçã, de finíssima qualidade e saborosíssimo paladar. Servida pura e gelada, porém alguns a saboreiam como refresco, misturada com água tônica e uma fatia de limão.
O primeiro calvados brasileiro[1], produzido com muito esmero em Campos do Jordão, em larga escala na década de 1950, que obteve sucesso nos mercados consumidores do País.
Em 1957, acabou a fabricação da Calvila, o primeiro “calvados” brasileiro.
Na década de 60, no Sítio Natal de propriedade do Barão e Baronesa Von Lightner, localizado nas proximidades do Palácio Boa Vista, por meio de muito esforço e dedicação do administrador Max Ambühl, um suíço radicado em Campos do Jordão, e dos empregados daquela Fazenda.
A Agroindustrial Campos do Jordão Ltda., responsável pela fabricação de excelentes produtos, incluindo diversos tipos de geleias de frutas e conservas, com a marca HOMEMADE, conseguiu fabricar por mais de duas décadas, um outro destilado de maçã, talvez o segundo “calvados” jordanense e brasileiro de outras frutas, denominado “Eaux-de-vie”, muito apreciado e distribuído aos mercados do País.
Em 1993, a fabricação também foi paralisada pelos proprietários que assumiram a propriedade.
[1] Calvados é a designação de uma bebida alcoólica destilada, originária da Baixa-Normandia, França, feita à base de maçã, da qual é extraída a sidra que depois é fermentada e destilada.
Uma Viagem aos Campos do Jordão em 26 de Outubro de 1885
O expresso que parte da Côrte às 5 horas da manhã chega à 1 hora e 37 minutos da tarde a Pindamonhangaba, ponto escolhido como o melhor para aqueles que se dirigem aos Campos do Jordão, 40 km. Distante dessa cidade.
Pindamonhangaba está situada na margem esquerda do rio Paraíba, a montante, na parte mais elevada, pelo que domina toda a planície que se estende ao sul até a cordilheira.
Chegando-se à estação não se descobre a cidade em sua maior parte, por causada disposição de terreno, e de uma grande construção de taipas que há junto à estrada de ferro.
De todo o norte de S. Paulo é incontestavelmente essa cidade a mais bonita, pelo que foi mui justamente chamada: Princesa do Norte.
Entretanto é inacreditável que em tal cidade só houvesse um hotel, aliás modesto, e que, atualmente, esse mesmo tenha fechado as portas, por falta de hóspedes!
Por esse fato hoje, o viajante que se dirigir aos Campos do Jordão, e não tiver conhecimentos na cidade, tem forçosamente de procurar recursos em Taubaté, cidade colocada mais ao sul três léguas, o que não aumenta a distância para os Campos, felizmente para ele.
Ao sair da cidade pela porta sul, que é o caminho a seguir, tem o viajante diante de si uma vasta planície, cujo longínquo limite é a cordilheira conhecida por Serra da Mantiqueira.
Comunica a cidade com a margem oposta do Paraíba pelo Aterrado, que é uma estrada reta na extensão de quilometro e meio, atravessando um grande brejo, que finda junto à ponte que atravessa aquele rio, o qual nesse ponto tem muito aproximadamente 100 metros de largura e bastante profundidade.
A dois quilômetros além da ponte encontra-se a estação dos vapores que navegam até a Cachoeira, ponto terminal, no ramal de S. Paulo, da ferrovia D. Pedro II.
Um quilometro mais além, o viajante que parar na estrada e voltar-se avistará sobre uma elevação a cidade de Pindamonhangaba.
Pelas torres das igrejas, pelos terraços dos palacetes e grandes edifícios e pela alvura das paredes, de todo esse conjunto de edificações, assemelha-se a juma cidade árabe no deserto, tantas vezes vista nessas gravuras de folhas ilustradas.
Adiante do lugar chamado Bom Sucesso, começa a estrada a costear o rio Piracuama, acompanhando a margem direita.
As águas desse rio correm em leito pedregoso e arenoso, vendo-se o fundo, onde muitas vezes há mais de 2 metros de profundidade, tão limpas e cristalinas são.
Quando o tempo ameaça chuva ouve-se a duas léguas distante o roncar da cachoeira na serra, lugar onde o rio tem a sua nascente.
Seis quilômetros antes da serra atravessa-se o rio para a margem esquerda, e desse ponto em diante a estrada não o acompanha, oera se afasta, mas, ouvindo sempre o viajante o marulhar das águas nos inúmeros rápidos de seu leito; seguindo-se assim até o ponto chamado Bicudo, ponto onde se repousa um pouco antes de se tentar a subida da Serra, o que se leva a efeito nunca antes de duas horas depois da partida.
No ponto culminante da Serra, à esquerda, há um atalho que conduz a um despenhadeiro, onde a rocha é cortada a pique na altura talvez de u800 metros. Chegado a esse lugar, o viajante dá por bem paga a fadiga para gozar do surpreendente panorama que dali se divulga, um dos mais grandiosos, sem dúvida, dessa parte da província de S. Paulo.
Estando a atmosfera límpida e não pairando sobre a planície esses vapores que interceptam a vista de quem se acha nos pontos elevados, ver-se-á ao norte, distante aproximadamente dez léguas, emergindo do fundo pardacento peculiar das planícies observadas de longe, uma pequena mancha, esbranquiçada como um lenço sobre um campo: é a cidade de Guaratinguetá.
Em frente ao viajante, 4 léguas apenas, e claramente visível, Pindamonhangaba; mais ao sul, igualmente visível, Taubaté, tendo próximo o Tremembé, lugar notável pela festa que anualmente ali se faz.
À mesma distância daquela primeira cidade, e pouco visível, demora Caçapava.
Com o auxílio de um binóculo ver-se-á juma linha escura com lampejos metálicos de longe em longe, atravessando toda a planície em curvas caprichosas e passando junto a esses pontos esbranquiçados: é o grandioso Paraíba, tão temido em suas cheias.
Embaixo, nas proximidades da Serra, veem-se algumas fazendas com as respectivas plantações e, espalhadas por entre a mata, palhoças de gente pobre, palhoças que assemelham casas de castores, vistas à grande distância em que estão.
Urgindo partir, afasta-se o viajante desse lugar aprazível e após alguns passos na descida da serra para o lado da freguesia de Santo Antonio do Pinhal, pode, se estiver sequioso, saciar a sede com a água de juma pequena nascente que há, a melhor água talvez de toda a província de S. Paulo; bebe-se mesmo sem sede, só pelo gosto de beber, tão fria e cristalina é ela.
Uma hora depois da partida desse ponto, chega-se ao centro do povoado da freguesia, lugar em que, à esquerda da estrada, fica a igreja matriz, em frente da qual, a poucos metros, ao mando do celebre frei Caetano de Messina foi alçado um enorme Cruzeiro.
Esse grosso madeiro, para ser posto em tal lugar, seria mister despender-se alguns centos de mil réis, e no entanto, em seguida a uma prédica daquele missionário, foi erguido sem demora e sem dispêndio para a Paróquia!
Ess freguesia está metida entre altas montanhas; a da direita é a Serra, em cujo cimo principia a zona dos Campos, e a da esquerda é um importante contraforte, em seguida do qual continua a Mantiqueira.
O aspecto da povoação é triste e silencioso, desse silêncio nato da indolência dos habitantes do local.
As casas estão em alinhamento acompanhando a estrada que corta a freguesia, à direita e à esquerda, sem ordem nem método.
Nas imediações há algumas choupanas no meio de terreno inculto, e igualmente incultos estão todos os quintais e mais terrenos pertencentes às casas restantes, o que atesta sem dúvida a ignorância de princípios de boa economia resultante da pequena lavoura, ou mais claramente dito, a muita aversão ao trabalho.
Isso que se nota nesse lugar é infelizmente a cópia do que se passa em outros lugares do interior de nossas províncias.
No entanto, essa freguezia possui todos os elementos para chamar parte da concorrência que se dirige para os Campos do Jordão, e se tal não acontece é devido unicamente à falta de recursos no local, onde muitas vezes o viajante a custo obtém um almoço ou jantar, quando transita.
O clima é magnífico, o terreno bastante rico, o ar contrário dos Campos, é mais abrigado dos ventos dominantes.
Apesar da indolência dos seus habitantes e do pouco trato que a si próprio dão, é raro ver-se um indivíduo com a fisionomia indicando pouca saúde, como em outros pontos é comum encontrar-se, por exemplo na nossa província do Rio ou mesmo em alguns lugares de Minas.
De Pindamonhangaba a Santo Antonio do Pinhal a viagem é feita em boas condições, porém, desse último lugar até aos campos do Jordão, as estradas são péssimas, e, se o caminhar torna-se penoso para viajantes acostumados a esses caminhos o que não sofrerão pessoas enfermas?
É talvez uma das causas da pouca concorrência, essa falta de meios fáceis de transporte, o que aliás é para lamentar, porquanro num clima tão vivificante devia ser aproveitado pelos que sofrem e a quem a mudança de ares é aconselhada.
Os tuberculosos, cujo estado mórbido seja extremo, não devem tentar tal viagem, mesmo porque nenhum resultado obteria, e a razão, adiante a darei.
A estrada que tem de ser transitada é extremamente acidentada, subindo-se em certos lugares planos inclinados de 40 graus.
Estrada é um modo de dizer: o que há são verdadeiros atalhos e caminhos de cabras; chega-se mesmo a percorrer o leito pedregoso de um pequeno regato na extensão de 200 metros.
Alguns quilômetros além do lugar chamado Campo do Barbudo avista-se a Pedra do Bahú, rocha imponente e despida de vegetação, e locada na base sul da montanha que enfrenta com a pequena cidade de S. Bento do Sapucaí, quase na divisa da província de Minas.
Essa pedra é notável pelas figuras que, com muita semelhança, representa, quando vista de pontos diversos.
Aqui, vê-se um gigantesco nariz; ali uma mitra perfeitamente contornada; além, uma pirâmide, e sempre mudando as figuras segundo a colocação do viajante.
Deixando se a estrada para tomar-se o caminho que conduz aos campos, começam as dificuldades da ascensão.
Esse caminho é em subida íngreme, e de uma largura que mal deixa passar um animal, cujo cavaleiro vê-se em sérios embaraços para livrar-se da ramagem das árvores, algumas guarnecidas de espinhos, que põem em risco os olhos de quem sobe.
Não descreverei o que se passa e o que é mister fazer, quando em sentido oposto duas conduções de viajante se encontram: uma tem forçosamente de mergulhar no mato para ceder o passo à outra.
Finalmente, depois de muitos incômodos chega-se ao termo da subida, lugar onde principiam as lombas que formam os Campos do Jordão, cuja área não é totalmente plana. Todavia sua extensão é tal que, as duas cidades reunidas do Rio de Janeiro e Londres, com os respectivos arrabaldes, aí ficariam muito à vontade.
Os campos do Jordão começam um pouco aquém da Soledade, na província de Minas, estendem-se para o sul até próximo de S. Bento do Sapucaí, na província de S. Paulo, e prolongam-se ao norte até à Cachoeira de Lorena na mesma província: pode-se, portanto, sem receio de contestação, avaliar-lhes a extensão em círculo mui aproximadamente a 200 léguas.
Esses campos são, como já ficou dito, no cimo da cordilheira, da qual fazem parte as Mantiqueira do sul e do norte, o Itatiaia, etc; a largura é vária; todavia, para ser atravessada, é mister o auxílio de um prático, ou de juma bússola quando se saiba usar desse instrumento.
Quem desprezar este ou aquele auxílio e não tiver a prática precisa, há de infalivelmente perder-se nesse vasto Saara de verdura.
A constituição do solo dos campos é interessante porque consta de juma infinidade de lombas, pequenas elevações do terreno assemelhando-se a grandes e alongadas termiteiras achatadas, em cujo cimo há opulenta vegetação de gramíneas, onde em outros pontos são substituídas por pinheiros formando extensas florestas.
Nesses campos só há uma indústria: a pastoril; explorada, porém, como nos tempos primitivos, limita-se a ter o gado solto nos campos, marcar uma ou outra rez nascida e criada no mato, mugir o leite de algumas vacas e arrebanhar quando é preciso vender, e a... não saber o proprietário ao certo quantos animais possui.
Grande é o número de gado bravio que é apanhado sem marca, o que denota dono desconhecido; entretanto, quem apanha o animal marca-o em ato contínuo, ficando firmada a sua propriedade.
Os criadores mais importantes do local são o Barão Romeiro e Matheus da Costa Pinto.
A fauna da zona dos campos é riquíssima; em aves encontra-se em quantidade a codorna, a perdiz, o jacú, a jaó, o marreco, a galinhola, a jurití, o tucano, etc.; em caça de pelo abunda a paca, tamanduá, veado, caetitú, queixada, e o que é mais importante e perigoso, a onça e o tigre, aquela mais comum do que este, felizmente.
Todavia, não é raro encontrar-se uma onça cuja corpulência e força sejam tais que, com a mesma facilidade apanha um veado ou abate um novilho de ano.
Exceto os pontos ocupados pelos retiros do Matheus Pinto e do Salto, e por algumas palhoças dispersas, toda a zona restante é desabitada, e creio mesmo que, há muitos lugares dos campos, ainda não chegaram exploradores.
O lugar mais frequentado é o retiro do Matheus da Costa Pinto, onde está o melhor hotel para acomodar os enfermos que necessitam do ar puro e saudável dos campos.
O retiro do Salto, um pouco mais ao sul, também recebia enfermos; mas, por motivos que não vêm ao caso, liquidou, deixando de funcionar. Parece-me que atualmente só o primeiro existe.
A residência nos campos é triste, mormente para os que não sabem ou não podem montar a cavalo; além disso, se forem necessários outros recursos fora dos que dá o hotel, só em Pindamonhangaba podem ser encontrados; estando-se nos campos, está-se mais ou menos num deserto.
Quando a atmosfera está límpida, gozam-se panoramas esplêndidos, quer do alto para as planícies, quer nos próprios campos.
Os densos nevoeiros, ali chamados garoa, são frigidíssimos e nas ocasiões em que eles aparecem, a estrada fora de casa é simplesmente insuportável.
O leite é delicioso e abundante, a carne de porco, ovos e galinhas constituem a base da alimentação, não sucedendo o mesmo com a carne fresca, que não é de primeira qualidade, o que é estranhável tratando-se de um lugar em que a única indústria é a criação de gado.
Chegando-se aos Campos começa-se a sentir sensações novas e um certo bem-estar; dir-se-ia os pulões se dilatam com a absorção desse ar vivificante, muitíssimo oxigenado e saturado de princípios resinosos, provenientes das florestas de pinheiros que se estendem em toda a zona dos campos, por toda a encosta da montanha e em suas vertentes ou fraldas.
Nessas condições, esse ar penetrará com máxima facilidade nas cavernas pulmonares, e secundado poderosamente do uso de águas puras e cristalinas e de juma alimentação em extremo azotada, fará sentir inevitavelmente ao enfermo os mais salutares benefícios, e a cura não se fará esperar naquele cujo estado mórbido esteja em começo, sendo nessa circunstância mister a permanência por espaço de seis a oito meses para obter-se cura radical e sem receio de recaída.
Quando a tuberculose atinge o segundo período, a permanência dos enfermos nos campos deve ser muito prolongada para obter a paralisação do mal, ou por outra, para torná-lo crônico.
Alguns doentes, satisfeitos com as primeiras melhoras têm regressado, e pouco depois ficam reduzidos ao primitivo estado, o que tem sido observado por muitas pessoas.
Quanto, porém, aos tuberculosos no terceiro período, apenas conseguiram com a sua estada nos campos mais alguns dias de vida, apesar de toda essa abundância de oxigênio e de princípios resinosos, que é a vida respirada nesse lugar privilegiado pela natureza.
Os casos de cura obtidos são devidos única e exclusivamente ao salutar clima, porquanto outros auxílios não têm os enfermos que vão aos Campos.
O doente entrega-se à própria natureza, torna-a por isso o único médico, do qual tem de esperar o auxílio preciso.
Conclui-se, portanto que melhores benefícios tiraríamos enfermos se a natureza fosse ajudada pela ciência médica; então talvez fosse possível a cura da tuberculose em terceiro período nos doentes que se dirigissem para os Campos do Jordão.
Fontes:
Sir Toave
Jornal “Diário de Notícias", 26 de outubro de 1885
Hospital "Adhemar Pereira de Barros"
Foi assim lamentavelmente relegada para um segundo plano a assistência ao operário, quer urbano quer rural. Desse modo, a Administração via-se assoberbada com a assistência e abrigo aos doentes não somente portadores de tuberculose como também de várias outras afecções e com a assistência à parturiente pobre.
Raro era o dia em que não tinham um caso doloroso a resolver e sentiam a consciência tranquila quando ainda chegavam a tempo e então, na maioria das vezes, solicitavam a internação quer na Santa Casa de Pindamonhangaba, quer na de Taubaté, as quais não obstante, sempre receberam os doentes com o maior carinho e eficiência. Reitera-se aqui uma eterna gratidão.
Constantemente vinha o macabro pedido do carro fúnebre para o transporte do corpo de uma falecida de parto. Alguma coisa tinham o dever de fazer para solucionar o problema da assistência ao paciente não tuberculoso.
Após algumas reuniões com pequeno número de amigos, conseguiram idealizar uma obra que, mesmo modesta, preenchesse as finalidades previstas e assim, foram lançadas as bases de um futuro Hospital geral que cresceria com o tempo e com a própria evolução de Campos do Jordão.
Foram lançadas em terreno fértil, as sementes do bom fruto.
No entanto, um óbice ponderável se depara! E o dinheiro? E o terreno? Desanimar? Não!
A ideia estava lançada e tinham que submeter o esforço deles à dura prova da resistência. Deviam persistir com o bom e sadio otimismo para vencer. Sofreram bastante, pois, o caminho era áspero e escuro e apenas contavam com a luz da vontade.
Dois meses apenas de administração, não davam credenciais para enfrentar o encargo de levar uma obra grandiosa e não os autorizavam a fazer qualquer solicitação oficial de auxílio para tal empreendimento.
Por esse tempo, chega ao conhecimento deles que o saudoso ancião João Rodrigues da Silva, então pessoa de recursos, manifestara intenção de os auxiliarem e com esse objetivo poria à disposição deles um terreno e certa quantia em dinheiro. Procuraram incontinenti se aproximarem desse já benemérito de Campos do Jordão e dos primeiros contatos, tiveram a convicção de que grande seria sua colaboração na concretização do ideal deles.
Este começou a criar corpo, até que a o9 de outubro de 1938, conseguiu-se reunir grande número de amigos, neste mesmo local, onde foi exposta a ideia que mereceu aprovação unânime. Sentiram que a vitória lhes sorria, porque além da aprovação de todo o povo, tinham conseguido para essa reunião a presença do ancião que unia o seu, ao ideal deles – João Maquinista comparecia acompanhado dos srs. Drs. Gama Rodrigues, Urbano Figueira, José Cembranelli e Hugo de Comenico, que de Taubaté se transportaram para ali, o dr. Gama para afirmar em público, não somente seu apoio sincero à ideia deles, como também para endossar e garantir a boa vontade do sr. João Maquinista em colaborar com seus recursos, na obra que se esboçava.
Essa reunião foi entusiasmo e esperança, compromissos de trabalho e apoio! Sem descrer!
Foi então aclamada uma diretoria provisória, com a incumbência de elaborar os estatutos da nova Sociedade Filantrópica que se fundava em Campos do Jordão. Esta diretoria, que teve também ao seu encargo, legalizar a instituição e angariar os primeiros donativos, ficou assim constituída:
Presidente de honra: dr. Gama Rodrigues; presidente: dr. Motta Bicudo; vice-presidente: João Rodrigues da Silva: 1º secretário: Eginhard de Mello Menezes; 2º secretário: Eduardo Moreira da Cruz; 1º tesoureiro: O. L. Cardoso; 2º tesoureiro: Aldo Olivieri.
Foi marcado o dia 15 de novembro de 1938 para nova assembleia geral, que se realizou neste mesmo local, a estas mesmas horas., ficando então consagrado, este dia, uma data nacional, o dia do aniversário do Hospital de Campos do Jordão “Dr. Adhemar de barros”, em homenagem ao chefe que por essa época já se impunha à gratidão de todos os brasileiros de S. Paulo, pela sua grande vontade de dar ao povo de sua terra, a assistência médico-social de que tanto se ressentia e que tantas vezes lhe fora prometida pelos governos passados em troca de sua adesão e de seu voto.
A homenagem que então se prestou ao grande chefe, tinha sua razão de ser, pois todos tinham ciência do que fora feito de então, pelo governo do Estado, com o objetivo de minorar o sofrimento e a dor. E, nesse setor médico-social, Campos do Jordão já tinha sentido os efeitos benéficos da ação do governo, cujo amparo tanto se ressentia a massa que construiu a grandeza da terra bandeirante. O que foi feito de então, pelo Chefe do governo, para minorar o sofrimento e a dor, todos conheceram. Esta referência é porque o Hospital fundado em 1938, tomou o nome honrado e digno de Adhemar de Barros. A denominação de Hospital de Campos do Jordão “Dr. Adhemar de Barros”, digno e já tantas vezes consagrado até fora da terra bandeirante, mas tão somente de pagar uma pequena prestação de uma grande dívida, que esta terra contraiu com o único Chefe de Estado que resolveu fazer brilhar este diamante esquecido.
Na memorável assembleia geral de 15 de novembro de 1938, às 10,30 mhoras da manhã, neste mesmo salão, com todas as portas escancaradas e com grande massa de povo – foi definitivamente fundado o Hospital. A então diretoria provisória apresentou o resultado de seus trabalhos, sugerindo aquela assembleia o anteprojeto dos estatutos de que fora outorgada elaborar. Estes, após animada discussão, foram aprovados, após o que, foi eleita a nova diretoria, que foi solenemente empossada, às 22 horas, com grande manifestação de carinho por parte de todos que alimentavam a esperança de ver concretizado um anseio que até então fora apenas um sonho! Esta diretoria, cujo mandato expirou em 15 de novembro de 1941, e que todos conheciam bem, teve a consciência tranquila por ter cumprido nesse interregno o seu dever de corresponder à com fiança nela depositada.
Entretanto, faltou um companheiro!
Onde estava? Desertou? Não! Foi roubado do convívio deles – João Maquinista, o homem que ajudou a plantar a boa semente faleceu antes de ver concluída a obra. Foi lamentável também naquele momento, a morte do grande colega dr. Urbano Figueira, que compôs a brilhante representação do corpo médico de Taubaté, quando da primeira assembleia. Geral.
Os companheiros são: Vice-presidente: dr. Moura Coutinho; 1º secretário: Eginhard de Mello Menezes; 2º secretário: Antonio carvalho; 1º tesoureiro: Francisco Clementino de Oliveira; 2º tesoureiro: João Ferreira Cardoso.
E, para a satisfação da nova diretoria, esteve presente o dr. Lincoln Ferreira de Faria, representando S. Excia o sr. Interventor Federal, que veio testemunhar neste grande dia, a prestação de contas da diretoria do Hospital.
O Hospital de Campos do Jordão “Dr. Adhemar de Barros” foi fundado em 1938. Foi lhe dado juma personalidade jurídica, registrando na sede da Comarca e no então Serviço de Assistência Hospitalar do Estado. Incontinenti, deram início às suas atividades, que foram bastante árduas, e tornava-se mister aproveitar inteligentemente a colaboração de todos, e principalmente a do sr. João Rodrigues da Silva que se obrigara a doar a área necessária para a futura construção, bem como oferecera a importância de 40 contos de réis, que depois elevou a 60 contos em dinheiro, com a com dição de ser construído anexo ao Hospital um pavilhão para parturientes. As demarches continuaram sem solução de continuidade, até que em 14 de março de 1939, foi lavrada a escritura de doação da área de 15.000 m2 aproximadamente, em cuja escritura ainda se comprometeu o sr. João Maquinista a efetuar o pagamento dos 60 contos, de acordo com o andamento das obras, conforme cláusulas da referida escritura. Desse modo, o Hospital começava a entrar numa fase de maior objetividade e então, foi incumbido da elaboração do projeto, o sr. Paulo Krause que, de acordo com a orientação da diretoria, desempenhou sua missão com brilhantismo e graciosamente. Este projeto, que teve a aprovação da S. Excia. O sr. Interventor federal, mereceu ainda a aprovação do Serviço de Assistência Hospitalar e, após ser submetido à apreciação da diretoria, em sessão de 13 de abril de 1939, foi posto em concorrência entre os construtores locais e alguns de outras localidades tendo apenas um, o sr. Pedro João Abitante, apresentado sua proposta que, devidamente apreciada pela diretoria e após alguns entendimentos pessoais com esta, foi aprovada, ficando assentado que a construção seria feita sob administração da mão de obra. Ao apresentar o projeto da construção do futuro Hospital de Campos do Jordão, ao Exmo. Sr. Interventor federal, e notificar S. Excia. Da fundação nesta estância da nova associação filantrópica, tiveram a promessa espontânea do custeio integral das obras, não pelo Governo, mas pessoalmente por S. Excia, que reservaria para tal uma parte da verba de sua representação pessoal o das economias que estava fazendo nas despesas própprias do Palácio dos Campos Ellyseos.
A promessa foi em breve concretizada, com o primeiro donativo feito pessoalmente pela digna esposa do sr. Interventor, que assinou no Livro de Ouro do Hospital a quantia de 20 contos. Com essa expectativa promissora, solenemente lançaram a pedra fundamental da Casa, a 29 de julho de 1939, na presença do saudoso e inesquecível dr. Álvaro Guião, representando o sr. Interventor federal, e no pequeno espaço de tempo de 3 meses e meio, lançaram a 15 de novembro de 1939, isto é, precisamente no 1º aniversário do Hospital, a última telha do pavilhão da Maternidade, na presença de grande massa de povo, que assistiu a esse ato singelo, como testemunha de juma realidade insofismável e de uma promessa que se cumpria pela primeira vez nesta terra. Daí por diante, todos ficaram cientes, o Hospital passou a ser construído pessoalmente pelo sr. Interventor.[1]
Como é do conhecimento de todos, S. Excia. Não somente tomou a si, o encargo da construção do Hospital, como também pelo mesmo, um interesse particular, fazendo questão de examinar pessoalmente as obras, nas diversas vezes que veio a campos do Jordão. Ao seu interesse particular, devemos ainda a desapropriação de mais uma área de 3.200 m2, contígua aos 15.000 já pertencentes ao Hospital, o que soma um total de 18.200 m2, mais ou menos.[2]
Em terrenos doados pelos antigos e abastados moradores de “Vila Abernéssia”, Sr. João Rodrigues da Silva e esposa, com iniciativa patrocinada pelo prefeito sanitário, dr. José Arthur da Motta Bicudo, que, nessa colaboração, conseguiu isenção do imposto de transmissão “inter-vivos”, sobre a aquisição que vai fazer o hospital “Dr. Adhemar de barros”, do aludido terreno, com a área de 14.000 m2, conforme decisão do ilustre sr. dr. A. C. Salles Junior, secretário da Fazenda.
No ano de 1939, no regime redentor do estado Novo, fundou-se na estância climatérica de Campos do Jordão a Santa Casa de Misericórdia, na sua alta expressão filantrópica de assistência aos pobres e doentes comuns.
Este instituto nada teve a ver com os hospitais e sanatórios para tuberculosos, existentes na serra jordanense, construindo uma fundação inteiramente à parte dos moldes pias obras do gênero, espalhadas por todo o interior de São Paulo.
Residiu em Campos do Jordão, talvez como seu mais antigo habitante, o sr. João Rodrigues da Silva, naquela época octogenário e homem que durante toda a sua vida, deu duro para conseguir amealhar meia dúzia de patacas.
Trabalhador rude e infatigável, mesmo até bem pouco tempo, as suas atividades impressionavam pelo acerto dos negócios, senso das operações e magnífica visão dos acontecimentos civilizadores que culminaram a serra na sua temperatura privilegiada.
Logo que soube da fundação da Santa Casa, o sr. João Rodrigues Silva, espontaneamente, nas suas atitudes naturais de homem bom, doou, como já antes havia doado aos Sanatorinhos de Campos, cerca de 15.000 m2 dos seus terrenos valorizadíssimos em Vila Abernéssia, para que aí se construísse o hospital. Avaliada por baixo, essa dádiva valia 60 contos. Mas não foi aí o rasgo habitual e generoso do sr. Silva; ampliando tal oferta, sugeriu aos iniciadores da grande obra, que se construísse especialmente um pavilhão destinado à “Maternidade das Mulheres”, segundo a sua frase portuguesa explícita, para que não se interpretasse de outro modo o seu pensamento...
Esse pavilhão correu exclusivamente por sua conta, fora da doação feita, e se dispôs a gastar nele, 60, até 100 contos. Ainda não para aí a arrancada filantrópica do sr. João Rodrigues: comprometeu-se igualmente, como já o fez para outras casas de saúde em Campos, a levar água ao hospital, fornecendo todo o encanamento e os mananciais de sua propriedade, numa distância considerável.
Às 11 horas em Campos do Jordão, com a presença de altas autoridades do Estado, a solenidade do lançamento da pedra fundamental do “Hospital Dr. Adhemar de Barros” foi realizada, em 29 de julho de 1939.
O Chefe do governo paulista foi representado, nessas festividades, pelo dr. Álvaro de Figueiredo Guião, Secretário da Educação e Saúde Pública de São Paulo, representando o Interventor Adhemar Pereira de Barros. A 25 de janeiro de 1944, era oficialmente inaugurado o Hospital de Campos do Jordão “Dr. Adhemar de Barros”, em presença do próprio ex-interventor e sua esposa, a primeira-dama do Estado, dona Leonor Mendes de Barros. Estiveram presentes, o Bispo Diocesano de Taubaté, Dom Francisco Borja do Amaral e o Mons. João José de Azevedo, Vigário Capitular da Diocese. Sob o coro dos Padres Salesianos, o frei João Crisóstomo Arns, da Ordem dos Frades Menores - O.F.M., (irmão do Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns e da saudosa cidadã honorária D. Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança), que celebrou uma missa em ação de graças, seguindo-se a inauguração do busto de Adhemar Pereira de Barros, ocasião em que o Dr. José Arthur da Motta Bicudo discursou em nome da Diretoria do Hospital.
Um trágico acontecimento, porém, estava reservado ao povo de Campos do Jordão: na madrugada do dia 29 de julho de 1945, exatamente 6 anos após o lançamento da pedra fundamental, irrompeu pavoroso incêndio que destruiu o Hospital.
A 1° de maio de 1946 era lançada a pedra fundamental das obras de reconstrução do Hospital, presentes o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, o Interventor Federal, José Carlos de Macedo Soares, Antonio Cintra Godinho, Secretário da Fazenda, o prefeito Lourival Francisco dos Santos, o Juiz de Direito, Nelson Filizola, Roberto Simonsen, Presidente da Federação das Indústrias, Monsenhor João José de Azevedo e o Dr. Adhemar Pereira de Barros.
Em 8 de dezembro de 1955, foi reinaugurada a Maternidade e Pronto Socorro do Hospital, após 10 anos de interrupção, com missa celebrada em sua Capela por Frei Getúlio Reimann, O.F.M., tendo o Monsenhor José Vita procedido a bênção das instalações.
No Jubileu de Prata, realizado em 6 de janeiro de 1964, contou com a presença do Governador do Estado de São Paulo, Dr. Adhemar Pereira de Barros e sua esposa dona Leonor Mendes de Barros, que assistiram missa celebrada pelo frei Dídimo Strunck, O.F.M. na Capela do nosocômio, ocasião em que o Governador de S. Paulo inaugurou o pavilhão superior.
Infelizmente, o referido hospital foi fechado em 2005, por diversos problemas, especialmente financeiros, sem apoio necessário das diversas autoridades governamentais. Atualmente, encontra-se praticamente abandonado.
[1] Desse modo, e com o espírito voltado serenamente para a imparcialidade, não podemos deixar de lamentar neste momento, a conduta posterior do sr. João maquinista que, após ter assumido o compromisso sagrado da doação de 60 contos para a construção do pavilhão da maternidade do Hospital, e após ter entregue ao sr. construtor duas prestações no montante de 24 (vinte e quatro contos de réis), negou-se a prosseguir na doação prometida, o que os levou à uma ação judicial. Esta, cujo “veredictum” do MM. Juiz da comarca foi favorável, transitou no tribunal, por ter o referido sr. João Maquinista recorrido do julgamento.
[2] Correio Paulistano, 24 de novembro de 1940
Primeira Missa Celebrada em Campos do Jordão
No dia 16 de fevereiro de 1879 foi celebrada a primeira missa em Campos do Jordão, no Retiro de São Matheus do Imbery, na casa de Dr. Diogo de Mendonça Pinto, pelo reverendo padre João Francisco de Siqueira Andrade, que teve faculdade concedida pela Santa Sé para levantar altar e celebrar missa em qualquer ponto do império. Graças à Providência, celebrou nesta mesma casa mais duas missas em dois domingos.
Da entrada dos Campos à Capela de São Matheus, onde já existia um núcleo de povoação com 5 prédios, além de alguns ranchos, formada pelo cidadão Matheus da Costa Pinto, que projetava construir outras habitações, engalanava-se a Vila de São Matheus do Imbiri, para uma solenidade especial: é que o Bispo diocesano da província de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, lançava a pedra fundamental da Capela de N.S. da Conceição dos Campos do Jordão. O lançamento foi anunciado por salvas de uma peça e foguetes, levantando-se nessa mesma ocasião uma cruz próxima ao lugar da capela e um grande mastro, onde içaram várias bandeiras e no topo, as bandeiras brasileira e portuguesa.
A pedra
de mármore com a inscrição 2 de fevereiro de 1879 foi oferecida pelo Sr.
Joaquim Antonio dos Santos, e encerrada dentro de uma caixa de cobre contendo o
auto, algumas moedas correntes do império, de cobre, níquel e prata, o jornal
Província de S. Paulo nº 1176 que contém uma descrição dos Campos do Jordão e
outros jornais da província de S. Paulo e alguns da Corte. O auto de lançamento
foi assignado pelas pessoas presentes. Estiveram presentes cerca de
80 pessoas.
Em 1883, Dr. Salvador Miranda doou três sinos, que ficaram pendurados em uma espécie de estaleiro erguido do lado de fora.
Em 19
de março de 1885, a capela constava apenas de um nicho, onde ficava o quadro de
São Matheus, que foi substituído por um altar, quando, então foi construído o
coro. A Capela da Saúde, foi inaugurada com o nome de Nossa Senhora da Saúde.
Anos mais tarde, a capela recebeu bem ao centro da sua fachada, uma pequena
torre que modificou bastante seu visual. Nesse mesmo local, posteriormente, foi
edificada a atual Igreja de Nossa Senhora da Saúde.
O Padre
João Francisco de Siqueira Andrade, nasceu em Jacareí, SP, no dia 15 de julho
de 1837. Seus pais: Miguel Nunes de Siqueira e Claudina Maria de Andrade. Foi
aluno do Seminário Diocesano de São Paulo onde fez seus estudos, partindo
depois para a Província de São Pedro, no Rio Grande do Sul, quando foi recebido
pelo Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeiras, e ordenado sacerdote em 08 de
dezembro de 1864.
No
tempo de seminário, já sentia a força do seu carisma: “Como estudante, a minha
grande preocupação era a educação da juventude brasileira. Decidi que depois de
ordenado, fundaria uma Casa para educar meninas pobres”.
Estuda
seriamente a situação do Brasil e conclui que o bem-estar religioso e social
depende da boa educação que se oferece ao povo.
Ao iniciar-se a Guerra da Tríplice Aliança, serve, como voluntário da Pátria, na Guerra do Paraguai, partindo para o teatro da luta, onde tornou-se capelão de 7º Batalhão de Voluntários da Pátria e ao regressar, buscando alívio para a tuberculose, vem a Petrópolis. Sua débil constituição física não lhe permitira ficar por muito tempo no desempenho de suas funções religiosas. Doente, já atacado pela tuberculose, voltou à terra natal, vindo em seguida viver na Corte, sendo acolhido por D. Ana Leocádia da Cunha Moreira Guimarães, que vivia gostosamente em sua chácara nas Laranjeiras.
Diante
da orfandade, fruto da guerra, do sofrimento e da miséria a que estavam
expostas, principalmente as meninas, diante do desprezo pela educação da mulher
e dos primeiros anúncios sobre a emancipação dos escravos, em 1866, trazendo
outras urgências para a nação quanto ao trabalho livre, Padre Siqueira vê nos
acontecimentos o apelo de Deus e a hora de iniciar sua Obra de educação.
Escreve
seu projeto de educação e o apresenta ao Imperador Dom Pedro II, em 15 de julho
de 1868 e dois meses depois, ao dar aprovação, o Monarca acrescenta que a ideia
era boa e humanitária, porém dificílima. Posterior a aprovação do projeto,
seguiu buscando recursos em todo o estado para edificação da escola. Em 1871
inaugura a Escola Doméstica de Nossa Senhora do Amparo. Ele fundou, com muita
luta, a primeira escola para mulheres do Brasil, ideia tão abençoada pelo céu e
acolhida de almas filantrópicas, que ele já conseguira arrecadar mais de 300
contos de réis, e construir em Petrópolis um grande edifício por concluir,
tendo já para sua sustentação um patrimônio de cerca de 100 contos de réis, e
onde na época se educaram 40 e tantas desvalidas e esperava em breve com
auxílio de pessoas caridosas elevar ao número de 300, como tudo colheram de seu
relatório.
Consta
que essa instituição se achava adaptada ao preenchimento do seu duplo destino,
podendo logo irem lá se prover o Estado de verdadeiras mestras, e as famílias
de criadas devidamente instruídas e morigeradas.
Hoje, a
Escola Doméstica Cecília Monteiro de Barros, exerce em Barra Mansa RJ, sua
função evangelizadora e educativa diretamente com a classe pobre. Funciona em
regime de semi-internato e externato, mantendo os cursos de Educação Infantil
até a 4ª série do Ensino Fundamental.
Inicia
suas grandes peregrinações pelas fazendas do interior do Rio de Janeiro, Minas
e São Paulo. Fraco, andando a cavalo, exposto ao sol e à chuva, às tempestades,
a crítica e violência, nunca cedeu ao desânimo. “Caminharei de rua em rua, de
casa em casa, até percorrer a cidade toda… com ânimo, disposto a aceitar, em
nome de Deus, qualquer escola que me queira dar”. (Pe. Siqueira – Jornal
Mercantil, em 05/05/1875)
Padre
Siqueira tinha consciência da missão que recebera de Deus. “É justo que tendo
feito o voto mais firme de minha existência em prol da infância desvalida e me
consagrado ao bem da Igreja e da nossa Pátria, use de toda a franqueza para com
o público, confessando diante de Deus, a quem nada se oculta, a sinceridade e a
abnegação com que trabalho, embora o último selo desta declaração seja uma
propriedade de futuro, juiz infalível e implacável do passado. Longe de mim a
presunção de alguma virtude extraordinária.
Oh! Bem
sei que o meu espinhoso caminho está há muito traçado pela mão da Providência,
e que não é outro senão o da humildade e da resignação. Na verdade, compreendo
bem a responsabilidade que tenho assumido.
Porém é
também certo que, há muito tempo, não vivo mais para mim, e que todos os
sacrifícios por que possa ainda passar estão de antemão oferecidos a Deus no
altar da caridade”. Pe. Siqueira – Jornal Mercantil, em 05/05/1875).
O Reverendo Padre João Francisco de Siqueira Andrade gozava de nomeada
principalmente na província de São Paulo e nas do Rio de Janeiro e Minas. Como
esses vultos históricos, que sob inspiração providencial, se levantam da
obscuridade a fulgidos destinos, esse digno sacerdote sentindo-se, desde que se
lhe desabrochou a razão, com vocação a devotar-se ao bem da humanidade, ao
saber que a “fala do trono” recomendara a emancipação do ventre escravo, tomou
a peito peregrinar pelas referidas três províncias a fim de, com o obulo da
caridade, erguer um asilo de meninas pobres, onde se instruíssem e adestrassem
as funções do magistério primário e ao serviço doméstico.
O
mencionado sacerdote dirigiu-se aos Campos do Jordão em busca de seu
restabelecimento de seus incômodos, que felizmente não passaram de cansaço por
trabalhos a que por admirável abnegação de si próprio, se tinha entregue há
anos para levar a efeito a sua grande obra humanitária.
Graças à Providência ele se fortaleceu de tal sorte que contava celebrar na dita casa, missa em mais dois domingos, e retirar-se a 03 de março de 1879.
Fontes:
Breves
Café:
http://brevescafe.net/mdbarros_escola.html
Congregação
das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo:
http://www.franciscanasdoamparo.org.br/fundadores/
Resgates
Petropolitanos:
http://ihp.org.br/26072015/lib_ihp/docs/fjrv20120730t.htm
Jornal
“O Apóstolo” Anos: 1866-1901
Os Puris da Mantiqueira
Com abertura do Caminho Novo em 1727-85, ligando as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, para por ela conduzir os quintos de ouro provenientes de Cuiabá, a salvo da ação de piratas, os puris começaram a buscar proteção no território entre o rio Paraíba e a Serra da Mantiqueira paulista e fluminense. A onda povoadora do caminho Novo, no trecho entre Lorena (então vila da Piedade) e São Marcos (hoje submersa por represa do Ribeirão das Lajes), obrigou os índios em foco a se embrenharem, gradativamente na Mantiqueira paulista e fluminense, onde vão ser alcançados pelo Ciclo do Café no Vale do Paraíba.
Os indígenas do Vale do Paraíba entraram em contato com o homem branco acerca do ano de 1587, na exploração comandada por Domingos Luis Grou, uma das primeiras expedições a percorrer o Vale. Porém, em 1562, já existem escassos registros dos índios Puris próximos às margens do Rio Paraíba do Sul. Uma reunião na Câmara de São Paulo, no ano de 1591, refere-se à presença de "gente, no Paraíba, e Guaramirins e os índios do sertão. Os índios Puris habitaram grande parte do Vale do Paraíba, iniciando seus relatos em São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Guaratinguetá, Lorena, Canas, Cachoeira Paulista, Bananal e chegando a áreas de Minas Gerais e Rio de Janeiro em Angra dos Reis. Os Puris tiveram seus grupos distribuídos desde o Rio Paraíba até o Espírito Santo.
O território do Vale do Paraíba era habitado por tapuias, entre os quais se mencionam os maromonis, puris, temiminós e, talvez também os guaianazes e tamoios. Os índios puris habitaram grande parte do Vale do Paraíba, concentrando-se principalmente entre as Serras do Mar e da Mantiqueira, entre os caminhos Velho e Novo do Rio de Janeiro para Minas Gerais: Caminho Velho balizado por Parati-Cunha-Lorena-Garganta do Embau-Minas. Caminho Novo balizado pelo Rio de Janeiro-Paraíba do Sul- Minas. Esse lado da Mantiqueira foi frequentado pelos índios Puris, do Vale do Paraíba; pelos Cataguazes, que vinham do Sul de Minas e também pelos caetés, vindos do Vale do Sapucaí. Nessa região, é bom lembrar, está a Pedra do Baú, que, ao contrário da versão que corre sobre seu nome, por parecer um baú, chamava-se anteriormente Embaú, que em tupi quer dizer pedra da vigia. Entre as várias gargantas da região duas possuem interesse histórico – a do Rio Buquira e a do Piracuama, utilizadas pelas bandeiras para alcançar Minas Gerais, especialmente a região aurífera de Itajiba.
Otávio Bitencourt, historiador, escrevia sobre índios, de forma afirmativa, junto às bandeiras que subiram a serra em direção à região aurífera de Minas. Esta expedição saíra do Rio de Janeiro em 14 de outubro de 1597, foi à Paraty, seguiu pela Serra de Paranapiacaba, Serra do Mar, ganhou os Campos de Cunha, passou pelas nascentes do Paraibuna e alcançou o rio Paraíba, provavelmente na altura de Taubaté. Identificado pelo historiador Orville Derby, este roteiro sugeria que a expedição subiu a Serra da Mantiqueira possivelmente por dois caminhos: pelo Vale do Buquira ou pela garganta do Piracuama, através dos quais, de qualquer forma, teria de alcançar o Alto do Sapucaí e passar inevitavelmente por Campos do Jordão.
Seja pela proximidade geográfica ou pela entrada das bandeiras em direção às Minas, os índios estiveram presentes em Campos do Jordão. Não se justifica a versão de que os índios tiveram evitado a região por causa do frio ou da altitude. Os índios Puris frequentavam regiões altas e frias próximas ao município, conforme relatado nos “Diários de Viagem” de Antônio Knivet, que rememorou a expedição de Martim Corrêa de Sá, em 1530.
A atual Campos do Jordão teve uma marcante presença indígena. Eram índios Puris, Caetés, Guarulhos e Cataguás, que deixaram suas marcas na cultura e principalmente nos nomes de diversos locais como a própria Serra da Mantiqueira, as Vilas Capivari e Jaguaribe, os rios Sapucaí e Canhambora, dentre outros tantos.
Morador de Campos do Jordão, Dino Godoy contou que em 1918 chegou a ver índios no Pico do Itapeva. Eles faziam barracas, andavam nus e possuíam cabelos compridos. Faziam flechas de palmito. Eram homens, mulheres e crianças. Outro morador, Paulo Reis da Cunha, depôs que no Charco, antes de São Francisco dos Campos, encontrou um cemitério de índios. Havia em média 100 covas e quando ali recavou encontrou os ossos. O cemitério tem 400 metros quadrados, em lomba limpa, onde colocaram um cruzeiro. Moradores do local encontraram apetrechos indígenas no local. O cemitério acha-se ao lado do Córrego Quente, na Fazenda do Charco.
No Bairro Renópolis, município de Santo Antônio do Pinhal, pela primeira vez, uma família japonesa chegou à colônia em 1929, e com o cultivo da terra, em serviços de terraplanagem, encontraram machadinhas, bodoques, cuias e pilões, todos artefatos Indígenas e ainda hoje conservados por alguns dos descendentes dos primeiros japoneses. No centro urbano da cidade também foram encontrados outros artefatos, comprovando, assim, a passagem dos índios pela região. Os indígenas que percorriam a região, considerados nômades, deixaram suas marcas, o que foi constatado no quilometro 10 da SP – 123.
Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, que esteve em Campos do Jordão em 1703, não foi o primeiro homem que pisou terras jordanenses.
O temperamento dos índios Puris, segundo alguns historiadores, era calmo, apático e conformado com sua condição, porém quando enfurecidos, tornavam-se vingativos, não esquecendo uma ofensa.
Possuíam estatura baixa, rosto largo, nariz curto, dentes magníficos, olhos oblíquos. Tinham braços musculosos, pelo de coloração acobreada, cabelos negros e grossos, compridos e abundantes.
Plantavam, em pequena escala, fava mangalês, batata-doce, banana e milho. Utilizavam também em sua alimentação, cará branco, mandioca e abóbora que comiam crus ou cozidos. Apreciavam o araçá, ananás, abacaxi, goiaba, mamão e coco de vários tipos, sendo a banana, considerada por eles, fruta nobre. Para eles, o mel representava saboroso alimento. Usavam uma cuia, feita de certos frutos silvestres secos, como a cuité, a cabaça e postados de cócoras, faziam suas refeições. Da caça e da pesca dependia quase que totalmente sua sobrevivência. Como técnica de pescaria utilizavam o cipó chamado "Timbó" que, eles embebedavam o peixe. Usavam um tipo de balaio com tampa e dispositivo para desarmar quando o peixe entrava em seu interior. Possuíam um método incomum de pescar, que consistia em amarrar algumas minhocas na ponta de uma linha (trazidas pelos aventureiros) e joga-las dentro d'água. Ao sentirem que o peixe engoliu a isca, puxavam a linha de repente e, com ela, vinha o peixe. A caça também era abundante, nessas paragens como: anta, capivara, paca e outros animais silvestres, sem contar com a grande variedade de aves; muitas vezes, nem as levava ao fogo, comendo-as cruas.
A dança era um dos divertimentos favoritos dos Puris e a eles era reputada a fama de grandes dançarinos. Suas danças eram acompanhadas de cantigas que produziam um "alarido infernal", executadas por um grupo de cinco índios; o ritmo variava segundo a finalidade. As danças religiosas eram realizadas em louvor ao "Sol" e aos "Astros", de preferência as "Estrelas".
Fontes:
LINO, Maurício de Souza. Os Puris da Mantiqueira. 2016. Disponível em: <https://www.clubedeautores.com.br/backstage/my_books/published>. Acesso em: 24 dez. 2016.
FILHO, Pedro Paulo. História de Campos do Jordão, 1986
O Trem da Serra
Entrementes, baseado nas teorias de Adam Smith, o sistema capitalista consolida-se com a já citada Revolução Industrial, a qual ajuda a acentuar a ideia da economia de mercado, relacionada com a produção exclusivamente em função do mesmo mercado, propriedade privada e trabalho assalariado. De acordo com a análise das professoras Vera Vilhena de Toledo, Maria Odette Brancatelli e Helena Lopes, o século XIX “foi, por excelência, o século de afirmação do sistema capitalista e da ferrovia”. A ferrovia, atendendo às características do capitalismo, foi um “investimento rentável porque permitiu maior precisão no horário e encurtou as distâncias, barateando o custo dos transportes”. Com o “boom” ferroviário na Europa, que proporcionou lucros vultosos para os acionistas das diversas companhias de estradas de ferro, bem como para seus respectivos governos, o modelo de transporte por via férrea é exportado para as nações periféricas, subdesenvolvidas, exclusivamente agrícolas ou meras colônias. Com isso, os capitalistas almejavam – e conseguiram – aumentar ainda mais os seus lucros, explorando mão de obra barata, além de usufruir de privilégios concedidos por governos onde se instalassem as ferrovias.
No Brasil, a implantação da ferrovia coube à iniciativa do empresário Irineu Evangelista de Souza, posteriormente agraciado pelo Império com os títulos de Barão e Visconde de Mauá, ainda que atuando em conjunto com investidores estrangeiros. A estrada de ferro, porém, chegava um pouco tarde, pois em 1854, quando Mauá inaugura a Imperial Companhia de Estrada de Ferro de Petrópolis, com a viagem da “Baroneza”, países como Argentina, México, Peru, Chile e, até Cuba, então colônia da Espanha, já construíam suas respectivas ferrovias e os EUA já haviam construído mais de 14 mil quilômetros de caminhos férreos. Mesmo assim, o sistema ferroviário no Brasil alavancou, atendendo a diversos interesses de grupos como o dos fazendeiros, que desejavam o rápido escoamento de sua produção, principalmente o café; o dos políticos, que apoiavam a construção de ferrovias nas suas províncias, almejando apoio e prestígio e, particularmente o dos acionistas, tanto nacionais, no caso, Mauá, como de estrangeiros, que esperavam um retorno rápido com a garantia de juros concedida pelas autoridades. Investidores ingleses, franceses, belgas, alemães, etc, obtiveram lucros astronômicos com o sucesso do sistema ferroviário. Sendo assim, várias estradas de ferro foram construídas no Brasil, entre o final do Império e o início da República, como a E.F. Pedro II, a E.F Santos-Jundiaí, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, a Minas and Rio Railway, a E.F. São Paulo-Rio de Janeiro, etc. Quando o Governo Republicano se consolida, a E.F. Pedro II e a São Paulo-Rio são unificadas, formando a Central do Brasil, enquanto que a Minas and Rio passa a integrar a Rede Sul-Mineira, mais tarde Rede Mineira de Viação.
Todavia, se por um lado a ferrovia dinamizou o transporte de mercadorias, ela garantiu também aos acionistas e ao Estado um sucesso com o transporte de passageiros, que viam no trem o símbolo e a imagem do progresso e civilização, comparando-se com a Europa, no que diz respeito a então chamada “belle epoque”. Algumas localidades, no entanto ficaram sem a presença redentora e fascinante da ferrovia, sendo que poucas conseguiram seus próprios ramais, hoje extintos quase que totalmente. No Vale do Paraíba, em especial no trecho paulista foram construídos ramais ou estradas que se entroncavam com a Central do Brasil, ligando-a com cidades distantes do eixo ferroviário principal. É o caso de Bananal, que com a Estrada de Ferro Bananalense, construída pelos senhores do café, ligava a então capital econômica do Império a Estação da Saudade, no município fluminense de Barra Mansa, entroncando-se com a Estrada de Ferro Pedro II (Central do Brasil). Antes de Bananal, que inaugurara sua ferrovia em 1889, é inaugurada a Estrada de Ferro Minas and Rio Railway, a qual tinha início na Vila do Cruzeiro (cuja sede era então no Embaú), em terras da Fazenda Boa Vista, de propriedade de Manoel de Freitas Novaes, fazendo entroncamento com a “Pedro II” no Km 252. Na realidade, trata-se de uma nova estrada e, não apenas de um ramal, pois após 170 km de percurso, atinge o ponto final na cidade de Três Corações em Minas Gerais. E temos também mais dois exemplos: O Ramal de Benfica, ligando Lorena a Piquete e a Estrada de Ferro Campos do Jordão. Algumas cidades tiveram seus projetos de construção para integrarem-se no eixo férreo entre o Rio de Janeiro e São Paulo, o que não se concretizou devido ao fracasso dos planos, conforme abordamos no já citado artigo anterior. Para termos uma ideia da exclusão da ferrovia em determinadas regiões, citemos o caso da transferência da sede municipal em Cruzeiro em 1901 e, na decadência do Vale Histórico com as suas “Cidades Mortas” parafraseando aqui o ilustre escritor Monteiro Lobato, mesmo Bananal já estar inserida no sistema ferroviário, como mencionado anteriormente.
Entretanto, se por um lado majoritário, o sistema ferroviário atendeu às necessidades econômicas, representadas no caso ora estudado, pelo café que, segundo Hilton Federici, “ampliou a necessidade de melhores condições de circulação de bens e mercadorias”, por outro em pequena escala atendeu a outras funções, como a de transportar doentes para regiões de clima propício à saúde humana. Para ilustrar esse exemplo, citemos a Estrada de Ferro Campos do Jordão, citada acima, que liga a cidade de Pindamonhangaba à região serrana. Segundo a análise de Acrilson de Carvalho e Levy Tenório da Costa, os planos para essa via férrea remontam ao ano de 1892, quando chegou a ser constituída uma empresa para gerenciar as obras, sem apresentar nenhum resultado positivo. Apesar de São José dos Campos ser considerada na época, cidade de clima saudável para o tratamento de doenças pulmonares, principalmente a tuberculose, Campos do Jordão, acabou por arrebatar-lhe, em pouco tempo, seu status. No ano de 1911, o cidadão Emílio Marcondes Ribas, renomado médico sanitarista, famoso pela descoberta do método de transmissão da febre amarela, lança uma campanha em prol da retomada da ideia de uma ferrovia, de Pindamonhangaba a Campos do Jordão, então Distrito de Jaguaribe, pertencente ao Município de São Bento do Sapucaí. Mesmo prosseguindo os estudos sobre a tuberculose e a lepra, o médico Emílio Ribas renova os esforços para a tão almejada estrada de ferro, sendo auxiliado por outro colega da medicina, o Dr.Vitor Godinho. Ambos alcançam êxito quando a Câmara Municipal de Pindamonhangaba concede autorização para o referido empreendimento. Logo em seguida, conseguem também a autorização do Congresso Estadual para levarem os trilhos até a futura Campos do Jordão. Aproveitemos o espaço para explicar ao leitor que até 1930, as Assembléias Estaduais eram bicamerais, isto é, cada Estado possuía a Câmara dos Deputados Estaduais e, também do Senado Estadual, idêntico ao Congresso Nacional. Tal sistema legislativo nos Estados iniciou-se com o período republicano, chegando ao seu epílogo com a Revolução de 1930, a qual levou Getúlio Vargas ao Catete. Retornando à ferrovia, conferimos que, ainda em 1911 é elaborado o projeto inicial para a obra, por Mário Roxo, projeto esse que seria alterado, no entanto, pela Lei Estadual, de n° 1.265-A, datada de 28 de outubro de 1911. No dia 27 de abril de 1912, durante cerimônia pública, realizada com a presença de altos dignatários do Estado de São Paulo e do Município de Pindamonhangaba, é fincada a estaca inicial do traçado ferroviário. Porém, as obras só começam efetivamente em outubro de 1912, pois o empreiteiro português, Sebastião de Oliveira Damas, contratado no Velho Mundo, exclusivamente para o referido projeto, assinou o contrato no mês de julho.
Sendo assim, as obras para a concretização do ideal de Emílio Marcondes Ribas, duram, aproximadamente dois anos, sendo orientado pelo engenheiro Antônio Prudente de Morais, sendo por sua vez auxiliado, pelos também engenheiros José Antônio Salgado e Guilherme Winther. No dia 15 de novembro de 1914, finalmente é inaugurada a ferrovia com a viagem na locomotiva “Prudente de Morais”. Movida a vapor, a referida composição parte de Pindamonhangaba, no entroncamento com a Central do Brasil, e após percorrer 47 km chega ao seu destino, em meio à enormes festividades. Em obra conceituada, as professoras Vera Vilhena de Toledo, Maria Odete Brancatelli e Helena Lopes afirmam que as festas populares que eram realizadas com a chegada do trem simbolizavam o progresso e crescimento das cidades, pois com a inauguração dos caminhos de ferro “desenvolveram-se oficinas de reparo de material ferroviário, hotéis, armazéns”, etc. Também surgiram “quarteirões industriais e bairros proletários junto às estações e às margens dos trilhos. As estações também criaram ou atraíram os centros comerciais”. Mesmo sendo um transporte para doentes pulmonares, a chegada dos trilhos à futura “Suíça” brasileira impulsionou atividades econômicas, em particular, a comercial que, mais tarde alavancaria o turismo, como iremos mencionar adiante. Nesse ínterim, o primeiro diretor da nova ferrovia, foi o engenheiro José Mascarenhas Neves, segundo a análise de Acrilson de Carvalho e Levy Tenório da Costa que afirmam também que, inicialmente “o tráfego era feito com três locomotivas a vapor, dois automóveis (sic.) e trinta vagões”. Os autores João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo afirmam por sua vez que a ferrovia era operada inicialmente por apenas duas locomotivas, a Piracuama e a Catarina, ambas movidas a vapor. Porém, pouco tempo após a inauguração, a Estrada de Ferro Campos do Jordão passou a enfrentar dificuldades financeiras, sendo por isso encampada pelo Estado, através da Lei n°1.486, de 15 de dezembro de 1915, iniciando, então alguns projetos de melhoria e modernização. Em 1916, por exemplo, as locomotivas a vapor foram substituídos por composições impulsionadas a gasolina. Outra transformação ocorre através da Lei n°1.940, datada de 21 de dezembro de 1922, com a eletrificação de todo o percurso férreo, o qual foi solenemente inaugurado em dezembro de 1924 com a presença de Carlos de Campos, Presidente do Estado de São Paulo. Com a eletrificação, as locomotivas movidas a gasolina, são substituídas, de acordo com João Emílio Gerodetti e Carlos Cornejo, por “automotrizes elétricas e posteriormente pelos bondes que vieram do extinto Tramway do Guarujá, que trafegam na Estrada de Ferro Campos do Jordão até hoje”. Conhecida, no início, pejorativamente como “trem dos tuberculosos”, a ferrovia realizava o seu trajeto, com o trem partindo da Estação de Pindamonhangaba, no entroncamento com a Estrada de Ferro Central do Brasil, como já afirmamos acima; percorria 47 Km até o seu destino, na antiga Estação Campos do Jordão, atualmente denominada Abernéssia. Desse ponto em diante, havia um ramal exclusivo para o bairro de Sanatórios que, como o próprio nome diz, indicava o local dos estabelecimentos médicos para os doentes; na década de 1940, o local contava com aproximadamente 14 desses estabelecimentos, além de pensões que hospedavam enfermos à espera de vagas. Com a mencionada eletrificação, os trilhos chegam até a Estação Emílio Ribas, atual Capivari. Um fato curioso é o nome “Abnérssia” que, segundo Gerodetti e Cornejo, é derivado “da junção de partes das palavras Aberdeen, Inverness e Escócia, regiões de origem de dois cidadãos escoceses, filho e pai, dentre as primeiras pessoas que ali residiram”. Até o final da década de 1940, a ferrovia que, além da função inicial passou a transportar passageiros comuns, transitava entre Pindamonhangaba e Campos do Jordão, passando por 27 estações entre grandes e pequenas. Além da Estação da Central haviam a Mombaça, Cerâmica São Geraldo, Agente Hely, Expedicionária, Quilômetro 16, Quilômetro 18, Pedreira da Estrada, Piracuama, Quilômetro 25, Eugênio Lefréve (em Santo Antônio do Pinhal ), Pagé, Renópolis, Quilômetro 33, Quilômetro 34, Sapé, Gavião Gonzaga, Cacique – este o ponto culminante de todas as ferrovias do Brasil, a 1.743 metros de altitude - , Toriba, São Cristóvão, Sanatórios, Fracalanza, Campos do Jordão (Abernéssia), Jaguaribe, Grande Hotel, Damas e Emílio Ribas ( Capivari). Entre os anos de 1922 e 1924, é construído um prédio para abrigar os escritórios da administração da EFCJ, próximo à Estação da Central em Pindamonhangaba. Tal edifício passou a funcionar como estação única da EFCJ, a partir de 1971, com a decadência dos trens da Central entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Contudo, a partir da década de 1950, com o avanço da medicina para a cura das moléstias pulmonares, como a já citada tuberculose, o fator do clima puro e saudável deixou de ser condição sine-quanon para o pleno restabelecimento da saúde. A cidade de São José dos Campos há muito deixara de ser considerada para tal e, em Campos do Jordão, as clínicas, hospitais e pensões foram sendo fechadas gradativamente. A cidade, porém, diversificou a sua função, buscando – e conseguindo – no turismo a receita de seu sucesso, tornando-se um dos principais centros turísticos e de lazer não só do Estado de São Paulo, mas de todo o Brasil. Com a mudança ocorrida, a ferrovia sobreviveu à extinção de sua função primordial e, nas mãos do Governo do Estado de São Paulo desde 1915, passou a ser administrada pela Secretária de Esportes e Turismo, tornando-se uma empresa rentável e eficiente, mesmo com o fim dos trens regulares de passageiros no Brasil. Com a atividade exclusiva turística, a EFCJ escapou do período hediondo das privatizações no setor ferroviário da década de 1990 e, atualmente a viagem em finais de semana e feriados é realizada com litorinas de luxo, incluindo serviço de bordo e um guia para informações históricas e geográficas. Em todo o percurso, o Trem da Serra faz somente duas paradas, sendo a primeira em Piracuama, no Reino das Águas Claras e a segunda em Santo Antônio do Pinhal; dessa cidade parte um circuito especial de ida e volta a Campos do Jordão. Na área urbana de Campos do Jordão a EFCJ, opera o serviço de bondes que fazem o trajeto ligando as estações de São Cristóvão, Abernéssia, Jaguaribe e Capivari. O sucesso da Estrada de Ferro Campos do Jordão, como empresa volta à exploração do turismo e administrada pelo Estado é prova de que a atividade turística deveria ser impulsionada, principalmente onde existem fatores propícios para isso. No caso do turismo ferroviário, no Vale do Paraíba, poderíamos citar, por exemplo, a reativação do trecho principal Rio-São Paulo e, através de Cruzeiro, o Sul de Minas Gerais, aproveitando o potencial do turismo religioso proporcionado pelas cidades de Aparecida, Guaratinguetá e Cachoeira Paulista.
Fontes:
CARVALHO e COSTA, Acrilson de e Levy Tenório da. A Ferrovia no Vale do Paraíba. Opulência e Decadência. Trabalho de Graduação em História pela UNIVAP. Edição mimeografada. São José dos Campos, 1996.
FEDERICI, Hilton. História de Cruzeiro. Vol.II. Da instalação do Município até a transferência da sua sede (1873-1901). Academia Campinense de Letras. Campinas, 1979.
GERODETTI e CORNEJO, João Emílio e Carlos. As Ferrovias do Brasil, nos Cartões-Postais e Álbuns de Lembrança. Solaris Edições Culturais. São Paulo, 2005.
SOBRINHO, Alves Motta. A Civilização do Café. Editora Brasiliense. São Paulo, 1978.
TOLEDO, BRANCATELLI e LOPES, Vera Vilhena de, Maria Odette e Helena. A Riqueza nos Trilhos. História das ferrovias no Brasil. Editora Moderna. São Paulo, 1998.
INTERNET:
http://redescobrindoovale.blogspot.com.br/search?updated-max=2016-09-07T17:05:00-07:00&max-results=7&start=13&by-date=false
Matheus da Costa Pinto e o Caso do Hotel Imbery
A estrada, partindo da Freguezia do Imbery, do Hotel nos Campos, vinha entroncar-se, no alto da Serra da Mantiqueira, na estrada de Pindamonhangaba a São Bento do Sapucahy-Mirim, numa extensão de 16.450 metros. O seu leito tinha uma largura viável de 3 metros e uma declividade que admitia trânsito de trolys. Era uma necessidade palpitante a fatura de uma estrada para aquelas paragens, graças aos esforços da distinta comissão composta dos cavalheiros: Joaquim Gomes leitão, Dr. Antonio Pereira da Silva Barros e Matheus da Costa Pinto, comissão esta que soube desempenhar brilhantemente o cargo para o qual fora nomeada.
Já não era mais uma dificuldade se ir visitar os belos Campos do Jordão, gozar da amenidade de seu excelente clima. Executados os reparos que necessitava a estrada do troly de Pindamonhangaba à Serra da Mantiqueira, em 5 horas de viagem, partindo de Pindamonhangaba de troly, chegava-se aos Campos do Jordão com a máxima facilidade.
A viagem, a partir de Pindamonhangaba, fazia-se a cavalo, de troly ou em liteira. Na raiz da serra havia bons cômodos para descansar ou pernoitar, seguindo daí a estrada para os Campos, ultimamente reconstruída pela superintendência de obras públicas de São Paulo, nas melhores condições de trânsito.
Os srs. Vicente Judice e Araújo & irmão em Pindamonhangaba prestam-se obsequiosamente a mandar buscar a condução e dar as informações necessárias.
Invejáveis dotes o adornaram, e justificaram plenamente a sua bem merecida popularidade de que gozou em Pindamonhangaba, São Bento do Sapucaí e na numerosa população do bairro do Baú.
Sua vida fora longa prova de grandeza d’alma e de extrema bondade de seu coração até para com os seus mais pronunciados adversários.
Quando se tratava de favores ou benefícios, Matheus da Costa Pinto não fazia distinção entre o rico e o pobre: entre o homem livre e o escravo: entre o amigo e o adversário; a todos estendia paternal solicitude, prezando-se de seu fino trato, amabilidades e generosidades; sendo franca, desinteressada e desvelada a hospitalidade em suas três casas das fazendas do Humaitá, Baú, e de Campos com todos os transeuntes.
De entre as inequívocas e abundantes provas de seu gênio serviçal, benfazejo e caridoso, socorreram dos seguintes fatos: em relação a infância, institui em 1872, e manteve à sua custa no bairro do Baú uma escola de Primeiras Letras com a admissão gratuita de alunos, fornecendo a estes os utensílios precisos; e ao professor, casa, mobília e ordenado. A fruição de tão precioso benefício afluiu numerosos meninos.
Essa escola viveu na obscuridade do lugarejo a que tão proveitosa fora, e desapareceu após 3 anos de existência pela retirada do seu professor, não restando senão encômios traçados pelas hábeis penas do Sr. Dr. Bulcão, então juiz de órfãos, e do distinto literato português Sr. Dr. Raposo d’Almeida que conjuntamente com o reverendo Sr. Padre Miné, e finado engenheiro Trigo de Loureiro que a seu convite procederam a exame.
No ano 1874, diligenciou a fundação de outra instituição igual que foi de efêmera exigência pelo abandono em que, seduzido por outas ambições, o professor Sr. Fortunato de Paula Campos a deixou. E no princípio do ano de 1875, instalou nova escola de Instrução Primária, para a infância de dia, e para adultos à noite, a que anexou uma aula para criação de uma banda de música, ambas ao cargo do Sr. José Gomes Coutinho que recebia de Matheus da Costa Pinto, sustento e casa.
Em relação a enfermos ainda não eram conhecidos na província nem de nome estes Campos, e já Matheus da Costa Pinto se fazia o extremoso pai desses infelizes, posto que, raros que começavam a demandar tão abençoado clima. De então para cá numerosas foram as vítimas das afecções pulmonares que a sua caridosa hospitalidade há acolhido, por vezes até no adio de sua família: triste e perigosa tarefa, em que inspirada nos exemplos de seu chefe, tanto ela se tem distinguido, e se recomendado ao reconhecimento das almas nobres.
Desses enfermos alguns recuperaram a saúde, outros em estado desesperado infelizmente sucumbiram; e alguns nos próprios braços de Matheus da Costa Pinto. Entre os segundos ocorreu-se os finados dr. Avelino de Freitas, de Niterói; o pardo Luiz, escravo do Sr. José Francisco Marcondes Machado, Antonio Pereira de Souza Guimarães, português; Antonio Carlos de Almeida, do Maranhão; Francisco Correa leite, de Pindamonhangaba e José Gonçalves Guimarães, português.
Também foi geralmente sabido que o Hotel Imbery deste retiro, teve hospedado por longo tempo, e muito frequentemente hóspedes por pessoas tanto doentes, como sadias, e tanto de suas relações de como desconhecidas e desvalidas, com ordem de não lhes apresentar a conta das despesas, por correrem elas a seu cargo.
Para que os enfermos contassem com moradia a seu cômodo, e nas condições higiênicas requeridas, Matheus da Costa Pinto mandou construir um vasto prédio para o Hotel, o que não foi propriamente especulação mercantil; nunca teve Hotel; desde o começo o prédio achou-se entregue a outros para que, por conta e interesse próprio montassem uma empresa lucrativa, sendo-lhe mister por vezes superar dificuldades para conseguir quem se prestasse a tomá-la a si, e até servir de fiador a compras de objetos precisos. Os lucros, pois, couberam a tais empresários. Para protegê-los o prédio nunca lhes foi alugado: o aluguel quase que absorveria os lucros.
A maior afluência de hóspedes foi no estio: nas outras estações poderia dizer que o hotel se fechava; vivendo então o hoteleiro de outros recursos. Por isso, Matheus da Costa Pinto se contentara de exigir como indenização do alto dispêndio um tanto por cada hóspede. Mas o termo médio destes ainda durante o estio não excedia a 3 ou 4; de sorte que o rendimento não se podia calcular nem em 4% anuais do capital empregado.
Haveria quem razoavelmente pretendesse a redução por que os inquilinos padeciam dos pulmões? As suas várias casas pequenas e cobertas de palha, sempre foram habitadas por pessoas pobres e sem pagamento algum.
Para conforto dos doentes, e socorros espirituais da igreja, Matheus da Costa Pinto erigiu uma capela com considerável dispêndio por insuficiência dos donativos agenciados.
Sem dúvida por interesse, para cômodos dos doentes, construiu algumas casas que por muitas vezes as tivera cedido grátis. É verdade que quando alugadas, as tinham sido por preços altos; mas atendendo a que era somente na curta estação do estio que em regra se apresentavam alugadores, suporiam indubitavelmente que os capitais a elas aplicados, igualmente não alcançariam os juros da lei.
A princípio, e por muito tempo, as vacas de leite que lhe pertenciam foram cedidas a todos gratuitamente; e se mais tarde desapareceu esse uso, proveio da grande mortalidade dos bezerros a correspondente prejuízo, resultante do indevido tratamento deles.
Não há quem não saiba que das avultadas somas desembolsadas, e que tanto foram aproveitadas aos enfermos, Matheus da Costa Pinto não colheu senão prejuízos, e em reconhecimento a recentes agressões.
Pelo que respeita aos habitantes dos Campos, se houve um lugar de geral expansão da caridade cristã, foi este.
Uma denúncia: o Sr. Dr. Samuel Aguiar Figueiredo retirou-se dos Campos muitos meses depois de ficar órfão de mãe, na absoluta ignorância de sua infelicidade, que logo chegou ao conhecimento de todos; por que todos a porfia, em atenção ao seu grave estado de saúde, curaram de guardar inviolável segredo sob as esmeradas cautelas que requer povoação habitada também por escravos, camaradas e criados.
Todos conheceram estas paragens que, segundo se via, houve um único responsável por tudo, e esse foi Matheus da Costa Pinto. Ignoraram que no Hotel pelo habitual fornecimento em tais casas incluindo o leite, cada hóspede pagava a diária de 4$000; se isto seria cobrar o ar que respiravam, não coube a responsabilidade a Matheus da Costa Pinto que nunca teve Hotel.
Ignoraram mais, que a distância de uma légua houve do hotel do Salto, para onde apelaram, e do qual só tinham ouvido dos elogios ao proprietário, o estimável Sr. Nicoláo Arede Tavares, e a sua tão caridosa e hospitaleira família.
A prova de que não foi mister dispor de colossal fortuna para viver neste lugar, é que não esteve povoado de Cresos, e que nem foram Cresos os que para ali vinham, antes na máxima parte foram pessoas destituídas de fortuna; de que foi exemplo o finado padrasto do ilustre deputado Sr. Muniz de Souza, por Matheus da Costa Pinto, tão obsequiado.
Esse senhor afirmara que Matheus da Costa Pinto impôs vexames a aqueles que queriam ali se estabelecer. Sua boa-fé, porém, fora esquecida. Não constou que ninguém desistisse. Tão cavalheiro, não seria capaz de vexar alguém, neste ponto não o poderia.
Consta que o Sr. Dr. Júlio, assim como o Sr. Arede Tavares franquiavam terras grátis e sem condições. Logo os adversários não tinham necessidade de se sujeitarem a cláusulas inaceitáveis.
Dissera ele que a povoação ali crescia todos os dias; e de duas uma: ou foram inverídicas as tais imposições; ou aquele mundo de outrora se compunha de pessoas que docilmente e por puro prazer se curvavam às opressões de um particular.
Mas por que tão grande celeuma contra um homem e um lugar?
Quando se decretavam providências inspiradas por louváveis intenções e essas providências vinham em nome de inculcado bem público ferir legítimos interesses de numerosas pessoas, cumpria-se dizer a verdade.
Alguém residente mais de ano por motivo ignorado, e devendo a Matheus da Costa Pinto obséquios, apresentou-se como seu pronunciado adversário, do que não fazia mistério, emprestando-lhe qualidades, e referindo a todos, fatos que o desairassem e o tornassem odioso. Apesar da publicidade de semelhante procedimento não declinaram seu nome. Souberam-lhes muitas pessoas.
Entre outros meios de prejudicá-lo que levou ali a efeito, compreendeu-se a atração a si de algumas pessoas para formação de um partido hostil; e a ideia de tomar-lhe as terras por desapropriação.
De fato, aproveitando a sua ausência, conseguiu tornar aderentes alguns indivíduos que não o conheciam. E não faltou também quem se regozijasse com a lembrança da desapropriação; contando que, por distribuição gratuita de datas, como em S. Paulo, alcançariam à custa da província, terrenos na extensão que lhes aprouvesse.
Eis a fonte primitiva das falsidades.
Ao impulso da simpatia natural pela sorte dos oprimidos, surgiram beneméritos cidadãos ambiciosos da glória de hastear também neste solo de opressão, a bandeira da liberdade.
Um deles escreveu estas informações, preferindo as aleivosias de um adversário que ali não tinha casa, à verdade que poderia ser indagada; a saber: que Matheus da Costa Pinto estabeleceu como condições aos proprietários, a quem concedeu terras, de não poderem receber hóspedes para não prejudicarem o hotel; quando diariamente os estavam recebendo sem que alguém lhes desse ainda notícia de semelhante proibição; e que, decorridos 10 anos, as casas ficariam pertencendo a Matheus da Costa Pinto: exigência da qual jamais ninguém falara. De resto, as respectivas escrituras, lavradas pelo tabelião de S. Bento pulverizaram essas invectivas que, sobre negócio em que a prova é documental, só a desfaçatez pôde forjar.
O ilustrado Sr. Dr. Clemente Ferreira que veio visitar estes campos para escrever a sua luminosa e volumosa obra sobre a Tísica, apresentada à Faculdade de Medicina da corte disse o seguinte, falando deste lugar:
“É sobretudo ao benemérito Sr. Matheus da Costa Pinto importante fazendeiro, que se devem os melhoramentos e progressos dessa esplêndida localidade. Incansável e cuidadoso, ele se tem empenhado com afã na construção de casas pitorescas, que em grande número se oferecem agora ao agasalho e acomodação de tantas pessoas, que lá vão buscar lenitivo aos seus males.
Cheio de entusiasmo pelos campos o Sr. Matheus dedica a sua vida ao engrandecimento e renome do lugar, envida seus esforços para que a confortabilidade desejável caiba aos doentes, tratando mesmo de proporciona-lhes passatempos e distrações agradáveis, que possam amenizar a vida aos que aborrecem os recessos agrestes. ”
A fácil credulidade porém de outros, apenas transeuntes, transportou além como verdades, e além da boa-fé aceitou, e pôs em obra as encrespações injuriosas daquele desafeto que ali esteve morando, forjadas para apresentar como fautor de opressões neste retiro de seu próprio dono, e aqueles que ali estiveram, que por cotidiano trato o conheceram, os supostos oprimidos, declararam bem alto: que aquele desafeto só conseguiu deslustrar os anais parlamentares daquela gloriosa província; porque felizmente um dia a luz da verdade haveria de raiar no espírito daqueles que, na Assembleia ou fora dela, puseram em circulação, com louvável intento, as falsidades da malevolência, como galardão a serviços patrióticos.
Até lá fizeram votos para que, aquele a quem as hipocrisias não iludiriam, desmoronasse os tropeços que a injustiça, e ingratidão estivesse levantando na exemplar vereda em que Matheus da Costa Pinto tinha se mantido.
A perseverar ali, não deixou de ser incentivo a alta consideração na estima que lhe votaram os homens de bem, que o conheceram; e a cujos olhos o pronunciamento hostil de alguns ilustres deputados só provaram duas coisas: - uma que não o conheceram; e outra que, sem o quererem, se fizeram servidores de alheias e gratuitas paixões odientas.
Fontes:
Correio Paulistano, 24 de abril de 1884
http://memoria.bn.br/
Imagens: Google
Prisioneiros Alemães da II Grande Guerra no Grande Hotel
Em dezembro de 1939, um luxuoso navio de turismo alemão de nome Windhuk, fugindo da perseguição da marinha inglesa que rondava a costa africana, desembarcou seus passageiros na Cidade do Cabo, disfarçou-se de navio japonês (na pintura e nas bandeiras) e, partindo do porto de Lobito, em Angola, cruzou o Atlântico e aportou em Santos com o nome falso de Santos Maru. O verdadeiro Santos Maru japonês desatracara um dia antes do porto santista, o que causou grande rebuliço entre as autoridades e na cidade.
O Brasil era então neutro no conflito. Não obstante, o Windhuk foi detido e seus 244 tripulantes impedidos de deixar o país. Passaram a morar no próprio navio, e também em pensões e hotéis santistas. Em férias forçadas, recebiam seus soldos do consulado alemão.
Em agosto de 1942, contudo, o Brasil declarou guerra ao Eixo. Pouco antes, fora divulgada a notícia de que o Windhuk seria confiscado pelo governo federal e vendido aos Estados Unidos. Os tripulantes então sabotaram a embarcação, atirando toneladas de areia, pedra e cimento nas caldeiras, o que custou a prisão de todos os tripulantes, incluindo o capitão Willy Brauer.
Os 244 prisioneiros foram encaminhados para a Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo. Porém, eram presos de guerra estrangeiros e o governo brasileiro não podia mantê-los detidos como criminosos comuns, de modo que foram instalados em prisões provisórias em Pirassununga, Bauru e Ribeirão Preto, até ficarem concluídas as obras de dois campos de concentração, um em Guaratinguetá e o outro em Pindamonhangaba.
Na Europa, os vinte e cinco mil soldados da FEB embarcados para o cenário de guerra lutavam junto dos norte-americanos contra a resistência nazista nas montanhas geladas da Itália, onde fizeram mais de vinte mil prisioneiros, especialmente com a rendição em peso da 148ª Divisão alemã em abril de 1945. Depois da vitória brasileira em Montese, os alemães da 148ª cercados em Fornovo, convencidos de que a guerra como um todo estava perdida, ademais sem comida e munição, e com mais de quatrocentos feridos sem atendimento, temiam ser entregues a um batalhão exclusivo de negros (comandados por oficiais brancos) dos norte-americanos, conhecido por sua brutalidade para com os prisioneiros, e preferiram aproveitar a oportunidade de se render aos brasileiros (que, a propósito, constituíam a única força miscigenada não oficialmente segregacionista entre as tropas aliadas). Também foi aceito o pedido alemão, nos termos de rendição, de que os italianos que compunham a força nazifascista fossem tratados como prisioneiros de guerra, pois costumavam ser fuzilados pelos italianos comunistas que integravam as tropas aliadas. Outro item do termo era de que conservassem suas medalhas de honra adquiridas em combate.
O acordo foi fechado entre brasileiros e alemães, mas um grave imprevisto quase pôs tudo a perder. Eis o que sucedeu, segundo relato do general Dionísio ao pesquisador coronel Hiram Reis e Silva:
“Combinada a rendição, cessou o fogo dos dois lados. Na manhã seguinte vieram as formações marchando garbosamente, cantando a canção Velhos Camaradas, também conhecida no nosso Exército. A cerimônia era tocante. Era até mais cordial do que o final de uma partida de futebol. Podíamos ser inimigos, mas nos respeitávamos e parecia até haver alguma afeição.
Eles vinham marchando e cada companhia colocava suas armas numa pilha, continuando em forma, e seu comandante apresentava a tropa ao oficial brasileiro que lhe destinava um local de estacionamento. Só então os comandantes alemães se desarmavam. A primeira unidade combatente a chegar foi o 36º Regimento de Infantaria da 9° Divisão Panzer Grenadier. Seguiram-se mais de 14 mil homens, na maioria alemães, da 148° Divisão de Infantaria e da Divisão Bessaglieri Itália que os acompanhava.
Entretanto houve um trágico incidente: um nosso soldado, num impulso de momento, não se conteve e arrancou a Cruz de Ferro do peito de um sargento alemão. O sargento, sem olhar para o soldado, pediu licença a seu comandante para sair de forma, pegou uma metralhadora em uma pilha de armas a seu lado e atirou no peito do brasileiro, largou a arma na pilha e entrou novamente em forma antes que todos se refizessem da surpresa. Por um momento ninguém sabia o que fazer. Já vários dos nossos empunhavam suas armas quando o oficial alemão sacou da sua e atirou na cabeça do seu sargento, que esperou o tiro em forma, olhando firme para frente. Um frio percorreu a espinha de todos, mas foi a melhor solução.”
Durante toda a campanha da Itália, a 148ª Divisão foi a única divisão alemã capturada integralmente por uma força aliada antes da rendição total das forças alemãs ser oficializada em 2 de maio de 1945, pois todas as demais divisões conseguiram se retirar ao norte sem se render. Ao todo, a Força Expedicionária Brasileira aprisionou 2 generais, 493 oficiais e 19.679 soldados inimigos.
No Brasil, os 244 tripulantes do Windhuk permaneceram nos campos de concentração até 1945. Em Guaratinguetá o sistema era mais rígido, e os alemães não tinham contato com os brasileiros.
Já em Pindamonhangaba o negócio era mais brando. Permitia-se que os prisioneiros recebessem visitas, saíssem para fazer compras na cidade e tocassem em festas. Os soldados brasileiros que guardavam o campo até tomavam caipirinha com os prisioneiros.
Quando libertados em 1945, muitos alemães subiram de Pindamonhangaba para Campos do Jordão, atraídos principalmente pela oportunidade de trabalho nos recém-construídos hotéis de luxo Toriba (1943) e Grande Hotel (1944, este funcionando também como cassino), cujo sócio majoritário era o alemão Heinz Hillebrecht.
Heinz Bohme, cabeleireiro do Windhuk, chegou em 1946 a Campos do Jordão. Este seu depoimento (assim como os demais) consta do livro Memória Sentimental de Campos do Jordão, no capítulo dedicado ao jornalista e escritor Camões Filho, que publicou o livro intitulado O Canto do Vento, tradução livre de Windhuk (wind – vento, huk – canto). Assim relatou Heinz Bohme:
“Campos do Jordão, naquela época, não tinha um metro quadrado de rua asfaltada. Na minha primeira viagem para lá, levei 7 horas para chegar. Era uma cidade de tratamento de tuberculosos e só tinha três hotéis, o Toriba, o Vila Inglesa e o Grande Hotel, onde fui trabalhar. Foram mais de cinquenta alemães, saídos do campo de concentração, trabalhar lá, a orquestra toda, garçons, cozinheiros, jardineiro, porteiro, tinha de tudo. Nós iniciamos a hotelaria em Campos do Jordão, cidade que eu amo e onde moro há 47 anos. Não havia no Brasil treinamento de pessoal. Esses estabelecimentos lucraram com a nossa presença. Naquele tempo, o hotel atendia uma clientela exclusiva. Campos do Jordão era uma surpresa para nós. A gente ficava no campo de concentração preso, admirando aquela serra azul da Mantiqueira.”
Werner Ruhig, que foi cozinheiro do Grande Hotel, e chegou a abrir em Campos a famosa boate 1.003 (localizada nesse número da rua Brigadeiro Jordão), contou que “transportados para os campos de concentração de Pindamonhangaba e Guaratinguetá pela Polícia Especial de Getúlio Vargas, as pessoas olhavam para nós e diziam: Olha os nazistas! Coitados de nós. Não tínhamos nada com a guerra nem com a política. O governo brasileiro não sabia o que fazer com a gente.”
Contou ainda o cozinheiro Werner Ruhig que, certa feita, um grupo de alemães necessitado de atendimento dentário foi transportado, com escolta, ao centro de Pindamonhangaba, mas na volta pararam todos no Bar Central para relaxar: “Os soldados quase não tinham dinheiro e começamos a pagar cerveja para eles. E eles ficaram bêbados. Aí falamos: agora, precisamos voltar ao campo. Então voltamos, nós na frente com os fuzis e todos os soldados bêbados atrás”.
Outra patuscada foi a de Paul Scherer, garçom por muitos anos no Grande Hotel, que, enquanto estava no campo de Pindamonhangaba, foi certo dia ao mercado da cidade quando ainda não falava nem entendia nada de português, e, por isso, acabou se perdendo. Somente chegou de volta ao campo de concentração à noite, mas o guarda não quis deixá-lo entrar, tendo-lhe custado muito convencer os soldados de que era preso, havia se perdido e que precisava retornar ao campo de concentração.
Willi Schlote, que foi barman do grande Hotel, declarou que, em Pindamonhangaba, “a vida era boa. Nós cuidávamos da limpeza, plantio, colheita e silagem. Os engenheiros ajudaram a recuperar máquinas e tratores. Morávamos em um enorme estábulo, transformado em dormitório, mas recebemos autorização e material para construirmos cabanas individuais, onde podíamos receber visitas. Chegaram a ser construídas quase cem cabanas de madeira e sapé.”
O futebol era de lei nas tardes de domingo dos alemães, que, segundo o barman Willi Schlote, venciam constantemente os amistosos contra a equipe dos funcionários da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
Talvez algo que adivinhasse, em pleno território nacional, a catástrofe dos 7 a 1 do Mineiraço, 70 anos depois. Mas nada que parasse Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e Cafu na conquista do penta em cima da Alemanha de Oliver Kahn.
Fontes:
André Luiz Torres
https://diariodacabana.wordpress.com
O Abrigo da Pedra do Baú…
O esplendor da Pedra do Baú, aqui vista em sua face Sul, de Campos do Jordão, coleciona uma bela história de desbravamento.
Não há quem suba a Serra da Mantiqueira, rumo as cidades de Santo Antonio do Pinhal, Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, que não deixe de admirar uma formação rochosa, a Pedra do Baú. Adorada por montanhistas, ela é atração visual principalmente nas cidades de Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí, cidade a qual pertence a curiosa “montanha”.
Mas ao retornarmos a primeira metade do século passado, acharemos uma verdadeira história de conquista da tão difícil escalada a Pera do Baú.
Conta Ricardo Lenz, neto do Dr. Luiz Dumont Villares (1899-1979), pioneiro da indústria de elevadores no Brasil e sobrinho de Santos Dumont, que quando o Hotel Toriba em Campos do Jordão estava sendo construído (e que foi aberto em 1943), seu avô tinha, junto a frente do famoso Hotel, o privilégio da vista da Pedra do Baú em sua face Sul e que sonhava em conquistá-la.
Esta era a visão que Luiz Dumont Villares tinha da Pedra do Baú, do local onde estava sendo construído o Hotel Toriba em Campos do Jordão, naqueles anos 40, do século passado
Entre uma e outra pesquisa acabou por descobrir que em 1940, os irmãos João e Antônio Teixeira de Souza, os irmãos Cortez de São Bento de Sapucaí já tinham escalado a pedra do Baú pela primeira vez. O então rico empresário, se pôs a dirigir por aquelas barrentas estradas, entre Campos do Jordão e São Bento para encontrar os irmãos quando facilmente localizou na pequena São Bento , o Antonio “Cortez”.
O empresário, que era um apaixonado pela região de toda a Mantiqueira resolveu então contratar os dois irmãos para levá-lo ao topo da Pedra.
Nascia ali então uma parceria de dois sonhadores, em “domar” a famosa Pedra. Alguns dias depois, o Dr. Luiz retornou a São Bento encontrando Cortez com todo material e provisões necessárias e uma equipe de apoiadores.
Após longa e difícil trajetória chegaram na base da Pedra e quando olharam para cima, se depararam com muitos desafios e recursos rudimentares para escalar o paredão. Enfrentando a escalada, chegaram ao topo, e ficaram durante bom tempo contemplando a enorme beleza da paisagem numa visão deslumbrante de 360º quando então resolveram retornar. Apesar de todo esforço e desafios Luiz Villares ficou tão impressionado com a beleza do local e que já como grande admirador da “Pedra”, patrocinou em 1947 a construção de escadas (a primeira e a segunda escada [Via Ferrata] do Baú) e do primeiro abrigo de montanha do Brasil construído a mais de 1950 metros em nível do mar, chamado de “Abrigo Montanhês”.
Achado na Villares, pelo sobrinho de Luiz Dumont Villares, Fernando Stickel, um detalhamento do projeto do Abrigo/Refúgio do Baú
Foi construído exatamente no topo da Pedra do Baú feita com tijolos, telhado de cobre e bem servida de água, pois havia compartimentos para receber e armazenar águas da chuva, construída por Floriano Rodrigues Pinheiro, e para hospedagem das pessoas que tinha ainda como conforto, lareira, beliches (treze) e uma cozinha com fogão.
Um lugar para aproveitar confortavelmente ainda mais a beleza e vista do local. Imaginem como deveria bem fora do contexto uma casa no topo da Pedra, a 1950m de altitude, com o tamanho do prazer e da vista maravilhosa que você desfrutaria ao amanhecer e ao entardecer interagindo com uma exuberante natureza. Chegou também a existir um livro de registro de visitantes que ficava à disposição de todos que passavam e dormiam no abrigo.
Algumas cenas da saga da conquista e da construção do abrigo/refúgio:
Todos da família Dumont Villares sempre foram grandes apoiadores destas aventuras, tal o apreço que o Dr. Luiz Dumont Villares tinha pela região e por uma motivação ainda maior como relatou Paulo Diederichsen Villares, em “A HISTÓRIA DO PAIOL GRANDE”:
“Após o término da Segunda Guerra Mundial, lá pelos anos de 1946, meu pai, Luiz Dumont Villares, foi procurado por um grande amigo seu, o Dr Job Lane, que era dono do Hospital Samaritano em São Paulo. Disse ele à meu pai:
“Luiz eu conheci um americano lá nos Estados Unidos, que tem um Acampamento de Férias para jovens e perdeu seus dois filhos na Guerra. Em homenagem e lembrança de esses dois filhos, ele gostaria de tocar um acampamento de férias aqui no Brasil, semelhante ao dele, mas precisa de quem de apoio a ele. Você não gostaria de conhecê-lo? “
Assim foi que meu pai numa próxima ida sua para os Estados Unidos, convidou o Mr. Donald D. Kennedy para um jantar em Nova Iorque e o diálogo dos dois foi mais ou menos assim, segundo meu pai:
“Mr. Kennedy, o que é um acampamento de férias para jovens?“
Mr. Kennedy então explicou e explicou, contando o que ele e a mulher dele, Harriet, faziam, no chamado “Camp Kieve”, em Vermont. Era uma oportunidade para jovens meninos, entre onze e quinze anos de idade, aprenderem a desfrutar a natureza, a fazer amigos, através de muito esporte, num ambiente longe da cidade e longe das “saias das mães”.
Meu pai ficou muito impressionado e disse :
“Não temos nada parecido no Brasil”
Mr. Kennedy então respondeu:
“Por isso mesmo que eu tive a ideia de fazer algo semelhante ao que eu tenho aqui, em memória aos meus filhos que perdi na Guerra”
Meu pai voltou para o Brasil, chamou o Dr. Job Lane e ambos juntos resolveram procurar amigos que topassem a ideia de implantar o primeiro acampamento de férias do Brasil.
Não foi difícil reunir um punhado de amigos. O difícil foi realizar a tarefa no curto espaço de tempo que restava, pois o compromisso de meu pai com o Mr. Kennedy, foi o de ter um acampamento de férias pronto para funcionar no verão de 1947!!
Como foi escolhido o local?
Em 1943, no final da construção do Hotel Toriba, em Campos do Jordão, que meu pai fazia com meu avô, Ernesto Diederichsen, o famoso empreiteiro Floriano Pinheiro, que construía o Hotel, apresentou a ele o humilde pedreiro, Antonio Cortez que havia acabado de subir a Pedra do Baú, até então nunca escalada. Era plena Segunda Guerra, mas meu pai ficou tão entusiasmado, aos ter sido levado pelo Antonio, para também escalar a Pedra, que resolveu comprá-la, com ideia de fazer uma escada, e mais tarde, lá em cima, um abrigo, do tipo dos que existiam no Alpes da Suíça, País onde havia estudado.
Queria que “todo o mundo” pudesse escalar a Pedra, afim de desfrutar daquela empolgante natureza.
Foi assim que, anos depois, justamente quando meu pai resolveu levar para a frente a ideia do Mr. Kennedy, que o tal abrigo, em cima da Pedra do Baú estava sendo feito. E numa ida dele, para ver como andava a construção da casinha, em que eu também estava presente; lá de cima, me lembro do seguinte diálogo de meu pai com o Antonio Cortez, que não só havia colocado as escadas e os degraus, mas estava também construindo a casinha. Disse ele:
“Antonio, presta bem atenção. Eu vou explicar para você o que é um Acampamento de Férias para Jovens”
Respondeu o Antonio :
“Pois não Doutor, pode falar ! “
E meu pai, com muita paciência, explicou e explicou, tudo o que havia apreendido do Mr. Kennedy, terminou e perguntou :
“Antonio, você entendeu o que eu falei?“
Respondeu o Antonio:
“Entendi sim, doutor”
Meu pai então perguntou :
“Então me diga aonde posso fazer esse Acampamento?“
“Lá em baixo“
Respondeu prontamente o Antonio Cortez, apontando, lá de cima do Baú, para o vale lá em baixo, onde hoje é o Acampamento Paiol Grande.
Meu pai voltou para São Paulo, reuniu seus amigos, e compraram as terras onde hoje está o Acampamento Paiol Grande.
Porque o nome Acampamento Paiol Grande?
Porque o Acampamento está no Vale do Paiol Grande. A Pedra do Baú está no meio de dois vales. Um chama-se Vale do Baú, fica no lado de campos e Jordão, e ou outro, Vale do Paiol Grande.
E daí?
Daí, após a compra do terreno, foi uma correria incrível!! O Acampamento tinha que ficar pronto em poucos meses! Não dava tempo de contratar um arquiteto. Então, meu pai, pegou os desenhistas do departamento de projetos da Elevadores Atlas, que projetavam as cabines dos elevadores, e juntos foram projetando os primeiros chalés de madeira.
Meu pai havia acabado de comprar seu primeiro avião, um Beechcraft Bonanza,e conseguiu com o Prefeito de São Bento do Sapucaí que fizesse um campinho de aviação na cidade, para assim ele poder sair na hora do almoço do Campo de Marte, onde guardava o seu avião e dar um pulo até o Paiol, afim de ver como andavam as obras. Nos domingos ele me convidava:
“Paulo, vamos dar um pulinho até São Bento, para ver como andam as obras do Acampamento?“
Eu tinha só dez aninhos de idade, mas lá ia de “co-pila”
Como foi a primeira temporada ?
Foi uma aventura total. A piscina não tinha ficado pronta. Era uma piscina de terra, mas muito divertida. Uma lama só ! O prédio do refeitório estava pronto, felizmente, então a gente tinha onde comer, mas o Ranchão, onde a gente iria fazer os eventos fechados, não estava. Faltavam as paredes laterais.
E aí o que aconteceu?
Deu um “pé de vento” e o teto do Ranchão desabou! Ficamos sem o Ranchão no primeiro ano.
E os chalés ?
Tudo bem, mas não tinham água quente. Aliás, assim foi por muito tempo, pois apesar das primeiras temporadas serem de dois meses, era verão, então o Mr. Kennedy entendia que não precisávamos de água quente. Só mais tarde, quando começaram as temporadas das moças, em Julho, com era inverno, então os chalés ganharam água quente.
Resumo da primeira temporada, não havia meio termo, alguns Paioleiros adoraram, mas outros, entre os “grandes”, que ficaram no chalé dos Ventos, detestaram a tal ponto que até FUGIRAM do Paiol.
Qual era a programação no primeiro ano?
Muito esporte, piscina de barro, lutas de Box, longas cavalgadas, banhos de rio de descoberta de cachoeiras, campeonatos de arco e flecha e é claro, muitas subidas na Pedra do Baú. Muitas porque eram dois meses!
Nas cavalgadas, sempre acampávamos em barracas e nunca sabíamos direito para onde estávamos indo, pois não haviam trilhas. Era só mato. À noite, é claro, sempre ouvíamos miados de onças. Não sabíamos que onça não mia e só “esturra” !!!
FOI UMA EXPERIÊNCIA INESQUECIVEL
Bom, o acampamento é um bela e consolidada realidade, já o Abrigo Montanhês no topo da Pedra do Baú, não resistiu pois sofreu 2 atos de vandalismo. No primeiro, atearam fogo nas camas e jogaram o sino do alto da Pedra. Mas Luiz Dumont Villares restaurou todo o abrigo e o sino.
Num segundo ato de vandalismo, o abrigo foi totalmente destruído. Atearam fogo em tudo e destruíram a construção e desta vez o Sr. Villares desistiu de reconstruí-lo, tendo em vista os inúmeros atos de vandalismo e destruição do local.
Até o
livro de registro de viajantes também foi roubado, e uma parte da história foi
perdida com este lastimável ato. Quem sabe um dia quem pegou resolva devolver
este imenso patrimônio histórico. O local que teve vários nomes, como Abrigo
Montanhês, Refúgio do Bahú, Abrigo do Baú, abrigo Antonio Cortez, etc. e o que
restou foram apenas os alicerces da casa, em meio a vegetação local.
FONTES:
Matta,
Octávio da – Campos do Jordão, a cidade que vi nascer – B.L.Ferrari, Campos do
Jordão, 2011
Svevo,
Celia e Nedopetalski, Sandra – O Toriba na cultura de Campos do Jordão –
Metalivros, São Paulo, 2007
Campos
do Jordão, Histórias de – Jornal Eu amo CJ – #1 – Campos do Jordão, 28/09/2012
Acervo
Erico Stickel
Villares, Paulo Diederichsen – A história do Paiol Grande – Fernando Stickel, 2012
A História de S. Matheus do Imbery, 20 de fevereiro de 1884.
Mas ante inverdades e injustiças de ilustres deputados que não o conhecem, e que dão assim testemunho de quanto abusaram de sua credulidade, é mister em defesa desmentido público da parte daqueles que o conhecem, para que as falsidades aqui forjadas, e que acabam tão solemnemente de achoar no recinto da representação provincial não continuem sem protesto a fazer prosélitos, e menos possam ir ao encontro de homens honrados e benfeitores a desalentá-los em seu caminho.
Permita-nos pois V.S. que neste intuito, e sem ânimo de ofender sua modéstia, nos tornemos explícitos e circunstanciados.
Não há ninguém que entretendo relações com V.S., ignore os invejáveis dotes que o adornam, e que justificam plenamente a bem merecida popularidade, de que goza em Pindamonhangaba, S. Bento, na numerosa população do bairro do Bahú e aqui. Para dizermos tudo em uma frase, a vida de V.S. tem sido longa prova de grandeza d’alma, e de extrema bondade de seu coração até para com os seus mais pronunciados adversários. Quando se trata de favores ou benefícios V.S. não faz distinção entre o rico e o pobre: entre o homem livre e o escravo: entre o amigo e o adversário; a todos estende paternal solicitude, presando-se de seu fino trato, amabilidades e generosidades; sendo franca, desinteressada e desvelada a hospitalidade em suas três casas das fazendas do Humaytá, Bahú, e daqui com todos os transeuntes.
Não tecemos panegírico à vontade, como a vontade à maledicência urdiu falsidades que o degradassem.
De entre as inequívocas e abundantes provas de seu gênio serviçal, benfazejo e caridoso, nos socorremos dos seguintes factos, uns conhecidos de todos os abaixo assignados e outros de parte deles.
Em relação a infância, V.S. institui em 1872, e manteve a sua custa no bairro do Bahú uma escola de 1as. Letras com a admissão gratuita de alumnos, fornecendo a estes os utensílios precisos; e ao professor casa, mobília e ordenado. A fruição de tão precioso benefício afluiu numerosos meninos.
Essa escola viveu na obscuridade do lugarejo a que tão proveitosa fora, e desapareceu após 3 annos de existência pela retirada do seu professor, não restando senão encômios traçados pelas hábeis penas do Sr. Dr. Bulcão, então juiz de órfãos, e do distincto literato portuguez Sr. Dr. Raposo d’Almeida que conjunctamente com o reverendo Sr. Padre Miné, e finado engenheiro Trigo de Loureiro que a seu convite procederam a exame.
Ainda no anno atrasado V.S. diligenciou a fundação aqui de outra instituição igual que foi de efêmera exigência pelo abandono em que, seduzido por outas ambições, o professor Sr. Fortunato de Paula Campos a deixou.
E no princípio do corrente anno instalou nova escola de instrucção primária, para a infância de dia, e para adultos a noite, a que anexou uma aula para creação de uma banda de música, ambas ao cargo do Sr. José Gomes Coutinho que recebe de V.S. sustento e casa.
Em relação a enfermos ainda não eram conhecidos na província nem de nome estes Campos, e já V.S. se fazia o extremoso pai desses infelizes, posto que, raros que começavam a demandar tão abençoado clima. De então para cá numerosas hão sido as víctimas das afecções pulmonares que a sua caridosa hospitalidade há acolhido, por vezes até no adio de sua exma. Família: triste e perigosa tarefa, em que inspirada nos exemplos de seu chefe, tanto ella se tem distinguido, e se recomendado ao reconhecimento das almas nobres.
Desses enfermos alguns recuperaram a saúde, outros em estado desesperado infelizmente sucumbiram; e alguns nos próprios braços de V.S. Entre os segundos ocorre-nos os finados dr. Avelino de Freitas, de Nictheroy; o pardo Luiz, escravo do Sr. José Francisco Marcondes Machado, Antonio Pereira de Souza Guimarães, portuguez; Antonio Carlos de Almeida, do Maranhão; Francisco Correa leite, de Pindamonhangaba e José Gonçalves Guimarães, portuguez.
Também é geralmente aqui sabido que o hotel deste retiro tem hospedado por longo tempo, e muito frequentemente hóspedes por dissá pessoas tanto doentes, como sadias, e tanto das relações de V.S. como desconhecidas e desvalidas, com ordem de não lhes apresentar a conta das despesas, por correrem ellas a seu cargo.
Este acolhimento que tenta ocultar o que não é fácil em casa pública, os abaixo assignados não têm a mesma razão de calar.
Para que os enfermos contassem com moradia a seu commodo, e nas condições hygiênicas requeridas, mandou construir um vasto prédio para hotel, o que não foi propriamente especulação mercantil; V.S. nunca teve hotel; desde o começo o prédio achou-se entregue a outros para que, por conta e interesse próprio montassem uma empresa lucrativa, sendo-lhe mister por veze superar dificuldades para conseguir quem se prestasse a toma-la a si, e até servir de fiador a compras de objetos precisos.
Os lucros, pois, couberam a tais empresários.
Para protege-los o prédio nunca lhes foi alugado: o aluguel quase que absorveria os lucros.
A maior afluência de hóspedes é no estio: nas outras estações pode-se dizer que o hotel se fecha; vivendo então o hoteleiro de outros recursos.
Por isso V.S. tem se contentado de exigir como indemnização do alto dispêndio um tanto por cada hóspede.
Mas o termo médio destes ainda durante o estio não excede a 3 ou 4; de sorte que o rendimento não se pode calcular nem em 4% annuaes do capital empegado.
Sem dúvida por interesse, para cômodos dos doentes, V.S. construiu algumas casas que por muitas vezes as tem cedido grátis. É verdade que quando alugadas, o tem sido por preços altos; mas atendendo a que é somente na curta estação do estio que em regra se apresentam alugadores, supomos indubitavelmente que os capitães a ellas aplicados, igualmente não alcançam os juros da lei.
Haverá quem razoavelmente pretenda a redução por que os inquilinos padecem dos pulmões?
As suas várias casas pequenas e cobertas de palha, são e sempre foram habitadas por pessoas pobres e sem pagamento algum.
Para conforto dos doentes, e socorros espirituais da igreja, V.S. erigiu uma capella com considerável dispêndio por insuficiência dos donativos agenciados pelo primeiro abaixo assignado.
A princípio, e por muito tempo, as vacas de leite que lhe pertencem foram cedidas a todos gratuitamente; e se mais tarde desapareceu esse uso, proveio da grande mortalidade dos bezerros a correspondente prejuízo, resultante do indevido tratamento deles.
Não há aqui quem não saiba que das avultadas somas desembolsadas, e que tanto hão aproveitado aos enfermos, V.S. não tem colhido senão prejuízos, e em reconhecimento a recentes agressões.
Pelo que respeita aos habitantes dos Campos, se há um lugar de geral expansão da caridade christã, é este.
Em comiseração o espírito predominante este facto denúncia. – O Sr. Dr. Samuel Aguiar Figueiredo retirou-se dos Campos muitos meses depois de ficar orphão de mãe, na absoluta ignorância dessa sua infelicidade, que logo chegou ao conhecimento de todos; por que todos a porfia, em atenção ao seu gravo estado de saúde, curaram de guardar inviolável segredo sob as esmeradas cautelas que requer povoação habitada também por escravos, camaradas e criados.
Em que pois se fundaram aquelles que da eminencia da tribuna exclamaram que esta localidade geme sob a prepotência de seu dono, e que para gosar da salubridade deste clima cumpre “trazer a bolça cheia de ouro dos Cresos e dá-los aos vilões sem charidade, de humanos que mercadejam até o ar que se respira? ” Nós vivemos sob o jugo da prepotência, e o ignoramos! É lá ao longe que o sabem! Que há aqui vilões de humanos, também é de lá que nos vem a notícia! Quais são os actos de prepotência e os vilões, não o disseram.
Entretanto os ilustres oradores conhecem de todo estas paragens que, segundo se vê de debate, há um único responsável por tudo, e esse é V.S. Ignoram que no hotel pelo habitual fornecimento em tais casas incluindo o leite, cada hóspede paga a diária 4$000; se isto é cobrar o ar que respiram, não cabe a responsabilidade a V.S. que nunca teve hotel.
Ignoram mais que a distância de uma légua há o hotel do Salto, para onde apelarem, e do qual só temos ouvido dos elogios ao proprietário, o estimável Sr. Nicoláo Arede Tavares, e a sua tão caridosa e hospitaleira família.
A prova de que não é mister dispor de colossal fortuna para viver neste lugar, é que não está povoado de Cresos, e que nem são Cresos os que para aqui vem, antes na máxima parte são pessoas destituídas de fortuna; de que é exemplo o finado padrasto do ilustre deputado Sr. Muniz de Souza, por V.S. aqui tão obsequiado.
Esse senhor afirmou que V.S. impõe vexames a aquelles que querem aqui se estabelecer. Sua boa-fé, porém, foi illsquesda. Não nos consta que ninguém desistisse, seja porque motivo for de decidido intento de o fazer: todos os que o pretenderam conseguiram, e todos os que o conseguiram são os abaixo assignados, com a exceção de dois ausentes; e os abaixo assignados declaram que a ninguém deram procuração para irem informar os Srs. Deputados de semelhantes imaginários sofrimentos; e que dispensam oficiosos curadores a zelarem de seus interesses. Nenhum de nós se sente disposto a se conservar silencioso e submisso a prepotência seja de quem for; nenhum jamais deu direito a alguém de crer que abdicamos o amor a própria dignidade. Nem quando V.S., tão cavalheiro, fosse capaz de vexar alguém, neste ponto não o poderia.
Consta que o Sr. Dr. Júlio, assim como o Sr. Arede Tavares franquiam terras grátis e sem condições. Logo os abaixo assignados não tinham necessidade de se sujeitar a clausulas inaceitáveis. Felizmente no próprio discurso do Sr. Deputado está o desmentido.
Disse ele que a povoação aqui cresce todos os dias; e de duas uma: ou são inverídicas as taes imposições; ou o mundo hoje se compõem de pessoas que docilmente e por puro prazer se curvam as opressões de um particular.
Mas por que tão grande celeuma contra um homem e um lugar?
Quando se decretam providências inspiradas por louváveis intenções e essas providências vão em nome de inculcado bem público ferir legítimos interesses de numerosas pessoas, cumpre dizer a verdade.
Alguém aqui residente mais de anno por motivo ignorado, e devendo a V.S. obséquios, apresentou-se seu pronunciado adversário, do que não fazia mystério, emprestando-lhe qualidades, e referindo a todos, factos que o desairassem e o tornassem odioso. Era esse seu primeiro cuidado no trato com aquelles que aqui chegaram.
Apesar da publicidade de semelhante procedimento não declinaremos seu nome. Sabem-lhes muitas pessoas.
Entre outros meios de prejudicá-lo que levou aqui a efeito, compreende-se a attracção a si de algumas pessoas para formação de um partido hostil; e a ideia de tomar-lhe as terras por desapropriação.
De facto, aproveitando a sua ausência, conseguio tornar aderentes alguns indivíduos que não o conheciam. E não faltou também quem se regozijasse com a lembrança da desapropriação; contando que, por distribuição gratuita de datas, coo em S. Paulo, alcançariam à custa da província, terrenos na extensão que lhes aprouvesse.
Eis a fonte primitiva das falsidades.
Ao impulso da sympatia natural pela sorte dos oprimidos, surgiram beneméritos cidadãos ambiciosos da glória de hastear também neste sólo de oppressão, a bandeira da liberdade.
Um deles escreveu estas informações, preferindo as aleivosias de um adversário que aqui não tem casa, à verdade que podia ser indagada; a saber: que V.S. estabeleceu como condições aos proprietários, a quem concedeu terras, de não poderem receber hóspedes para não prejudicarem o hotel; quando diariamente os estamos recebendo sem que alguém nos desse ainda notícia de semelhante proibição; e que, decorridos 10 annos nossas casas ficam pertencendo a V.S.: exigência da qual jamais ninguém nos falou. De resto, as respectivas escripturas, lavradas pelo tabelião de S. Bento pulverizam essas invectivas que, sobre negócio em que a prova é documental, só a desfaçatez pode forjar.
O ilustrado Sr. Dr. Clemente Ferreira que veio visitar estes campos para escrever a sua luminosa e volumosa obra sobre a Ptysica, apresentada à Faculdade de Medicina da corte ahi o seguinte, falando deste lugar:
“É sobretudo ao benemérito Sr. Matheus da Costa Pinto importante fazendeiro, que se devem os melhoramentos e progressos dessa esplêndida localidade.
Incansável e cuidadoso ele se tem empenhado com afan na construção de casas pitorescas, que em grande número se oferecem agora ao agasalho e acomodação de tantas pessoas, que lá vão buscar lenitivo aos seus males.
Cheio de entusiasmo pelos campos o Sr. Matheus, dedica a sua vida ao engrandecimento e renome do lugar, envida seus esforços para que a confortabilidade desejável caiba aos doentes, tratando mesmo de proporciona-lhes passatempos e distracções agradáveis, que possam amenizar a vida aos que aborrecem os recessos agrestes. ”
A fácil credulidade porém de outros, apenas transeuntes, transportou além como verdades, e além da boa-fé aceitou, e pôs em obra as increpações injuriosas desse desaffecto que aqui esteve morando, forjadas para apresentar como fauctor de opressões neste retiro seu próprio dono, e nós que aqui estamos, que por quotidiano trato o conhecemos, nós os supostos oprimidos, vimos declarar bem alto: que esse desaffecto só conseguiu deslustrar os annaes parlamentares de nossa gloriosa província; porque felizmente um dia a luz da verdade há de raiar no espírito daqueles, que, na Assembleia ou fora dela, puseram em circulação, com louvável in tento, as falsidades da malevolência, como galardão a serviços patrióticos.
Até lá fazemos votos para que, Aquelle a quem as hypocrisias não iludem, desmorone os tropeços que a injustiça, e ingratidão estão levantando na exemplar vereda em que V.S. tem se mantido.
A perseverar ahi não deixa de ser incentivo a alta consideração ne estima que lhe votam os homens de bem, que o conhecem; e a cujos olhos o pronunciamento hostil de alguns ilustres deputados só prova duas cousas: - uma que não o conhecem; e outra que, sem o quererem, se fizeram servidores de alheias e gratuitas paixões odientas.
Diego de Mendonça Pinto, residente em S. Paulo.
Joaquim Gomes Leitão, dito em Jacarehy.
José Abelhos Fortes Bustamante Sá, dito em S. Paulo.
José Benedicto Marcondes Ribeiro, dito em Pindamonhangaba.
José Benedicto Marcondes Machado, dito em Vassouras.
Felix Martins Correa, dito em Campos do Jordão.
Antonio Publio da Granja Mendonça, residente em S. Paulo.
Manoel Hortense Vargas, dito neste bairro.
Manoel Rodrigues Barcellos, idem
Jeremias Gonçalves de Oliveira, idem.
Ignácio Gonçalves de Oliveira, idem.
Angelo Franciullis, idem.
Obs. (Os erros ortográficos são dos originais)
Fontes:
Correio Paulistano, 24 de abril de 1884
http://memoria.bn.br/
Puris - Os primeiros Habitantes
Outra presença a se destacar foi a dos escravos que procuraram refúgio em locais como a Gruta dos Crioulos, quando fugiam da perseguição de feitores.
Os mais renomados historiadores “falam de uma expedição narrada por Antonio Knivet, na qual Martim, filho de Salvador Correia de Sá, (governador da capitania do Rio de Janeiro), comandava 700 portugueses e 2 mil índios com a finalidade de auxiliar os índios aliados guaianazes contra os tamoios, que se encontravam em batalhas violentas.
Em sua “Narração de viagens”, Knivet afirma ter encontrado na última década do século XVI índios puris (ou poris), localizados entre a Serra do Itapeva (que significa pedra chata, em tupi) e as margens do Paraíba. Eram nômades.
Por sua vez, em outra fonte levantada por Pedro Paulo Filho, o professor Benedito de Abreu, (que escreveu “Pindamonhangaba, tempo e face”) afirma que o território do Vale do Paraíba era habitado por tapuias, entre os quais se mencionam os maromonis, puris, temiminós e, talvez também os guaianazes e tamoios.
O professor Paulo Pereira dos Reis, em “O Indígena do Vale do Paraíba”, depois de fazer referência à expedição de Knivet, também menciona a presença de poriês (puris) e tamoios que, expulsos do litoral se refugiaram no local denominado Parahyba Wereob ou, segundo Teodoro Sampaio, Parahyba Yrioba, que significa nascentes do Paraíba.
Nosso lado de Mantiqueira foi frequentada pelos Puris, do Vale do Paraíba; pelos Cataguazes, que vinham do Sul de Minas e também pelos caetés, vindos do Vale do Sapucaí.
Nessa região, é bom lembrar, está a Pedra do Baú, que, ao contrário da versão que corre sobre seu nome, por parecer um baú, chamava-se anteriormente Embaú, que em tupi quer dizer pedra da vigia. Seja pela proximidade geográfica ou pela entrada das bandeiras em direção à Minas, os índios estiveram presentes em Campos do Jordão.
“Não se justifica versão de que os índios tiveram evitado a região de Campos do Jordão por causa do frio ou da altitude”, – contesta Pedro Paulo Filho.
Capistrano de Abreu e João Ribeiro, fazendo remissão a trabalhos de Gentil de Moura, trata dos roteiros das bandeiras na Mantiqueira, afirmam que entre as várias gargantas da região duas possuem interesse histórico – a do Rio Buquira e a do Piracuama, utilizadas pelas bandeiras para alcançar Minas Gerais, especialmente a região aurífera de Itajiba.
“Com base nestes estudos, posso afirmar que Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, que esteve em Campos do Jordão em 1703, não foi o primeiro homem que pisou terras jordanenses”.
Mas, quem esteve por Campos do Jordão pela primeira vez? E, se habitavam ou apenas passavam pela região, a que tribo pertenciam?
Se você caminha de Capivari em direção ao Itapeva, olhando a paisagem da Pedra do Baú que vai ficando às suas costas, e depois segue em direção ao Horto, contornado pelo rio Canhambora, você sente que esta região – fria, exuberante por seus acidentes geográficos e por suas matas serranas – poderia ter sido um dia habitada por índios, apesar de poucos historiadores terem mencionado o fato.
E, se você pensar melhor a respeito dos nomes que surgem pelo caminho descrito acima – Capivari, Itapeva, o (Em) baú e o Canhambora, como também o Sapucaí e outros nomes da língua tupi – concluirá que só pode ter existido ou mesmo passado por nossa região as mais diversas tribos que formaram a grande nação indígena.
Otávio Bitencourt escrevia sobre índios, de forma afirmativa, junto às bandeiras que subiram a serra em direção à região aurífera de Minas”.
Esta expedição saíra do Rio de Janeiro em 14 de outubro de 1597, foi à Paraty, seguiu pela Serra de Paranapiacaba, Serra do Mar, ganhou os Campos de Cunha, passou pelas nascentes do Paraibuna e alcançou o rio Paraíba, provavelmente na altura de Taubaté. Identificado pelo historiador Orville Derby, este roteiro sugeria que a expedição subiu a Serra da Mantiqueira possivelmente por dois caminhos: pelo Vale do Buquira ou pela garganta do Piracuama, através dos quais, de qualquer forma, teria de alcançar o Alto do Sapucaí e passar inevitavelmente por Campos do Jordão.
Os puris, também chamados telikong e paqui foram um grupo indígena brasileiro falante de um idioma do tronco linguístico macro-jê que habitou os Unidades federativas do Brasil do Espírito Santo (estado), Rio de Janeiro e Minas Gerais até os séculos XVIII e XIX, quando foram dizimados e miscigenados com colonizadores luso-brasileiros. Foram também chamados coroados.]
Atualmente, no entanto, alguns habitantes do distrito de Fumaça, em Resende, afirmam ser descendentes dos puris.
O termo "puri" surgiu a partir de uma expressão pejorativa que lhes havia sido dada por seus vizinhos, os índios coroados. Significa "povo miúdo, gentinha, fraco, de pequena estatura".
Os índios da tribo puri eram hábeis pescadores e viviam na região da Serra da Mantiqueira, mais precisamente onde hoje é a cidade de Campos do Jordão, nos atuais estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, no Brasil. Subdividiam-se em três subgrupos: sabonam, uambori e xamixuna. Com a chegada dos colonizadores luso-brasileiros à região, a partir do século XVIII, começaram os primeiros confrontos entre os puris e os portugueses.
Em Ponte Nova, aproximaram-se dos colonizadores de origem portuguesa, sendo comum sua presença nas fazendas como agregados.
Mesmo no primeiro quartel do século XIX, mantinham aldeamentos próximos do povoado.
Hábitos e Costumes:
Os Puris poucos se distinguem dos Coropós e Coroados também em seus aspectos culturais.
O significado da palavra Puri, em língua tupi, pode ser colocado como "... gentinha ou povo miúdo ou comedor de carne humana (dependendo da interpretação)".
Contudo, no Brasil, afirma-se que a expressão "comedor de carne humana" não se aplica, pois, este conceito não se firma nos estudos e sim apenas nos relatos dos viajantes da época. Poucos estudiosos atribuem aos Puris as práticas antropofágicas:
Sendo assim, as acusações de canibalismo deste povo não deixaram nenhuma evidência, não podendo ser comprovada esta afirmação.
Também existem relatos que descrevem os índios Puris como traiçoeiros e desumanos com os homens brancos, contudo esses atos podem ser tidos como resistência contra as agressões e conquistas dos europeus para defesa de seu território, sua família, sua tribo.
Para o autor Cláudio Moreira Bento:
"Não se conhecia fato algum de um puri que haja matado um branco.
Quando os brancos se embrenhavam na mata para colher a planta medicinal poaia, ao encontrarem os puris, estes se punham a correr, arriscando-se furtivamente a apanharem, para seus usos, as ferramentas dos brancos.
O próprio nome "puri" significava, na língua deles, "gente mansa ou tímida"."
Na região do Vale do Paraíba, as afirmações são claras a respeito do comportamento do índio puri: são calmos, covardes, medrosos e ingênuos, eram mansos e tímidos. Muitos relatos dão conta do medo e da suscetibilidade com que aceitavam a invasão pelo homem branco e trabalhavam para estes. Não roubavam, não eram mentirosos e nem ambiciosos.
A personalidade do índio Puri é descrita, na maioria dos relatos, como dócil e suscetível ao trabalho a ele imposto pelo homem branco.
Quanto aos costumes e hábitos indígenas, muito se diferenciavam da cultura dos portugueses. Estes iniciavam suas entradas na mata e tinham contato com uma cultura diversa da sua: muitas vezes, estas culturas, aos olhos do homem branco, eram exóticas, incompreendidas e mal interpretadas.
A contradição da busca por riquezas e a indiferença do índio pelas coisas materiais eram fatores que o homem branco não conseguia compreender.
Eram opostos extremos: os índios almejavam a harmonia com a terra para o seu sustento e o europeu buscava apenas a riqueza, adentrando a mata e tomando posse do que, antes, era de todos e que, a partir de então, seria do homem branco.
A língua dos Puris era diferente dos demais indígenas.
Era caracterizado por um vocabulário esparso e do qual alguns viajantes fabricaram pequenos dicionários. Os Puris tinham sua sociedade composta por um chefe, por um sacerdote e homens e mulheres com funções distintas. O chefe era eleito pela astúcia, braveza e habilidades de guerreiro e não tinha poder efetivo sobre seu povo:
"Na sociedade indígena, chefe não é aquele que manda, mas sim, que aconselha o que deve ser feito. Se os seus seguem ou não o seu conselho, o problema não é do chefe. Ele é apenas um líder que aconselha, não um patrão que determina o que deve ser feito."
Ao sacerdote, se destinavam as tarefas religiosas e rituais de cura; aos homens, cabiam a fabricação de armas, a caça e a guerra; as mulheres cuidavam da colheita, recolher as caças abatidas e cuidar das vasilhas e demais utensílios usados na tribo. Cada índio podia escolher mais de uma esposa, eram polígamos.
A sociedade indígena desta espécie não exercia a agricultura nem a navegação, retiravam da natureza seus meios de subsistência. Por isso, viviam em habitações provisórias, eram nômades.
A religião era a devoção a vários seres poderosos: contemplavam a natureza e seus fenômenos como deuses. Usavam colares protetores para afastar animais ferozes. Ressalta-se o papel do sacerdote como símbolo maior do poder da religião dentre os índios.
Os índios, após o falecimento, eram colocados em vasos de barro e sua habitação era abandonada por medo do espírito do morto.
Alguns destes vasos foram encontrados no município de Canas, cidade vizinha de Cachoeira Paulista, porém, somente estudos arqueológicos avançados poderão explicar a origem real, sem deturpações históricas formuladas pelo homem branco, sobre os costumes, utensílios e a verdadeira genealogia desses habitantes primordiais do Vale do Paraíba.
Pensionato Divina Providência em Campos do Jordão
Na estância de campos do Jordão, daquela época, já foi mais que provado, existiram elementos de cura para essa moléstia, como em nenhuma outra parte. Ali, o clima, a natureza e a água, eram verdadeiramente maravilhosos, e o ar, de pureza incomparável, foi um dos fatores mais relevantes no combate à tuberculose. Mas tudo isso foi pouco, em face das dificuldades de habitação que lá se observava. As casas de aluguel, além de escassas, eram caríssimas, e as pensões, além de insuficientes, não eram propícias à cura de repouso, mesmo, pelo excesso de seus hóspedes.
É verdade que lá estavam construindo diversos sanatórios, ainda de iniciativa particular, de grupos de Senhoras Católicas. Mas esses sanatórios, São Paulo, Santa Cruz e Santa Clara, foram destinados à tuberculosos pobres.
Não restava, a menor dúvida, que, com maior ou menor dificuldade os doentes daquela moléstia tinham em Campos do Jordão a possibilidade de sua cura.
Mas, havia ainda uma classe, a dos pre-tuberculosos, principalmente moças e senhoras, enfraquecidas, ou por estudos, ou excesso de trabalho, ou outra coisa qualquer, para quem o problema da sua tonificação, ainda não estava bem resolvido. Analisemos um pouco esse caso. Quantas vezes no turbilhão dos seus afazeres, percebia-se que uma filha, uma irmã, uma pessoa das suas relações estavam em vias de apanhar a tuberculose, se não fosse socorrida a tempo com uma estação de repouso naquela estância climatérica. Admitamos que os seus afazeres não os permitiam acompanhá-la, e admitamos também que os seus recursos não bastassem para manter lá mais de uma pessoa, em vista das despesas excessivas que a permanência em Campos já determinava; teriam nesse caso duas soluções apenas: ou sacrificariam essa pessoa, privando-a dos benefícios daquele lugar, ou sujeitá-la-iam aos sanatórios e pensões, arriscando-a talvez, a mais depressa adquirir o mal.
Pois bem, houve por parte ainda da iniciativa particular, quem tivesse abordado essa questão. Foram as Irmãs da Divina Providência que, em boa hora, resolveram construir em Campos, um Pensionato para moças e senhoras. E que de benefícios e tranquilidade, não vinha ele derramar no seio das famílias que necessitassem mandar para lá, alguém nas condições acima! Em terreno de quase 10 alqueires, em uma lomba descampada, banhada pelo sol desde manhã até à tarde, tendo ao lado a Estrada de Ferro que serpeia pelo vale, e ao longe, o horizonte recortado de montanhas entre os quais as copas dos pinheiros contrastavam na sua cor verde negra com o azul de um céu de anil, erguia-se em calmo estilo colonial, a habitação das irmãs, ao mesmo tempo – Pavilhão Central do estabelecimento. De um lado, risonha capela, apontava com a cruz de sua torre, na direção do céu, um caminho infinito para os seus pensamentos. E do outro, vasto pavilhão, iluminado à luz elétrica, com água corrente em todos os quartos e circundado de amplos terraços para repouso, era destinado ao Pensionato.
E foi com essa obra que cresceu silenciosamente, sem reclames, sem festas de benefício, produto apenas das economias de esmolas, poupadas nos Asilos da Mooca e de Itaquera, que as irmãs da Divina providência resolveram esse grande problema. Aquele pensionato foi inaugurado dois meses depois.
Foi dirigido por elas, e as pensionistas que recebiam ficaram sob a sua guarda exclusiva. O seu número não foi grande. Os recursos de que as irmãs dispunham, não bastavam para maiores proporções. O problema ficou, entretanto, estudado, e se o povo de São Paulo, generoso e bom como era, quiseram auxiliar e a continuação dessa obra, naturalmente ela iria muito longe. E os benefícios que dela resultassem, recairiam inteiros no seio do próprio povo.
No ano de 1900, a Congregação das Pequenas Irmãs da Divina Providência, com sede na cidade de Alexandria, na Itália, já havia se estabelecido no Rio de Janeiro. Em S. Paulo, a direção da obra estava confiada à Madre Cherubina Del Signore, que dirigia um orfanato.
Em 1928, uma das irmãs adoeceu gravemente, acometida de tuberculose, e não podendo permanecer na Instituição em virtude do contágio, foi transportada para S. José dos Campos em busca de um hospital. Não encontrando vaga, Madre Cherubina não desanimou, procurou dona Mathilde e seu marido Dr. José Carlos de Macedo Soares, que ouvindo o relato, prometeram a doação de uma área de terras, em Campos do Jordão, para que a Instituição lá erguesse um abrigo para doentes.
Confiando na Divina Providência, a Madre aceitou a doação e assumiu o encargo da construção em 18 de junho de 1928. Nesse mesmo ano, foram iniciadas as obras para a construção de uma pequena casa para as irmãs, dotada de ala e enfermaria, com capacidade de 20 leitos, a cargo do Eng° Arquiteto, Adelardo Soares Caiuby.
Em 10 de novembro de 1929, foi inaugurada a obra com o nome de Pensionato Divina Providência, sendo a primeira missa celebrada pelo padre Francisco Alves, da Congregação do Santíssimo Redentor. Sua primeira superiora foi Irmã Francisca Maria de Salles e seu primeiro médico, o Dr. Décio de Queiros Telles. Com muito sacrifício, depois foi erguida a Capela, sob a proteção de S. Geraldo Magela, aonde os Padres Redentoristas, vindos de Pindamonhangaba, celebravam missas.
Em 1933, dado o grande volume de doentes, de ambos os sexos, pobres, a Casa deliberou atender exclusivamente pessoas do sexo feminino, vitimadas pela tuberculose, modificando a sua denominação para Sanatório Divina Providência.
Construiu-se mais uma ala em 1934, diversos melhoramentos foram erguidos até 1938 e finalmente uma terceira ala foi edificada, em 1939.
O Dr. Lincoln Ferreira Faria ali prestou serviços aos doentes, desde 1933 até a sua mudança para S. Paulo. Em 1941, o Sanatório recebia para tratamento de saúde o padre Vítor Coelho de Almeida, da Congregação do Santíssimo Redentor, o grande missionário das vocações, que durante 7 anos, prestou assistência espiritual aos doentes. Passou a ser uma grande voz cristã na Rádio Aparecida. Em 1946, era a vez do Padre Pedro Henrique, que restabelecido, foi ser superior e tesoureiro da Basílica de N. S. de Aparecida.
Desde a sua fundação, foram seus médicos, além dos já citados, Osório Pinto de Oliveira, José Antonio Padovan, Alfonso Chung Zumaeta e Miguel Valério.
Nesse mesmo ano, ocorreu algo importante na história do Hospital: a Congregação mantenedora, Pequenas Irmãs da Divina Providência, ramificou-se, dando origem a uma nova Instituição, que recebeu o nome de Congregação das Franciscanas Filhas da Divina Providência, cujo decreto canônico foi promulgado em 18.2.1946. Na divisão do patrimônio das duas organizações, o Sanatório passou a pertencer à Congregação das Franciscanas Filhas da Divina Providência. Foi a primeira instituição hospitalar inaugurada em Campos do Jordão.
A Estação ”Sanatórios” é a parada que atendia ao sanatório que deu origem à cidade. A linha original da EFCJ, com trens a vapor desde Pindamonhangaba, teria nessa parada o seu ponto final, de 1914 a 1919, quando foi aberta a estação de Abernéssia, depois Campos do Jordão. A parada atende até hoje aos trens de subúrbio da cidade. A parada, chamada também de Divina Providência ou de Sanatorinhos, é apenas uma plataforma com uma cobertura de pilares de concreto e telhas. Esta teria sido construída da forma que é hoje em 1944.
Fontes:
Livro “História de Campos do Jordão” Pedro Paulo Filho, Editoria Santuário - 1986, Páginas 284 e 284.
Revista: Illustração Brasileira, de 1901 a 1958.
A Fundação SAA
Links:
http://saa.postbox.com.br/index.html#wa-anchor-j00yz0tk2tlbmw
https://www.facebook.com/519181138110816/photos/a.527391787289751/1112582352104022
Pensionato Divina Providência em Campos do Jordão
Festa das Hortênsias
APAE em Campos do Jordão
Sua primeira Diretoria foi constituída por Agripino Lopes de Morais, Presidente; Amadeu Carletti Junior, primeiro vice-presidente; Luiz Marcondes Costa, segundo vice-presidente; Waldir Bitetti, primeiro secretário; José Corrêa Cintra, segundo Secretário; Edna Jordão Viana, primeira tesoureira e José Rubens Camargo Leme, segundo tesoureiro.
A edificação da sede própria foi iniciada e concluída na gestão da presidente Yolanda Damure.
Situada à Rua Vereador Agripino Lopes Moraes, no bairro Vila Matilde, a APAE atende cerca de 130 pessoas, contando com uma equipe de 25 funcionários.
A atual presidente da APAE é a sra. Rita de Cássia Roque, e Elenice Lucas da Silva, sua diretora pedagógica.
Na APAE, Iracema Abrantes, durante mais de dez anos, foi assídua e dedicada secretária, participando das reuniões administrativas, sempre colaborando com a entidade nos diversos eventos.
A APAE em Campos do Jordão foi reconhecida como Utilidade Pública, pela Lei Federal nº 91108 de 12 de março de 1985; Lei Estadual nº 3599 de 30 de novembro de 1982; Lei Municipal nº 854 de 11 de dezembro de 1970.
No dia 23 de março de 2017 foi assinado o Convênio com a Secretaria Municipal de Educação de Campos do Jordão com a APAE. Esse convênio beneficia alunos e assistidos da Instituição num total de 93 pessoas.
As pessoas que ingressam na APAE, em sua maioria, são para a vida toda. Existem pessoas que já estão lá há 30 anos, pessoas com 50 anos de idade.
Qualquer pessoa pode ajudar, basta participar das ações propostas:
CORRENTE DO BEM: Consiste em cada membro da comunidade buscar 20 novos contribuintes mensais, com qualquer valor acima de R$ 2,00. A pessoa que contribuir ainda concorrerá ao sorteio de um prêmio por mês.
NOTA FISCAL PAULISTA: O retorno com essa campanha é ótimo, mas ainda pode melhorar muito. A entidade está procurando novos estabelecimentos parceiros, que aceitem colocar uma urna ao lado de seus caixas e incentivem seus clientes a doarem seus cupons fiscais sem CPF. Mesmo que não seja compra daquele estabelecimento as pessoas podem colocar lá seus cupons fiscais de compras de qualquer estabelecimento do estado de São Paulo.
LOCAÇÃO DE SALÃO: A APAE dispõe de ótimos salões. A partir de agora qualquer pessoa poderá locar estes espaços para realizar suas festas e eventos. Além do benefício que o local oferece as pessoas ainda estarão ajudando a associação a gerar recursos para manutenção de suas atividades.
EVENTOS MENSAIS: Além disso tudo a entidade promoverá mensalmente eventos como festas e bingos, para os quais convida a todos a participarem. Os eventos serão divulgados oportunamente.
Caríssimos, abram seus corações e vamos trabalhar para que a nossa APAE continue sendo referência de bom atendimento para aqueles que mais necessitam de cuidados especiais.
Lembre-se que o sorriso de um atendido da APAE é um presente de valor inestimável, e ajudando estas pessoas você estará colocando uma moeda nas mãos de Deus!
Fontes:
Jornal “A Tribuna” SP de 25 de agosto de 1967;
APAE Brasil.
Links:
http://www.camposdojordaocultura.com.br/fotografias-semana_det2.asp?idfoto=2598
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1982/lei-3599-30.11.1982.html
Igreja Assembleia de Deus em Campos do Jordão
A 18 de junho de 1911, o culto realizado na casa da irmã
Celina Albuquerque, com a presença dos excluídos e alguns ainda membros da
Igreja Batista, marcou o início da Assembleia de Deus no Brasil. É a data em
que se comemora a sua fundação, a primeira igreja Assembleia de Deus no Brasil,
tendo Daniel Berg e Gunnar Vingren seus primeiros orientadores.
A repercussão da Assembleia de Deus foi tanta que as outras
denominações se unirão para combater o movimento pentecostal. Em 1911 em Belém
as outras igrejas levantaram calunias, intrigas, acusavam de falsos feitos e
até tiveram repressões físicas. Inclusive levaram aos jornais e falaram que os
pentecostais eram uma seita perigosa, o que atraíram o povo para assistir aos
cultos.
O termo Assembleia de Deus é um nome usado na América do
Norte e por isso permaneceu esse nome, com a concordância de todos.
A 11 de janeiro de 1918, a denominação é registrada oficialmente como pessoa jurídica e adota o nome Assembleia de Deus (antes, chamava-se Missão da Fé Apostólica).
A Assembleia de Deus no Brasil expandiu-se pelo Estado do
Pará, alcançando o Amazonas e propagou-se para o Nordeste, principalmente entre
as camadas mais pobres da população. Chegou ao Sudeste pelos idos de 1922,
através de famílias de retirantes do Pará, que se portavam como instrumentos
voluntários para estabelecer a nova denominação aonde quer que chegassem. Nesse
ano, a igreja teve início no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, e
ganhou impulso com a transferência de Gunnar Vingren, de Belém, em 1924, para a
então capital da República. Um fato que marcou a igreja naquele período foi a
conversão através de um folheto evangelístico de Paulo Leivas Macalão, filho de
um general e precursor do assim conhecido Ministério de Madureira.
A 15 de novembro de 1927, chegaram na capital de São Paulo, Daniel Berg e sua esposa Sara para semear a boa semente. O primeiro culto foi em sua casa, exatamente no primeiro dia como inquilinos.
Igreja
Assembleia de Deus em Campos do Jordão
A 04 de março de 1951, em Vila Ferraz, era fundada a Igreja
Evangélica Assembleia de Deus, sob a presidência do pastor Alfredo Lopes da
Silva, com a secretaria de Francisco Ribeiro e Vivaldo Francisco de Souza.
A assembleia deliberou eleger a primeira diretoria da igreja:
pastor Alfredo Lopes da Silva(presidente); Francisco Ribeiro(vice); Vivaldo
Francisco de Souza (1º secretário); Nair Oliveira do Vale (2º secretário);
Henrique Cardoso (1º tesoureiro); Sebastião Inês (2º tesoureiro).
De Vila Ferraz, a igreja foi transferida para a Av. Januário
Miráglia, nº 280, em terreno adquirido pela própria igreja.
Ainda inacabado o templo, o presidente, pastor Edmundo Alves
de Oliveira, ativou as obras, conseguindo logo a sua cobertura.
A compra do terreno e a edificação da igreja encontrou em
Vivaldo Francisco de Souza o seu grande baluarte, até o erguimento das paredes,
quando o pastor Edmundo levou à frente a conclusão do prédio.
O líder da Assembleia de Deus em Campos do Jordão, Edmundo
Alves de Oliveira, nasceu em 1938 e foi ordenado pastor em 1963.
Fonte:
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão.
Campos do Jordão. Editora Santuário. 1986. Pp. 784.
Jornal “Correio Paulistano” de 06 de setembro de 1960;
Gospel Prime /
Links:
https://www.facebook.com/temploadsp/posts/3122476447804181
https://assembleiadeutinga.blogspot.com/p/nossa-historia.html
Bairro dos Mellos
Fontes:
Cidade e Cultura.com
Maricato, Ermínia. São Paulo, entre o arcaico e a pós-modernidade. Revista Caramelo, FAU/USP, São Paulo, n. 9, p. 24-33, 1997.
Economia Solidária e sistemas públicos: uma experiência de democracia em uma escola pública. Maíra L. A. Lopes, Helena Singer, Marcelo Gomes Justo.
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Editora Santuário. 1986. Pp. 784.https://www.cidadeecultura.com/templo-budista/
https://gq.globo.com/Prazeres/Poder/noticia/2017/01/casal-tenta-atrair-alta-sociedade-para-campos-de-jordao.html
A Bandeira de Campos do Jordão
Fontes:
Wikipédia – A Enciclopédia Livre
Links:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_de_Campos_do_Jord%C3%A3o
http://camposdojordao.sp.gov.br/…/cida…/simbolos/bandeiras/
http://www.vexilologia.com.br/
http://www.emcamposdojordao.com.br/noticia/conheca-o-significado-da-bandeira-de-campos-do-jord%C3%A3o
Links:
http://boulevardgeneve.com.br/blog/fauna-de-campos-do-jordao/
https://brasilescola.uol.com.br/animais/capivara.htm
A Casa da Criança em Campos do Jordão
Fontes:
Jornal “Correio da manhã”, de 19 de setembro de 1940;
Jornal “A Manhã”, de 07 de janeiro de 1944
Jornal “Jornal do Brasil”, de 26 de maio de 1948;
Jornal “O Lar Católico”, de 08 de maio de 1955; 30 de setembro de 1956;
Jornal “Estrela Polar”, de 19 de maio de 1957;
Jornal “Jornal do Brasil”, de 02 de agosto de 1964.
Casa da Juventude
Fontes:
Jornal “A
Gazeta”, de 19 de fevereiro de 1931;
Jornal “Correio
da Manhã”, de 10 de maio de 1935;
Jornal “A
Noite”, de 15 de maio de 1935;
PAULO FILHO,
Pedro Paulo. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Editora
Santuário. 1986. Pp.784.
Annuário Genealógico Brasileiro (SP) - 1939 a 1948
Links:
https://www.geni.com/people/Antonio-de-Toledo-Lara-conde-de-Lara/6000000030449080870
http://grandestieteenses.blogspot.com.br/p/os-nobres.html
Casa de Recuperação Rainha da Paz
Links:
https://www.camaracamposdojordao.sp.gov.br/camara-aprova-utilidade-publica-para-casa-rainha-da-paz/
https://www.achiropita.org.br/projetos-sociais/casa-rainha-da-paz
https://emfavordavida.webnode.com.br/sobre-nos/
Destacamento Montado de Campos do Jordão
Fontes:
Revista “Revista AOPP”. Edição nº 20
Revista “O Cruzeiro”, de 05 de maio de
1970
RODRIGUES, Olavo. Veja Santos, 2ª
edição, 1978. Ed. do autor - pág. 53 Supl.
CAMARGO, Fausto Bueno de Arruda. Campos do
Jordão e Seu Palácio. Campos do Jordão. Editora Parma Ltda. 1982.
Links:
https://www.guiacampos.com/arquivo-de-noticias/cavalos-da-cavalaria-da-policia-militar-de-campos-do-jordao-vao-embora-para-taubate/10069
https://ultimosegundo.ig.com.br/policia/2018-02-07/cavalaria-da-pm.html
http://www.correioindependente.com.br/regimento-de-policia-montada-cavalaria-9-de-julho-completa-126-anos/
http://www.novomilenio.inf.br/baixada/vias/1r007.htm
http://ventura-memriasdoventura.blogspot.com/2009/08/14-de-agosto-de-2009.html
Cemitérios de Campos do Jordão
2-Dr. Januário Miráglia – 1907 – 1947 (médico e prefeito).
3-Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo – 1909 - 1994 (médico, vereador, prefeito).
4-Dr. José Antonio Padovan – 1927– 2006 (médico e prefeito por 2 mandatos).
5-Miguel Lopes de Pina – 1917 – 2016 (prefeito).
6-Expedito Camargo Freire – 1908 – 1991 (professor e artista plástico).
7-Frei Orestes Girardi – 1921 – 1988 (sacerdote e fundador da SEA).
8-Fausi Paulo – 1931 – 2018 (engenheiro e prefeito por 2 mandatos).
9-Dr. Pedro Paulo Filho – 1937 – 2014 (advogado, escritor, historiador, vereador).
10-Joaquim Correa Cintra – 1916 – 1972 (jornalista, gravurista, comunicador, vereador).
11-Iracema Gonçalves Abrantes – 1924–2009 (Servidora pública, poetisa).
12-Octávio da Matta – 1900 – 1983 (pioneiro e memorialista).
13-Simão Cirineu Saraiva (Chefe de correio, servidor e homem público).
14-Gustavo Biagioni – (empreiteiro, servidor e homem público).
15-Celso Marcondes Ferreira – 1932 – 2016 (escritor, historiador e homem público).
16-Dr. Horácio Padovan – 1905 – 1993 (Vereador, comerciante).
17-Hertz Bohme – 1935 – 2008 - (Empresário e contador).
18-Pedro Paulo – 1906 – 1981 (comerciante e homem público).
19-Agripino Lopes de Moraes – 1918 – 1982 (vereador, benemérito da APAE).
20-Amadeu Carletti Junior – 1977 (Empresário, vereador).
21- Sebastião Gomes Leitão –1901 – 1986 (ferroviário).
21-Dora Lygia Cersósimo Richieri – 1940 – 1970 (educadora).
23-Floriano Rodrigues Pinheiro – 1896 – 1981 (construtor e homem público).
24-Dr. Silvestre Ribeiro – 1915 – 1965 (médico).
25-Dr. João Pedro Além – 2015 – 2009 (médico).
26-Olegário Frozino – 1917 - (Vereador, empreiteiro).
27-Luiz Cesário Richieri – 1932 – 2008 (engenheiro e homem público).
28-Dr. Franklin Alkmin Bueno Maia – 1934 – 2010 (médico e vice-prefeito).
29-José Correa Cintra – 2001
30-Noboro Oya –1929 –2011 (vereador, comerciante).
31-Mathilde Klabunde Dubieux – 1902 –1938 –(benemérita).
32-Antonio Simões dos Reis – 14/01/1974
33-Harry Mauritz Lewin –1909 –1971 (professor, educador).
34-Robert John Reid –1868 –1937 (fundador de Vila Abernéssia).
35-Monsenhor José Vita –1895 – 1972 (sacerdote e homem público).
36-João de Sá –1965 (poeta, autor do hino de Campos do Jordão).
37- Laurinda da Matta (professora).
38-Mary Bueno de Arruda Camargo 1914 – 2007 (Professora).
39-Irmã Maristela Alves Cintra – 1922 – 1988 (Religiosa).
40-Elza Mansur dos Santos – 1926 – 2002 (Funcionária pública, florista).
Fontes:
Folha de São Paulo, 11 de agosto de 2004;
Guia Castelfranchi - Jornal “Todo Dia”, nº 11, de 16 de novembro de 2010;
Vanderlei Mengue Bock “O Culto aos Mortos Como Lugar
Teológico a Partir do Tratado: O Cuidado Devido aos Mortos em Santo Agostinho.
BRANDÃO, Monsenhor Ascânio. Tenhamos Compaixão das Pobres Almas!
1948, p. 202-208;
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão.
Campos do Jordão: Editora Santuário, 1986;
LINO, Maurício de Souza. Memórias do Soldado Lino. Diário
de um Recruta. Campos do Jordão: Clube de Autores, 2016. Pp. 326.
LINO, Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos Campos
do Jordão. Campos do Jordão: Clube de Autores, 2017. Pp. 616
Centro de Eventos Ministro Sergio Mota
Nascido em São Paulo, no bairro da Mooca, a 26 de novembro de 1940, filho de um técnico de raio-X de origem portuguesa, foi um engenheiro industrial formado pela PUC – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1967, empresário, jornalista e político brasileiro, um dos fundadores do PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira. Serviu como Ministro das Comunicações entre 1995 e 1998 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
A 4 de Outubro de 1995 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal. Morreu em 19 de abril de 1998, vítima de infecção pulmonar.
O centro de Eventos “Ministro Sergio Motta”, implantado na praça Isabel Cury Paulo em Vila Abernéssia, na cidade de Campos do Jordão, foi inaugurado no dia 10 de julho de 1998, na gestão do prefeito Osvaldo Gomes da Silva Filho.
Situado entre a Praça da Bandeira e o Fórum Embaixador José Carlos de Macedo Soares, possui um amplo e agradável local para as pessoas. Fica em um lugar bem próximo de vários pontos turísticos, além de estar na área central da cidade. Fica ao lado do fórum e faz junção com a famosa praça Izabel Cury Paulo, onde o que separa os dois são pequenos muros que também servem de bancos para as pessoas sentarem e descansarem aproveitando o delicioso clima do lugar. Possui muito verde ao lado e tudo é muito bem cuidado.
Antes da inauguração do Centro de Eventos "Ministro Sérgio Motta", já existia um gazebo, elemento relativamente recente na história de Campos do Jordão.
O termo “gazebo”, aparece pela primeira vez em um texto inglês de 1752 e as pesquisas etimológicas indicam que a palavra possui uma origem latina (ebo) e inglesa (to gaze), compondo a nova palavra gazebo que possui o significado de “eu verei”.
De fato, a evolução dos “belvederes” italianos e dos “mirador” espanhóis indica que os gazebos eram lugares ou construções elevadas das quais se gozava de belas vistas.
Os primeiros gazebos eram frequentemente estruturas de pequena dimensão, pequenos pavilhões de jardim, situados em um local naturalmente elevado e a partir do qual se observa todo o terreno. Somente mais tarde o termo aparece referido a construções de jardim com vastas aberturas. De qualquer forma, apesar das utilizações modernas, o termo deve indicar somente estruturas das quais se obtém uma vista ou um panorama. Estruturalmente o gazebo deriva dos pombais: murados nas laterais e com formatos circulares ou octogonais. Por volta dos anos de 1800/1900 evoluiu para pórticos abertos, em madeira ou metal.
No Centro de Eventos Ministro Sergio Motta, o gazebo é um imóvel, com andar térreo, feito de tijolos, e coberto de telhas, edificado exclusivamente para fins culturais; ou seja, servir de palco para apresentações artístico-culturais, musicais, eventos cívicos, peças teatrais, corais, concertos, etc.
A antiga Igreja de Santa Isabel, a primeira de Vila Abernéssia, e ficava, aproximadamente, no mesmo local onde se encontra o Gazebo Municipal.
No mês de julho de 2008, essa área foi autorizada a título precário para alta temporada de Campos do Jordão, para a organização do evento social da CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo) – Patina Brasil, às crianças das escolas públicas entre 1ª a 4ª series primárias, o que não vingou.
O primeiro gazebo foi demolido no ano de 2012, para em seu lugar, construir um novo.
Fontes:
Círculo Operário de Campos do Jordão
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Editora Santuário. 1986. Pp. 784.
LINO, Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery aos Campos do Jordão. Campos do Jordão. Clube de Autores. 2016, Pp. 616
Diário Oficial do Estado de São Paulo, 27 de janeiro de 1977 – página 8
Federação dos Círculos Operários do Rio Grande do Sul
Link:
http://www.camposdojordaocultura.com.br
http://www.fcors.com.br/historico-do-movimento-circulista/
Clube de Castores de Campos do Jordão
Fontes:
Livro: 40 anos do Lions Club de Campos do Jordão.
Revista “Guia CastellFranchi”, nº 024
PAULO FILHO, Pedro, História de Campos do Jordão.
Campos do Jordão. 1986. Editora Santuário. pp. 784.
Passagem do Cometa Halley em Campos do Jordão em 1910
Com certeza, seria muito sem
graça e provavelmente ninguém olharia para cima nas noites frias de inverno
porque tudo já seria muito conhecido. Mas, com as estrelas a enfeitar o céu é
tudo diferente! Numa noite estrelada, a claridade das estrelas sempre traz
novas nuances, novos espaços para descobrir e desenhos imaginários a realizar,
sensações que nos fazem sonhar acordados e agradecer a Deus por ser tão
criativo e meticuloso, por pintar o céu com uma imensidão de pontinhos
luminosos que enriquecem o azul escuro.
As estrelas contam
histórias... Também existe uma história de Campos do Jordão escrita nas
estrelas. Olhar para o céu é ver o nosso passado. Olhe à noite, no Pico do
Imbiri, nos Alpes de São José, no Alto da Boa Vista, e veja o céu em sua
devasta escuridão, mas olhe além, olhe as estrelas que lhe mostrarão o passado,
presente e futuro.
As estrelas contam histórias
de vidas, mortes, mistérios, amores, coisas terríveis; as estrelas tudo veem,
nada se escondem delas...nem mesmo os segredos mais bem guardados; tudo o que
elas veem, elas sabem. Você nunca estará só se olhar para o céu e ver as
estrelas! Olhar para as estrelas em um momento de reflexão, é como olhar a
nossa história, as estrelas contam toda a nossa trajetória de vida. O início e
o fim! O passado e o futuro!
Olhar para o espaço é uma
viagem no tempo, na história. No Universo, não existe o presente, o agora, o
instante atual. Tudo que vemos é passado. Quando olhamos para as estrelas,
estamos vendo o passado delas.
Uma dessas estrelas revela
que o grande acontecimento de 1910 foi a passagem do Cometa Halley, que,
segundo registros, semeou uma onda de pânico global. Muitas especulações
existiam sobre o cometa, tal como sobre o suposto efeito letal do gás de sua
cauda, causaram tal perplexidade e medo, que culminou com a morte de várias
pessoas que, não querendo morrer envenenadas pelo “gás letal”, preferiam se
suicidar...
A mística do Cometa Halley é
escrita com muitas lendas, superstições, avanços científicos e tragédias. Era
até há pouco tempo, uma espécie de popstar dos objetos astronômicos.
A visita do Halley no início
do século XX foi muito comentada porque era a primeira feita com a existência
de tecnologias de gravação. O cometa foi fotografado pela primeira vez e ganhou
esta fama mundial. Encontrar quem tenha visto e deixado registro do fenômeno,
sempre traz surpresas da pandemia que se criou na época.
É o caso do relato de
Octávio da Matta, conhecido como “Vico” que então com 10 anos de idade, na
ocasião da passagem do cometa, deixou o relato abaixo, registrado em seu livro
“Campos do Jordão a cidade que vi nascer”
“Em meados de junho é comum
Campos do Jordão amanhecer toda coberta de geada e sob intenso frio que, logo a
seguir, dá lugar a um sol brilhante e quente que se projeta de límpido céu
azul.
Em 1910, contudo, o dia 24
de junho apresentou um aspecto completamente diferente do normal. Às 9 horas da
manhã tinha-se a impressão do sol estar raiando, razão pela qual toda a
população olhava para o céu em busca de uma explicação que ninguém sabia dar.
Uns, mais metidos a “sabidos”, mas bem ignorantes, diziam que o sol estava se
apagando, o que motivou um certo terror entre a criançada e mesmo entre muitos
adultos.
Eu e meus irmãos
costumávamos lenhar numa pequena mata situada onde hoje se encontra a Vila
Guarani. Naquela manhã, como de costume, nos dirigimos para lá, mas, percebendo
que algo de anormal se passava, ao invés de lenhar ficamos observando o céu. Em
dado momento um de nós percebeu bem próximo ao sol uma estrela muito brilhante
que parecia desprender uma chama, que logo passamos a chamar de rabo. A estrela
de rabo permaneceu vários dias visível e aumentando progressivamente, enquanto
nós, os garotos, tínhamos nossos temores aumentados pelas opiniões dos adultos
que pareciam cada vez mais convencidos da aproximação do fim do mundo.
Uma madrugada meu pai me acordou
e a meus irmãos, chamando-nos para assistir um espetáculo realmente grandioso. A
estrela brilhava com enorme intensidade e sua cauda atingia grande parte do
céu.
Pouco a pouco foi diminuindo
o seu brilho e a cauda foi diminuindo até se extinguir totalmente.
Mais tarde, em conversa com
um salesiano chamado Crispim, fui informado tratar-se do Cometa Halley, visível
de 76 em 76 anos, aproximadamente e que nada tinha a ver com o “fim do mundo”
preconizado pelos “sábios” locais”.
Infelizmente, Vico, não pode
também presenciar o retorno do cometa em 1985/1986, pois falecera em 13 de
outubro de 1983, mas sua cidade querida, Campos do Jordão, junto com as cidades
vizinhas de São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal, prepararam-se para
o evento, pois esta região nos altos da Mantiqueira se tornara os melhores
pontos astronômicos para observação. Só Campos do Jordão recebeu em seus hotéis
e pousadas 21 mil americanos, 9 mil europeus e milhares de brasileiros e sul
americanos e de outras localidades para observar o famoso cometa.
Mas contrariando os temores
e expectativas, não foi um espetáculo memorável, tal como em 1910, deixando
todos decepcionados….
O Halley é o único cometa de
curto período que é regularmente visível a olho nu da Terra, e o único cometa a
olho nu a aparecer nos céus durante uma só geração. Sendo sua última aparição
em 1986, seu retorno está marcado para 2061.
Outras estrelas registram
outras histórias. Podemos vê-las, mas pertencem a outro tempo e outro espaço, a
exemplo do que são as próprias fotografias, que nos contam histórias de algo
que já não está mais ali.
Grande parte dos pontos
brilhantes que vemos no céu à noite são apenas projeções de um passado muito
distante, de corpos celestes ou galáxias inteiras que podem até não existir
mais! Assim, todas as informações que nos chegam são de coisas que já
aconteceram há bastante tempo.
Fontes:
Narrativa: © Campos do
Jordão a cidade que vi nascer, Octávio da Matta – B. L. Ferrari. 1ª edição,
Campos do Jordão, 2011;
Gazeta da Física – Volume 8, janeiro 1985, Portugal;
Campos do Jordão, na rota do
Halley – INPE (URLib em md-m09.sid.inpe.br), 1986).
O Primeiro Cruzeiro em Campos do Jordão
Um Cruzeiro é uma “grande
cruz de pedra, erguida ao ar livre, no adro de igrejas, ou em encruzilhadas,
praças, cemitérios, (...)”.
Estão colocados nas bermas
dos caminhos, nas praças, no alto dos montes, perto das povoações ou isoladas.
São mais ou menos monumentais, com primores de pendor artístico uns, outros
lisos.
O Cruzeiro representa o
espírito popular da devoção religiosa. Contudo, nem sempre esta causa foi
determinante para a sua construção, pois muitos serviram para marcar
acontecimentos de pendores variados e para proteger contra influências
maléficas e feitiçarias os caminhos, as encruzilhadas e os largos das aldeias.
Por trás de cada Cruzeiro
existe uma história relacionada com uma situação triste ou dramática, assim
como uma profunda devoção.
Padre Vitor Coelho de
Almeida era sacerdote redentorista e quando se achava em missão na cidade de
Ribeirão Preto, em 1940, contraiu tuberculose, buscando o clima de Campos do Jordão
onde se internou no Sanatório Divina Providência. Operado, extraiu um pulmão e,
curado, retornou à sua atividade sacerdotal.
Em 1942, era vigário da
paróquia jordanense o Frei João Crisóstomo Arns, irmão do Cardeal Paulo
Evaristo Arns, que logo travou amizade com o Padre Vitor Coelho, que aqui se
tratava da doença pulmonar.
Padre Vitor Coelho,
palestrando com o vigário jordanense, disse que a Cruz lembra sempre as dores,
a tortura, a angústia, mas, a esperança da salvação e que, por isso, o Cruzeiro
representava a superação da dor, a glorificação do sofrimento, a apoteose do
drama em que o homem, como Cristo, venceu a dor e a morte.
Estranhou o Padre Vitor
Coelho que Campos do Jordão não tivesse na entrada da cidade um Cruzeiro, pois,
a cidade era uma terra de tantos sofrimentos e tantas esperanças.
Certo dia, ambos saíram a
passeio, numa tarde de sol radiante, onde a flores brotavam no gramado em
geração espontânea. Pararam um pouco na entrada da cidade, que à época,
começava na altura do Instituto Dom Bosco e o Padre Vitor Coelho disse:
“Por que não colocar aqui um
Cruzeiro, senhor vigário?”
O Frei João Crisóstomo
ouviu, guardou a sugestão, aprovou-a e logo convocou a comunidade franciscana
do antigo Convento de Vila Britânia. Ali descobriram que havia uma enorme Cruz
esculpida por um artista catarinense, demasiadamente grande para ser instalada
no Convento. O vigário indagou: “Que tal se transformássemos esta Cruz em um
Cruzeiro?”
Dito e feito. Todos
concordaram com a ideia e logo iniciaram a construção de um pedestal com uma
rústica cobertura de madeira. O vigário anunciou a procissão do Cruzeiro para
ser implantado naquele mesmo local indicado pelo Padre Vitor Coelho.
Assim, à entrada de Campos
do Jordão, como um marco de fé, um verdadeiro monumento jordanense, num ponto
estratégico, foi instalado o Cruzeiro, inaugurado em 12 de maio de 1946, pelos
missionários franciscanos de Campos do Jordão, sugerido pelo Padre Vitor
Coelho, onde está afixado o Cristo Crucificado, sob a legenda I. N. R. I.,
Jesus Cristo, Rei dos Judeus.
Instalaram a cruz e o
crucifixo, o Santo Cruzeiro das Missões, na entrada de Vila Abernéssia, nas
proximidades do cruzamento ferroviário, perto da Vila Dom Bosco, atual Hospital
Leonor Mendes de Barros/Hospital São Camilo, anteriormente Bandeira Paulista
Contra a Tuberculose, existente até os dias de hoje. Ali se fazem muitas
orações e pedidos de graças.
Contudo, essa imagem, cujo
crucifixo foi doado pela Condessa Mariângela Matarazzo, veio de ser destruída,
num ato de selvageria sem par, danificado por criminosos em 1958.
Na ocasião, registrou-se na
história de Campos do Jordão, grande revolta entre a população, não só cristã como
de todos aqueles que não professam essa religião.
Na Câmara Municipal se fez
sentir essa revolta pois, numa sua reunião, foi amplamente debatido o
acontecido, condenando todos os vereadores esse ato criminoso, só compreensível
em quem sofre das faculdades mentais.
E a Câmara Municipal de Campos
do Jordão, num ato louvável, decidiu unanimemente assumir o compromisso de
colocar outra imagem no local, valendo-se para tanto de verbas do próprio Legislativo.
Diversas pessoas teriam se
manifestado com desejo de contribuir com a aquisição da nova imagem, fazendo
uma complementação por meio de subscrição pública.
Fontes:
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. 1986. Campos do Jordão: Santuário. p. 784;
VIEIRA, Leonel. In Seminário: «Cruzeiros de Lousada», Universidade Portucalense, 2004.
Campos do Jordão e Davos Platz
A estância de Davos Platz, na Suíça, ficou reconhecida ao longo do século XX pelo serviço sanatorial para tratamento da tuberculose. As características geográficas e climáticas do local eram consideradas como favoráveis ao tratamento da doença. Originalmente deve sua importância ao seu clima de cura, conhecido por cerca de 150 anos.
A primeira pousada de Davos foi inaugurada em 1860 e acomodou hóspedes do spa. O médico imigrante alemão, Alexander Spengler, criou uma cura para as pessoas com doença pulmonar, que incluía muito sono nos terraços de Davos e no vinho Veltliner. Esse método tornou Davos famosa no mundo e também foi imortalizada literariamente no romance de Thomas Mann, "A Montanha Mágica", em 1924, cuja trama se desdobra no sanatório de Davos. Thomas Mann se inspirou na história em sua própria estadia em Davos. Sua esposa Katia adoeceu com catarro pulmonar e viajou para o sanatório da floresta de Davos para se deitar. Isso forneceu a Thomas Mann relatórios em primeira mão sobre a vida no sanatório. Com base em suas impressões e nas cartas que sua esposa escreveu para ele no sanatório, ele escreveu seu romance, no qual trabalhou entre 1913 e 1915, e que terminou em 1924 após um intervalo de vários anos.
Além de Mann, vários outros escritores, artistas e filósofos viajaram para Davos. Eles trouxeram sua própria cultura com eles, tornaram o spa famoso em suas obras ou iniciaram o que hoje é comum em esportes de inverno, eventos e cultura e, posteriormente, associado a uma economia do prazer, por suas qualidades climatéricas para a saúde, mas também as qualidades paisagísticas e estruturais do lugar, destacando as vilas, hotéis, sanatórios, pensões e belezas naturais da estância.
Seguindo a marcha dos discursos climatoterápicos, a cura da tuberculose em Davos foi amplamente comercializada. O regime sanatorial suíço possuía grande fama.
A cidade Suíça como um destino pela elevada altitude era procurada por aqueles que tinham tuberculose. Como neste período ainda não havia a concepção de que a causa da doença era o bacilo, a teoria acerca das benesses do clima para o tratamento dessa doença era embasada, sobretudo, no mito da imunidade alpina. Mas cabe destacar que o alcance a este destino não era comumente extensivo às classes populares. Sua procura era constituída por uma elite e alcançou seu reconhecimento não apenas nos arredores como também em lugares mais distantes.
Procurada por personalidades, políticos, escritores e artistas, Davos teve seu “moment de lieu”, provocado por alguns atores, que lançaram o lugar como destaque aos olhos do mundo exterior. Frequentaram Davos personagens famosos como Sir Arthur Conan, Robert Louis Stevenso, Franz Kfaka, Thomas Mann, Fyodor Dostoyevski, Anton Chachov, Maxim Gorku e Vladimir Lenin. As presenças ilustres neste destino foram o que tornaram este lugar um sistema de referências para outros lugares.
Assim como Davos, vários outros destinos foram desbravados, estudados, medidos e enquadrados como lugares ideais para o tratamento da tuberculose; contudo, Davos ganhou grande fama em relação aos seus contemporâneos, sendo seu modelo imitado por diversas localidades no mundo. A criação deste lugar passou pelos seus usos enquanto destino terapêutico. Aliás, alcançou grande fama não apenas na Europa como no mundo todo. Isto é, buscava-se estes locais por terem poucas ocorrências da doença, por serem reconhecidamente fomentadores de saúde dos corpos.
Davos na Suíça, é um desses lugares que por sua unicidade instigam outros à imitação. Serviu de inspiração a vários outros lugares, inclusive no Brasil, que utilizaram seus ideais de estância de tratamento de saúde e, posteriormente, de turismo de montanhas como referência e parâmetro de apropriação.
O modelo europeu dos preceitos da estância de Davos Platz, na Suíça, é o lugar que inspirou a formação da “Suíça Brasileira”, e serviu de modelo e inspiração para a formação da estância de Campos do Jordão.
Dr. Clemente Ferreira inspirou-se nas já afamadas estâncias climatéricas europeias para afirmar que os Campos do Jordão tinham as condições necessárias para competir com as mesmas. Em seus estudos, o médico apresentou dados como temperatura, níveis de ozona, umidade, altitude, relevo, mostrando que todas as suas aferições culminavam em um produto tão notável quanto os parâmetros observados nas estâncias do estrangeiro.
Isso porque, conforme já observado, as teorias médicas europeias já utilizavam as estâncias climáticas famosas como Davos para seguir um padrão ideal de clima e estrutura terapêutica.
Compartilhando dessa metodologia, Clemente Ferreira considerou o destino estudado com os padrões adequados para a construção de um espaço para tratamento da tuberculose.
A idealização da Suíça brasileira, como visto, culminou na construção da Estância Climatérica de Campos do Jordão. Com o território lançado a um novo status, o destino de saúde e de repouso que se formava, necessitava, além do planejamento urbano, de divulgação e validação científica.
Objetivando transformar a Suíça brasileira em uma estância destacável, atrativa em relação às demais, iniciou-se um processo de construção da “Davos Paulista”.
Médicos, políticos e empresários uniram esforços para que o território de Campos do Jordão ganhasse uma fama igual e até mesmo maior que a famigerada estância Suíça, não apenas por suas qualidades terapêuticas, mas também por sua estrutura.
Davos, se consolidou como um lugar-modelo. Campos do Jordão, aos moldes de seu predecessor europeu, buscava se afirmar como um lugar exemplar no território nacional e ganhou importância significativa enquanto destino de saúde.
Davos era atrativa não apenas por suas qualidades climatéricas. Seu prestígio construiu-se acima de tudo, pelo luxo das instalações sanatoriais e pela possibilidade de aliar o tempo na montanha a experiências e prazeres dos territórios de inverno.
É a cidade mais alta da Europa e famosa pela variedade de atividades esportivas, de lazer e culturais, seu clima de cura, o HC Davos, a Spengler Cup, o Kirchner Museum, o Fórum Econômico Mundial ou a cena do estilo freestyle de Jakobshorn.
A invenção do gosto pela montanha e seus diferentes usos, de saúde e de turismo, foram observados primeiramente no cenário europeu, precursor de importantes transformações sociais.
O clima de Campos do Jordão, comparado à região alpina de Davos Platz na Suíça, acusou supremacia nos graus de nebulosidade, nas taxas de insolação, oscilações térmicas e nos índices de precipitação pluviométrica.
Em 1922, Ramozzi, foi tentar a cura em Davos-Platz, na Suíça, ouvindo do médico o seguinte conselho:
“No Brasil há uma cidade de excepcional qualidade curativa para o tratamento da tuberculose. Aconselho o senhor ir tratar-se lá!” O escrivão Arthur Ramozzi, perguntou: “Que cidade é essa, doutor? O médico respondeu: “Chama-se Campos do Jordão!”. Estupefato com o que acabara de ouvir, Ramozzi retornou à estância de onde viajara, em 1923.
No Congresso de Climatologia, realizado em 1957, em Paris, Campos do Jordão foi considerada a cidade que apresentava o melhor clima do mundo, no que se referia ao tratamento dessa enfermidade, fazendo jus, portanto, ao cognome a ela atribuído, de “Suíça Brasileira”. Nessa ocasião, chegou a ser comparada à estância climática de Davos, na Suíça, até então considerada a mais indicada para o tratamento da enfermidade, em função da sua altitude. Estudos comparativos, realizados nas duas cidades, resultaram em relatórios médicos que apontaram a primazia da cidade brasileira nesse quesito.
Davos é uma comuna da Suíça, no Cantão Grisões, com cerca de 13.000 habitantes, aproximadamente. Estende-se por uma área de 283,98 km². As comunas da Suíça constituem o nível administrativo mais baixo da Confederação Helvética. São equivalentes aos municípios do Brasil. Situada junto ao lago homônimo, é um prestigiado centro de desportos de Inverno. Todos os anos acontece, nesta cidade, o Fórum Econômico Mundial.
Quanto ao sanatório, sua arquitetura foi preservada. Os terraços, onde os visitantes foram curados, agora são usados para se bronzear pelos hóspedes do hotel.
Fontes:
→ Davos Klosters
→ Hammerl, Priscyla Christine. TESE. Por uma cidade turística: Formação e Transformação Territorial da Estância de Campos do Jordão (SP) – (1911-1966). Santa Cruz do Sul – 2016.
Links:
→ http://camposdojordao.sp.gov.br/Clima-na-Cidade/
→ https://www.davos.ch/davos-klosters/portrait-image/davos/
Eden Ginasiano
“Éden Ginasiano” foi o nome que o professor Theodoro Corrêa Cintra, então diretor do Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão, na década dos anos 50, deu à quadra de vôlei e basquete, além da piscina, que foram construídas na parte superior do prédio daquele estabelecimento de ensino.
Em 1949, foi constituído o Clube Ginasiano, e com a ajuda oficial e particular, construíram a piscina da escola. O Projeto “Éden Ginasiano”, foi executado na área pertencente ao Colégio, nos altos da Vila Suíça, na Rua Dr. Altino Arantes, 172, em Vila Abernéssia, Campos do Jordão.
Esse Éden estava situado atrás do edifício do Colégio Estadual, construído pelo município. A construção e implantação desse Éden Ginasiano (quadras de esporte e piscina), contou com substancial ajuda de D. Baby Gonçalves, que, sempre benemérita, auxiliou na sua construção, e que foi muito importante para a juventude daquele tempo.
Com a presença de todos os estudantes e pessoas gradas, realizou-se em 11 de agosto de 1949, a cerimônia do lançamento da pedra fundamental da piscina dos ginasianos. O ato foi presidido pela Exma. Sra. Zuleika Oliveira Guimarães, primeira dama da cidade.
Embora não estivesse totalmente concluído os trabalhos da piscina do Clube Ginasiano de Natação, dia 11 de setembro de 1949, procedeu-se a cerimônia da piscina. Grande foi a afluência de famílias que acorreram ao local atendendo ao convite do diretor do Ginásio, levando o seu aplauso a tão brilhante iniciativa. A alegria dos ginasianos foi incontida, pois os jovens muito trabalharam para a concretização dessa aspiração. Depois de algumas explicações necessárias feitas pelo diretor do Ginásio, o vigário da paróquia Frei Francisco Fresie, procedeu à bênção, tendo servido como padrinhos, os srs. Paulo Cury, João Alves Teixeira, Dr. Eduardo Pulschen, Adauto Camargo Neves, sra. Zuleika de Oliveira Guimarães, Gil Passos e José Péricles Alves.
O primeiro mergulho coube ao dr. Eduardo Pulschen que causou surpresa geral, revelando-se grande nadador. O esportista Emídio José dos Santos secundou-o nas exibições náuticas e a profª de Educação Física do Ginásio, srta. Neuza de Souza, comandou um aguerrido grupo de alunos do modelar estabelecimento de ensino secundário, em demonstrações de natação. A primeira aluna a saltar na água, com o maio tradicional da época foi Stela Maris Galvão. Um mergulho perfeito que a levou a atravessar a piscina, sob aplausos gerais. O aluno escolhido para inaugurar a piscina José Luiz do Vale. Todos vibraram ante este espetáculo inédito em Campos do Jordão.
As instalações para vestiário, chuveiros, etc. prosseguiriam e dentro em breve, o Éden Ginasiano estaria equipado com todos os recursos para uma completa prática esportiva, requisitos que fariam do Ginásio um dos mais completos do Estado. Fora pensamento dos responsáveis pelo Clube Ginasiano de Natação, reservar certos horários para as pessoas que quisessem praticar o utilíssimo esporte de natação, mediante inscrição no quadro de sócios, atestado médico e outras medidas que visassem proteger a saúde e a moral, não só dos alunos do Ginásio como também da sociedade jordanense.
Equipes de basquete e vôlei do Grêmio Estudantil Jordanense enfrentavam, frequentemente, times visitantes, ora vencendo, ora perdendo. Nessas quadras também eram dadas as aulas de Educação Física pelo professor Thirso Nazianzeno.
Destacaram-se como benemérito do Clube dos Ginasianos, diversas pessoas que facilitaram a construção rápida da piscina, para gáudio da mocidade. Foram esses beneméritos os srs. Prefeito Orestes Guimarães, Francisco Bento Filho, dr. Eduardo Pulschen, Feis Thomaz Soubihe, Paulo Cury, João Alves Teixeira, José Péricles Alves, Fernando de Alencar Pinto, Adauto de Camargo Neves, bem como outros amigos dos ginasianos.
Mereceu menção especial o esforço dos jovens estudantes que muitas vezes empunharam ferramentas para ajudarem as escavações da piscina. Brilhante e sincero o discurso do secundarista José Péricles Filho. Sintetizou em palavras comovidas, todo o trabalho, toda a luta, coroada enfim pela mais risonha vitória.
O mais importante feito administrativo de âmbito municipal jamais realizado nesta encantadora terra, foi sem dúvida alguma a criação do Ginásio Municipal e a consequente construção do prédio em que deveria ser instalado.
Como sói acontecer, talvez a maioria dos jordanenses não se aquilataram da extensão do trabalho que vinha sendo realizado em prol da concretização de tão nobre ideal. Para muitos, o Ginásio ainda era uma utopia. Para outros, era de realização remota ou quase impraticável.
Foi concluída uma Escritura Pública do empréstimo no valor de CR$ 2.500.000,00 (Dois milhões e quinhentos mil cruzeiros), para a construção do Ginásio Municipal. A prefeitura lançaria esta quantia para cobertura das despesas com a construção do prédio. O êxito completo do cometimento dependeria da compreensão do povo e dos amigos de Campos do Jordão, que deveria acorrer ao apelo da municipalidade, subscrevendo apólices, na medida de suas posses. Todos precisavam colaborar para o erguimento rápido que seria um patrimônio valioso para a terra.
Exemplo magnífico de cooperação foi dado pelos ginasianos, que sob a direção do diretor prof. Theodoro Corrêa Cintra estavam construindo sua própria piscina, bem como outras instalações esportivas.
O governador Adhemar Pereira de Barros subscreveu CR$ 500.000,00 (Quinhentos mil cruzeiros) de apólices, e outros subscritores, fato que sensibilizou deveras a opinião pública de Campos do Jordão. A Sociedade dos Amigos de Campos do Jordão auxiliou o Clube Ginasiano com a importância de CR$ 9.600,00 (Nove mil e seiscentos cruzeiros), destinada á cobertura do “déficit”, motivado pela construção da piscina. A valiosa contribuição, foi conseguida através dos bons ofícios do dr. Aziz Mahfuz, um dos destacados elementos daquela meritória Sociedade.
O empréstimo destinado à construção do edifício do Ginásio Municipal atingiu apenas a importância de CR$ 326.700,00 (Trezentos e vinte e seis mil e setecentos cruzeiros), faltando serem subscritos, CR$ 2.173.300,00 (Dois milhões, cento e setenta e três mil e trezentos cruzeiros) para completar o empréstimo lançado de CR$ 2.500.000,00(Dois milhões e quinhentos mil cruzeiros). O povo jordanense subscreveu CR$ 117.000,00 (Cento e dezessete mil cruzeiros), dos quais foram pagos CR$ 57.600,00 (Cincoenta e sete mil e seiscentos cruzeiros). O prefeito Orestes de Almeida Guimarães fez mais um apelo ao povo jordanense. O prefeito lançou um veemente e angustioso apelo no sentido de que todos subscrevessem o maior número de apólices possível, porque a absoluta falta de recursos acarretaria a paralisação das obras.
As dificuldades encontradas foram inúmeras, quer com a dotação da aquisição do terreno, quer com a construção do prédio, onde foram gastos cerca de CR$1.600,.00,00(Um milhão e seiscentos mil cruzeiros) e pagos CR$ 800.000,00 (Oitocentos mil cruzeiros), além da mão de obra e maquinário empregado pela prefeitura.
As obras necessitavam prosseguir rapidamente e estavam à míngua de recursos. O Ginásio era obra do povo e não podia fracassar.
Mais uma vez, pois, o governador do Estado de São Paulo, demonstrou ao povo jordanense, de maneira insofismável, que sabia cumprir uma palavra empenhada. Recusado o projeto que sua Excia. apresentara à Assembleia Estadual, criando o Ginásio Estadual, recusa essa que fora atribuída simplesmente às paixões políticas que cegaram os homens do Legislativo, estadual, o sr. Adhemar de Barros, imediatamente deu apoio à ideia da criação do Ginásio Municipal.
Procedeu-se à cerimônia de inauguração da piscina do Clube Ginasiano de Natação, embora não estivesse totalmente concluído os trabalhos. As instalações para vestiários, chuveiros, etc. prosseguiriam, e dentro em breve, o “Éden Ginasiano estaria equipado com todos os recursos para uma completa prática esportiva, requisito que faria do Ginásio, um dos mais completos do Estado.
Prosseguia em ritmo acelerado a construção do amplo e moderno prédio destinado ao Ginásio Municipal. O sr. Francisco Bento Filho tinha empregado o melhor de seus esforços para a rápida conclusão do importante cometimento, apesar da morosidade com que vinham sendo tomadas as apólices do empréstimo.
Era preciso que o povo colaborasse nessa empresa de largo alcance, subscrevendo, mesmo que isto representasse algum sacrifício, as apólices do empréstimo. O jornal “A Cidade de Campos do Jordão”, colaborou intensamente, convidando o povo em geral, para a subscrição das apólices pró-Ginásio Municipal.
A atitude do povo de Campos do Jordão bem demonstrou a compreensão dos difíceis problemas municipais, entre os quais, o Ginásio, que sempre foi de difícil solução, dado o pesado encargo que constituía para o erário, menos pelas enormes despesas de construção e instalação do que pela sua manutenção, por ser esta uma obrigação anual que não poderia de forma alguma sofrer solução de continuidade. Indo de encontro à essa máxima aspiração do culto povo desta terra, a Câmara Municipal e o sr. Prefeito, com o necessário apoio do governador Adhemar Pereira de Barros que, diga-se de passagem, sempre foi o maior interessado em dotar Campos do Jordão de um estabelecimento de Ensino Secundário, à altura do nome e do conceito da estância, tornou possível a criação do Ginásio Municipal, já com a intenção preconcebida de posteriormente entregá-lo à tutela do Estado. E aí surgiu o Ginásio Municipal, uma esplêndida realidade, cumprindo cabalmente o programa de ensino, com a sua situação perfeitamente regularizada perante as repartições competentes, mercê do esforço e dedicação de seu corpo administrativo e de todos os professores.
Depois da inauguração, a prefeitura informou que a piscina não estaria em funcionamento definitivo, por defeitos na sua construção, os quais esperariam que fosse brevemente reparado.
Entretanto, o prazo de validade para o funcionamento do Ginásio Municipal, a título precário, estava vencendo e a Prefeitura Municipal não dispunha de condição para arcar com os encargos de manutenção de um ginásio municipal. Providencialmente, o Projeto de Lei nº 993/49, de iniciativa do Deputado Rubens do Amaral, Presidente da Comissão de Educação e Cultura, tratava da criação de ginásios estaduais em 13 municípios paulistas, e aos 30 de setembro de 1.949, foi criada nesta cidade a Comissão Pró-Instalação do Ginásio Estadual de Campos do Jordão.
Pela Lei Estadual nº. 607 de 02 de janeiro de 1.950 foi criado o Ginásio Estadual de Campos do Jordão, sucedendo ao Ginásio Municipal. De início, foi instalado no prédio da Chácara Dom Bosco em Vila Abernéssia, funcionando em regime de externato. Em 23 de Março de 1.950, pela Lei Estadual nº. 641 foi criado o Colégio Estadual de Campos do Jordão.
Em 21 de julho de 1950, foi inaugurado, na Rua Dr. Altino Arantes, 172, em Vila Abernéssia, o edifício do Colégio Estadual, construído pelo Município, no local comumente chamado de altos da Vila Suíça, em Campos do Jordão, equipado com doações do povo jordanense.
O “Éden Ginasiano”, complemento do prédio, construído pelo município, foi relegado a segundo plano.
Fontes:
Jornal "A Cidade de Campos do Jordão",
Ano 1949
Educandário Santo Antonio
Entre as obras de benemerência social que proporcionava conforto, tratamento e assistência moral e educacional a crianças pobres, destacou-se pela sua atuação o Educandário Santo Antonio, de Campos do Jordão, São Paulo. Dezenas de filhos de tuberculosos pobres de vários pontos do país foram ali acolhidos com carinho e desvelos pelas irmãs franciscanas missionárias, que procuraram por todos os meios recuperar física e mentalmente esses pequeninos seres que o destino deixou ao desamparo.
Em 30 de abril de 1940, no prédio alugado de dona Elvira de Souza, com a finalidade de constituir uma sociedade civil, denominada “Educandário Santo Antonio”, objetivando proteger a infância contra a tuberculose e afastar as crianças do convívio de sua família enferma, reuniram-se as madres Maria Rosalinda Veiga, Maria Anisia Liza, Maria Celina Bielli, Maria Dolores Boaventura, Maria Silvieta Cadde, Maria Rosa do Carmo; tesoureira – Madre Maria Silvieta Cadde.
Procedeu-se à eleição da presidência da assembleia, sendo eleita, por unanimidade, a Madre Maria Rosalinda Veiga.
A presidência declarou fundada a instituição, solicitando que se elegesse a sua primeira diretoria, que ficou assim constituída: presidente: Madre Maria Dolores Boaventura, no século, Geny Boaventura; secretária: Madre Maria Rosa do Carmo, no século, Esther do Carmo; tesoureira, Madre Maria Silvieta Cadde.
A diretoria tomou posse, imediatamente. As suas integrantes faziam parte do Instituto das irmãs Franciscanas Missionárias do Egito.
A primeira missa realizada no Educandário ocorreu no dia 25 de dezembro de 1940. Em 27 de fevereiro de 1941, a secretária foi substituída pela Madre Maria Gonzaga Trovati, no século, Clelia Trovati.
Em 16 de setembro de 1941, a entidade recebeu CR$ 440,00 da Prefeitura Municipal para aquisição de material escolar, e nessa época, a sede da instituição localizava-se na rua Tadeu Rangel Pestana.
Em 03 de janeiro de 1942, a instituição recebia CR$ 300,00 a título de doação, de Elza Garcia, e em 13 de junho de 1942, era entronizada a imagem de Santo Antonio.
O Educandário possuía 24 crianças, em 20 de julho de 1942, e, em 04 de setembro do mesmo ano, o presidente do Banco do Brasil doava CR$ 5.000,00 para a aquisição de imóvel onde pudesse funcionar a instituição.
Outra doação era recebida em 03 de abril de 1943, e esta, de CR$ 50.000,00, do conde Francisco Matarazzo Sobrinho para a aquisição de um prédio.
Em 03 de junho de 1943, a instituição decidiu comprar um terreno, perto da igreja Matriz, do capitão José Martiniano Vieira Ferraz, fundador de vila Ferraz.
Em 03 de dezembro do mesmo ano, era homenageado o major Lelio Ribeiro Boaventura, que durante 03 anos custeara a manutenção das crianças, ocasião em que, também, se homenageou o padre Vita pelo empréstimo de CR$ 6.000,00 para a aquisição do terreno.
Em 22 de março de 1945, o dr. Leonidas Garcia da Rosa e João Gonçalves e senhora, dona Baby Gonçalves, doavam à entidade um lote de terreno, enquanto as senhoras Elisa Leitão e Maria do Carmo Assunção arregimentavam sócios.
Em 1945, a Madre Maria Silvieta Cadde se retirava da instituição para trabalhar na enfermagem do Hospital dr. Ademar de barros, sendo substituída pela Madre Florinda Simões.
O lançamento da pedra fundamental do edifício do Educandário Santo Antonio para crianças tuberculosas aconteceu no dia 01 de maio de 1946, pelo cardeal de São Paulo, Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, perante o interventor Federal no Estado de São Paulo José Carlos de Macedo Soares, ocasião em usou da palavra o frei João Crisóstomo. Nesta solenidade, achavam-se presentes, o dr. Leonidas Garcia da Rosa, Condessa Maria Angela Matarazzo, Maria do Carmo Assunção, Baby Gonçalves, Paulo Cury e Leonor Mendes de Barros, considerados benfeitores da instituição.
Uma das nobres e generosas iniciativas que se deveu ao esforço e ao zelo religioso de um bom conjunto católico, o Educandário Santo Antonio, sob a direção de dedicadas irmãs de caridade (Irmãs Franciscanas Missionárias do Egito, hoje, Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de Maria), abriram as suas portas para acolher órfãos de pais tuberculosos abrigando um número grande de menores pobres.
Além de instrução, educação moral e cívica, as crianças recebiam também tratamento médico, a fim de se tornarem imunes do terrível mal de que seus pais eram atacados – a tuberculose.
Todos os anos um grupo de abnegadas pessoas que se interessavam pelo bem-estar desses inocentes, se movimentava por esta época para angariar donativos a fim de promover o natal dos internados.
Em 28 de novembro de 1946, a diretoria adquiriu a chácara de propriedade de Guilherme Lebarrow.
A Madre Superiora do Educandário em 1947, foi a irmã Maria Dolores.
O Educandário recebeu em setembro de 1948, em doação, por testamento, de Luiz Cremonesi, uma casa em São Paulo, e, em 15 de maio do ano seguinte, um auxílio do governador Adhemar de barros, de CR$ 200.000,00.
A Madre Superiora do Educandário em 1948, foi a irmã Maria Celina.
A 12 de maio de 1950, o dr. Clamarion e a sra. Clara Mariani, presidentes da Campanha nacional da criança, doavam à instituição a importância de CR$ 30.000,00, e, em 20 de novembro do mesmo ano, a denominação da irmandade passou a se chamar Instituto das irmãs Franciscanas Missionárias do Coração Imaculado de maria.
Em 23 de setembro de 1975, a instituição passou a denominar-se Lar e Creche Santo Antonio.
Hoje, o Educandário Santo Antonio é a Pousada Franciscana, um departamento do Educandário Santo Antônio que oferece um serviço de hospitalidade para revigoramento, descanso, lazer, encontros ou cursos.
Objetiva proporcionar um ambiente sadio, tranquilo, onde as pessoas possam se refazer física e espiritualmente.
Para isso, acolhe os turistas que procuram a cidade de Campos do Jordão, proporcionando-lhes condições para descanso, convívio familiar, revigoramento físico e espiritual, lazer, atividades culturais, encontros de integração fraterna e socialização. A pousada colabora para que pessoas e famílias com poucos recursos financeiros também possam usufruir de momentos de descanso e integração familiar.
Com os recursos financeiros oriundos da pousada, a entidade mantém a Escola de Educação Infantil Francisquinho de Assis, que proporciona atendimento totalmente gratuito em regime integral para sessenta crianças de três a cinco anos.
Fontes:
Jornal “Diário da Noite”, de 02 de maio de 1946;
Jornal “Correio Paulistano”, de 14 de setembro de 1950.
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Ed. Santuário. 1986. P.784.
Links:
http://www.emcamposdojordao.com.br/pagina/pousada-franciscana-campos-do-jordao
Escolas Antigas de Campos do Jordão
A primeira escola de Campos do Jordão foi criada e mantida por Matheus da Costa Pinto, às expensas próprias. Uma escola de primeiras letras (escola de instrução primária), no Vale do Baú, na Vila de São Matheus do Imbiri, em 1872, regida pelo prof. José Francisco da Costa, com admissão gratuita de alunos, fornecendo o Sr. Matheus aos alunos o que era preciso, e ao professor, casa, mobília e ordenado. O mestre lá ficou durante 03 anos, sendo substituído pelo professor Fortunato de Paula Campos, que permaneceu no magistério por apenas um ano.
A fruição de tão precioso benefício afluiu numerosos meninos. Essa escola viveu na obscuridade do lugarejo a que tão proveitosa fora, e desapareceu após 3 anos de existência pela retirada do seu professor, não restando senão encômios traçados pelas hábeis penas do Sr. Dr. Bulcão, então juiz de órfãos, e do distinto literato português Sr. Dr. Raposo d’Almeida que conjuntamente com o reverendo Sr. Padre Miné, e finado engenheiro Trigo de Loureiro que a seu convite procederam a exame.
Em 1884, era instalada nova escola, a cargo do professor José Gomes Coutinho, que servia as crianças no período diurno e aos adultos, à noite.
Em 1885, chegava à Vila de são Matheus do Imberi, o professor Antonio Porfírio da Silva, alegando que teria as maiores facilidades para residência e instalação de uma escola. No período de 1885 a 1887, recebera de Matheus da Costa Pinto, casa, sala para escola, e todas as possibilidades fornecidas pelo proprietário da fazenda.
Em 1909, a Vila velha possuía uma professora primária: Tereza Dias. Era o tempo da nota 12 e da palmatória. Em 1910, Maria José Cavalheiro; 1911, Benedita Brandão; 1912, professora maria ramos.
Em 1912 a cidade sofreu grave crise e ficou sem professores e sem escola.
Extinta a escola custeada por Matheus da Costa Pinto, só em 1913, a Câmara Municipal de São Bento do Sapucaí, criou a Escola Mista, de Vila Jaguaribe, regida pela professora Maria Cristina Cardoso.
Em 17 de dezembro de 1915, o presidente do Estado, Rodrigues Alves, criava uma escola preliminar na Vila Jaguaribe.
Por decreto de 23 de janeiro de 1930, o prefeito Bento de Cerqueira Cezar criou as Escolas Reunidas de Campos do Jordão, com anexação da masculina urbana que, nesse tempo, funcionava no prédio onde esteve sediada a prefeitura em 1948, regida pelo professor José Benedito Salgado; 1ª mista, regida pela professora Maria José Marcondes; 3ª mista, regida pela professora Lucila Florence. Em 01 de fevereiro de 1930, funcionaram as Escolas Reunidas com a matrícula inicial de 120 alunos, distribuídas em quatro classes: 1ª masculina; 2ª feminino; 1ª mista e 2ª mista, tendo sido designado para acumular a direção o professor José Benedito Salgado.
Em 23 de fevereiro de 1932, com o estabelecimento de uma classe, passaram as Escolas Reunidas a funcionar como Grupo Escolar de 4ª categoria. A inauguração do Grupo Escolar, contou com a presença do presidente do Estado, Armando Sales de Oliveira, prefeito dr. Gavião Gonzaga, dr. Irineu Malagueta, professor Clementino Fraga, além do dr. Almeida Junior, Diretor Geral do Ensino. Era o Grupo Escolar Dr. Domingos Jaguaribe, cuja construção fora financiada por José Ferreira da Rocha, em terreno doado por Madame Bertha Basin.
Em improviso, Dr. Gavião Gonzaga, prefeito sanitário da estância, considerou inaugurado o prédio, entregando-o ao povo de Campos do Jordão. Tendo feito rápida demonstração do progresso escolar local, prestou homenagem ao casal Basin, doador do terreno à construção. Esteve presente à inauguração, a respeitável viúva, Madame Basin. A sua construção foi comandada por Floriano Rodrigues Pinheiro.
Foi seu diretor, em 1935, professor Garcia Simões da Rocha e entre seus professores, incluíam-se Jorge Carquilst, Hilda Mendes Castilho e Ercília Escobar.
Na década de 1940, as escolas isoladas estaduais do município, se elevavam a quatro: Escola Mista do Bairro do Lajeado, regida pela professora D. Risoleta de Azevedo Freire; a do Bairro dos Mellos, regida pela professora D. Jacira de Castro; a 2ª Escola do Preventório Santa Clara, regida pela professora D. Irene Carneiro Monteiro e a de Vila Emílio Ribas (Capivari), regida pela professora D. Raquel Barbosa de Carvalho.
As escolas municipais, em Campos do Jordão, foram criadas em 1936, por ato do prefeito Gavião Gonzaga uma no Bairro da Campista e a outra no Bairro dos Mellos, além de um curso noturno, regidas, respectivamente, pelas professoras Severina Pepi, Hilda Castilho e pelo prof. Jorge Carlquist. Devido sua reduzida frequência, a da Campista foi, pouco depois, transferida, juntamente com a professora, para o bairro da Favela (Vila Ferraz), transformando-se, então, na Escola Mista Municipal da Vila Operária.
O prefeito, Dr. Motta Bicudo, reconheceu a urgente necessidade da criação de mais uma classe na Escola da Vila Operária, solucionando-a com a transferência da Escola do Lajeado, juntamente com a prof. Ilka Braga, sendo esta, logo em seguida, substituída, por motivo de seu pedido de demissão, pela prof. Geraldina Dubieux.
O prefeito, Dr. Lourival Francisco dos Santos, criou a 3ª, e 4ª Escolas Municipais e, tempo depois, fez construir o prédio do futuro Grupo Escolar Municipal Rio Branco, o qual foi acrescido de mais uma sala de aulas, pelo prefeito, Dr. Zenon Lotufo. O prefeito, Dr. Orestes de Almeida Guimarães, ampliou suas instalações, prestou assistência moral e material ao Grupo Escolar Rio Branco, conhecida popularmente por “Escola de Dona Severina”.
Em 1937, na administração do prefeito Gavião Gonzaga, foi criada a Escola Mista Municipal da Favela, e em 23 de outubro de 1943, transformou-se no Grupo Escolar Municipal “Rio Branco”.
O Grupo Escolar Municipal “Rio Branco” transformou-se em EMEF - Monsenhor José Vita, no dia 02 de maio de 1977, por força de Lei Estadual.
Em 1949, aconteceu a abertura da exposição de Trabalhos Manuais e Pedagógicos do Grupo Escolar Municipal Rio Branco, sob a coordenação da professora, Severina Pepi de Souza.
Fontes:
Jornal “O Globo” de 01
de julho de 1875;
Jornal “Correio Paulistano”, de 24 de abril de 1884; 15 de novembro de 1936.
ANDRADE, Condelac Chaves de.
Álbum – Almanaque Histórico de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Artes Gráficas
São Paulo S/A. 1947. Pp. 76.
PAULO FILHO, Pedro. História de Campos do Jordão. Campos do Jordão. Editora Santuário. 1986. Pp. 784.
Links:
A Fazenda da Guarda
Antes que se instalasse a Guarda, já o nome, pertencia ao lugar. Em certa ocasião, se fixara um piquete de guardas, quando estava incerta ainda a divisa de Minas e São Paulo, em um ponto estratégico, uma vez que o Vale do Sapucaí era o caminho para o Alto da Serra e para o Paraíba. É possível que fosse uma barreira, onde se cobravam os impostos nas fronteiras dos Estados. No tempo da mineração, apesar da vigilância da Coroa, o ouro filtrava do sertão para o litoral, por caminhos desconhecidos. Descoberto por ali, o tráfico de ouro, na divisa das Capitanias, a Coroa deve ter instalado um posto fiscal. Esta seria uma versão a aceitar. Há outras, porém.
Separadas as Capitanias de São Paulo e de Minas, perdendo São Paulo imenso território, descoberto pelos bandeirantes taubateanos e pindenses, os paulistas não admitiram que os mineiros viessem espiar o Vale do Paraíba, dos cimos da Serra. Não desejavam os seus lares devassados, começando daí, séria rixa, entre as Vilas Reais de Pindamonhangaba e Itajubá, com frequentes atritos e escaramuças. Geograficamente, a região era de Minas, mas os pindenses tinham posse ali, e dali não queriam sair.
Os mineiros chegaram a invadir Pindamonhangaba, com duas escoltas, em abril de 1814, em momento de grave rebeldia. Na realidade, a turra era mais de mineiros e pindenses, do que das Capitanias de São Paulo e Minas Gerais. Foi por isso que, em 11 de setembro de 1790, o Guarda-Mor, Ignácio Bicudo de Siqueira, escrevia ao Capitão General da Capitania de São Paulo, dando conta de sua diligência e da experiência que conseguiu em sua viagem aos Campos da Serra da Paraíba, e pedia ordens e beneplácito para repartir as terras devolutas, dando a cada família as suas posses, para terem as suas sesmarias, de conformidade com o que lhes tocava.
Balthazar de Godoy Moreira ignorava os termos da resposta do Governador, mas é provável que, entre os contemplados, já se achava Ignácio Caetano, que, durante muitos anos, viveu ali, segregado com seus dois filhos, e que apesar de mineiro, reconheceu os direitos de Pindamonhangaba, ficando ao lado de São Paulo.
Ignácio Caetano queria uma sesmaria de 6 léguas de testada. Foi nessa época que apareceu o taubateano, Costa Manso, que tomou partido de Minas, acendendo velha rixa entre Taubaté e Pindamonhangaba, e menos entre paulistas e mineiros.
No ano de 1790, quando era grande a exaltação, o Governador da Capitania de São Paulo oficiou à Câmara de Pindamonhangaba, recomendando prudência, na questão das divisas, e em 7 de março de 1804, o Conselho Municipal de Pindamonhangaba oficiava ao General Governador da Capitania contra os moradores da Vila Itajubá, por violarem as divisas, em documento assinado por Manoel Paes Domingues, Felipe José da Silva e Antonio Roiz Ferreira. Parece que nenhuma providência foi tomada. Os pindenses, porém, inconformados e armados subiram a Serra para se postarem em algum lugar estratégico, que pudesse impedir a invasão dos mineiros.
Balthazar de Godoy Moreira fundamentou essa assertiva, no ofício que o Secretário do Governador da Capitania de São Paulo dirigiu, em 15 de julho de 1803, ao Capitão-Mor Ignácio Marcondes do Amaral, de Pindamonhangaba, aprovando a ideia da instalação da Guarda do Capivari (era assim chamado o rio Sapucaí, acima da Cachoeira dos Diamantes) na “extrema da Capitania”, e onde o Governador ordenara a prisão de João da Costa Manso, que fazia o jogo dos mineiros: “devendo o mesmo ser remetido para a Capital, seguro”.
O contingente era constituído de jovens da sociedade pindamonhangabense, alguns dos quais receberam estudos militares, compondo a Guarda de D. Pedro I. A Guarda cortou o avanço dos mineiros, mas as rixas prosseguiam, nas quais envolveu-se o próprio avô de Balthazar, Antonio de Godoy Moreira e Costa, que fora logo nomeado pelo Governador da Capitania de São Paulo, Ajudante do Capitão-Mor Ignácio Marcondes do Amaral, considerado por Balthazar, o consolidador daquela região aos paulistas, e ao qual até hoje não se lhe fez justiça, em Campos do Jordão.
Em 1815, o Conde de Palma, Governador de São Paulo, oficiava novamente à Câmara de Pindamonhangaba, pedindo calma para o conflito, que perdurava, e em 1820 remetia novo ofício: Pindamonhangaba deveria protestar, mas cessar o conflito.
Já ao tempo da Província, em 1822, o Governador de São Paulo, ordenava ao Capitão-Mor da Vila de Pindamonhangaba para que “prenda os súditos que provocam conflitos com os mineiros, na questão de limites, de modo que sejam condenados na forma das Ordenações, Livro 5°, Titulo 67º”.
Esses acontecimentos todos motivaram a instalação da Guarda, à margem do Sapucaí. Os ânimos serenaram-se quando os mineiros se conformaram com a posse dos pindenses sobre o território de Campos do Jordão.
Antonio de Godoy Moreira e Costa teve mais 11 irmãos. Desejava adquirir terras naqueles campos lindos; esteve em outros sítios da região, no vale da Tabatinga, nos Serranos, onde havia moradores esparsos, no Moreira, por onde passava o seu caminho para a Graminha. A Vila Capivari era chamada, naquele tempo, de “O Jordão” e os Campos eram a região toda, dobrando a serra. A Guarda, para Antonio de Godoy Moreira e Costa ficava nos Campos, e não nos Campos do Jordão, e em Pindamonhangaba, ninguém dizia: “Vou para os Campos do Jordão”, mas “Vou para os Campos”.
As trilhas foram se delineando, seguindo as pegadas do gado para as querências, afora a estrada de Pindamonhangaba, que, na realidade, era um carreiro para se trilhar a cavalo. Ignácio Caetano faleceu e seus filhos resolveram dispor das terras. Como o Brigadeiro Jordão teria conhecido os Campos? O Cel. Antonio Amador Bueno de Godoy informou que o Brigadeiro soube da existência dos campos através do Cel. Manoel Marcondes de Oliveira e Mello, 1° Barão de Pindamonhangaba.
É possível que o Cel. Manoel Marcondes, quando moço, estivesse na Guarda, conhecendo os Campos, durante a questão das divisas entre as duas Capitanias. E era filho de Ignácio Marcondes do Amaral, o lutador.
Por outro lado, o Brigadeiro Jordão esteve em Pindamonhangaba, em agosto de 1822, ficando hospedado no sobrado do Monsenhor Marcondes, pelo Barão de Pindamonhangaba. Ali teria recebido informações sobre os Campos. O Brigadeiro e o Barão devem ter se encontrado outras vezes, pois eram amigos, desfrutando das boas graças do Príncipe. Ambos acompanharam Sua Alteza, na jornada da Independência, ouvindo o grito histórico.
O Brigadeiro Jordão comprou, então, a 29 de dezembro de 1825, ao alferes Alberto José de Freitas Trancoso e Mariano Vieira de Carvalho, herdeiros do sesmeiro Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, por 10 contos de réis, as terras, mandando edificar a sede da Fazenda, onde hoje é a Vila Capivari, sendo que a residência existiu até 1920. O Brigadeiro faleceu em 27 de fevereiro de 1826, antes de conhecer a Fazenda.
Feito o inventário do Brigadeiro Jordão, por sentença lavrada pelo juiz de órfãos da Comarca de São Paulo, em 22 de setembro de 1830, a Fazenda Natal abrangia todo o município de Campos do Jordão e uma parte de Minas, sendo avaliada em 20 contos, tocando 5 contos a cada um dos herdeiros: Anna Eufrozina Jordão, Amador Rodrigues de Lacerda Jordão, Manoel Rodrigues Jordão e Silvério Rodrigues Jordão, filhos do Brigadeiro.
Por escritura de 29 de maio de 1855, Amador Rodrigues de Lacerda Jordão e sua mulher, venderam o seu quinhão ao Comendador Antonio de Godoy Moreira e Costa, bacharel em direito, e seu irmão, Alferes José de Godoy Moreira e Costa.
Os dois irmãos, tomando posse das terras, convencionaram, amigavelmente, que a gleba de Antonio de Godoy Moreira e Costa iria do atual ribeirão do Ferradura, onde havia o Potreiro das Éguas, até as vertentes do Galharada, pela margem direita do Sapucaí, e pela margem esquerda do mesmo rio, dos Correntinos à bacia do ribeirão do Paiol. A de José de Godoy Moreira e Costa, caberia o resto, que era maior parte, a bacia de todos os afluentes da margem direita do Sapucaí, a partir do Casquilho, incluindo o Charco, onde havia a casa. Constituíram as Fazendas da Guarda e do Retiro, onde construíram a sede e uma senzala.
Viram o Brasil passar de Colônia a Reino e de Reino a Império. Conhecera os Campos, como eram então conhecidos, desde a mocidade, e construiu a casa de Fazenda, entre a Galharada e o Sapucaí, vivendo os inesquecíveis tempos da Guarda.
Antonio de Godoy Moreira e Costa, nasceu em 1785, antes do martírio de Tiradentes. Seu filho, Cel. Antonio Amador Bueno de Godoy, foi casado 3 vezes: o 1.º casamento, sem geração; o 2º, casado com Maria Antonia de Godoy, e teve os filhos, Miguel de Godoy Moreira e Costa Sobrinho e Antonio Amador de Godoy Moreira; o 3º, casado com Maria José Monteiro de Godoy, e teve os filhos, Balthazar de Godoy Moreira, Maria Bella e Amador de Godoy. Com seu filho, Cel. Antonio Amador Bueno de Godoy, e um punhado de escravos, passou a criar gado nas pastagens daquelas lombas. Não havia cercas: só a marca registrava a propriedade, o ferro candente e o corte nas orelhas. O gado era tratado na Guarda, onde havia um retiro. Não havia lavoura, só criação de gado.
Não mantinham residência fixa na Guarda; passavam temporadas de dois meses, no máximo, afora as visitas curtas de vistorias, ficando o Retiro entregue a um capataz. Os pretos que vieram a Campos, vinham da Fazenda Graminha, de Pindamonhangaba.
Na Guarda não havia capela; só havia um oratório da família, tosco, que ficava no Rancho Sto. Antonio, de Oscar Ribeiro de Godoy.
No seu tempo, até o meio do século, havia missas todos os meses e o oficiante era o Padre João de Godoy, seu irmão. Uma das primeiras pessoas que esteve na Guarda, excluindo as do círculo familiar, foi o Padre Pedro Nolasco César, vigário de São Bento, que muitas vezes, visitou a Fazenda. Também lá esteve o vigário de Pindamonhangaba, o Padre Tobias, os Bueno, da mesma família desse sacerdote (o coronel Benjamin, o Dr. Dino Bueno), sempre apareciam nos Campos.
A ligação com Campos do Jordão se fazia por uma trilha, através das lombadas, até atingir os Correntinos, onde já existia uma estrada. Eram os caminhos principais. As trilhas foram se delineando, segundo as pegadas do gado para as querências, afora a estrada de Pindamonhangaba, que, na realidade, era um carreiro para se trilhar a cavalo. A estrada de Pindamonhangaba descia até a Fazenda em reta. Outra trilha ia Sapucaí acima até a Casa Velha, e daí pelos vizos das lombas ao Potreiro das Éguas e ao Jordão, com uma derivação aos Correntinos e para a Água Santa e os campos do Serrano. A outra, vadeando o Sapucaí, subia ao Capão dos Papagaios, ondulava pelos altos e ia até o Paiol. Outra ainda, continuação da estrada de Pindamonhangaba, subia a Galharada, cortava-o e galgando a lomba do Faxinal, atingia o Casquilho, e depois do Espraiado, do Serrote e da Serra Chorona, chegava-se, finalmente, ao Charco. Os antigos acessos às Fazendas eram difíceis, pois de Pindamonhangaba, viajava-se, a pé, até o sopé da Serra, descansando-se na Fazenda Graminha, e só no dia seguinte, prosseguia-se no percurso, vindo-se pelo Ribeirão Grande, através da Mata Comprida, e descia-se pelas vertentes do rio Galharada, até atingir as fazendas do Retiro e da Guarda.
Diziam que o clima não permitia a horticultura. Bobagem. Os campeiros só se alimentavam de leite e carne. Foi o Dr. Luiz Pereira Barreto, dono de uma fazenda em Louveira, que mandou para a Guarda, mudas de ameixeiras, macieiras e pereiras. Também mandou mudas de uvas que não deram resultado.
Um de seus netos, Dr. Oscar Ribeiro de Godoy, era dono do Rancho Sto. Antonio. Médico humanitário. Assistia aos pobres e era médico da família. Outro médico, Dr. Gustavo de Oliveira Godoy, amigo de Antonio Amador Bueno de Godoy, esteve várias vezes na Fazenda da Guarda e no Retiro, onde os moradores faziam verdadeiras romarias para desfrutar da presença de um médico na vizinhança. A última vez, pelos idos de 1896. Ficava no Retiro. Conhecia o valor terapêutico do clima de Campos do Jordão. Popular e benquisto, a medicina lhe dera lucros indiretos: elegeu-se deputado estadual, senador e vice-presidente do Senado. Foi um parlamentar que colaborou com Emílio Ribas para o saneamento de São Paulo. Foi Secretário do Interior no Governo do Dr. Jorge Tibiriçá. Quando estava nos Campos os caboclos da redondeza, vinham consultá-lo. Receitava numa mezinha: chá disso, chá daquilo com gotas disso ou daquilo, pequenas intervenções cirúrgicas e fórmulas de pequeno custo.
Um dia em 1887, a tranquilidade da Guarda foi abalada: ia chegar uma pessoa muito importante da Coroa, parente do Imperador. O Conde d’Eu, ouvindo maravilhas a respeito dos Campos, manifestou o desejo de conhecê-los. Foi convidado. Era o genro do Imperador D. Pedro II, um ídolo no Rio de Janeiro e esposo da Princesa herdeira do Trono. O Conde cobriu, de uma sentada, à distância de Pindamonhangaba à Guarda. O almoço seria na Graminha, onde saltou do carro, curioso da paisagem, o chapéu alto, o guarda-pó de alpaca, as calças de xadrezinho, as luvas cinzentas. A viagem, serra acima, foi pelas Bicas, tendo chegado à Guarda, à tardinha. Sua Alteza ficou no quarto da frente, dos donos da casa. Era um homem pouco expansivo e isolado. À noite, bem dormida, reanimou o ilustre visitante, e achou ele que a região era digna de ser conhecida. Bebeu leite com algumas gotas de conhaque, ao pé da vaca. Passeou a cavalo com o anfitrião, vadeando pelo Sapucaí, pelos lados do Capão dos Papagaios e do Paiol. Fez uma caçada. Dois dias passou o consorte da Princesa na Guarda, querendo tudo saber da região. Não se soube das razões que o levaram à Guarda.
Outra publicação rememorou a visita do Conde D’Eu à Fazenda: a 17 de abril de 1875, acompanhado de Domenico Barral e do Conde Carlos d'Ursei, Secretário da Legação Belga, dirige-se a Pindamonhangaba, em São Paulo, com destino à Fazenda da Guarda, em Campos do Jordão, onde, a convite de seu proprietário, Tenente Coronel Antonio Amador Bueno de Godoy, tomou parte numa caçada de veados, efetuando-se o seu regresso a Petrópolis, em 28 do mesmo mês.
A Fazenda da Guarda situada em Campos do Jordão, fazia divisas, no cume da Serra da Mantiqueira, nas vertentes do Rio Sapucaí-Guaçú; possuía a área aproximada de 2.000 alqueires, e era inteiramente dedicada a pecuária. Na região, abundavam quase todas as espécies de animais selvagens, e daí o grande interesse da caça, principalmente do veado, um dos grandes atrativos da propriedade, tornados ainda mais agradáveis pela fidalguia do proprietário. Por ocasião da visita do Conde d’Eu, foi feita completa remodelação do solar, sede da Fazenda, com a colocação de soalhos e forros, com tábuas de pinheiros serrados, à mão, no próprio local. Para as caçadas, dispunha a estância de excelente cavalhada, boas selas, numeroso canil, formado de cães “veadeiros” e pessoal habilitado para a orientação da “corrida”, com o toque das buzinas e trombeta de caça. Os preparativos iniciaram-se antes da data marcada, pois havia necessidade de ferrar os cavalos, pôr em ordem as selas e amestrar os cães. Na véspera, era cuidadosamente preparado o farnel, com virado de feijão, carne de veado, farofas, etc... depois conduzidos pelos cargueiros, que partiam antes do sol raiar. Os componentes da caçada, recebiam instruções dos mais experimentados para a perfeita colocação dos “carreiras” ou “esperas”, pontos de passagem obrigatória da caça. Havia “esperas” de maior probabilidade e estas eram reservadas para os convidados ilustres, facilitando dessa forma a possibilidade de êxito. Solta a cachorrada que vinha da Fazenda, atrelada de dois a dois, pouco depois levantava-se o veado, e começava assim a “corrida”, permitindo, pelo latido dos cães, que ela fosse acompanhada na direção seguida pelo veado. O Visconde do Rio Branco também foi hóspede ilustre da Fazenda da Guarda, fazendo a viagem em dois dias, vindo do Rio de Janeiro e pernoitando na Fazenda Graminha. Ao contrário do Conde D’Eu, procurava alívio para a enfermidade, vindo acompanhado de seu médico, Dr. Bandeira de Mello.
Foi de caleça de Pindamonhangaba à Graminha, e a cavalo da Graminha até a Fazenda da Guarda. O anfitrião, Antonio Amador Bueno de Godoy, não sabia o seu mal; se tuberculose ou câncer. Pernoitou na Graminha, e logo cedo, subiu a serra pelas Bicas. Houve grande correria na Guarda para preparar a casa ao ilustre visitante. Ficaram, ele, a Viscondessa e a filha uns vinte dias na Fazenda. Foi comemorado na Guarda o aniversário do importante visitante. O Visconde, apesar da alta posição, era muito afável. Durante a festa, houve uma efusão de brindes e até uma champagne francesa - a única que estourou na Guarda no século XIX.
O Visconde não recuperou a saúde na Guarda, mas readquiriu forças e esperanças, com o ar oxigenado das montanhas. Avistando, do Vale do Casquilho e do Retiro, a paisagem, o Visconde dizia:
- Isto é uma maravilha, Capitão. É lindo. Pena que não seja conhecido. Mas tome nota: tempo virá em que todas essas montanhas, como as da Suíça, estarão cheias de herdades e de hotéis, para a vilegiatura dos ricos. Trilhos de ferro cortarão esses vales e o apito das locomotivas acabará com esse gostoso silêncio. A menos de meio século, veio a Estrada de Ferro Campos do Jordão, confirmando a profecia do Visconde do Rio Branco.
Na Fazenda da Guarda, saía um jornalzinho intitulado, “A Guarda”, precursor dos jornais de Campos do Jordão; era manuscrito, com figuras e registrava acontecimentos locais, com mais brincadeiras que fatos. Mesmo as notícias, eram quase todas apócrifas, e foi uma pena que ninguém de numerosa família Godoy, houvesse guardado um exemplar. Além do jornal, conta da Companhia Peru: não era uma empresa comercial e tampouco teatral, ainda que tivesse ido ao palco várias vezes. Era uma empresa de fuzarcas, da qual faziam parte os rapazes da geração, quase todos parentes. Pessoas importantes, assistiam as comédias e até Guiomar Novaes assistiu-as, rindo e divertindo-se.
Contando 86 anos, Cel. Antonio Amador Bueno de Godoy, foi pela última vez ao Retiro, e passou pela Fazenda da Guarda, que já não mais pertencia à família. Olhou para tudo aquilo pela última vez, com que saudade, com quantas lembranças em sua alma, com quantas velhas e queridas visões em sua retina? Caçou veados na Galharada. Não deu um tiro, mas foi com sua espingarda, a bandoleira, velha também, de muitos anos, de muitos tiros...
Seu filho, Antonio Amador de Godoy Moreira, antes de falecer, teve o cuidado de mostrar a seu neto, o Dr. Oscar Ribeiro de Godoy, para conhecimento das gerações por vindouras, um local na Fazenda da Guarda, onde não nascia capim ou qualquer tipo de vegetação.
- “Aqui foi instalada a Guarda montada pelos Pindamonhangabenses, para defender as divisas de Campos do Jordão contra o ataque dos mineiros!”
Dr. Oscar Ribeiro de Godoy, cioso das tradições de seus antepassados, ainda conserva uma espingarda, que fora usada pelos soldados da Guarda; carregada pela boca, de pedra de fogo.
Relembrou, também, a enorme porta instalada no casarão da Fazenda, onde se viam gravados, a canivete, centenas de nomes; depois, que não havia mais lugar para qualquer inscrição, passaram a deixar os nomes gravados nas portas internas, portais e janelas, e lembrou alguns nomes que a memória guardou, como o do pintor Ernesto Quissak, que fez um lindo desenho: uma palheta, contendo o seu nome, como se fosse pincéis, e a inscrição deixada pelo Conde d’Eu. A porta, que era um monumento histórico, desapareceu ou foi deitada ao fogo pela ignorância ou irresponsabilidade, mas o Dr. Oscar Ribeiro de Godoy ainda guardava consigo, um envelope, que lhe foi dado por um membro da Família Real Brasileira, em Petrópolis, de grande valor histórico. Tratava-se de um envelope, subscritado, de próprio punho, pelo Conde D’Eu, quando ele esteve na Fazenda da Guarda e remetido à França, pois nele consta o carimbo dos Correios, datado de 1884, da repartição de Pindamonhangaba. Quando estivera na Fazenda, depois de escrevê-la, o Conde pedira a alguém que a postasse em Pindamonhangaba.
O Dr. Oscar Ribeiro de Godoy lembrou-se de inúmeros personagens que passaram pela Fazenda da Guarda: de um almoço, em que esteve presente, Assis Brasil, que seguia viagem para Itajubá; do famoso jornalista satírico Juó Bananeri, pseudônimo de Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, que ali estivera acompanhado de membros da família de Júlio Mesquita, as irmãs Judith, Sarah e Lia; do Dr. Camilo de Oliveira Pena, famoso tisiologista.
Antonio Amador de Godoy Moreira falecera em 31 de agosto de 1912. deixando sua esposa e dois filhos, um com 9 e outro com 7 anos. A Guarda também estava a findar-se.
“Depois de minhas funções de inspetor escolar, arremata Balthazar de Godoy Moreira, cheguei um dia, outra vez à Guarda. A manhã estava linda. Uma daquelas manhãs inaugurais de Campos do Jordão, que parecem agora empreitadas pelo Departamento de Turismo. Manhã em que se sente a alegria de Deus. Fui encontrando tudo alinhado, manso, a mata, o capim, a estrada, tudo edificadinho. As beiras do Sapucaí, um jardim. A grama saída de um instituto de beleza. O auto dobrou, passou a ponte, fez a curva e oh!... Não estava mais ali a casa. Não havia mais a Guarda. Um montículo de gramado e era tudo. Fiquei comovido, como diante de um túmulo querido. O túmulo da Guarda e de tudo que ela conteve e foi.
Cem anos de nossa família estavam ali sepultados, no pé das paredes derruídas, na poeira daquele chão, onde soaram os passos de todos os meus queridos ancestrais. Espectros deveriam pairar ali, no sitio que tanto amaram, onde em criança brincaram, moços sorriram e amaram, tiveram alegria e tristezas, e elevaram preces a Deus. Pensei neles todos e rezei baixinho, pedindo que nos perdoassem a nós todos, seus filhos, netos, bisnetos, que não pudemos, ou talvez não soubemos conservar na posse de alguém da família, o teto que foi o seu lar, o seu querido lar. Acabou-se a Guarda!” (prof. Balthazar de Godoy Moreira).
O Dr. Domingos Jaguaribe, grande possuidor de terras, em 1º de dezembro de 1896, requereu a divisão judicial de toda a gleba da Fazenda Natal, dada a situação irregular pela posse das terras em Campos do Jordão. Praticado os trâmites legais, iniciam-se os trabalhos de campo pelo engenheiro, José Magalhães, o qual encontraria inúmeros obstáculos.
Já com os seus serviços quase ultimados, Dr. Magalhães alcança as terras de João Rodrigues da Silva, apelidado de João Maquinista. De origem portuguesa, esse homem era rude, sem cultura e vivia há anos ao lado da igreja, no trabalho tranquilo de seu armazém na Vila Jaguaribe, fartamente abastecido para a época.
O engenheiro, desejando prosseguir nas suas medições, atravessa cercas e avança em bens do João Maquinista, que julgou um ultraje o pisar nas suas propriedades e, após alterada discussão, a 28 de dezembro de 1899, mata o profissional com um certeiro tiro à queima-roupa. Em 17 de janeiro de 1907, retoma-se a demarcação das divisas de terras, uma vez que esse triste acontecimento trouxe a paralisação dos trabalhos por aproximadamente, 11 anos.
A firma Société Commérciale et Financière Franco-brésilienne, proprietária em São Paulo da Casa Nathan, um comércio de máquinas agrícolas, adquiriu uma área de terras que se localizava onde hoje estão os remanescentes do Grande Hotel e arredores e requereu que se retomassem as demarcações.
Embora de forma indivisa, a Fazenda Natal começou a retalhar-se com diversos co-proprietários, em forma de condomínio.
Nesse processo de retomada das demarcações, Antonio Amador de Godoy Moreira, não foi citado no edital de convocação dos condôminos, mas sim, o de Antonio Amador Bueno de Godoy, que já não era mais proprietário em Campos, sendo ele esbulhado de grande parte do que possuía, pois os documentos rezavam a posse da citada parte de Campos, integrando cada uma das duas fazendas vizinhas, ambas compradas pelo Comendador, Antonio de Godoy Moreira e Costa, em um só título, do filho do Brigadeiro Jordão, Amador Rodrigues de Lacerda Jordão, que herdara a quarta parte de toda a área.
Formara-se um verdadeiro complô para usurpar grande parte da Fazenda da Guarda; e os antepassados viram-se no dever de, para assegurar os seus direitos, tentar a nulidade da sentença que punha a termo a divisão. Foram três anos de processos jurídicos e traições diversas.
Não havia na época, INSS, e nenhuma outra forma de proteção aos promotores de Justiça. Então, o único bem que possuía, a Fazenda da Guarda, estava nas mãos do depositário público fiel ao grupo ganancioso, que, como consequência do ocorrido, já se considerava dono e dispunha da propriedade a seu bel prazer. Por informações obtidas no Supremo Tribunal, na época, no Rio de Janeiro, ficaram informados de que a causa estava perdida. Perderam os principais prazos. O julgamento não entraria no mérito da viuvez e, segundo as palavras de um dos julgadores, na causa, seriam vencidos.
Maria da Glória Ribeiro de Godoy, ao ficar viúva em 31 de agosto de 1912, com a morte de seu marido, teve que encontrar maneiras de sobreviver para sustentar os dois filhos, Oscar e Eulálio, e manter a Fazenda da Guarda, em Campos do Jordão, que estava com um processo contra o Governo do Estado.
Nessa época, ela contou com a ajuda de seu pai, o Dr. Manoel Ribeiro Marcondes Machado, médico que esteve no batalhão dos Voluntários da Pátria, na Guerra do Paraguai. O débito era mais ou menos de 12 contos de réis devido pelo processo, como pagamento do agrimensor na divisão. Pela solidariedade e fraternidade da família, conseguira recuperar a fazenda, ainda que conformando-se com a perda de vultuosa área e de outros bens constantes do esbulho.
A ajuda não se limitou à criação dos filhos, mas, com seu prestígio, influências e o trabalho de seu outro filho, o advogado Manuel Alexandre Marcondes Machado, conseguira a recuperação da Fazenda da Guarda, em 1915, com o ganho da causa contra o Governo.
Sinhazinha, como era chamada, com a posse definitiva da Fazenda da Guarda, arrendou pedaços da terra, comercializou animais, vendeu doces, queijos e manteiga para melhorar a tão baixa renda da família. Uma mulher de fibra, forte, que lutou sem desanimar para educar os filhos e manter a terra tão amada.
A sede da Comarca em São Bento do Sapucaí, era de se avaliar, o quão penoso tornava-se vir de São Paulo, montar a cavalo em Pindamonhangaba e ali chegar para fazer uma petição ao juiz. Pois isso era feito com frequência pelos bacharéis, Otaviano Marcondes Machado e Trajano Marcondes Machado. Os dois trabalhavam pelo afeto devotado aos sobrinhos, Oscar e Eulálio, e à mãe, Maria da Glória Ribeiro de Godoy e nada ganhavam nas desgastantes idas e vindas a São Bento.
Satisfeitas as exigências legais, obtido o alvará de destituição do depositário público, vieram a São Bento e ficaram esperando o momento exato, em uma fazenda em Santo Antônio, pertencente a um parente próximo, Cel. Jorge Marcondes Machado. Tudo pronto, formou-se uma caravana para retomar a Fazenda da Guarda.
O grupo era formado por Manuel Ribeiro Marcondes Machado, Antonio Amador de Godoy Moreira, Maria da Glória Ribeiro de Godoy, seus dois filhos, Oscar e Eulálio, seu irmão Trajano, o Oficial de Justiça, camaradas e burros de carga. Da Vila até a Fazenda da Guarda, o caminho era mais ou menos o mesmo até o Ribeirão do Fojo. Passado o vão, logo à direita, começava-se a subir o morro e, assim, num desgastante sobe e desce, passando por morros tão íngremes, que um deles era chamado de Corta Rabicho, alcançava-se o Ribeirão do Meio ou Canhambora, em seguida o da Casa Velha e, margeando o rio Sapucaí, divisava-se à frente, o imponente velho casarão da Fazenda da Guarda. A chegada imprevista causou tremendo abalo e produziu espetacular corre-corre. O depositário, parentes e amigos desfrutavam da fazenda como donos. Sendo apresentada pelo Oficial de Justiça a sentença que suspendia o seu mandato, ele mal pôde se sustentar sobre as pernas, pois tremia da cabeça aos pés.
Estavam ali, a convite do suposto dono, um desembargador de São Paulo, seu filho enfermo de tuberculose e sua família. Com a chegada, quis ele imediatamente sair, mas, a convite, ficaram, e tornaram-se amigos, convivendo naquela casa por algum tempo.
Assim, foi recuperada a Fazenda da Guarda, sob a chefia de Maria da Glória Ribeiro de Godoy, valorosa mulher que se entregou bravamente à administração da propriedade, com energia e desenvoltura invejáveis que lhe permitiram granjear o respeito e a admiração de todos.
E, a partir de 12 de junho de 1913, com a sentença da divisão judicial, confirmada pela Suprema Corte do país, deixou de existir a Fazenda Natal, porque, dividida em 107 quinhões, foi integralmente retalhada, e a cada um de seus proprietários, atribuiu-se o respectivo título de domínio, em terra demarcada e certa.
Em abril de 1923, a viúva do Comendador, Antonio de Godoy Moreira e Costa, desgostosa com o desfecho da ação de divisão judicial da Fazenda Natal, vendeu uma Fazenda da Guarda ao industrial, Dr. Holger Jansen Kok, de Piracicaba, que ali montou uma serraria. Administrava-a o jovem André Kok, que se casou com Maria Bela, coincidentemente, da família Godoy. A alma de algum Godoy deve ter propiciado a aproximação. Reformaram a residência, sem nada perder de suas linhas coloniais. Hoje, ainda em posse da família, com o nome de Sítio Gravatá.
Sinhazinha separou 100 dos 1200 alqueires para a construção do Rancho Santo Antonio, ainda hoje de propriedade da família Godoy como umas das únicas terras, se não a única, que preservam a mesma área da sua fundação.
Por volta de 1934, era assustadora a devastação de pinheirais, em Campos do Jordão, o que provocou grave revolta contra o funcionamento de criminosas serrarias, que atuavam, impunemente. Depois de diversas denúncias formuladas à Secretaria da Agricultura, medidas oficiais foram adotadas pelo Secretário, Adalberto Bueno Netto, o Chefe do Serviço Florestal, José Camargo Cabral, e pelo Diretor Geral da Secretaria, Eugênio Lefèvre. Logo foi designado ilustre silvicultor, eng. Mansueto Koscinski, que, “in loco”, veio constatar a predatória derrubada de matas, apresentando excelente trabalho, onde sugeriu a organização imediata de uma reserva florestal, com área de 600 alqueires, à semelhança dos parques nacionais dos Estados Unidos.
O relatório, elaborado com grande realismo, impressionou muito o Governo Paulista, onde Koscinski concluía:
a) o homem derruba as matas, sem reflorestar;
b) o fogo queima as capoeiras;
c) o gado arranca as mudas e come as sementes.
O Governo do Estado de São Paulo, através do Decreto Estadual nº 9.716, de 9 de novembro de 1938, que dispunha sobre medidas para o reerguimento do Vale do Paraíba, preconizava a implantação de hortos florestais em Campos do Jordão.
Em seguida, por via do Decreto-lei nº 11.908, de 27 de março de 1941, o Interventor, Adhemar de Barros, adotava resolução de vulto, criando o Parque Estadual de Campos do Jordão, destinado a construir um vasto reduto de reservas e de reconstituição da fauna e da flora na região.
Em 8 de outubro de 1941, o Interventor, Fernando Costa, assinava decreto, desapropriando 1.193 alqueires de terra, para o fim de incorporação ao Parque Estadual. O Decreto Federal nº 27.314, de 17 de outubro de 1949, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas, declarava protetoras, nos termos do art. 4°, letras “a”, “b”, “e” e “g” do Código Florestal, as florestas nativas, tanto do domínio público, quanto do particular, existentes em Campos do Jordão e São Bento do Sapucaí.
A medida federal adotada, a pedido do Governador de São Paulo, objetivava a guarda, fiscalização, conservação e regeneração das florestas, através do Serviço Florestal do Estado. Daí em diante, o Governo do Estado de São Paulo iniciou a implantação do Parque Estadual de Campos do Jordão, através de várias aquisições e desapropriações:
Corina Duvivier Kok (1941), Maria L. Godoy (1943), Alice Pegado Vidigal (1943), José da Costa Sobrinho (1943), Balthazar de Godoy Moreira (1943), Marcelo Godoy Moreira e Cássio Martins da Cruz (1961), André Emílio Kok (1961), Paulo Godoy Moreira e Costa e Manoel Rodrigues Ladeira (1965), no total de 8.286,30 ha.
O Parque Estadual de Campos do Jordão, constitui Unidade do Instituto Florestal do Estado, integrando a Coordenadoria da Pesquisa de Recursos Naturais da Secretaria da Agricultura, de São Paulo.
A partir de 1957, o Parque Estadual iniciou o reflorestamento de suas áreas, com o plantio de Araucária e Pinus, em maior escala. Dentre as pináceas, destacam-se o Pinus Elliotii e Pinus Taeda com milhões de pés plantados. Segue-se o plantio de Araucária Augustiolia (Pinheiro brasileiro) com milhares de árvores, perfazendo uma área reflorestada de 2.618,54 ha. O naturalista Frederico Hoehne esteve na antiga Fazenda da Guarda, em 1924, estudando as plantas de Campos do Jordão; também o botânico Arthur Loffegren, ali esteve bem antes, em 1898, pesquisando a vegetação, e muito antes de todos, em 1893, Theodoro Sampaio, ali escreveu sobre as condições físicas de Campos do Jordão.
O Parque Estadual dista 14 km. do centro comercial de Vila Abernéssia, por via asfaltada, e em seu interior, acha-se instalado um Posto de Salmonicultura, pioneiro na Estância, destinado à criação de trutas.
Fontes:
Pedro Paulo Filho, “História
de Campos do Jordão”, Editora Santuário - 1986, páginas 94 a 105.
Balthazar de Godoy Moreira, “E
os Campos do Jordão foram Pindamonhangaba”, 1969, S. Paulo.
(O professor Balthazar de
Godoy Moreira, descendente de Balthazar de Godoy, Capitão-Mor e
Governador da Província de São Paulo, nascido em Pindamonhangaba, em 13 de
janeiro de 1898, filho do Cel. Antonio Amador Bueno de Godoy e Maria José
Monteiro de Godoy, escreveu as suas “Memórias da Fazenda da Guarda”,
editado em 1969, pela Sociedade de Amigos de Pindamonhangaba, com outra
denominação).
Pesquisador, Compilador e Organizador, Historiador, Maurício de Souza Lino.
Fazenda Baronesa e as Framboesa
A história da framboesa no Brasil se confunde com a história do barão Otto Von Leithner, nascido na Suíça, de família nobre, que veio a casar-se com a austríaca, Marie Blanche Rothschild. O barão era um homem de negócios e estava frequentemente viajando pelo mundo afora. Apaixonaram-se pelo Brasil, e após a Segunda Grande guerra Mundial, em 1926, instalaram-se na cidade de São Paulo. Por volta de 1947, comprou uma propriedade em Campos do Jordão, no Alto da Boa Vista, para passar as férias. Instalada a casa, Otto Von Leithner decidiu importar da Suíça algumas mudas de framboesa. O resultado foi surpreendente: aquela frutinha rosa-avermelhada, tão típica do frio clima europeu, adaptou-se perfeitamente às terras da cidade paulista, nascendo vigorosa e com excelente sabor.
A localização da Fazenda Baronesa, próximo aos 1800 metros de altitude, propiciou um desenvolvimento ideal para as frutas. Nesta altitude, o frio necessário no inverno, umidade à noite, e sol muito quente no verão, favorecia o desenvolvimento do fruto em toda a sua plenitude.
Sem saber muito bem o que fazer com a produção das frutas, que incluía alguns quilos de amora (desenvolvidas também com mudas importadas da Suíça), Leithner resolveu fabricar potinhos de geleia caseira para consumo próprio e de seus amigos. Mas, apesar da pequena produção, a fama das geleias do barão espalhou-se rapidamente.
Os pedidos eram tantos e tão insistentes, que o nobre alemão não teve outra alternativa. Em 1968, instalou uma empresa – a Homemade Agroindustrial Campos do Jordão – na mesma propriedade onde estavam localizadas as plantações das frutas, para a fabricação de geleias em escala comercial.
O negócio logo se tornou muito mais rentável do que o próprio Leithner poderia imaginar: os produtos passaram a conquistar um número cada vez maior de admiradores e não paravam nas prateleiras dos postos de venda. Nas décadas de 1950 e 1960, a cidade era a maior cultivadora de frutas do País.
Em 1976, o barão, já muito idoso, resolveu voltar para a Alemanha, vendendo a empresa para o grupo “São Bernardo”, dirigido por Nelson Pitta, seu amigo de anos.
Antes de tudo, porém, fez uma exigência: os novos donos da indústria teriam que conservar a tradição da marca, continuando a fabricar as geleias artesanalmente e mantendo o seu sabor de pureza, mesmo depois que ele morresse.
O pedido do barão foi cumprido à risca. O negócio não só cresceu, como também a linha de produção foi diversificada pela empresa no Sítio Natal, no Alto da Boa Vista: foram instaladas as fábricas, foram produzidas as mais puras geleias de framboesa e amora, além de abacaxi, damasco, laranja, morango, ameixa, uva e framboesa amoricada (uma mistura entre framboesa e amora), num total de 330 toneladas por ano, que abasteciam 593 clientes distribuídos principalmente entre Rio de janeiro e São Paulo. Era com a geleia de framboesa que o grupo faturava mais. Afinal, o potinho de 420 gramas era vendido para as grandes redes de supermercados e lojas.
Na década de 1960, o Sítio Natal, propriedade do barão e da baronesa Marie Von Leithner, localizado nas proximidades do Palácio Boa Vista, pelo administrador Max Ambühl, um suíço radicado em Campos do Jordão, a Agro Industrial Campos do Jordão Ltda., responsável pela fabricação dos diversos tipos de geleias de frutas e conservas, com a marca Homemade, conseguiu fabricar, por mais de duas décadas, uma bebida destilada de framboesa, conhecida como "Eau de Vie", ou "Água da Vida".
No final da década de 1970, a marca Homemade foi adquirida pela CICA, o que expandiu sua distribuição para todo Brasil e no final da década de 1990, após um período de pulverização do mercado e entrada de produtos importados no país, dois empresários paulistanos compraram a marca e fizeram questão de resgatar o conceito presente desde os primórdios da fabricação das geleias, Homemade, "feito em casa", como forma de preservar o verdadeiro sabor que a natureza proporciona, e a qualidade das tradicionais receitas caseiras, transformando tais características em conceito de comunicação e mote comercial. Atualmente, a Homemade fabrica quatro toneladas de geleias por dia.
Em 1993, a fabricação foi paralisada pelos proprietários, que assumiram a propriedade.
Com a morte do casal, fundadores do Haras São Bernardo S.A., e do fechamento da fábrica, os pomares foram abandonados e somente duas décadas depois começaram a ser recuperados, a pedido do novo proprietário, o empresário Luiz Harunari Goshima, que em 2003, comprou as terras, restabeleceu o cultivo e, desde então, os produtos da fazenda começaram novamente a serem vendidos frescos, em forma de geleia e utilizados em receitas. Luiz Harunari Goshima, formado em Administração de Empresas pela PUC de São Paulo é Diretor Social da Fundação Lia Maria Aguiar e sócio proprietário da Fazenda Baronesa.
Ao adquirir a fazenda em 2003, e querendo preservar a história da Baronesa, e havendo a recuperação dos seus pomares, teve a preocupação ambiental de manter todas as características originais, por exigência da Baronesa Von Leithner, construído em estilo europeu, para manter-se em harmonia com a paisagem da Fazenda. Adotou a marca “Baronesa” para identificar os produtos, que voltaram a ser fabricados. Foi feito todo o trabalho de recuperação, com o replantio e a introdução de variedades melhoradas. Além de reativar as lavouras de amora e framboesa, foi introduzido o cultivo do mirtilo e da framboesa negra.
A localização da Fazenda Baronesa, próximo aos 1800 metros de altitude, propicia um desenvolvimento ideal para estas frutas. Elas necessitam ao menos 700 horas de frio abaixo de sete graus c. durante o ano. Nesta altitude têm-se o frio necessário do inverno, a umidade à noite, e sol muito quente no verão, o que favorece o desenvolvimento do fruto em toda a sua plenitude, com suculência, equilíbrio de açúcar e a acidez característica destas frutas.
Sendo uma das primeiras cultivadoras de frutas vermelhas de que se tem notícia no Brasil, a Fazenda Baronesa Von Leithner mantém uma reserva ambiental de 110 alqueires, criada para proteger a mata atlântica de altitude que cerca a cerca. São inúmeras espécies de plantas e animais que ocupam a região – muitos ameaçados de extinção, contribuindo com a defesa desse riquíssimo ecossistema.
Já é sabido o poder nutricional destas frutas, com alto teor de antioxidantes, que previnem doenças e combatem os radicais livres, retardando o envelhecimento.
A Fazenda Baronesa tornou-se referência na Serra da Mantiqueira e as frutas finas, especialmente a framboesa, estão ocupando o espaço do morango. Seu endereço fica na Avenida Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo nº 2815, Alto da Boa Vista, e mantém um Empório virtual: http://www.emporiobaronesa.com.br/
Frutas:
Framboesa negra, também conhecida como raspberry-de-mysore e raspberry-do-morro é nativa do Himaláia e se adapta bem as condições subtropicais. Seus frutos tem como características a cor rosa quando verdes ao negro acinzentado quando maduro.
Amoras negras grandes, provenientes da América do Norte vai do tom verde quando novinhas ao vermelho e totalmente negro quando madura.
Amora de Logan - variedade da América do Norte, é um híbrido produzido a partir do cruzamento entre uma amora e uma framboesa. Bem vermelha quando verde e vermelho escuro quando madura.
Blueberry originaria da América do Norte que vai de tom rosa, tom verde ao tom azul escuro quando maduras.
Framboesas Vermelhas, fruta Européia de tom verde, passa pelo vermelho ao vermelho escuro quando madura.
Mirtilo/Blueberry, incluindo-se no grupo das pequenas frutas, junto com a amora, morango, framboesa e fisalis. É uma das frutas frescas mais ricas em antioxidantes já estudadas. Tem um conteúdo particularmente elevado de polifenóis tanto na casca quanto na polpa, os quais conferem funções de proteção sobre as paredes das células.
Fontes:
Festa da Maçã
Em 1951, Thomaz Saraiva Przirembel, escrevia ao jornal “A Cidade”, sugerindo a criação da Festa da Maçã, como veículo de promoção turística e incentivo à cultura de frutas europeias, de fácil adaptação à terra jordanense.
Em dezembro de 1952, a Associação Rural, através de seu presidente, Engenheiro agrônomo, Shisuto José Murayama, começou a estudar a viabilidade técnica da realização daquele importante empreendimento.
Os pilares do evento sustentavam-se na pretensão de mostrar ao País, tridimensionalmente, o seu turismo crescente, uma pujante fruticultura e a sua industrialização.
Contando com a presença do Governador Adhemar de Barros, o prefeito Paulo Cury, a 1ª Festa da Maçã realizou-se em 6, 7 e 8 de março de 1953, constituindo-se um dos maiores eventos da história turística e econômica de Campos do Jordão.
A festa, planejada e realizada por um grupo de pessoas dirigentes na privilegiada estância climática, com a colaboração da população local, teve por principal finalidade mostrar ao Brasil que Campos do Jordão não era apenas um lugar maravilhoso, que possuía o melhor clima do mundo e 15 hospitais (1.650 leitos) modernamente aparelhados para tratamento de doenças pulmonares, mas, sim, que era também um dos municípios mais ricos e progressistas do país, detentor de vários recordes:
A cidade mais alta do Brasil (1.750 metros de altitude); uma Estação de Rádio Emissora – a ZYL-6 – uma das mais altas do mundo, embora não em potência; o maior centro produtor de cenouras e de batatas-sementes que produzia maçãs e peras iguais às melhores frutas da Europa, Estados Unidos e Argentina.
Houve desfile de carro alegórico, projetado pelo Prof. Expedito Camargo Freire que conduziu a Rainha e as Princesas da I Festa da Maçã.
Foram distribuídas urnas pela cidade para recolhimento dos votos, os quais situam nos primeiros lugares, as srtas. Edith Ogata, Marguerite Wuileumier, Ruth Sagesse e Vilma Pontes. A festa constituiu um êxito muito acima da expectativa de seus organizadores.
Edith Ogata, a graciosa “nissei”, foi eleita a “Rainha da Maçã, com mais de 27.000 votos, com uma coroação apoteótica, em praça pública, e seu desfile em carro alegórico, nas principais ruas de Abernéssia, em companhia das “Princesas”, srtas. Lolly Dal Pino, Ruth Sagesse, Wilma Pontes e Margueritte Wuileumier. Finalmente, baile em homenagem à Rainha e Princesas, na encantadora sede da Colônia de Férias os Oficiais da Força Pública.
Os hotéis locais estabeleceram tarifas especiais que vigoraram durante a realização da festa. Foi realizada conjuntamente uma exposição de plantas gloxíneas, a cargo da Sociedade Paulista de Floricultura. Aconteceram provas esportivas, exibição de jiu-jitsu com Hélio Gracie, espetáculos teatrais, apresentação de bailados, provas de esgrima, queima de fogos, e palestras sobre fruticultura proferidas por técnicos agrícolas.
Miguel Acien Ruiz, Técnico em Pomicultura e responsável pelo setor de frutas, adiantara que a produção desse ano seria superior à prevista inicialmente, principalmente a de maçãs, cujos produtores apresentaram cerca de três mil quilos de tipos selecionados. Miguel Acien Ruiz era o chefe das plantações.
Foi dentro desse clima de intensa produtividade da fruticultura jordanense, aliado aos sucessos técnicos e econômicos da Empresa Belfruta, que eclodiu o evento promocional e turístico.
O principal atrativo foi a apresentação de maçãs produzidas no município, que possuía 40.000 macieiras plantadas, das quais 20.000 em plena produção. A Exposição contou com cerca de 30 diferentes espécies de maçã, muitas das quais expostas pela primeira vez no país.
Entre os expositores que obtiveram o primeiro prêmio, figuraram o Sr. Julio Fracalanza (pioneiro da cultura de macieiras em Campos do Jordão), na exposição de frutas, flores e hortaliças, com as variedades “Reinette du Canadá”, “Deliciosa Amarela”, “King David”, “Rainha das Rainhas” e “Portuguesa”; a Sociedade Belfruta Ltda., com a variedade “Pearmain Doré”; Irmãos Novais com a “Rome Beauty”; Dierberg Agrícola Ltda., com a “Ohio Beauty”; Antonio Damas com a “Bela Flor Amarela”; José Roberto com a “Deliciosa” e M. Yamada, com a “Cardinal”.
O esforço pioneiro de Júlio Fracalanza na década de 30, inspirou a exploração da fruticultura no município, uma vez que ficara provada a adaptabilidade fácil das frutas europeias ao clima de Campos do Jordão.
O trabalho frutificou, que, à época em que se implantou a 1ª Festa da Maçã, cultivava-se em Campos do Jordão 40 mil macieiras, 60 mil pereiras e 30 mil oliveiras, constituindo o município no maior produtor de batata semente.
Em âmbito geral, o desenvolvimento da agricultura jordanense se deveu aos esforços da colônia japonesa, que em terreno íngreme e condições topográficas hostis, plantou, incansavelmente, desde as encostas da Serra da Mantiqueira até os suaves vales do ondulado planalto, sendo a responsável por uma produção agrícola das mais respeitáveis, consistentes, naquele ano, em 50 mil sacos de cenoura, 500 mil pés de repolho e 60 mil caixas de pera.
Os próprios habitantes de Campos do Jordão não acreditavam na existência de plantios de maçã, capazes de fornecerem frutos para as necessidades, mínimas que fossem, do mercado não exigente do Rio, ou para São Paulo, onde o consumidor exigia sempre o melhor.
A festa ofereceu a São Paulo e Rio de Janeiro um vasto programa, cujo ponto alto constituiu-se na exposição de frutas, flores e hortaliças.
Três motivos fizeram a grandeza econômica de Campos do Jordão na época:
O turismo, a agricultura (principalmente a fruticultura) e a industrialização das frutas. A montagem promocional da 1ª Festa da Maçã provocou uma explosão publicitária em Campos do Jordão nos principais jornais e revistas do País. O município voltou às primeiras páginas dos jornais brasileiros, notadamente da imprensa paulista.
“Campos do Jordão possui o melhor clima do mundo – Paisagens tirolesas na Serra da Mantiqueira – Hotéis e residências a 1.800 metros de altitude – Uma estância de veraneio que se enche também no inverno, as vezes com 13 graus abaixo de zero – O Brasil já produz maçãs iguais às melhores da Europa, Estados Unidos e Argentina – 300 variedades diferentes de macieiras – Uma graciosa “nisei”, eleita “Rainha da Maçã, com mais de 27.000 votos” e prosseguiu assim:
A primeira vez que Campos do Jordão entrou nas manchetes dos jornais brasileiros foi em janeiro de 1951 quando lá esteve, durante alguns dias, o Sr. Getúlio Vargas, recém-eleito Presidente da República.
As festas seguintes dos anos de 1954, 1955 e 1956, foram realizadas com grandiosidade espetacular e notoriedade. Nos anos seguintes, prosseguiram com tentativas abnegadas e acanhadas, no sentido de evitar que viesse a acabar. Infelizmente, em 1961 foi realizada a 6ª e última Festa da Maçã de Campos do Jordão.
Jornal "A Manhã", de 26 de abril de 1953
Revista “Manchete”, 28 de março de 1953
Jornal “Correio Paulistano”, 1953
Fonte Simão
Água é uma bênção. Da água surgiram as primeiras formas de vida que hoje conhecemos. Água mata nossa sede e limpa e higieniza. Água purifica. A água é o mais valioso recurso natural; principal elemento do nosso planeta; indispensável no nosso organismo; fonte de vida; fonte de saúde; fonte de relaxamento.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade, encravada na serra da Mantiqueira, uma das mais expressivas cadeias de montanhas do Brasil, tem a sede administrativa mais elevada do país, atingindo 1628 metros, o que colabora para que ela também seja a mais fria, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET): média de 8,1 ºC, calculada ao longo dos últimos 30 anos. (lembrando que a altitude de 1.628 metros é a cota altimétrica perto da prefeitura, ou seja, numa das áreas mais baixas do perímetro urbano, quase às margens do Ribeirão Capivari. Há outras áreas urbanas jordanenses que estão a mais de 1.800 metros de altitude). As altitudes nos arredores do município atingem mais de 2 mil metros em alguns picos. Nessa região também se localizam algumas das cidades mais altas do Brasil como Senador Amaral-MG, 1.500; Maria da Fé-MG, 1.370; Munhoz- MG, 1.260.
Dentro da Serra da Mantiqueira, numa das suas regiões mais preservadas do Município de Campos do Jordao, surgem das profundezas das rochas, várias nascentes de água mineral com características que as colocam entre as mais puras e leves águas minerais do mundo.
Pela altitude das fontes, entre as mais altas do Brasil, a mais de 1.800 metros, já se nota que não existe nada acima delas que possa poluí-las. Estão localizadas no meio da Mata Atlântica, na parte mais alta da Serra, com um grande cinturão verde a sua volta.
Campos do Jordão é reconhecida mundialmente por Estância Climática e Hidromineral por decreto federal, graças às suas fontes. É riquíssima em fontes construídas ao longo do século XX.
Atualmente conta com os seguintes fontanários: Fonte Água Santa, Fonte Marisa, Fonte Santa Filomena, Fonte São Lourenço, Fonte Nossa Senhora das Graças, Fonte Renato, Fonte Simão, Fonte da Amizade, Fonte dos Milagres, Fonte Céu Azul e outras.
A fonte mais conhecida em Campos do Jordão é a fonte Água Santa, onde sua água é exportada para todo o Brasil.
Entre os séculos XIX e XX, quando era encontrada uma nascente, cujas águas tinham propriedades medicinais, era consagrada com a construção de uma fonte. Muitos dos aglomerados urbanos ordenavam as suas praças com referência nestes objetos. É o caso da Fonte Simão. Esse fontanário é histórico.
Localizada em Vila Capivari, à beira da Avenida Roberto Simonsen, dentro de um parque cheio de pinhos bravos e araucárias, tem esse nome em homenagem a Simão Cirineu Saraiva.
O casal Backer era o proprietário desse fontanário. Não foi encontrado afloramento de rocha e considerando sua fraca vazão, ela pode ser uma fonte de ruptura de talude. Mandou captar e isolar essa excelente água, sendo a nascente encontrada à profundidade de mais de três mts. O trabalho de captação foi perfeito, estando a fonte livre, por completo, de contaminação, não tendo comunicação alguma com o exterior.
Pela lei nº 241 de 18 de outubro de 1958, a prefeitura municipal recebeu por doação o terreno da Fonte Simão, do espólio de dona Emília Backer.
A Condessa de Bonneval possuía uma propriedade em Vila Capivari, ao lado da Fonte Simão, e passou anos de férias durante sua infância em Campos do Jordão.
Simão Cirineu Saraiva não era tuberculoso, mas sofria de úlcera no estomago. Descobriu que a água da mina, lhe fazia bem e aliviava as dores. Passou a beber, diariamente, a água do fontanário e foi curado da úlcera.
A partir de então, a fonte conta com o título de “Água medicinal”. As águas da Fonte Simão, radioativa, cloretada, magnesiana, puras, foram consideradas de valor terapêutico para doenças estomacais.
MAGNESIANA, por sua ação em fígado e intestinos, usada em casos de enterocolite crônica e insuficiência hepática.
RADIOATIVA, por sua ação funcional das afecções renais e biliares. É diurética e laxante. Favorece a digestão. Indicada contra o reumatismo. Elimina o ácido úrico, diminui a viscosidade do sangue, é estimulante glandular e da sexualidade. Reduz a pressão sanguínea.
CLORETADA, porque indicada nas moléstias gastrointestinais, gastrites, pancreatites, hepatites e moléstias renais. A mina ficou famosa e conhecida por Fonte Simão.
Sua inauguração solene se deu no ano de 1924, pelo dr. Carlos de Campos, Presidente do Estado, como consta na gravação visível na parte inferior, que indica: “FONTE SIMÃO 1924”.
Grande parte dos chafarizes era desprovida de decoração, consistindo em simples tanques ou pias, adossados a muros ou paredes de edifícios. Entretanto, acabou por se embutir gradualmente preocupações plásticas e pequenos elementos simbólicos, ligados à mitologia greco-romana, ao posicionamento do ser humano perante o Cosmos, ou às Escrituras Sagradas.
O fontanário não esconde sua tradição: ao centro foi esculpido uma cara de leão. Da boca do leão, de onde brotam as águas frescas da fonte, qualquer pessoa pode chegar e tomar. Suas águas jorram ininterruptamente.
O barulho contagiante de suas águas proporciona tranquilidade, harmonia e horas relaxantes para quem está por perto. Além desse grande benefício, em dias quentes refresca e umidifica o ar.
Propositalmente, a expressão “Cara de leão” está nas Escrituras Sagradas: “Da tribo dos gaditas passaram-se para Davi à fortaleza no deserto, homens valentes, homens de guerra para pelejar, armados de escudo e lança; seu rosto era como de leões” (1 Crôn. 12,8).
O local é amplo com muitas árvores e plantas. Está um pouco isolado, contudo, pode-se apreciar pássaros e outros animais que transitam por ali.
O acesso é limitado por degraus e uma caminhada de aproximadamente 50 metros, e a dificuldade da coleta de água com galões. A fonte já perdeu um pouco do fluxo que era mais intenso, mas não perdeu o incrível sabor de água fresca da montanha.
Com o terreno de 3.525 m2, o local aparenta estar abandonado, e as constantes chuvas colaboram para o crescimento de mato à sua volta; nada que impede os responsáveis para uma boa manutenção.
Já houve tentativas frustradas de recuperação da obra por onde a água jorra com massinha de vidro e bolinha de gude; mas estas, felizmente já foram removidas.
Simão Cirineu Saraiva, figura de destaque no município, um dos pioneiros de Campos do Jordão, filho de escravos, foi criado pela família Macedo Soares, considerado irmão de criação. Chegou na década de 1910 e foi amigo e homem de confiança do Embaixador José Carlos de Macedo Soares, responsável pela urbanização da Vila Capivari. Construiu o primeiro reservatório de água de Campos do Jordão, no manancial, obra executada pelo construtor Floriano Rodrigues Pinheiro.
Simão Cirineu Saraiva trabalhou nas obras da construção do Grande Hotel de Roberto Backer, posteriormente adquirido por Roberto Simonsen e, transformado na famosa Vila Simonsen, próxima à Fonte Simão.
Simão Cirineu Saraiva, foi administrador do primeiro cemitério da cidade, entre 1923 a 1930. Em 1937, foi designado Agente dos Correios e Telégrafos, pelo Embaixador José Carlos de Macedo Soares, cargo que exerceu por muitos anos e no qual se aposentou. Foi casado com Brasília Maria de Lourdes Saraiva.
Simão Cirineu Saraiva lutou muito pelo progresso da cidade. O que Campos do Jordão necessitava, ele pedia ao embaixador Macedo Soares e a cidade recebia.
Pelo decreto nº 510 de 10 de abril de 1972, a praça de esportes do Bairro Recanto Feliz passa a ser denominada “Simão Cirineu Saraiva”, em homenagem ao homem público que prestou dedicadamente, por longos anos, relevantes serviços à comunidade jordanense.
A prefeitura municipal ainda homenageou esse personagem da história jordanense, reconhecendo seus inúmeros serviços e benefícios realizados, instituindo a “Medalha Simão Cirineu Saraiva”, um dos grandes símbolos da cultura negra em nossa cidade.
A fonte Simão, depois da Água Santa, é um dos mais famosos fontanários do município, um grande patrimônio de Campos do Jordão.
Fontes:
Fundação Martha e Erico Stickel
A Fundação Stickel foi instituída em São Paulo em 31 de dezembro de 1954, pelo casal Martha Diederichsen Stickel e Erico João Siriuba Stickel. No entanto, a história da instituição tem início com a chegada do industrial e empresário Ernesto Diederichsen sua mulher Maria Elisa Arens Diederichsen (Lili) à cidade serrana de Campos do Jordão SP em 1936, quando adquirem grandes áreas de terra.
Na
sequência o casal inicia a construção da residência de veraneio da família,
concluída em 1941. Em seguida, associados a Luiz Dumont Villares, empreendem a
construção do Hotel Toriba, inaugurado em 1943.
Sensibilizados
pela pobreza e pelas más condições de saúde em que viviam moradores e ocupantes
dos sanatórios da cidade, em 1946, Ernesto e Lili, dr. Luiz Dumont Villares e
sua esposa, dona Leonor Diederichsen Villares, deram início a um trabalho de
assistência social em Campos do Jordão, que acarretou a criação do Grêmio Bernardo Diederichsen, com
gestão do Reverendo evangélico, capitão Oswaldo Alves, que se destinou a
atender as famílias e crianças carentes que ali se instalavam, geralmente em
favelas e moradias precárias, para acompanhar o tratamento de tuberculose de
seus parentes internados.
O
Grêmio “Bernardo Diederichsen”,
tratava-se de um Centro de Assistência Social, com o objetivo de ajudar as
famílias dos tuberculosos pobres. Os recursos provinham da boa vontade e
desprendimento de 3 famílias, em grande parte pertencentes à Igreja Unida de
São Paulo: dr. Luiz Dumont Villares e dona Leonor Diederichsen Villares; dr.
Ernesto Diederichsen Villares e sua progenitora e o dr. Erico Stickel, que
havia se revelado um dos grandes amigos dos tuberculosos de Campos do Jordão.
O
Grêmio “Bernardo Diederichsen” que
estava sob a direção do Pastor-Capelão, enviava mantimentos a dezenas de
famílias de enfermos pobres que viviam nos recantos mais escondidos da cidade
de Campos do Jordão. Os doentes, ou suas famílias, eram assistidos depois de um
rigoroso trabalho de sindicância. Assim, ao lado das atividades propriamente
pastorais, contavam com o valioso complemento do auxílio em gêneros de primeira
necessidade.
Para
o trabalho de visitação, o Grêmio usava um Jeep”, doado pelo dr. Ernesto
Diederichsen. Nos 3 primeiros anos tinham um “Ford 31”, que fora presenteado
pelo dr. Luiz Dumont Villares, um dos mantenedores. Daí a facilidade que tinham
de visitar também os enfermos da Vila Samaritana, sanatório também para
tuberculosos em são José dos Campos, onde também pregavam na igreja local e na
rádio. O mesmo tinham feito em Taubaté, Pindamonhangaba, Bocaina, Jacareí e
várias igrejas de São Paulo.
Além
dos gêneros, o Grêmio já distribuía, naqueles últimos anos, perto de 3.000
cobertores, milhares de agasalhos, remédios, já providenciava vagas e recolhia
mais de 100 enfermos. No número de cobertores estava incluída a Campanha de
inverno de 1947, quando podiam distribuir 2600 cobertores, com a cooperação de
algumas emissoras e jornais da capital. Às famílias acima mencionadas, havia 2
anos passados, distribuíram mais de 250 cortes de casemira aos tuberculosos das
pensões, por meio do Grêmio Bernardo
Diederichsen”. A Igreja Unida e outras tinham cooperado com o Grêmio no
sentido de minorar o sofrimento dos tuberculosos pobres, mormente no inverno,
onde a temperatura chegava a 6-8 graus abaixo de zero. As igrejas e ministros,
desprendidamente, enviavam agasalhos, cobertores e bíblias.
D.
Ernesto Diederichsen foi um grande amigo dos humildes tuberculosos destas
montanhas silenciosas, onde o sofrimento moral, a saudade dos entes queridos e
as preocupações em face da enfermidade percorriam os corredores pensativos dos
sanatórios e penetravam nas taperas escuras das favelas enfermas.
Após
o seu falecimento, em 1949, as obras assistenciais foram assumidas por sua
filha, Martha Diederichsen Stickel e
seu marido, Erico João Siriuba Stickel.
Na sequência é criada em 1951 a Associação Beneficente Martha e Erico Stickel,
que se transformou em 1954 na Fundação
Beneficente Martha e Erico Stickel.
Com
imóvel próprio situado na Vila Abernéssia, Campos de Jordão, a instituição se
propunha a atender famílias de baixa renda, que se instalavam em favelas e
moradias precárias, para acompanhar o tratamento contra tuberculose de seus
parentes internados. Incluía distribuição de remédios, alimentos, agasalhos e
tratamento médico.
A
Fundação se organizou para suprir as carências mais imediatas da população
desprotegida, prestando um serviço assistencial gratuito, com consultório
médico e dentário, raios-X e ambulância. Tinha como objetivo enviar mantimentos
aos tuberculosos pobres. Não só gêneros de primeira necessidade, mas remédios,
cobertores e agasalhos em geral.
Desta
forma, dezenas de famílias, há vários anos, vinham recebendo mensalmente o que
necessitavam para enfrentarem o frio e a enfermidade.
A
instituição manteve suas atividades até a década de 1970, encerrando-se
definitivamente em 1980, iniciando-se então um período de inatividade.
Após
um período de inatividade, foi reestruturada em 2004 pelo filho do casal, o
arquiteto, artista plástico e fotógrafo Fernando
Stickel, e passou a operar em São Paulo com a missão de promover a inclusão
social por meios das artes visuais. Hoje, incentiva a arte e a cultura com
projetos sociais na cidade de São Paulo, chamando-se “Fundação Stickel”.
Depois
que deixou de atuar em Campos do Jordão, a Fundação Stickel cedeu o prédio
próprio, situado na Rua Brigadeiro Jordão, ao Poder Público Municipal para abrigar
a Biblioteca Infantil “Guilherme
Monteiro Lobato”. Por vários anos, a Biblioteca Municipal Infantil, esteve
instalada nesse prédio.
O
nome da Biblioteca Infantil homenageava, Guilherme
Monteiro Lobato, filho do grande Escritor, José Bento Monteiro Lobato, falecido com 26 anos de idade, depois
de ter vindo para Campos do Jordão, na tentativa da cura da tuberculose.
Nessa
tentativa da cura para o filho Guilherme, o Escritor Monteiro Lobato, residiu
em Campos do Jordão entre os anos de 1937 a 1940, num sobrado que adquiriu na
Avenida Macedo Soares, em Vila Capivari. Hoje, estaria situada no “Fort House”, ao lado do “Cadij Shopping Center”, em frente ao
atual “Center Suíço”; local onde
existia a casa que pertenceu ao Embaixador
José Carlos de Macedo Soares. Esta casa foi demolida em meados da década de
1990.
Na
dependência situada nos fundos desse prédio, no ano de 1980, foi instalada a
sede da Academia de Letras de Campos do
Jordão que aí permaneceu por quase duas décadas.
O
casal, Izabel e Pedro Paulo, pais de
Pedro Paulo Filho, instalaram a Pensão Monte Líbano nesse lugar, antes
de existir a Fundação Stickel
(1930-1934), residindo numa casinha de madeira, nos fundos da pensão.
O
professor e escritor Walter Dalla Dea
também morou neste espaço, por vários anos. Na década de 1970, o prédio abrigou
o S.O.S. – Serviço de Obras Sociais
de Campos do Jordão, e serviu como residência do funcionário do Banco
Mercantil, sr. José Rubens.
Esteve
ali, por ter sido alertado via fone por um vizinho de que o imóvel estaria
abandonado e invadido por usuários de drogas, que inclusive faziam fogueiras
dentro da casa.
A
Prefeitura que ocupava o imóvel por força de um contrato de comodato gratuito,
e que havia lá instalado a Biblioteca
Infantil Guilherme Monteiro Lobato, simplesmente havia abandonado o imóvel,
sem, nem ao menos, fazer a devida notificação.
Havia
destruição, imundície, pichação, portas e janelas arrebentadas, marcas de fogo
e até mesmo, livros queimados. O Jornal “Estadão”
esteve presente no dia 19 de junho de 2005, para provar a data, documentando
com fotos.
Foi
iniciado um processo judicial de reintegração de posse contra a Prefeitura,
então na posse por força de contrato de comodato com prazo de 20 anos, ainda em
vigência. Em seguida à reconquista da posse, iniciou-se um processo judicial
por perdas e danos, com peritagem, etc. Simultaneamente o imóvel foi colocado à
venda, pois os danos eram de tal monta que não valia a pena investir na
recuperação do imóvel. A venda ocorreu em 17 de dezembro de 2007.
O
processo por perda e danos correu por anos a fio… e finalmente se encerrou com
o recebimento em 2016, da quantia líquida de R$117.670,27, que foi utilizada nas
atividades rotineiras da Fundação Stickel
em São Paulo.
No
ano de 2013, o prédio em Campos do Jordão, onde durante vários anos, esteve sediada a Biblioteca Infantil Guilherme Monteiro
Lobato, foi demolido. Hoje, existe no local um novo prédio para lojas comerciais e
escritórios.
Neste
ano de 2020, a Fundação Stickel
completou 66 anos de idade, com uma Pharmacia Cultural - um espaço de
exposições e onde também são realizados cursos e atividades culturais.
Advogado,
formado em Direito pela Universidade de São Paulo em 1944, colecionador de
arte, bibliófilo e estudioso da Iconografia Brasileira do Século XIX.
Conviveu
desde cedo com a biblioteca herdada de seu tio-avô, Johann Metz (1861-1936),
depois enriquecida por seu pai Arthur Stickel (1890-1968), à qual adicionou sua
própria coleção.
Outra
parte de sua biblioteca iconográfica, contendo livros de trabalho e edições
raras (edições de época ou contendo gravuras originais), além das seções de
História e Bibliografia, foram incorporadas ao Instituto Hercule Florence (IHF)
em 2008 (cerca de 1.200 volumes).
Foi
incorporado também ao IHF, seu arquivo de trabalho, construído ao longo de
cinco décadas; formado por três grandes fichários em papel, um deles reúne
7.000 biografias de personagens relacionados à iconografia brasileira.
Em
1977, doou à Sociedade Beneficente Alemã,
um pavilhão para idosos denominado, "Stickel
Heim", com 17 quartos; colaborou com a implantação da Aldeia SOS Rio
Bonito, participando ainda de outras obras assistenciais.
Faleceu
em São Paulo, em 25 de dezembro de 2004.
A
Câmara Municipal deu o nome de Ernesto
Diederichsen a uma das principais vias públicas, a um dos grandes e
dedicados amigos de Campos do Jordão e, mais profundamente, dos que mantiveram
com o destino agreste lutas titânicas e terríveis.
Amigo destas montanhas silenciosas, que foram, na realidade, uma esperança quente para os enfermos e fatigados.
Fontes:
Jornal
“O Puritano”, de 25 de setembro de
1950;
Jornal “Jornal do Brasil”, de 03 de abril de 1969.
Links:
https://estagioonline.com/newsdino?url=&releaseId=128825/
https://stickel.com.br/atc/sobre-o-autor
https://www.fundacaostickel.org.br/a-fundacao/#1464968167240-811adf9d-363d
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erico_Jo%C3%A3o_Siriuba_Stickel
https://pt.linkfang.org/wiki/Erico_Stickel
Grande Hotel
Construção do Grande Hotel. Obra iniciada em 25 de maio de 1940. Para garantia integral dos hóspedes, o hotel teria um consultório médico com aparelhos de raios-X para exames radioscópicos de todos os hóspedes antes de serem aceitos no referido estabelecimento. (Jornal Correio Paulistano de 27.04.1941).
Grande Hotel de Campos do Jordão em obras no ano de 1941, recebe a visita da comitiva do interventor federal, Adhemar de Barros (Jornal Correio Paulistano, de 18 de janeiro de 1941).
A prefeitura sanitária de Campos do Jordão, através de seu prefeito dr. José Arthur da Motta Bicudo, inicia obras de grande vulto, entre as quais, o Grande Hotel e Cassino, organizando para o dia 25 de maio de 1940, o lançamento da pedra fundamental do edifício, cujo projeto ficou a cargo do escritório dos arquitetos Oswaldo Arthur Bratke e Carlos Botti, de São Paulo, com obras orçadas em 4.000 contos de réis, constituindo, por certo, dentro de muito pouco tempo, o ponto de atração não somente dos paulistas, mas principalmente, dos turistas de outros estados ou de fora.
Em plena transição da sua obra do eclético para o moderno, Oswaldo Bratke, aos 33 anos de idade, foi chamado pelo dr. Adhemar de Barros para criar o hotel-cassino. O arquiteto foi apresentado ao governador por Oscar Americano (colega de Bratke no Mackenzie) e, na mesma época, atendeu a uma encomenda privada do político: a urbanização do Jardim Leonor, em São Paulo, nome que homenageava a primeira-dama Leonor Mendes de Barros.
A pedra fundamental do empreendimento, inicialmente chamado Grande Hotel de Campos do Jordão, data de 1940 e sua inauguração ocorreu em setembro de 1944. Na época, com quase 7 mil metros quadrados de área, era um dos maiores hotéis do país. Nesse período, Bratke era sócio do engenheiro Carlos Botti, que morreu em 1942. Na empresa de projeto e construção Bratke & Botti, o primeiro era responsável pelos desenhos e o segundo, pela execução. A morte do sócio marcou o início da atividade autônoma de Bratke como arquiteto - um dos pioneiros desse processo em São Paulo, junto com Rino Levi, Eduardo Kneese de Mello e Vilanova Artigas.
A construção foi feita por administração direta do Governo, através do Departamento de Obras Públicas do Estado. Logo que o interventor dr. Adhemar de Barros chegou à Vila Capivari, foi dado início à solenidade e feito o lançamento da pedra fundamental do novo e majestoso edifício, sob prolongada salva de palmas, que, após cimentada a pedra, o dr. Francisco de Moura Coutinho pronunciou um brilhante discurso.
No dia 02 de setembro de 1944 foi inaugurada na bela e salubre cidade, o magnífico e luxuoso Grande Hotel com capacidade para 400 pessoas. O edifício possuía 6.700 m² de área construída, em 16 alqueires de terra. Possuía 62 apartamentos, 12 suítes e 32 quartos. Esse Grande Hotel que o governo do Estado de São Paulo entregou ao público, estava situado a 1.800 m. de altitude, acima do nível do mar, e contou nas suas dependências, em estilo colonial, com o que existia de mais moderno na indústria hoteleira da época. Com capacidade para 110-120 apartamentos e todas as demais dependências que requer um prédio dessa natureza.
Em setembro de 1945 é inaugurado o Cassino do Grande Hotel. Com o início da exploração do jogo, o número de frequentadores cresceu muito, aumentando sua renda. O cassino foi arrendado pela família Hillebrecht (Henrique Hillebrecht, a esposa Ana e o filho Hans Hillebrecht) à Empresa Paulista de Diversões Ltda., ficando a exploração do hotel a cargo dos arrendantes, através da Cia. de Hotéis de Campos do Jordão.
O seu horário de funcionamento era das 15 às 19 horas (matinê) e à noite, das 21 às 2 horas da madrugada. Ambiente frenético, de grandes emoções, mas extremamente ordeiro e elegante, funcionando em recinto luxuoso.
O cassino injetou, indubitavelmente, grandes somas de dinheiro na cidade, e as entidades assistenciais eram amiúde, aquinhoadas com donativos. Ali se jogava roleta, bacarat e a campista, e ninguém entrava no cassino se não portasse atestado médico e gravata no colarinho. Esporadicamente, perdia-se uma fortuna, e alguns poucos vendiam seus automóveis para aplicar no cassino, tentando a sorte grande. A direção do cassino não permitia o ingresso de pessoas de cor.
Para garantia integral dos hóspedes, o hotel tinha um consultório médico com aparelhos de raios X para exames radioscópicos de todos os hóspedes, antes de serem aceitos no referido estabelecimento.
Não durou muito tempo. Em março de 1946, o então Presidente da República General Eurico Gaspar Dutra, proibiu a prática de jogos em todo o território nacional, determinando o fechamento de todos os cassinos no país. Com a extinção dos jogos, o cassino, deixou de funcionar. O Grande Hotel Cassino viu sua principal fonte de renda desaparecer junto com os hóspedes e fechou suas portas em 1970.
O Grande Hotel representou um marco no desenvolvimento do turismo de Campos do Jordão, não somente pela imponência de suas instalações, mas pelo fato de ser o primeiro hotel de categoria internacional a receber turistas do país e do exterior. Em 1979 extinguiu-se definitivamente o contrato de arrendamento.
Em 1982 é assinado um convênio com SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. (COMODATO - SENAC, O CONJUNTO PATRIMONIAL DENOMINADO GRANDE HOTEL DE CAMPOS DE JORDÃO - 50 anos).
Fonte:
LINO,
Maurício de Souza. Da Freguezia do Imbery: Aos Campos do Jordão. Campos do
Jordão: Clube de Autores, 2017. 616 p.
Hotel dos Lagos
A década de 1940 foi uma época em que foram construídas no Brasil muitos hotéis Cassinos. O Hotel dos Lagos foi idealizado para ser um desses cassinos. Em Campos do Jordão, nessa época, a família Caravelas iniciou a construção de um moderno e imponente prédio, com arquitetura e instalações projetadas para ser um dos mais importantes hotéis de Campos do Jordão. O prédio foi edificado até a sua cobertura; porém, a sua conclusão foi paralisada, por diversos motivos. Infelizmente, nunca chegou a ser inaugurado com esse nome. Um deles, foi a proibição do jogo no país.
O Hotel dos Lagos que pertencia à família Caravelas, ficou parado por muitos anos; sua conclusão ficou paralisada por quase trinta anos.
A primeira empresa a dedicar-se ao parcelamento do solo para a venda em lotes foi a Companhia Brasileira de Colonização, em 02 de junho de 1917, de propriedade do dr. Domingos Jaguaribe. Em 1924, alienou uma sorte de terras à Empresa Vila Natal Ltda, firma constituída por Vitalina Pompeu de Souza Queiroz; Fernando Pompeu de Camargo; José Cássio de Macedo Soares; Manoel Olímpio de Albuquerque Lins; Edmur de Souza Queiroz, Adhemar de Souza Queiroz e Gustavo Berger.
Em 1943, foi organizado o Hotel dos lagos S/A, adquirindo as terras da empresa Vila Natal Ltda.
Em 26 de julho de 1946, foi constituída a empresa Hotel dos Lagos S/A, sob a presidência de Oscar Muller caravelas.
Em 1955, lotearam a área ao redor e tornou-se o Bairro Vila Natal, onde sempre se localizou o Hotel. Nesse prédio, precariamente, durante a década de 1960, por pouco tempo, esteve instalado o “Country Club de Campos do Jordão”. Em 1979, um grupo de quatro sócios terminaram a construção do Hotel com arquitetura normanda e pequenos detalhes de hotéis europeus.
O prédio do antigo Hotel dos Lagos, durante algum tempo, foi administrado pelo Iate Clube de Campos do Jordão, que, posteriormente, na década de 1980, felizmente, tratativas de sucesso, resultaram na venda dessa propriedade a uma outra empresa de São Paulo que providenciou sua conclusão e, com modernas instalações, achou-se instalado o “Orotour Garden Hotel”, orgulho da hotelaria jordanense e nacional.
A partir de 2020, novo proprietário,
levando o nome “Berg Hotel Ort”.
Imagens:
Edmundo Ferreira da Rocha
www.camposdojordaocultura.com.br
Hotel Toriba
“A serra se enfeita de flores de pessegueiro. De um e de outro lado do caminho os altos eucaliptos, as pereiras cobertas de um véu branco e cheiroso, a relva cheirosa... rebanhos calmos, evocações da Helade, ar transparente e límpido como cristal, onde diria vibrarem os acentos das flautas e das siringes dos pastores clássicos. E o trenzinho vai subindo, entre as gargantas, ao longo dos desfiladeiros.
No alto da serra o “Toriba” é uma casinha de presépio. O
Tirol mudou-se para São Paulo, trazendo todo o encanto dos Alpes acrescido da
faceirice tropical de um crepúsculo mais vermelho, de uma paisagem que se estende
sob a rocha escarpada, mostrando ao longe as casas brancas de Pinda. “Toriba” –
em língua de índio- quer dizer alegria, felicidade, conforto. Os nossos tupis
também tinham o seu termo para traduzirem o “cozy”. E o Hotel Toriba,
misturando paradoxalmente o nome tupi à ordenação europeia, bem simboliza i
nosso maravilhoso Brasil, feito de tantos sangues e tantas raças, mas unificado
em uma estupenda vocação de pátria, Campos do Jordão.
Floradas brancas da serra, encantamentos de pastagem. Lá sobe a caravana que vi do Rio. Contraste delicioso entre as avenidas cheias de carros, violentas, atordoadoras, poeirentas, e aquela placidez idílica da montanha. Uma blusa vermelha, um lenço que se agita ao longe. Um poema que cristaliza, lentamente, nos olhos claros, na face rosada. Campos do Jordão...” (Ariel).
Portadores de dois nomes bastante conhecidos no meio industrial, os srs. Ernesto Diedrichsen e Luiz Dumont Villares (sobrinho de Alberto Santos Dumont, Pai da Aviação), que foram também dois deslumbrados da prodigiosa natureza de Campos do Jordão – resolveram construir logo à antiga entrada dessa já famosa estância climática, um confortável hotel de repouso.Magnificamente situado no centro de um plateau, entre esguios pinheirais e de onde se descortina um dos mais lindos panoramas da surpreendente Mantiqueira, - foi o local escolhido pela energia criadora daqueles dois capitães da indústria paulista, para nele edificarem, no pitoresco estilo dos chalets suíços, o seu formoso e confortável “Hotel Toriba”. Nem melhor e nem mais feliz poderia ter sido a escolha.
No topo da serra, recanto de paisagens maravilhosas, onde os olhos perdem-se na contemplação dos largos horizontes cheios de vida e de colorido, no meio dessa natureza prodigiosa onde tudo que nos cerca é um estímulo vivo para a Vida, desde o ar que respiramos, - é que foi construído o lindo hotel.
Outro fito não tiveram os seus realizadores senão o de criar uma verdadeira estação de repouso, dotado de tudo quanto poderia dar bem estar a todos aqueles que a procurassem, ou a todas as pessoas que precisassem refazer suas forças naquela formosa estação climática.
Não construíram eles um hotel em seu sentido vulgar; planearam e organizaram uma verdadeira estação de saúde.
Nada foi descuidado nesse utilíssimo empreendimento, corajosamente levado avante e hoje transformado em risonha realidade.
Tendo confiado os estudos e planos da construção aos reputadíssimos engenheiros e arquitetos Severo & Villares que projetaram e, sob a proficiente administração do dr. Floriano Pinheiro, construíram um dos mis pitorescos hotéis de repouso de nossa terra, os seus organizadores dotaram-no de todo conforto moderno, no que ele tinha de mais aprimorado para aquela época.
Mobiliário e decoração ficaram inteiramente de acordo com o estilo que caracterizava a sua construção tipicamente alpina. Achava-se o hotel a hospedar cerca de cem pessoas em seus confortáveis apartamentos onde nada foi esquecido, desde o aquecimento para as grandes temperaturas de inverno, até os mínimos detalhes que poderiam interessar direta ou indiretamente o bem estar de seus hóspedes.
O plano geral da construção compreendia também um conjunto de chalets na proximidade do edifício central do hotel e que seriam destinados à hospedagem das pessoas que, por não se adaptarem bem à vida movimentada do hotel, preferiam este outro gênero de habitação, sem dúvida, de maior repouso.
Ficou dotado o Hotel Toriba de grandes varandas, salas de estar, galerias ensolaradas, salão de leitura e repouso, amplo salão de refeições, bar e de todas as demais dependências indispensáveis ao inteiro e perfeito conforto de quantos o procuravam.
A sua inauguração realizou-se em 22 de janeiro de 1943. Os Alpes suíços foram a grande fonte de inspiração para definir as particularidades e o estilo arquitetônico da obra.
Naturalmente, e em garantia da própria saúde dos hóspedes, só seriam admitidas pessoas que exibissem os devidos atestados de sanidade. Tal é, em poucas palavras, a formosa “estação de saúde” que a vontade realizadora de Ernesto Diederichsen e Luiz Dumont Villares edificaram em um dos mais lindos e saudáveis sítios desta terra privilegiada!
O hotel foi administrado pela família Hillebrecht até 1958. Retomado pelos Diederichsen/Villares, fechou temporariamente as portas e passou por uma grande reforma durante pouco mais de um ano, em 1958, para a construção de banheiros privativos nos apartamentos, e por cinco meses em 1997, para a reforma do prédio principal.
Após a reestruturação, o hotel foi novamente arrendado, desta vez para a Cia. Paulista de Hotéis, pertencente aos irmãos Arthur e Paulo Witzig. Para a gerência, foi contratado Joseph Jurt, imigrante suíço que inaugurou um estilo de administração completamente diferente da do antecessor.
Em 27 de janeiro de 1960, foi comemorado a sua reabertura quando ofereceu à sociedade jordanense um coquetel homenageando as autoridades e a imprensa, falada e escrita, locais. Durante a festiva reunião social, estavam presentes, Paulo Witzig, presidente da Cia. Paulista de Hoteis S/A; Daniel Perret, vereador Joaquim Corre Cintra, e outros. Em nome do prefeito discursou o sr. Moacyr Padovan. Foram 23 anos de gestão. O custo das obras de remodelagem do hotel que representou um justo orgulho para Campos do Jordão, atingiu a 13 milhões de cruzeiros.
Em 1975, os irmãos Witzig venderam a Cia. Paulista de Hotéis para Fabio Bicudo, que assumiu também o contrato de administração do Hotel Toriba até 1995, quando Elisa Villares Lenz Cesar, neta de Ernesto Diederichsen e e o filho, O Sr. Alberto Villares Lenz César, herdeira de Luiz Dumont Villares, têm estado à frente da administração do Toriba, e proprietários do Hotel.
Cercado por mais de 2 milhões de m2 de mata atlântica preservada, o Toriba foi o primeiro hotel de turismo em Campos do Jordão. Seu casarão branco e amadeirado, em estilo alpino, erguido em meio à mata da Serra da Mantiqueira está ali desde 1943, quando a cidade se emancipava da vizinha São Bento do Sapucaí e ganhava status de município.
Erguido a 1850 metros acima do nível do mar, era, na época, o hotel mais alto do país. Em pouco tempo, o Hotel Toriba virou um símbolo de Campos do Jordão e referência na hotelaria da cidade.
O toque alpino da arquitetura de sua casa-sede influenciaria toda a arquitetura de Campos do Jordão nas décadas seguintes.
O Hotel Toriba teve em seu quadro de funcionários, membros da tripulação do navio Windhuk, um transatlântico de luxo, que partiu da Alemanha em julho de 1939 para um cruzeiro de dois meses. Quando costeava a África do Sul, no entanto, foi surpreendido pela notícia de que a guerra havia estourado, e a viagem não pode prosseguir. Muitos dos turistas voltaram ao país de origem, mas 244 tripulantes continuaram a bordo. Por uma série de motivos envolvendo desde escassez de combustível até contratempos diplomáticos, o navio deixou o continente africano indo aportar em Santos, onde permaneceu por dois anos, graças ao apoio financeiro do consulado alemão. Foi um período de sonho para eles. A maior parte continuou morando a bordo; uns poucos resolveram mudar-se para pensões; outros trabalharam como garçons e cozinheiros em restaurantes — e todos se divertiam. Em agosto de 1942, Getúlio Vargas rompeu relações com a Alemanha, e o paraíso dos tripulantes do Windhuk acabou. Transportados em trens, foram mandados para campos de concentração em Guaratinguetá, Pirassununga, Bauru, Ribeirão Preto e Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, juntamente com italianos e japoneses para trabalhar nas lavouras. Três anos depois, com o fim da guerra, já livres, mas sem dinheiro nem documentos, precisavam trabalhar. E o mais óbvio, claro, era procurar ocupação de acordo com a especialidade. Vários restaurantes alemães já existiam na época, e eles eram tidos como excelentes profissionais. Nada mais natural, portanto, que fossem absorvidos pelo mercado hoteleiro, florescente na região de Campos e arredores. Tanto o Toriba quanto o Grande Hotel, além de outros, tiveram no quadro de funcionários membros da tripulação, imprimindo no cardápio e nos serviços características muito próprias, diferenciadas para a época.
Fontes:
Jornal “A Noite”, de 10 de setembro de 1944;
Revista “O Malho”, ano IV, 1943;
Revista “O Brazil-Medico”. de 20 de março de 1948;
Jornal “Correio Paulistano”, de 29 de abril de 1948;
27 de janeiro de 1960;
SVEVO, Célia e Sandra
Nedopetalski. O Toriba na Cultura de Campos do Jordão. METALIVROS. São
Paulo, 2007. P. 129.
Hotel Vila Inglesa
O Hotel Vila Inglesa foi construído pela “Cia. de Terrenos de Campos do Jordão” e era constituída por Antônio Augusto de Macedo, presidente; Júlio Fracalanza, Vice-presidente; e Onofre Ramos da Silva, gerente. Projetado pelo escritório de arquitetura Moya e Malfatti (irmão da pintora Annita Malfatti), à beira de um lago, e foi inaugurado em 30 de agosto 1947. Logo que concluído, foi arrendado, por cinco anos, a João Mayer Erkoff.
O Hotel Vila Inglesa foi um
dos recantos paradisíacos com que a natureza brindou Campos do Jordão, de
primeiríssima ordem. Tornou-se um dos mais tradicionais hotéis de Campos do
Jordão.
Tinha sido cenário de filmes
e programas de televisão. Hospedou a seleção brasileira de Pelé e Garrincha, em
1962. Abrigou presidentes, artistas e muitas personalidades ao longo das
décadas.
Em 1952, a Companhia
recomeçou a exploração direta do Hotel, ocasião em que Onofre Ramos da Silva
adquiriu 90% das quotas da empresa. Em 5 de setembro de 1979, foi adquirido
pelo empresário Flávio Ventura, que permaneceu até o ano 2008, quando o Grupo
de Hotéis Mazzaropi comprou a propriedade que foi reinaugurada em 2009. Trouxe
de volta para Campos do Jordão aquele glamour de 30, 40 ou 50 anos antes.
Seu gerente, José Schaeffer,
um alemão enorme, de voz forte e forte sotaque, cheio de ares. Foi chefe de
cozinha do Hotel Amazonas, e ex-gerente do Hotel Rancho Alegre, no Bairro
Descansópolis. Não sabia ou não podia falar baixo. Era um vozeirão. Homem de
grande competência no ramo hoteleiro, trabalhava com a esposa Tekla que, ao
contrário era pessoa doce e calma. Um cidadão participativo e atuante, lutando
pelo desenvolvimento do turismo jordanense. Fez parte do PSP, Partido Social
Progressista, de Adhemar de Barros e candidato a vereador, chegou a ser
suplente.
Transformou-se no Comendador
José Schäeffer e um dos fundadores do Lions Club de Campos do Jordão, em 1957,
cujos membros se reuniam periodicamente no hotel.
Em um belo e trágico dia de
1963, José Schäeffer, com sua mania de roleta russa, à entrada da portaria do
Hotel Vila Inglesa, pôs uma única bala no tambor do revólver, girando-o com
força. A bala ficou na agulha e a arma disparou contra sua cabeça. Foi uma
morte sentida e chorada. Em Vila Inglesa há uma via pública com seu nome: Rua
José Schäffer.
Fontes:
Anotou Diogo de Mendonças Pinto centenas de pessoas que contribuíram em espécie e em dinheiro para a construção da capela, em verdadeira prestação de contas. Eis alguns nomes que contribuíram em espécie: Dr. Henrique A. D. Gama (a imagem de N. Senhora), Dr. Diogo de Mendonça Pinto (o altar), Francisco Marcondes Machado, Thomas F. da Silva, Roberto D. R., D. Pessanha, Cônego J. de Monte Carmelo, F. M. de Brito, Dr. José Vicente R. M., Salvador I. Miranda, Ernesto Leitão, Lina I. dos Santos, Eduardo Brandão, J. A. dos Santos (a pedra fundamental), N. Judice (a caixa onde ela foi encerrada), Alzira P., D. B. Vargas, Dr. J. Viegas, Guilhermina M. de M., Rita de Moraes, Dr. Luiz Alvarez de S. e Luiz F. de Sá.
Entre os muitos que contribuíram em dinheiro estavam o próprio Dr. Diogo e José Benedito Marcondes Machado.
Sob o título “A Capela da Saúde”, a pena de Condelac Chaves de Andrade, escreveu:
“Incrustada no sopé do Morro das Bandeiras, em cujo dorso Ignácio Caetano, em nome de sua Majestade Fidelíssima, Rei de Portugal e do Algarve, desfraldara as Bandeiras de Posse de sua Sesmaria, a Vila de São Matheus do Imbiri ia crescendo aos olhos dos tuberculosos, como uma fonte perene de saúde... Uma benção de Deus!
E lá estava, emoldurada pelas densas matas e pinheirais seculares que ensombravam o Vale do Imbiri, branca como a pureza e humilde como a crença, a Capela edificada, às expensas do Capitão do Mato, Matheus da Costa Pinto, pelo engenheiro Diogo Granja de Mendonça, que dava ao povoado o aspecto de um presépio, realçado ainda mais por uma mangueira, que lhe ficava próxima, e o gado que pastava, solto ao redor.
Aos domingos e dias santos, a pitoresca vilazinha se engalanava com as vestes das festas de seus moradores, e ganhavam um pouco mais de movimentação, com a presença de pessoas de todas as partes dos “Campos”, notadamente do Hotel do Salto, de propriedade de Nicolau Aredes Tavares, pai do proeminente político, Dr. Mário Tavares, que aqui passou a sua infância.
Demandavam todos à Capela, em cujo terreiro, após a missa, ficavam reunidos, confraternizados no mesmo sentimento de fé e de esperança de melhores dias.
No dia em que a venerável imagem, também adquirida no Rio de Janeiro, como o fora o altar, aqui chegou em um charola armada num carro-de-boi, foi um Deus nos acuda!
A foguetaria estrugia, incessantemente, abafando a bandinha dos pífaros que viera de São Bento. As mulheres, faceiramente vestidas, com saias de roda e corpetes colantes, apinhavam-se no caminho que conduzia à Capela da Saúde, onde a Santa se hospedara, enchendo tudo de belezas e risos, contrastando sobremodo com o ar casmurro e importante dos homens espremidos em suas calças de funil, casacos e coletes alinhavados ao corpo.
João Maquinista, que então era gerente da Casa da Saúde, por certo, longe mesmo estava a imaginar que, uma meninota de tranças, que também ali se achava, iria tornar-se a Sinhá do Maquinista.
Se a recepção da padroeira dos “Campos” fora imponente, a sua entronização, fora deslumbrante.
O dia 19 de março de 1885, apesar de garoento e frio, despontava festivo. Era uma festa íntima, capaz de transformar a aridez de um deserto num oásis em flor... O milagre da fé.
Logo cedo, o caminho que levava ao Imbiri, encontrava-se apinhado de fiéis. O chão apresentava-se atapetado de flores, e, em toda a extensão, haviam sido armados arcos de ramos, aumentando assim a imponência da procissão de trasladação da Santa, tendo à frente o Monsenhor Joaquim Antonio Siqueira, vigário de São Bento.
Celebrada a missa solene, com comunhão geral, foram iniciadas outras festividades que culminaram com uma garbosa e reluzente cavalharada.
Mas o tempo, o inexorável e implacável tempo, levou tudo para o mundo silencioso das evocações, deixando apenas uma tristeza vaga... indefinida no coração dos que narraram essa reminiscência. O tempo passou.
Pôs abaixo a Capela de N. S. da Conceição e no esquecimento, os nomes dos que a construíram.
Modificou a paisagem bucólica da Vila de São Matheus do Imbiri, tornando-a Vila Jaguaribe.
Mas o tempo também trouxe no seu bojo incomensurável, as maravilhas do progresso retratadas, no moderno templo de concreto que ia sendo construído no mesmo lugar, onde as paredes de taipa da Capela da Saúde, fez florescer este “Altar de Solidariedade Humana”, que é Campos do Jordão”. (Condelac Chaves de Andrade – Jornal “A Cidade” de 31/07/1849)
De fato, nessa belíssima crônica, Condelac Chaves de Andrade narra que o Monsenhor Joaquim Antonio Siqueira celebrou, a pedido de Matheus da Costa Pinto, a primeira missa na Capela N. S. da Saúde, em 19 de março de 1885, data em que nela fora entronizada a venerável imagem. Foi provisionada em 8 de dezembro de 1885. Depois de demolida, e em seu lugar, construída a atual Igreja N. S. da Saúde, em 13 de dezembro de 1951, foi procedida a bênção do maravilhoso painel de autoria do renomado pintor, Expedito Camargo Freire, em cerimônia havida em Vila Jaguaribe, presidida pelo seu capelão, frei Vital Pires de Oliveira Dias.
Segundo a versão de Eduardo Moreira da Cruz, a Igreja de N. S. da Saúde compunha os 35 alqueires de terra, que fora objeto da venda feita pelo Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho a Leon Felix Casemir Bazin.
E com as terras, também a Igreja mudou de dono...
Teria a família Bazin criado um atrito com os padres, em decorrência do casamento da filha do casal com o grego ortodoxo, Dimitrius Stambolos, e a dissidência avultou de tal forma, que os padres foram obrigados a se retirar, indo para Santo Antonio do Pinhal, pelo que foi recolhida a chave da Igreja.
Não se rezavam mais missas e Eduardo conta que chegou a ir até a Delegacia de Polícia para ver se punha um paradeiro na constrangedora situação, de nada valendo os seus esforços.
Logo as pazes foram feitas, e em 28 de fevereiro de 1920, o Padre Estevão, Vigário de Sto. Antonio do Pinhal e de Campos do Jordão, constituía o Dr. Plínio Barbosa Lima, como seu procurador, "para receber, em doação, a Capela dos Campos feita pelo Exmo. Sr. Leon Bazin e família ao Bispado de Taubaté”.
Entretanto, Eduardo decidiu ir a Taubaté para falar com o Bispo Diocesano, achando este bem melhor construir outra Igreja em Vila Nova.
De fato, foi edificada uma igreja pequena, de alvenaria, sem reboco, bem no centro da atual Praça da Bandeira, ao lado do Fórum, e nela, Eduardo chegou a ser sacristão.
Lá pelos idos de 1915, João Rodrigues da Silva, mais conhecido como João Maquinista, era considerado um grande proprietário em Vila Nova.
Bom administrador de suas economias, as ia aplicando em aquisição de terrenos, que, à época, valiam 100 réis o metro quadrado, e sobre eles, erguia barracões para alugar, à beira da linha férrea.
Em um deles instalara a sua residência, na atual avenida Januário Miráglia, à altura do n° 593, em casa existente até pouco tempo.
João Maquinista cedeu um barracão para a realização de cultos religiosos, mais ou menos no n.º 909 daquela avenida, e ali nasceu a Capelinha de Santa Izabel, em Vila Nova, que posteriormente foi transferida para a pequena Igreja de Sta. Izabel, que ficava bem no centro da atual Praça da Bandeira. O terreno para a construção dessa igrejinha foi doado pelo Dr. Robert John Reid, em 18 de setembro de 1920.
Em 1921, Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo Diocesano de Taubaté, “atendendo ao que nos representou, pela presente, havemos por bem nomear para a Comissão de Obras da Igreja Matriz e Casa Paroquial dos Campos do Jordão, deste Bispado, os seguintes senhores: Presidente - Comendador Antonio Rodrigues Alves; Presidente Honorário - Cel. Ignacio Bicudo Salgado; Vice-Presidente - Dr. Robert John Reid e mais os senhores: Dr. Plínio Barbosa Lima, Dr. M. Covello Júnior, Júlio Fracalanza, Francisco Perrone, Paulo Dubieux, J. M. Vieira Ferraz, Comendador Ernesto Duprat, Prospero Olivetti, Felício Raimundo, Antonio Fonseca Mondim, Joaquim Ferreira da Rocha, Ten. Ernesto Brito Chaves, Cel. Antonio Sampaio e Guilherme Lebarrow, os quais, nomearão entre si, uma sub-comissão permanente e deliberativa, composta de cinco membros, que trabalhará mais ativamente no empreendimento que lhe cometemos.
Tomaram posse perante o revmo.Padre José Vita, assistente eclesiástico especial, observando-se desde já as leis canônicas relativas à administração dos bens eclesiásticos”.
O documento era datado de 25 de abril de 1921.
Iniciava-se assim a construção da referida Igreja de Sta. Isabel.
Em 13 de julho de 1923, na Capela de N. S. da Saúde, na então Vila Velha, ainda Paróquia de Sto. Antonio do Pinhal, foi lida a provisão expedida por Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, Bispo de Taubaté, que nomeava o Padre Octávio Moreira dos Santos, residente em Campos do Jordão, coadjutor de Sto. Antonio do Pinhal. Foi então rezada missa na capela, presentes o Juiz de Paz, Dr. Plínio Barbosa Lima, Modesto Leal, José Carlos de Macedo Soares, Presidente da Cia. Campos do Jordão, José Luiz de Macedo Soares, Gelásio Pimenta, diretor da revista "A Cigarra", Miguel Covello Jr., Durval de Azevedo Rocha, Eugênio O. Gabus, José da Silva Ferreira, Bertília Cerqueira, Maria S. Campos, Angelina Nielsen, Paulo Cerqueira, Eduardo Levy, Lúcia de Macedo Soares, Gilberto Pereira, Waldemar Francisco Guimarães, Mauricio Pereira Machado, José César Salgado, Leônidas Mendes de Castro, Simão Cirineu Saraiva, Jesuíno de Oliveira, José Mendes Filho, Belmiro dos Santos, João Silva Pinto, Adolfo Martini, Florisbela de Souza Ferreira, Nelly de Macedo Soares, Cândida Sodré de Macedo Soares, Mathilde Fonseca de Macedo Soares, Eudoxia Sodré de Macedo Soares, José Moreira Fonseca, Escolástica Melchert da Fonseca, Maria Adília Malta Cardoso, Beatriz Malta Cardoso, Rachel Cardoso Simonsen, Álvaro Malta Cardoso, Fernando Simonsen, Victor Geraldo Simonsen, George Street, Edith Sodré Griges, que eram as pessoas de maior destaque no lugar.
O padre Octávio Moreira dos Santos assumiu a direção da Paróquia, em 13 de julho de 1923, desligando-se de S. Bento do Sapucaí.
Acometido de pneumonia no Rio de Janeiro, foi recomendado ao Dr. J. C. de Macedo Soares, “varão ilustre e católico convicto”, então Presidente da Associação Comercial de S. Paulo, ao que foi “encaminhado a Campos do Jordão e mantido à custa do ilustre brasileiro.”
Dom Epaminondas, ouvido sobre a criação da Paróquia, sob a proteção de N. S. da Saúde, achou melhor que antes se estabelecesse a coadjutoria, com plenos poderes de vigararia.
O Dr. J. C. Macedo Soares manteve o sacerdote com ordenado, cama e mesa.
Em 1º de agosto de 1923, desembarcava na então Vila Nova o Arcebispo de S. Paulo, Dom Duarte Leopoldo, em trem especial da E.F.C.J., sendo recepcionado por dona Mathilde e José Carlos de Macedo Soares, em sua residência, a Vila S. José, em Vila Capivari, onde ficou 3 dias.(A Tribuna do Norte” – Pindamonhangaba 21.10.1923)
O Bispo Diocesano, D. Epaminondas, havia concedido ao Padre Octávio a dispensa de proclamas, em virtude da representação do sacerdote de que grande era o número de pessoas no Distrito que viviam sem o casamento religioso por falta de sacerdotes.
Padre Octávio, nesse ano, encontrou os alicerces da Capelinha de S. Izabel prontos, onde a Comissão de Obras já havia aplicado cerca de 10 contos de réis, e a continuação das obras dependia da realização de festivais para a arrecadação de fundos.
De fato, a primeira festa em honra a N. S. da Saúde iniciou-se em 28.8.1923, com rezas e procissão, não faltando à pregação do padre salesiano, Mário Maspes, banda de música de S. Bento e o resultado de tudo foi à coleta da importância de 500 mil réis que foi aplicada na Igreja Sta. Izabel, cuja construção, no centro do jardim de Abernéssia, se achava paralisada, por falta de recursos.
João Rodrigues da Silva, que possuía um amplo salão em Abernéssia, já referido, fez ali realizar a Festa da Imaculada, e ante o êxito do evento, o Vigário Octávio pediu ao Bispo de Taubaté, autorização para ali dar sacramentos até o término da construção da Igreja de Sta. Izabel.
Então, começou a funcionar no salão do João Maquinista, a Igreja Matriz de Sta. Izabel, a partir de 1° de dezembro de 1923, passando os jordanenses a assistir a celebração de missa nos domingos, às 9 horas, em Vila Velha, e às 10 horas em Vila Nova. Em Capivari, havia somente um terreno doado por J. C. de Macedo Soares, em 25/4/1929, para a construção de uma capela, já com pedra fundamental lançada e benzida por Dom Duarte, Arcebispo de S. Paulo.
Em abril de 1924, nova quermesse foi promovida em benefício das obras da Matriz de Sta. Izabel, cuja imagem, de 1m de altura, fora oferecida pelo Cel. Sampaio, o que inspirou Dona Marta Pedrosa também a ofertar outra imagem.
Assumiu a Paróquia em 18 de fevereiro de 1925, o Padre Francisco Lino dos Passos, que morava, de graça, em casa cedida pelo Major Ignácio Bicudo, de Pindamonhangaba.
Em 1927, dado o péssimo estado do barracão de João Maquinista, as missas passaram a ser celebradas na Igreja N. S. da Saúde, em Vila Jaguaribe, até a conclusão da capela-mor da Matriz de Sta. Izabel, que, enfim, veio a ser inaugurada em 4 de junho de 1927, quando foi benzida e passou a atender a população.
Nesse ano, era lançada a pedra fundamental do Sanatório Sta. Clara, benzida pelo padre Francisco Lino dos Passos.
Na Vila Siomara, em 27 de julho de 1927, ao voltar de uma caça, Américo Domingues Pereira, feriu-se, mortalmente, com a sua própria arma, quando seu cavalo tropeçou. Em memória de seu marido, sua esposa Elvira mandou construir uma capela rústica, denominada Capela de Sta. Cruz. Antonio Soares, um dia, resolveu reformá-la, pois era de madeira, e depois de pronta, em 17 de março de 1963, ali foi celebrada a primeira missa. Foi decorada pelo pintor Camargo Freire.
Em 25 de dezembro de 1928, a Capela de Vila Abernéssia foi elevada à categoria de Paróquia, tendo como padroeira Sta. Teresinha do Menino Jesus, criada pelo decreto diocesano de 21 de novembro de 1928, por Dom Epaminondas, Bispo de Taubaté.
Nesse dia, foi nomeada pelo Pe. Francisco Lino dos Passos, uma comissão para promover a Festa da Padroeira: Alzira Pinto, Samira Salim, Jalema Gama, Cilene Rangel Pestana e Margot Hehi, todas senhorinhas.
Também nesse ano era inaugurado o Pensionato das Irmãs da Divina Providência.
Corria o ano de 1929, quando Campos do Jordão ganhava mais duas capelas, uma na Tabatinga e outra na Campista, e, em 17 de junho de 1929, assumia o novo Vigário, Padre Almírio de Arantes.
O Apostolado da Oração foi constituído em 4 de julho de 1929, com a seguinte direção: Ana Gomes Ribeiro (presidente); Adélia Damas (vice); Lídia Salgado (tesoureira); Aurora Damas (secretária) e em sua honra foi celebrada missa pelo vigário, acolitado pelos Padres José Vita e Ascânio Brandão.
Em 15 de agosto desse ano, o padre A. Brandão fundava a Associação S. José pelas obras das vocações sacerdotais, em presença de grande número de fiéis, e em setembro, a paróquia Santo Antonio do Pinhal era anexada a Campos do Jordão.
Em 10 de novembro, era benzida a Capelinha do Sanatório Divina Providência, onde foi celebrada a primeira missa.
Um grande acontecimento agitava os moradores de Vila Capivari, pois era inaugurada a Capela de S. Benedito, em março de 1930, presentes o casal Macedo Soares, doadores do terreno, que receberam homenagem da Irmandade de São Benedito, presidida por Simão Cirineu Saraiva.
A guarda da Capela foi confiada a Benedito Muniz e senhora.
Foi muito sentida a demolição dessa capela, anos mais tarde, para dar lugar à atual Igreja; é que a Capelinha era de linhas delicadas e de uma arquitetura admirável.
A primeira missa nessa Capela de S. Benedito foi celebrada em 21 de fevereiro de 1930.
Entretanto, é necessário aduzir que, antes mesmo dessa Capela de S. Benedito ser edificada, houve outra, de madeira, que se situava mais ou menos na confluência da Av. Emilio Ribas com a Rua Roberto Jeffery, ao lado de um posto de gasolina, ali existente.
Foram seus idealizadores o Dr. Ulisses Gonçalves de Souza e Silva, do Posto de Higiene e Eduardo Levy, sendo S. Benedito, o padroeiro. Ali, o Dr. Ulisses realizou a primeira festa, cumprindo uma promessa, e depois passou o cargo de festeiro a Simão Cirineu Saraiva, figura de projeção no lugar. Depois, em 1925, foi que começou a ser construída a Capela de São Benedito, de torre alta, no mesmo local onde hoje situa-se o belo templo católico de Vila Capivari.
Em decorrência da construção dessa Capela, em 10 de fevereiro de 1930, foi constituída a Caixa Beneficente da Irmandade de S. Benedito com seguinte diretoria: Bento de Cerqueira César (presidente); Joviano Homem de Mello (vice); Antonio Augusto Conceição (1° secretário); Pascoal Olivetti (2° secretário) e Djalma Forjas (tesoureiro). Posteriormente, assumiu a presidência Simão Cirineu Saraiva.
Em 20 de setembro de 1930, assumia a Paróquia de Sta. Teresinha do Menino Jesus, o Padre Vita, coadjuvado pelo padre Nestor Azevedo, logo substituídos em 18 de janeiro de 1931, pelo padre José Fortunato da Silva Ramos. Todos os vigários eram abrigados pelo Dr. José Carlos de Macedo Soares, que ainda lhes assegurava um ordenado mensal.
Um menino paulista falecido nos anos 30, com 12 anos de idade, Antoninho da Rocha Marmo, ficou conhecido como o “Santinho de S. Paulo”.
Na década de 40, verdadeiras romarias acorriam ao seu túmulo, no cemitério da Consolação, em S. Paulo, e milhares de petições solicitavam ao Vaticano a sua canonização.
“Desde pequeno, fascinado pelas coisas da Igreja, Antoninho passou a ter premonições ao mesmo tempo em que a sua saúde começou a preocupar seriamente.
Tuberculoso, anos mais tarde foi levado para Campos do Jordão e depois a S. José dos Campos onde pediu aos seus pais que comprassem um terreno para a construção de um sanatório para crianças pobres, sonho que se realizou após a sua morte”.(Jornal Vale Paraibano – 10/outubro/1982)
Até 29 de junho de 1931, ainda existia o prédio da antiga Capela de Sta. Izabel, no centro do Jardim de Vila Abernéssia (atualmente Praça da Bandeira) e cujo terreno fora uma doação do eng° Robert John Reid.
Na verdade, o lançamento da pedra fundamental da Igreja Matriz de Sta. Teresinha, no local onde se encontra, presentemente, deu-se em 29 de junho de 1931, com a presença do prefeito Antonio Gavião Gonzaga, o Vigário José Fortunato da Silva Ramos, padre José Vita, representando o Bispo Diocesano, Padre João Palésio, capelão do Sanatório S. Paulo e do Padre Antonio de Almeida Moraes, lente do Seminário de Taubaté, que fez o sermão alusivo ao ato. Anos mais tarde, foi Dom Antonio, Bispo de Mariana e de Niterói. O arquiteto da Igreja Matriz foi o Dr. Otávio Van Erven.
A Conferência do Sagrado Coração de Jesus foi fundada em 11 de outubro de 1931, sob a presidência do Vigário, e constituída por Euclides de Almeida, Natalino Randoli, Júlio Ferreira, Benedito Pereira da Silva, Geraldo Alves, João Francisco de Assis, Jorge de Lima, Caetano Theodoro, Antonio Gerônimo, João Gerônimo, Joaquim Antonio de Oliveira, Benedito Albino, Francisco Correa da Silva, José Barbosa, João Pedro Filho e Eduardo Moreira da Cruz.
Em 1932, a Conferência começou a prestar auxílio aos tuberculosos indigentes, do Abrigo de João Maquinista, situado em Vila Abernéssia. Esse encargo, porém, nesse mesmo ano, foi assumido pelo padre José Vita, que desonerou a Conferência.
A Conferência de S. Vicente de Paulo, foi fundada em 10 de outubro de 1931, na Igreja Matriz, presentes Raul Frazza, Honorato Correa da Silva, Rufino de Lima, Felix Maria Mello, Benedito Castro, José Francisco dos Santos Filho, Cândido Dinamarco, José Lucio, Arthur Pereira da Silva, Gumercindo Bremer, Ernesto Bremer, José Francisco dos Santos, José Fernandes de Carvalho, Sebastião Marcelino, Francisco José dos Santos, Benedito Ferreira de Moraes, José de Araújo Negrão, José Abel Fernandes e Delfino Ignacio.
No dia 7 de maio de 1932, quando se iniciaram as quermesses em benefício da construção da Igreja Matriz de Sta. Teresinha, houve um lamentável acontecimento: uma das senhorinhas cooperadoras, Maria Ferreira da Rocha (Cotinha), filha de Joaquim Ferreira da Rocha, foi assassinada por seu namorado, Nilo Teixeira da Silva, em plena quermesse, com 2 tiros de revólver, que, ato contínuo, fez um disparo contra a sua própria cabeça. Ambos faleceram como resultado da tragédia passional.
O Governo do Estado resolveu comprar por 20 contos de réis a Capela de Sta. Izabel, a fim de ajudar as obras da Matriz, que estavam sendo realizadas em terreno do Dr. Mário de Gouveia, que o prefeito A. Gavião Gonzaga prometeu desapropriar. Era engenheiro o Dr. Paulo Krause, construtor, Otávio Rocha e o fornecedor de tijolos, Nacim Abrão. A comissão de obras, estava assim constituída: Pe. José Fortunato Ramos (presidente); José Vita (vice); Délio Rangel Pestana (tesoureiro); Joaquim Antonio Vieira (secretário) e Eduardo Moreira da Cruz, Natalino Randoli e José Negrão (membros).
Visitaram a Paróquia, nesse ano, os soldados do Batalhão “Voluntários de Piratininga”, que depois foram substituídos pelos Caçadores de Piratininga. O Cap. Rômulo Rezende, Comandante das Tropas da Revolução Constitucionalista, aquarteladas em Campos do Jordão, nomeou o padre José Fortunato, capitão, responsável pela celebração de missas aos soldados.
Em 1° de janeiro de 1933, assumia a Paróquia o Padre José Francisco Von Atzingen e a 15 de janeiro desse ano, inaugurava-se a Liga Eleitoral Católica, na Matriz, ocasião em que discursou o grande orador sacro Padre Antonio de Almeida Moraes.
Compunham a diretoria, Francisco de Moura Coutinho (presidente honorário); Antonio Gavião Gonzaga (presidente); Epaminondas de Paula Freitas (secretário) e José de Araújo Negrão (tesoureiro) que se puseram a arregimentar o eleitorado católico, obtendo a inscrição de 355 eleitores.
Havendo necessidade de pessoas que ajudassem a implantação do Abrigo de S. Vicente de Paulo, fundado em Vila Abernéssia pelo Padre José Vita, em 15 de fevereiro de 1933, foi criada a Associação das Damas de Caridade, cuja diretoria foi constituída por Bertha Maria Gomes Gavião Gonzaga (presidente); Olga Gonçalves Coutinho (vice); Amélia Conceição (secretária); Mina Murray Rangel Pestana (tesoureira) e Cilene Rangel Pestana (2ª secretária).
O Abrigo S. Vicente de Paulo foi concluído em 2 de julho de 1933, mantido pela Entidade, e solenemente inaugurado em 13 de outubro de 1935, com a presença do Dr. J. C. de Macedo Soares, em missa celebrada pelo padre José Romão da Rosa Góes, Vigário de Guaratinguetá.
Em 31 de maio de 1933, era inaugurada uma Capela, no Pensionato Maria Auxiliadora, de propriedade de Odete de Carvalho, em V. Abernéssia.
Em 31 de outubro de 1931, chegava a Campos do Jordão, Dom Francisco de Campos Barreto, acompanhado de várias Irmãs de Campinas, com o fim de inaugurar a Casa S. José, da Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, que fora doado pelo Dr. J. C. de Macedo Soares e Dona Mathilde. Ali foi celebrada a primeira missa em 1º de novembro de 1935, e situava-se ao lado do atual edifício da Instituição.
Por motivo de doença em 1935, o vigário foi substituído pelos padres José Vita e Miguel Laquis, que continuaram com as obras da Matriz até 18 de agosto, quando assumiu o padre Antonio Luiz Cursino dos Santos.
Com a inauguração da capela-mor da nova Matriz em 1936, no local onde, atualmente, se encontra, para lá foram transferidos todos os serviços da Paróquia. Em 4 de abril de 1937, assumia a Paróquia o frei Adalberto Ortmann, O.F.M., ocasião em que os serviços paroquiais foram entregues aos padres Franciscanos, conforme provisão do Bispado, lida pelo Pe. João José Azevedo, de Pindamonhangaba.
O Eng° Paulo Krause, em 2 de agosto desse ano, foi contratado para a construção do interior da Matriz e outras dependências.
As obras de construção da Matriz encontravam obstáculo nas condições financeiras precárias da população, uma vez que, os que chegavam, com algum recurso, eram doentes, que logo se curavam e partiam.
O frei Roberto Ebert, em 10 de outubro de 1937, assumia a direção da Paróquia. Dom André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Bispo de Taubaté, em 29 de abril de 1938, desembarcava em Abernéssia, acompanhado dos padres João José Azevedo e Miguel Laquis, de Pindamonhangaba, sendo saudado na estação ferroviária por Eduardo Moreira da Cruz, presidente da Congregação Mariana.
Em 1938, o jovem Donato Pasquarelli, como beneficiário de uma bolsa de estudos, partia de Campos do Jordão, indo estudar em Roma, por conta da Diocese de Taubaté, no Colégio Pio Brasileiro, onde se ordenou padre e doutor em direito canônico. Regressou em 1946, desembarcando na estação ferroviária de Vila Abernéssia, cercado pela emoção de seus pais, Domenica e Fabiano Pasquarelli e pela admiração de seus irmãos, Adamo, Quintina, José, Magdalena, Paulo, Ignês e Henrique. Uma grande multidão recepcionou o jovem padre, jordanense por adoção.
Inúmeras quermesses eram levadas a efeito, visando obter recursos para concluir a Matriz de Sta. Teresinha, a maioria delas realizada “na praça lateral a Casa Ferraz” (atualmente Praça da Bandeira).
Em 16 de agosto de 1939, iniciou-se uma série delas, que se prolongaram até 1° de outubro, ocasião em que foram construídas várias barracas. A barraca brasileira era constituída por Francisco Clementino de Oliveira (presidente), Alaor de Souza Ablas, Domingos Pelegrino, Thomas Costa Ferreira e João Barbosa de Carvalho; a barraca sírio-libanesa, por Felício Raimundo (presidente), Felipe Salim, Pedro Paulo, Nabi Narche, Paulo Cury e Nagib Constantino; a barraca portuguesa, por João Rodrigues da Silva (presidente honorário), João Rodrigues Pinheiro (presidente), Manoel Pereira Alves, Floriano Pinheiro, Aristides de Souza Mello e Manoel Vilar; a barraca sul-americana, por Américo Richieri (presidente), Paschoal Olivetti, Raul de Oliveira, Fernando Guarinon Zen e Aldo Astolfi; a barraca do Bar Sta. Teresinha foi constituída por Antonio José de Oliveira (presidente), Hilda Pinto, Isolina Pires Magalhães, Áurea de Senzi e Áurea Rodrigues. Finalmente, a barraca da Rádio Clube foi formada por Benedito Vaz Dias, Octavio Bittencourt, Sylvio Santa Clara, José Pereira de Araújo, Jorge de Oliveira Bello e Irmãos Ribeiro.
A barraca Portuguesa, em 1939, promoveu um dos primeiros concursos de beleza de Campos do Jordão, cujo resultado foi o seguinte, pela ordem: Margarida Ribeiro, Benedita Rosa, Nazira Jundi, Carmem Astolfi, Gessy Vasconcelos, Nôemia Damas e Ignês Miranda.
Assumiu a direção da Paróquia em 1º de janeiro de 1939, o frei Anastácio Hachmann, que exerceu o cargo até 23 de fevereiro de 1941, quando foi substituído pelo frei Meinolfo Ellers.
Um grande foguetório em 18 de novembro de 1941, despertava a atenção da população de Vila Abernéssia - assentava-se a última telha na Igreja Matriz.
A 16 de novembro do referido ano era inaugurado o Círculo Operário Católico, instalado no Parque Mantiqueira, quando foi exibida a peça “Tarcísio Mártir”, que foi interpretada pelos atores Paulo Greco, Mário Andreoli, Edevaldo Biagioni, Benedito Guimarães, Roberto Camargo Neves, Natalino Randoli, Afonso Ribeiro, Rolando de Castro, Pedro José Vitorino, João J. Inocência, Marcos José Damas Filho e Francisco de Maria. Antes da peça Carlos Barreto e Ondina Carneiro executaram números musicais.
Em 1942, foi concluída a torre gótica da Igreja, como resultado de campanha desenvolvida por Minna Rangel Pestana, Nagib Constantino e Frei Demétrio Stephan, que conseguiram arrecadar 8 contos de réis.
Ainda nesse ano inúmeras doações de vitrais eram efetuadas à Matriz: a Família Fracalanza, Ângelo Lourenço, Adhemar de Barros, João Rodrigues da Silva (João Maquinista), Gianicola Matarazzo.
Também doaram vitrais o Apostolado da Oração e as Filhas de Maria Associadas à Congregação Mariana.
O terreno ao lado da Matriz, pertencente à Maria José Pereira da Silva, viúva de João Maquinista, foi adquirido para a construção da residência dos sacerdotes.
Em 19 de outubro de 1942, assumia a Paróquia o frei João Crisóstomo Arns, irmão de D. Paulo Evaristo, atual Cardeal Arcebispo de São Paulo.
Os bancos da Matriz foram construídos gratuitamente pelo carpinteiro Damião Salgado de Freitas, e ainda no último mês de 1942, era levada a peça “As Pastoras de Belém” sob a orientação do Vigário, em benefício das obras da Matriz”.
O Conselho Particular da Sociedade S. Vicente de Paulo começou a funcionar em 4 de janeiro de 1942, sob a presidência de Eduardo Moreira da Cruz, que tinha como companheiros Euclides de Almeida, Teodoro Felix Siqueira, Deocacino Fortes e Epaminondas de Paula Freitas.
Em 15 de agosto de 1943, era lançada a pedra fundamental da Igreja N. S. da Saúde, de Vila Jaguaribe, em substituição à pequena Capela construída por Matheus da Costa Pinto. No ato, o vigário celebrou missa perante o Capelão Adolfo Schneider. No ano seguinte, com o presbitério coberto, as missas recomeçaram.
A respeito, escreveu a esposa do prof. Carlo Brunetti: “Estive em Campos do Jordão, pela primeira vez, com meu marido, a convite de Júlio Fracalanza, no dia 1° de maio de 1938, em casa de quem ficamos hospedados por dois dias, apreciando a beleza da natureza e o clima maravilhoso dessa terra encantadora. Durante 3 anos passamos férias com os nossos 6 filhos, em casa de Eduardo Levy e Felicíssima Lara Campos, em Vila Capivari. Resolvemos então comprar um terreno e foi com o corretor Délio Rangel Pestana que percorremos, a cavalo, a propriedade da viúva do eng° Hell, construtor da Catedral de São Paulo. 13 alqueires eram demais, mas o local era demasiado bonito com bosques, morros, pinheiros e além disso, perto da cidade.
Compramo-lo em 1940 iniciando a construção de uma casa sob a orientação de Pedro Abitante, com projeto do eng° Buchignani. Nessa época Vila Jaguaribe tinha poucas casas e uma igrejinha muito antiga com um altar barroco muito bonito e uma estátua doada por D. Pedro II. As paredes e o teto apresentavam rachaduras com perigo de ruir.
Foi decidida a sua demolição e a edificação de uma nova igreja, sendo as despesas custeadas por meu marido, prof. Carlo Brunetti e pelo Dr. Aguinaldo Amaral, nosso vizinho. O altar em branco e ouro foi desmontado e guardado em um barracão, mas aos poucos as peças foram desaparecendo.
A estátua de N. S. da Saúde foi guardada em uma casa de família de Vila Jaguaribe. Nossa casa ficou pronta em 1942, e desde aquela época plantamos muitas árvores, frutas e flores. Oferecemos aos padres franciscanos o topo do morro para a antena da rádio emissora local”.(Carta de dona Tereza Brunetti de 24.03.1983, ao autor)
Em 1944, a congregação Mariana decidiu construir um sanatório em terreno doado pelo Dr. J. C. de Macedo Soares, e os internados do Sanatório Divina Providência apresentavam no Salão Paroquial a peça “A Duquesa de Esseu”, em benefício do nosocômio mariano. Esse Hospital não chegou a ser erigido.
Por determinação do Provincial Franciscano, foi suprimida a residência no Conventinho de N. S. Aparecida, restando como única residência, a da Matriz. O seu último superior, Frei Sebastião Ellebracht, foi nomeado capelão do Sanatório São Paulo.
Em 1944, o Conde Eduardo Matarazzo e dona Bianca adquirem o prédio do antigo Conventinho e doam o edifício aos mesmos padres para fins sociais.
A pedra fundamental da atual Igreja de São Benedito, em Vila Capivari, foi lançada em 20 de fevereiro de 1944. O construtor Pedro João Abitante era contratado para construir as Igrejas de Vila Jaguaribe e Vila Capivari.
A primeira missa celebrada na Igreja de S. Benedito ocorreu aos 13 de maio de 1946, quando de sua inauguração, pelo Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, presente o Interventor Federal em São Paulo, Dr. José Carlos de Macedo Soares.
Nesse mesmo dia era lançada a pedra fundamental de Vila Operária, em Jaguaribe, em solenidade presidida por Dom Carmelo, J. C. de Macedo Soares e Roberto Simonsen. As conferências de S. Vicente de Paulo das Igrejas de S. Benedito e N. S. da Saúde foram criadas em 1945.
Por iniciativa da Provincial, Madre Luiza dos Anjos, em 2 de agosto de 1944, foi fundada a Casa das Irmãs de N. S. do Calvário, destinada a proporcionar repouso e tratamento às irmãs enfermas. Foram suas principais dirigentes as Irmãs Maria da Trindade, Inês de Jesus, Maria Antonia e Maria de Lourdes, sendo Superiora geral, Mère Helene de Jesus. A Casa situa-se à rua Evangelista Jordão, n° 51 e está aos cuidados da Irmã Tereza da Eucaristia.
Em fins de abril de 1946, foi coberta a nave principal da Igreja N. S. da Saúde, e considerados seus benfeitores Carlo Brunetti e Aguinaldo Amaral.
O campo de futebol do Parque Mantiqueira de propriedade dos padres franciscanos, foi solenemente inaugurado em 7 de setembro de 1946. Situava-se onde se encontram os pavilhões de Frei Orestes, atualmente.
O frei Demetrio Stefano assumia a Paróquia em 2 de fevereiro de 1947, e, em 27 de maio do mesmo ano, o Frei Francisco Freise.
Em 26 de outubro do referido ano, Frei Demetrio convidava o povo para a cerimônia de entrega de 42 casas em Vila Guarani, quando o Presidente do Círculo Operário, Eduardo Moreira da Cruz homenageou o senador Roberto Simonsen, Presidente da Comissão de Fomento. A Conferência de S. Vicente de Paulo, da Igreja N. S. da Saúde, foi fundada em 4 de janeiro de 1948, com as seguintes pessoas: Eduardo Moreira da Cruz (presidente), Celso Gatto, Antonio Zefrin, Geraldo Martiniano e Benedito Dias Pereira.
Em 28 de janeiro de 1950, assumiu a Paróquia frei Vito Berscheid; em 21 de maio desse ano, foi celebrada a primeira missa na Capela do Rancho Alegre, construída por Jacques Perroy e doada à Mitra Diocesana.
O pintor Expedito Camargo Freire em 1° de dezembro de 1950 iniciou a pintura do fundo do altar da Igreja N. S. da Saúde, representando uma alegoria da dor moral e física. A pintura foi financiada por Aguinaldo Amaral e terminada em 13 de dezembro de 1950.
O Sanatório S. Francisco Xavier, antigamente denominado Dojinkai, recebia em 15 de abril de 1952 uma ilustre visita; era Dom Aloísio Hojihara, administrador apostólico de Hiroshima.
Em 8 de setembro de 1953, assumia a Paróquia frei Getúlio Reimann, nela permanecendo até 31 de outubro de 1957, quando foi substituído pelo frei Arnulfo Hoffrogge.
Nesse mesmo mês, o irmão Frei Orestes, depois de um ano de campanha, conseguia fazer chegar a Campos do Jordão, os 3 sinos da Matriz, pesando, todos eles, mais de 1.700 kg.
Com a presença dos deputados Paulo Teixeira de Camargo e Antonio Sylvio Cunha Bueno, Leopoldina Fracalanza e Felício Lanzara, padrinhos da bênção, D. Francisco Borja do Amaral, Bispo de Taubaté, abençoou os sinos da Matriz, que foram denominados “.N. S. de Fátima”, “São Francisco de Assis” e “Sta. Teresinha”.
Em 1946, foi construído, na entrada de Vila Abernéssia, nas proximidades do cruzamento ferroviário, o Santo Cruzeiro das Missões, lá existente até hoje, cujo crucifixo, danificado por populares em 1959, fora doado pela Condessa Mariângela Matarazzo.
Assumiu a Paróquia em 13 de fevereiro de 1959 frei Anacleto Wiltuschning, que procedeu a bênção da Gruta N. S. de Lourdes do Sanatório São Paulo.
A 20 de abril de 1959, era inaugurada a Sociedade de Educação e Assistência, que iniciou em seguida, as atividades da Polícia Mirim.
Frei Dídimo Strunck assumiu a Paróquia em 15 de janeiro de 1960, quando recebeu a visita do Núncio Apostólico, D. Armando Lombardi, que se hospedou na Casa São Carlos.
No Natal de 1960, pelas mãos de frei Geraldo, foi construído o novo púlpito da Matriz e provisionada a Capela de S. Judas Tadeu, de Vila Inglesa.
A Capela N. S. da Aparecida, do Conventinho, foi inaugurada em 1° de maio de 1960, passando a ser muito freqüentada pela população de Vila Britânia. O Conventinho foi fechado em 8 de setembro de 1961, devido à existência de poucos padres ali residentes. Em 1963, o prefeito Miguel Lopes Pina deu a denominação do Papa João XXIII à praça situada ao lado esquerdo da Matriz; e em 1° de maio, foi lançada a pedra fundamental da capela do cemitério, cuja inauguração ocorreu em 2/11/1964.
Ainda nesse ano, a Matriz recebeu um relógio Tagus – Dimas de Mello Pimenta, oferecido pelo comércio jordanense.
O vigário, Frei Didimo, em 22 de junho de 1964, adquiriu para a S.E.A., a oficina do jornal “A Cidade”, já desativado.
Procedentes do Mosteiro N. S. da Glória de Uberaba, 16 religiosas sob a coordenação de Madre Margarita Hertel, apontaram a Campos do Jordão em 9 de março de 1964, para fundar o Mosteiro de S. João.
Por primeiro, as Irmãs Beneditinas passaram a residir à Av. Imbiri, 295, e como a edificação não se prestasse ao funcionamento de um mosteiro, dona Tilly Neovius, sueca e irmã de uma das religiosas, resolveu doará Instituição o “Paço da Santa Fé”, à Av. Adhemar de Barros, n° 314. Na primeira década do século, essa bela propriedade pertencera ao sub-prefeito, Guilherme Lebarrow e dona Coleta. O Mosteiro começou a ser constituído em junho de 1964, sob a responsabilidade do Eng° João Vieira Filho. É um centro de oração e um asilo de paz, dedicando-se as monjas ao estudo da religião, à confecção de objetos religiosos, datilografia, línguas e artesanato.
O Livro de Tombo da Matriz registrou que, em 27 de julho de 1964, nevou durante meia hora em Campos do Jordão, a partir das 17 horas, quando a temperatura caiu repentinamente para 6 graus negativos. O fenômeno ocorreu, notadamente, na região do Palácio da Boa Vista.
O Salão Paroquial situado nos fundos da Matriz foi iniciado em 1964. Em 31 de janeiro de 1965, assumiu a direção da Paróquia Frei Floriano Surian.
Em 17 de julho de 1965, assumiu a Paróquia frei Câncio Berri, que em 7 de abril de 1968, foi substituído por frei Benigno Vodonis. Foi constituída em 1969, a Comunidade de Base Central de Sta. Teresinha, cuja primeira diretoria foi presidida pelo médico João Pedro Além, auxiliado por Dionísio Leite da Costa e Clóvis Soares Azevedo sob a orientação do Vigário Benigno Vodonis, O.F.M..
Prestavam serviços à Comunidade Central Geraldo Padovan, Amadeu Carletti Jr., José Wilson Paiva, Joaquim Correa Cintra, César Vassimon, João Justino de Lima, Custódio Fuster Rico, Luiz Pereira Moyses, os freis João Aluisio Knauf e Clementino e o magistrado Walter Moraes.
O Frei Luiz Schizzatto assumiu a Paróquia em 1° de abril de 1971, sendo substituído pelo frei Paulo Rebein em 1° de fevereiro de 1974.
Desempenhou as funções de vigário até 1986 frei Bruno Kreling, sendo substituído pelo atual vigário, Frei Moisés Bezerra de Lima.(Os dados deste capítulo foram em sua maior parte, extraídos do Livro de “Tombo da Matriz, por especial deferência do Sr. Bispo Diocesano de Taubaté.)
São José dos Alpes mudou muito, e para pior. Onde havia o lago de águas cristalinas, poéticamente descrito pelo historiador, há somente pastagens. Tudo transformado numa fazenda de criação de cavalos, num haras.
ResponderExcluirFoi o que constatei ontem, 2 de setembro de 2017, depois de mais de dez anos sem visitar o Mirante de São José dos Alpes, a quase 2.000 metros de altitude.
O altiplano, antes dominado pelos campos naturais, semelhantes aos páramos andinos, e a mata nebular, foi totalmente cercado, uma fazenda de cada lado da estrada.
Isso seria inconcebível de se encontrar numa Área de Preservação Permanente e no entorno ou zona de amortecimento do Parque Estadual de Campos do Jordão, uma unidade de conservação da categoria de proteção integral criada em 1941.
Um crime ambiental!
Verdade, caríssimo!
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